
O Instituto Crowley - que contabiliza a execução de músicas nas rádios - divulgou a lista das mais tocadas em 2005 nas emissoras brasileiras. Entre hits românticos / sertanejos (a balada
Fui Eu, de Michael Sullivan e Paulo Massadas, foi a campeã do ano passado na regravação da dupla Zezé Di Camargo & Luciano),
babas pagodeiras e sucessos da resistente axé music, a boa surpresa foi o aparecimento de
Vamos Fugir num honroso quarto lugar. O reggae de Gilberto Gil já tinha sido sucesso popular em 1984 na voz do autor, mas alcançou êxito igual ou maior 20 anos depois na releitura do Skank (foto). O quarteto mineiro turbinou e renovou a música com sua pegada roqueira. A regravação impulsionou as vendas da primeira coletânea do grupo,
Radiola, que, lançada em fins de 2004, logo ultrapassou as 100 mil cópias.
Não é a primeira vez que a banda desafia o reinado do sertanejo, do pagode e do axé nas paradas radiofônicas. Em 2004, a música
Vou Deixar - a faixa mais pop do refinado CD
Cosmotron (2003) - também fez bonito, mostrando que é possível ser popular sem ser popularesco. O curioso é que o Skank até tem sofisticado seu som, mas sempre apresenta uma ou outra música com aquela levada irresistível que faz todo mundo cantar. Mas sem apelar para melodias ou versos rasteiros. É pop de bom nível!
Aliás, falta música boa no pop nacional com força para conquistar o público e as rádios. Até mesmo Lulu Santos - mestre na arte da composição - teve que regravar um hit de João Penca e seus Miquinhos Amestrados (
Popstar, inadequado para o cantor) para voltar a tocar no rádio. E olha que Lulu tem lançado muita música inédita da melhor qualidade em discos como
Bugalu,
Programa e - em menor escala - no recente
Letra & Música! Por isso mesmo, é hora de saudar o Skank. Samuel Rosa (voz e guitarra), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferreti (bateria) têm conseguido o equilíbrio delicado entre a música genuinamente pop e a canção popular, aquela que pega todo mundo, de A a Z. Os Titãs já perderam essa capacidade. O Barão Vermelho idem. E até o Cidade Negra - banda projetada nos mesmos anos 90 que revelaram o Skank - já não alcança o sucesso popular a que faz jus.
O mundo pop tem lá seus mistérios. Lulu Santos lota shows, mas não vende discos na mesma proporção. O mesmo já ocorre com Los Hermanos - mais cultuados nos palcos do que no CD-player (apesar de suas vendas satisfatórias). Por isso mesmo, viva o Skank - o grupo que já soma 13 anos de sucesso ininterrupto nas rádios, nos shows e nas prateleiras das lojas.