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Sábado, Dezembro 24, 2005

Então é Natal, como diria Simone...

Então é Natal. Há dez anos, a polêmica versão gravada por Simone do clássico de John Lennon Happy Xmas (War Is Over) tocava direto nas rádios. Para deleite de muitos. Para desgosto de outros muitos. Não importa. O que importa é que, como diz o cartão aí ao lado, o som do Natal toque e ecoe em todos os corações. Seja ouvindo o controvertido disco de Simone de 1995, o recém-lançado songbook natalino da cantora Diana Krall, o álbum anual do Roberto Carlos ou qualquer outro CD! Feliz Natal!

Retrô 2005 - Pega Vida é um grande Kid

Há discos que crescem com o tempo e adquirem grandeza não perceptível nas primeiras audições. Pega Vida (capa à direita), o CD de inéditas do Kid Abelha, hoje delicioso, é um deles. Foi lançado no meio de 2005 e era o primeiro trabalho do trio depois de seu bem-sucedido Acústico MTV, editado em fins de 2002 com retumbante sucesso. O produtor, inclusive, era o mesmo Paul Ralphes. Já na primeira audição deu para perceber que a pegada pop do grupo estava lá. Mas havia também certa estranheza pelos toques levemente indies da azeitada produção de Ralphes que renovaram o som da banda ao mesmo tempo em que impediram a compreensão imediata de que Pega Vida era, sim, um grande disco - e não apenas um bom disco. Cheio de hits que, de início, até pareciam ausentes.

Com o tempo e posteriores audições, isso foi ficando mais claro. Mais uma vez, Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato mostraram que são mestres do pop nacional. Pega Vida sai de 2005 como um dos melhores CDs do ano. A faixa-título, Peito Aberto (que foi merecidamente grande hit radiofônico depois da promoção inicial com Poligamia), Fala meu Nome, Eu Tou Tentando, Por que Eu Não Desisto de Vc, Mãe Natureza (Querência)... O que não falta é música bacana que dá vontade de cantar junto e celebrar a felicidade do pop do Kid Abelha. Até o ruralista hino hippie Será que Eu Pus um Grilo na sua Cabeça? - lançado por Guilherme Lamounier em 1973 - se integrou bem à pegada do repertório autoral do grupo. Pegue a vida que insiste em pulsar com força pop no Kid Abelha... E, se tiver oportunidade, vá ver o novo show do trio. Nunca o grupo esteve tão sedutor no palco. Grande banda, grande ano!

Selo revive raras de Dalva de Oliveira

Não haverá em 2006 nenhuma efeméride em relação a Dalva de Oliveira (1917 - 1972), mas o selo curitibano Revivendo vai recordar o legado da cantora com a coletânea dupla Canta Dalva, prevista para o primeiro trimestre do ano. Além de sucessos como as marchas-ranchos Máscara Negra (1967) e Bandeira Branca (1970), a compilação reúne, em 42 faixas, músicas pouco associadas à intérprete. São os casos de Maria Escandalosa (marcha de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas, sucesso em 1955 na voz de Blecaute), Porta Estandarte (Geraldo Vandré e Fernando Lona, 1966), Marcha da Quarta-Feira de Cinzas (tema da fase mais engajada da obra de Carlos Lyra, composto com Vinicius de Moraes e lançado por Jorge Goulart em 1963) e Primavera no Rio (marcha de João de Barro, o Braguinha, gravada por Carmen Miranda em 1934).

Aurora Miranda brilhou com luz própria

Irmã de Carmen Miranda, Aurora Miranda (foto) saiu de cena discretamente por volta das 15h da última quinta-feira, 22 de dezembro, aos 90 anos. Morreu em casa, no Rio, vítima de um ataque cardíaco. Seu desaparecimento trouxe à tona o clichê de que a cantora teve seu brilho ofuscado pela luz da mana famosa. Mas isso é, quando muito, meia-verdade. Carmen foi de fato a estrela maior dos anos 30 na cena musical brasileira (em 1939, partiria para os Estados Unidos). Mas outras cantoras - Aracy de Almeida e Aurora, entre elas - também fizeram sucesso. Aurora, aliás, mais do que Aracy - embora esta hoje seja mais reverenciada por ter seu nome associado à obra magistral de Noel Rosa.

Nascida em abril de 1915, Aurora já cantava desde 1929 - quando tinha, portanto, 14 anos - e foi lançada profissionalmente aos 18. Primeiramente, nas rádios. Logo depois, em disco. Estreou no mercado fonográfico em 1933, na Odeon, gravando a marcha junina Cai, Cai Balão em dueto com ninguém menos do que Francisco Alves - já um ídolo na época. Ainda em 1933, gravou, em outubro, a marcha que seria um de seus maiores sucessos: Se a Lua Contasse..., de Custódio Mesquita. Em 1934, teve o privilégio de fazer o primeiro registro de Cidade Maravilhosa, a marcha de André Filho que se tornaria ao longo dos anos o hino extra-oficial do Rio de Janeiro.

Nos anos 40, com Carmen nos Estados Unidos, Aurora poderia ter continuado sua carreira de cantora. Ela fazia sucesso nos shows, nas rádios e era admirada pelo público, chegando a obter algum reconhecimento nos EUA. Mas trocou a luz dos refletores pela discrição de um casamento. Foi opção da própria Aurora - não imposição da família ou do marido. E tampouco uma decisão decorrente do sucesso retumbante de Carmen. Aurora Miranda brilhou com luz própria.

Ivan Lins grava duas com Lúdica Música

Com produção fonográfica incessante, Ivan Lins (foto) - que acabou de lançar no Japão disco dividido com Celso Viáfora e prepara no Rio álbum duplo com parcerias internacionais - ainda encontrou tempo para participar do novo CD do grupo mineiro Lúdica Música. O compositor canta em duas faixas de sua autoria. É Ouro em Pó já tinha sido registrada pelo artista em 1999 no CD Live at MCG. Já Enquanto a Gente Batuca, parceria bissexta da dupla Ivan Lins e Vítor Martins com o sambista Nei Lopes, foi lançada em 1982 por Beth Carvalho no LP Traço de União. O disco do Lúdica Música se chama Então Eu Canto... e Nem me Lembro para Onde as Coisas Vão.
Sexta-feira, Dezembro 23, 2005

Orlandivo volta à cena com 'Sambaflex'


Um dos mestres do sambalanço (revelado em fins dos anos 50, mas projetado nos 60), o cantor, compositor e percussionista Orlandivo (foto) volta ao mercado fonográfico em janeiro, aos 68 anos, com o lançamento do CD Sambaflex. Editado pela Deckdisc, o disco tem projeto gráfico criado por Luiz Stein com inspiração no molho de chaves, já que uma das habilidades do artista sempre foi transformar chaves em inusitados instrumentos de percussão.

Nos primeiros dias de 2006, a gravadora vai distribuir para radialistas, jornalistas e DJs o single (capa acima) com a versão remixada da faixa Vou Batê Pá Tu - sucesso nos anos 70 na gravação da dupla Baiano e os Novos Caetanos (formada pelos humoristas Chico Anysio e Arnaud Rodrigues). O remix feito pelo DJ Marcelinho Da Lua puxa o disco Sambaflex, que - além da faixa-título, parceria de Orlandivo com Beto Cazes - traz no repertório músicas como Eu Vendo um Samba, tema de autoria de Orlandivo em que Jovi Joviano insere um trecho falado no compasso do rap. Há ainda pot-pourri com Chavinha (Orlandivo e Roberto Jorge) e Bolinha de Sabão (Orlandivo e Adilson Azevedo) - dois sucessos do cantor, nascido em Santa Catarina, mas criado no Rio de Janeiro.

Filme suíço sobre Bethânia é poético, só que não documenta vida e obra da diva

Resenha de filme
Título: Maria Bethânia - Música É Perfume
Diretor:
Georges Gachot
Cinemas: Circuito Estação

Cotação: * * *

Sucesso de público e crítica, o documentário Vinicius deleita tanto os admiradores de Vinicius de Moraes como informa fãs de última hora do Poetinha sobre a importância, o pioneirismo e as paixões de sua vida e obra. Em cartaz nos cinemas a partir desta sexta-feira, 23 de dezembro, Maria Bethânia - Música É Perfume - filme dirigido pelo suíço Georges Gachot - é mel para os súditos da Abelha Rainha, mas falha na parte documental.

Gachot teve acesso à intimidade dos ensaios do show Brasileirinho e da gravação do tributo de Bethânia a Vinicius de Moraes que resultou no CD Que Falta Você me Faz, editado em fevereiro de 2005, mas gravado desde 2003. Só que, na falta de um roteiro mais profissional, o diretor se limita a mostrar flagrantes do processo de trabalho da cantora. Com poesia nas imagens colhidas nas cidades do Rio de Janeiro e de Santo Amaro da Purificação (BA), terra natal da cantora, mas pouco documento histórico - em que pesem os graciosos depoimentos de Dona Canô, Chico Buarque ("As cantoras têm seus mistérios") e Nana Caymmi.

Claro que os fãs de Bethânia vão adorar vê-la ouvindo e cantando em casa a Melodia Sentimental de Villa-Lobos (gravada para o CD Brasileirinho). Ou então discutindo com os músicos o arranjo de Bom Dia Tristeza, a parceria de Vinicius de Moraes e Adoniran Barbosa que fez parte de seu tributo ao poeta. "Se não gostar do arranjo, eu canto a capella", ameaça a intérprete, em tom levemente jocoso que ameniza a força de seu temperamento.

O problema é que, para os menos íntimos do universo dramático e poético da artista, o documentário nunca mostra como a tímida menina interiorana que queria ser atriz em Santo Amaro da Purificação se tornou cantora admirada no Brasil por suas interpretações teatrais - referência e até padrão para muitas intérpretes reveladas posteriormente. O depoimento do mano Caetano Veloso até tenta contextualizar o surgimento de Bethânia na cena nacional pós-Bossa Nova, em 1965, no palco do show Opinião, mas Gachot não desenvolve o lado biográfico.

A boa entrevista de Bethânia procura elucidar sua relação sensorial com a música - daí o título do filme. Há lindos números musicais e imagens raras, como trechos de show popular realizado na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), em junho de 2004. Só que a costura de takes, embora por vezes emocione pelo rica tessitura musical e poética da obra da artista, fica solta sem a ausência de um fio condutor que amarre a narrativa. É mesmo para fãs.

Retrô 2005 - Dudu fez samba mais nobre

Na área do samba mais tradicional, Dudu Nobre (foto) lançou em 2005 o grande disco, Festa em meu Coração, que seu padrinho Zeca Pagodinho ficou devendo com seu mediano À Vera. Martinho da Vila também apresentou material inédito de excelente qualidade em Brasilatinidade - inspirado e ousado disco de estúdio que teve sua vida abreviada em poucos meses pela MZA com o lançamento precoce dos redundantes DVD e CD Brasilatinidade ao Vivo. Mas quem fez a festa foi mesmo Dudu, que misturou em seu melhor CD partidos do mais alto quilate (entre eles, Pega Geral e Vem pra Cá pra Sambar) com sambas melodiosos que evocam as tradições da velha guarda (Pra Amenizar teu Coração). Sem falar em suas felizes releituras de jóias das lavras dos pioneiros bambas Pixinguinha (Yaô) e Sinhô (Gosto que me Enrosco). Pena que Festa em meu Coração não tenha alcançado o sucesso comercial a que fazia jus num ano em que o samba foi sufocado nas paradas pela supremacia do sertanejo e, em menor escala, do axé.

Simply Red recicla hits com classe

Resenha de CD
Título: Simplified
Artista: Simply Red
Gravadora: Universal
Cotação: * * *

O título do disco é engenhoso. A idéia de reciclar sucessos, nem tanto. Mas o fato é que o Simply Red não perde a classe e a pose ao rebobinar seu repertório neste Simplified. Ainda que o CD soe como falta do que fazer na história de um grupo que empilhou alguns hits nos anos 80 (If You Don't Know me by Now, Holding Back the Years), atingiu seu auge comercial em 1991 com o lançamento do álbum Stars e, de lá para cá, nunca mais reviveu seu passado de glória.

A maior novidade aqui é o molho de latinidade que tempera algumas faixas, sobretudo as duas primeiras: a inédita Perfect Love e Something Got me Started. O balanço latino é fruto da visita de Mick Hucknall e cia a Cuba no início de 2005. Mas, como nenhum artista se dá ao luxo de perder dinheiro, os principais sucessos do Simply Red (For your Babies, Holding Back the Years e o cover de Ev'ry Time We Say Goodbye) reaparecem com suas formas e harmonias quase originais. No todo, Simplified é até sofisticado. O tom jazzy de More é exemplo do refinamento buscado pelo grupo inglês neste acústico metido a besta.

Chico Neves faz o segundo de Seu Cuca

Chico Neves assina a produção do segundo CD do grupo carioca Seu Cuca (foto), Daqui pra Frente. A Som Livre vai lançar o disco em janeiro, mas duas faixas já podem ser ouvidas na programação da televisão. Já que Você Não me Quer Mais toca na trilha do seriado juvenil Malhação e ganhou clipe, em rotação no canal Multishow. Já Rolé é o tema de abertura do programa homônimo do Sportv, canal da Globosat/Net. Outro destaque do repertório é Pecado Capital. A banda já tem um CD lançado, Onde Você Estiver, cuja faixa-título obteve alguma repercussão no circuito indie carioca.
Quinta-feira, Dezembro 22, 2005

Capital Inicial não aprofunda história do Aborto Elétrico em documentário de DVD

Resenha de DVD
Título: MTV Especial - Capital Inicial - Aborto Elétrico
Artista: Capital Inicial
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * * *

"Adolescente em Brasília vivia uma relação de amor e ódio. Era difícil ver um filme, um show. Se você não criasse o seu entretenimento, não ia ter o que fazer". A frase de Dinho Ouro Preto tenta situar o aparecimento do Aborto Elétrico na tediosa cena brasiliense de 1978, ano que foi formado o primeiro grupo de Renato Russo. Depois de dois discos de inéditas, o Capital Inicial revirou o baú do Aborto e gravou 18 músicas da banda - metade inédita e até então dispersa em cassetes empoeirados - em vigoroso CD que procurou captar o espírito punk da época. Com caprichado libreto que imita a arte de um fanzine, por excelência o meio de comunicação dos punks, o homônimo DVD ora lançado insere os registros destas músicas (em bem mixado áudio 5.1) em contexto narrativo que não chega a ter a consistência de um documentário.

O filme foi montado a partir de um passeio de Dinho com Fê (bateria) e Flávio Lemos (baixo) - irmãos que fizeram parte do Aborto Elétrico e, com o fim do grupo, passaram a integrar o Capital Inicial - por pontos de Brasília onde a lendária banda nasceu, cresceu e se dissolveu (no verão de 1982, quando acabara de fazer seu show de maior público e repercussão). É curioso saber que o nome Aborto Elétrico foi sugerido pelo não menos lendário guitarrista André Pretorius (já falecido) a partir da idéia de batizar o grupo de Tijolo Elétrico. É curioso também ver o breve depoimento de Pedro Ribeiro (irmão do paralama Bi) - rara testemunha ocular do primeiro show do Aborto, realizado em 11 de janeiro de 1980 no bar Só Cana.

Fê e Flávio Lemos revelam bem-humorados detalhes do cotidiano punk da época, como a mania de Renato Russo de enfrentar os policiais nas duras com perguntas do tipo "Qual o seu signo?". Mas o pretenso documentário não vai além de uma colagem de depoimentos curiosos e da exposição de algumas raras fotos da época. Faltou um roteiro que aprofundasse mais a história do Aborto e que revelasse fatos que os próprios músicos já não tenham contado nas entrevistas promocionais do CD.

Muita gente fala no filme - casos de Carmem Teresa Manfredini (irmã de Renato), Philippe Seabra (mentor da incendiária Plebe Rude, banda contemporânea da cena brasiliense dos anos 80), Dado Villa-Lobos, Chris Benner (apresentada como "a primeira garota punk de Brasília") e Herbert Vianna, entre outros. Mas ninguém vai além do superficial. O que salva o DVD são os números musicais. Sem imitar o Aborto Elétrico, o Capital Inicial soube recuperar as músicas do grupo no tom adequado e fez um dos melhores CDs de sua irregular discografia.

Selo Dubas revisita a Bethânia dos 70

Depois de Elis Regina e Gal Costa, entre outros nomes, chegou a vez de Maria Bethânia ganhar coletânea na criteriosa série Revisitada, do selo Dubas Música. Compilações da cantora existem aos montes, mas Bethânia Revisitada é especialmente interessante por abranger apenas os álbuns de estúdio lançados pela artista na antiga gravadora Philips / Phonogram durante os anos 70. A seleção vai do disco A Tua Presença... (1971) até Mel (1979).

Há algumas obviedades no repertório (como Teresinha e Sonho Meu), mas, em sua maioria, as 13 faixas são lados b da discografia da Abelha Rainha, normalmente esquecidos nas séries de coletâneas periodicamente lançadas pela Universal, a gravadora que detém os direitos sobre a obra da cantora no período.

Três faixas - Folha Morta (Ary Barroso), A Tua Presença Morena (Caetano Veloso) e Olha o Tempo Passando (Dolores Duran e Edson Borges) - são do disco A Tua Presença..., já reeditado em CD, mas fora de catálogo há anos. De Drama, álbum de 1972 que também já sumiu das prateleiras, Leonel Pereda e Ronaldo Bastos extraíram Yansã (Gilberto Gil e Caetano Veloso), Anjo Exterminado (Jards Macalé e Waly Salomão), a faixa-título e o medley que une Esse Cara (Caetano Veloso) e Bodas de Prata (Mário Rossi e Roberto Martins).

De Pássaro Proibido (1976), também fora de catálogo, Bethânia Revisitada inclui Festa (Gonzaguinha) e Amor, Amor (Sueli Costa e Cacaso). Mesmo para quem conseguiu comprar as reedições em CD desses discos, vale ressaltar que a cuidadosa remasterização do selo Dubas - sempre feita a partir das fitas originais - melhora a qualidade do som. Até porque os discos de Bethânia nunca foram reeditados com a devida remasterização. Resta torcer para que, em 2006, a prometida caixa da Universal com os álbuns dos períodos 1971/1984 e 1989/1994. saia do papel e chegue às lojas como um presente pelos 60 anos da intérprete.

Retrô 2005 - A renovação de Gal

A partir de hoje, e até o dia 31, o colunista começa uma retrospectiva com fatos e discos importantes que agitaram o mercado fonográfico em 2005. Para começar, a renovação de Gal Costa (foto) com sua ida para a gravadora Trama e o lançamento do álbum muito apropriadamente intitulado Hoje. Já caminhando para as 40 mil cópias vendidas (número expressivo se levado em conta que o disco não teve um hit radiofônico popular e que sua execução na televisão se limita por ora à inclusão da faixa Mar e Sol na trilha da novela Prova de Amor, da Rede Record), o CD trouxe frescor para a discografia da cantora. Não que Gal estivesse fazendo álbuns exatamente ruins. O distanciamento que somente o tempo proporciona ainda há de mostrar no futuro que Todas as Coisas e Eu (2003) tinha seus muitos encantos. O problema é que Gal vinha de uma série de discos com regravações. Já estava mais do que na hora de renovar seu repertório com inéditas. Hoje cumpriu esse papel com brilho ao reunir um time de compositores não exatamente jovem, mas à margem do mercado. Na voz de Gal, estes autores começaram a perder o carimbo de underground que insistia em esconder suas músicas do chamado grande público. Foi um presente que a diva deu ao seu público no ano em que festejou, com discrição, seis décadas de vida.

CPM 22 chega ao segundo DVD

O quinteto CPM 22 lançou seu segundo DVD neste fim de ano. O sucessor de CPM 22 - O Vídeo 1995 / 2003 se chama Felicidade Instantânea DVD e traz versões de estúdio, com áudio 5.1, das músicas do CD homônimo, lançado pelo grupo no primeiro semestre. Além dos clipes dos hits Irreversível e Um Minuto para o Fim do Mundo, o DVD traz imagens de bastidores da turnê promocional do último disco da banda.

Tiragem do Rei dimensiona a crise

A tiragem do novo álbum de Roberto Carlos mostra a exata dimensão da queda das vendas de CDs no Brasil e, em particular, do desgaste da obra do Rei junto aos seus súditos. O disco de 2005 (capa à direita) chegou às lojas nos últimos dias com tiragem inicial de 260 mil cópias. Nos áureos tempos do mercado fonográfico, um álbum do artista teria saído com tiragem mínima de 500 mil unidades, podendo chegar a um milhão - cifra em muitos anos alardeada pela gravadora Sony Music.

Talvez por isso mesmo, o atual diretor da Sony & BMG, Alexandre Schiavo, fez questão de revelar de antemão - aos jornalistas presentes na entrevista coletiva concedida por Roberto Carlos para promover o CD - os expressivos números de vendas das quatro primeiras caixas da coleção Pra Sempre, que, de acordo com a Sony & BMG, já estão na casa dos 80 mil exemplares, totalizando 812 mil discos vendidos.
Quarta-feira, Dezembro 21, 2005

B Negão, a voz da 'Injustiça' do Firebug

O rapper B Negão (foto) responde pelos vocais de Injustiça, única faixa cantada em português do CD On the Move, gravado pela banda paulista de reggae Firebug, com produção do multi-instrumentista americano Victor Rice. O disco integra um pacote de reggae que a Deckdisc vai lançar em janeiro. Com exceção de Injustiça, todas as músicas têm letras em inglês. Embora calcado no reggae, o som do grupo é um mix de ritmos e variantes jamaicanos como ska, dub e rocksteady. Além de produzir, Victor Rice tocou baixo e teclados em algumas faixas. O vocalista do Firebug, Felipe Machado, assina os versos de temas como Bad Trip e Keep the Rhythm. Gravado em São Paulo, On the Move foi idealizado basicamente para o mercado internacional, mas sai no Brasil.

Plebe disponibiliza inédita em seu site

O sexto disco da Plebe Rude, R ao Contrário, já foi inteiramente gravado e mixado. O grupo brasiliense atualmente finaliza a capa e negocia o lançamento do CD para o primeiro trimestre de 2006. O repertório reúne 11 inéditas. Voto em Branco, música composta pelo baixista André X em 1980, é a preciosidade arqueológica do álbum. "As negociações terminam em janeiro. O disco sai depois do Carnaval", avisa Philippe Seabra, líder da Plebe.

Por ora, o quarteto - que conta desde o início do ano com a adição de Clemente, dos Inocentes, nos vocais - disponibilizou em seu site oficial (www.pleberude.com.br), em arquivo mp3, a inédita Mil Gatos no Telhado, de autoria de Philippe. Confira a letra:

Mil Gatos no Telhado
(Philipe Seabra)

É, mil gatos no telhado
Para o desavisado deveria bastar
Quem é que duvidaria
Da bandeira la de cima

Mas pra você não há nada de errado, acorrentado sem saber

É, mil ratos no sobrado
Roendo aqui do lado, não ouve, não vê?
Ja vi essa história antes
Muda a data e os nomes e só resta você

Sempre de braços cruzados, anestesiado pela fé

Veja você, o medo que ninguém precisa ter
Se há o que temer, que venha
Que alguém foi antes de você

Condicionado pela vida
Enfrentando todo dia mesmo sem poder
Acostumado a rotina
De ser julgado a revelia por quem não te vê

Sempre estacionário
E o resultado sabe de cor

Mil gatos no telhado perante você
Mil ratos no sobrado perante você

Tom Zé no segundo disco do Mombojó

Tom Zé é um dos convidados do segundo disco do Mombojó (foto) - o septeto pernambucano que se destacou na cena pop de 2004 com o lançamento de seu primeiro CD, Nada de Novo, que, ao contrário do título, trazia um original pop rock embebido em MPB. Contratado pela gravadora Trama, o grupo finaliza seu novo trabalho, cujo lançamento está previsto para março ou abril. Tom Zé participa de Realismo Convincente, faixa que cita versos de seu samba , recentemente regravado por Zélia Duncan. Outro destaque do repertório é Swinga, que traz na co-autoria Fernando Catatau, guitarrista do grupo Cidadão Instigado. A produção do disco está dividida entre Lúcio Maia (músico da Nação Zumbi) e Ganja Man (do coletivo Instituto). Na foto acima, clicada por Dagoberto Donato, um flagrante do Mombojó em estúdio.

Show filmado em Londres, em 1994, mostra o Radiohead antes da (r)evolução

Resenha de DVD
Título: The Astoria London Live - 27 5 94
Artista: Radiohead
Gravadora: EMI
Cotação: * * *

Em 27 de maio de 1994, quando subiu a um palco alternativo de Londres para fazer um show que seria gravado e editado em VHS, o quinteto inglês Radiohead contabilizava apenas dois anos de carreira e um álbum lançado, Pablo Honey, que fez algum sucesso em 1993 por conta da faixa Creep. Tratava-se de um grupo ainda na cola do Nirvana, sem a identidade e o som próprios que gerariam em 1997 um dos mais emblemáticos discos da década de 90, Ok, Computer. É esse Radiohead ainda em estágio inicial, mas não exatamente embrionário, que aparece neste DVD ora lançado pela EMI com a transposição do VHS da época para a tecnologia do vídeo digital.

Para começo de conversa, o áudio em PCM Stereo é apenas aceitável. Mas o que conta aqui é o documento de fase do grupo quase obscura para incontáveis fãs que vieram depois da (r)evolução de 1997, quando a banda, já distanciada da herança grunge, incursionou por um rock mais experimental. Filmado com câmeras excessivamente frenéticas, que não se fixam por longo tempo num determinado ângulo da cena, o show tem sua importância porque apresentou no repertório músicas então inéditas que entrariam no segundo disco do grupo, The Bends, editado em 1995 com jóias melancólicas como a balada Fake Plastic Trees, obviamente incluída no roteiro da apresentação.

Convém questionar a razão de a EMI não editar um DVD com show mais recente cujo repertório abrangesse toda a discografia do Radiohead. Este vídeo vale como registro de momento específico da trajetória dos músicos e se sustenta na energia mostrada por eles no palco - especialmente pelo carismático vocalista Thom Yorke. Nada mais.

Rei vai filmar seu terceiro DVD em navio

O terceiro DVD de Roberto Carlos será filmado durante os shows que o cantor fará, de 11 a 18 de fevereiro, no Transatlântico Costa Victoria, dentro da edição 2006 do projeto Emoções pra Sempre em Alto Mar. O lançamento do vídeo deverá ocorrer próximo do Dia das Mães - data em que normalmente aumenta a procura por CDs e DVDs do cantor. O Rei já tem dois DVDs editados: o primeiro trouxe a gravação de seu Acústico MTV. O segundo registrou apresentação do artista no estádio do Pacaembu (SP).
Terça-feira, Dezembro 20, 2005

Banda do ex-baixista de Charlie Brown lança seu primeiro CD no início do ano

Nova Era de Aquarius é uma das músicas do primeiro CD da banda Revolucionnários (foto), formada por Champignon, ex-baixista do Charlie Brown Jr. - grupo que abandonou por discordâncias com seu líder Chorão. Produzido por Tadeu Patolla, que lançou o Charlie Brown no mercado fonográfico na segunda metade dos anos 90, o disco se chama Retratos da Humanidade e vai sair no início de 2006. Além de Champignon, que acumula baixo e vocal, o quinteto é formado por Diego Righi (percussão), Fábio Caveira (guitarra), Nando Martins (guitarra) e Pablo Silva (bateria). O som é um rock pesado misturado com reggae e rap - nada assim tão diferente do antigo grupo de Champignon. Na foto, Fábio não aparece porque ainda não havia entrado na banda.

Grupo Franz Ferdinand já contabiliza 14 músicas novas para seu terceiro disco

A produção autoral do grupo Franz Ferdinand (foto) continua incessante. Revelação de 2004, com o incensado álbum Franz Ferdinand, o quarteto escocês já tem 14 músicas prontas (ou quase) para seu terceiro disco e deverá entrar em estúdio já em janeiro para começar a formatar o sucessor de You Could Have It so Much Better - um dos CDs mais elogiados pela crítica internacional em 2005. Cinco dessas 14 novas músicas já estão sendo buriladas pela banda nas passagens de som de seus shows.

Construção de Fafá vaza na internet

No disco Tanto Mar, em que interpreta somente músicas de Chico Buarque, Fafá de Belém acabou não incluindo releitura de Construção (1971), mas o registro ao vivo do tema, apresentado no show de lançamento do CD, já foi disponibilizado extra-oficialmente na internet, em sites que oferecem arquivos mp3 de forma ilegal. Fafá (na foto com Chico, durante a gravação do álbum) ficou surpresa, mas atribuiu o vazamento ao caráter ousado do registro da música - (des)arranjada pelo maestro João Rebouças.

Por ora, é a única forma de os fãs da cantora ouvirem sua interpretação desse clássico da obra do compositor, já que Fafá ainda não concretizou seu plano de lançar um DVD com a gravação do show Tanto Mar.

Flausino e Sideral no disco do Motirô

Formado por DJ Hum e Lino Crizz, o duo de rap Motirô (foto) conta com a participação dos irmãos Rogério Flausino (o vocalista do Jota Quest) e Wilson Sideral no seu primeiro disco, na faixa Malandragem, Se Segure (Booty Ooty). Produzido por DJ Hum com mix de elementos de reggaeton, rhythm and blues e até jazz em seu rap, o CD Um Passo à Frente - Episódio 1 traz também a voz do dissidente Cabal - que deixou o grupo seduzido por contrato solo oferecido pela Universal Music - em Senhorita, hit dos bailes e rádios que impulsionou a carreira fonográfica do Motirô.

As raridades não tão raras dos Stones

Resenha de CD
Título: Rarities 1971 - 2003
Artista: Rolling Stones
Gravadora: EMI
Cotação: * * *

Fiéis devotos do rock'n'roll, os Rolling Stones prestaram tributo ao pioneiro Chuck Berry em 1971 quando regravaram Let It Rock e incluíram o cover ao vivo no lado B do single de Brown Sugar. O guitarrista Mick Taylor ainda integrava o grupo. A faixa é um dos destaques da coletânea Rarities 1971 - 2003, idealizada e vendida nos EUA por uma loja de departamentos, mas editada pela EMI no mercado nacional de forma convencional por conta da expectativa pela vinda do quarteto ao Brasil para show gratuito agendado para 18 de fevereiro, na praia de Copacabana, no Rio.

A compilação reúne 16 fonogramas extraídos de registros de shows e de lados b de singles, além de alguns remixes como a versão estendida de Miss You, lançada em vinil em 1978, em pleno apogeu da disco music. Por aqui, as faixas são realmente raras, em sua maioria, já que a indústria fonográfica brasileira nunca se habituou a lançar singles de forma regular, sobretudo os estrangeiros. Mas o disco não parece esvaziar o baú dos Stones. Mesmo porque inclui embustes como a versão acústica de Wild Horses, disponível no álbum Stripped, de 1995.

Se você é fã dos Stones, mas não tem todos seus álbuns originais e tampouco se importa com o fato de as gravações serem mais ou menos raras, vai reverenciar o CD com razão. Primeiro, porque os registros ao vivo - em especial Beast of Burden, captado em show de 1981 - mostram que o grupo sempre deu conta do recado no palco. Segundo, porque tem um ou outro lado b que merecia estar no lado a - casos do Fancy Man Blues (lançado em single de 1989) e de outro blues da pesada, Wish I'd Never Meet You.

Pelo conjunto da obra, os Stones merecem uma caixa com as verdadeiras jóias de seu baú. Por ora, este Rarities 1971 - 2003 cumpre seu papel de aumentar ainda mais a ansiedade dos fãs enquanto 18 de fevereiro não chega.
Segunda-feira, Dezembro 19, 2005

Baleiro vai gravar canções portuguesas

Além de um CD infantil e de outro com músicas de letras pornográficas, Zeca Baleiro (foto) tem engatilhado mais um projeto fonográfico. O cantor planeja gravar disco com músicas de compositores portugueses. A idéia do artista é unir no repertório fados tradicionais ao pop lusitano contemporâneo. Idealizado para o mercado de Portugal, o álbum tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2006 e poderá vir a ser lançado também no Brasil.

A propósito, Baleiro lançou seu último CD, Baladas do Asfalto & Outros Blues, primeiramente em Portugal, com faixa-bônus exclusiva para a edição lusitana. Trata-se de Frágil, música de autoria do compositor português Jorge Palma.

Chico finaliza disco e série de TV

Chico Buarque (à direita num flagrante no estúdio da Biscoito Fino, durante as sessões de gravação de seu disco de inéditas) concilia a finalização do CD com a filmagem dos três últimos episódios da série dirigida por Roberto de Oliveira para o canal DirecTV. O 10º programa focará sua obra cinematográfica. O episódio seguinte terá como tema a vertente infantil da música do compositor. Já o 12º e último programa recordará os primeiros passos do artista na vida profissional.

Já o disco - com lançamento já confirmado para 2006 - traz a participação da cantora Mônica Salmaso na faixa Sempre. Além de canções como Outros Sonhos, Embebedado (parceria inaugural com José Miguel Wisnik), As Atrizes, Risotto Nero (com Sérgio Bardotti), Fora de Hora (tema composto com Dori Caymmi para o filme Lara) e Renata Maria (sua primeira música com Ivan Lins, lançada por Leila Pinheiro em dueto com o próprio Chico), o artista fez parcerias com o baterista Wilson das Neves e com o violonista Luiz Cláudio Ramos.

CD lembra Gardel, morto há 70 anos

Carlos Gardel - Uma Paixão Argentina é a coletânea (capa à esquerda) da Warner Music que lembra os 70 anos da morte do cantor de tangos Carlos Gardel - desaparecido precocemente aos 44 anos, em 24 de junho de 1935, quando o avião que o levaria da Colômbia à Argentina explodiu na decolagem. A compilação reúne 20 gravações feitas por Gardel entre dezembro de 1927 (Mano a Mano e La Cumparsita, sucessos registrados na cidade espanhola de Barcelona) e março de 1935 (Volver, El Dia que me Quieras, Lejana Terra Mía, Guitarra Mía e Sus Ojos se Cerraron - fonogramas gravados em Nova York). Apesar da projeção internacional conquistada nos anos 20 e 30, Gardel era de fato a paixão argentina da época, mas vale lembrar que nascera na França, em Toulouse, em 11 de dezembro de 1890.

Jorge Vercilo produz tia e lança ao vivo

O último disco de Jorge Vercilo (foto), Signo de Ar (2005), não reeditou o sucesso do anterior Livre (2004) e, sobretudo, do campeão de vendas Elo (2002), mas o cantor continua com produção fonográfica regular e em alta na gravadora EMI. Além de dar os últimos retoques em DVD e CD ao vivo, previstos para 2006, Vercilo produz o disco independente que marcará a volta à cena de sua tia, Leda Barbosa, cantora em atividade nos tempos da Rádio Nacional. Para o álbum, ele compôs o samba Trovões e Vendavais. A faixa traz um dueto do sobrinho com sua tia.

Ser ou não ser o primeiro DVD de Zizi Possi: eis a questão do vídeo 'Per Amore'

Vários leitores deste blog comentaram a resenha do DVD Pra Inglês Ver... e Ouvir - recém-lançado por Zizi Possi - e chamaram a atenção para o fato de a cantora já ter um DVD no mercado, Per Amore (capa à esquerda), omitido pelo colunista ao se referir ao novo vídeo digital como o primeiro de Zizi. De fato, o registro do show em italiano da intérprete já foi lançado no formato de DVD pela gravadora Universal, trazendo inclusive nos extras os clipes de L'Aurora e Per Amore. Mas, no caso, houve apenas a transposição do vídeo em VHS para a tecnologia digital. Por isso, o colunista entende que Pra Inglês Ver... e Ouvir é o primeiro DVD realmente gravado e idealizado por Zizi para tal formato. Seja como for, fica o registro para quem pensa diferente e considera o atual DVD o segundo na videografia da artista.
Domingo, Dezembro 18, 2005

Ouvir Zizi Possi em inglês é puro prazer

Resenha de CD / DVD
Título: Para Inglês Ver... e Ouvir
Artista: Zizi Possi
Gravadora: TBM Records
Cotação do CD: * * * *
Cotação do DVD: * * * * *


Há quem ouça discos de Zizi Possi buscando a cantora especialmemte iluminada dos CDs Sobre Todas as Coisas (1990) e Valsa Brasileira (1993). Estes dois antológicos trabalhos marcam o estabelecimento de um padrão estético na discografia da artista que, a rigor, começara a ser esboçado em Estrebucha Baby (1989) e foi desenvolvido em trabalhos seguintes como Mais Simples (1996) e o injustiçado Bossa, disco de 2001 nunca aplaudido na medida de sua sofisticação. É este refinamento estético minimalista que Zizi reedita neste primoroso Para Inglês Ver...e Ouvir, ora lançado nos formatos de CD (o 18º de carreira fonográfica iniciada em 1978) e DVD (o primeiro da artista).

Sem lançar disco desde 2001, Zizi volta cantando somente em inglês na sua primeira gravação ao vivo. No caso da cantora, vale logo dizer que seu registro no palco é normalmente idêntico ao do estúdio tamanho seu domínio e virtuosismo vocal. "O show de Zizi escorre como mel em cima da gente. Ela faz o que quer da voz", resume nos extras o ator Paulo Autran, um dos convidados da gravação realizada em 6 de agosto no Teatro Shopping Frei Caneca, em São Paulo (SP).

Por ser a reprodução de show idealizado no ano passado para apresentação na casa paulista Bourbon Street, o projeto ao vivo de Zizi Possi foge do caráter retrospectivo de discos do gênero. Todos os 18 números do DVD (13 no CD) são inéditos na voz da cantora, que já interpretava repertório poliglota em seu primeiro show profissiomal, Taí, apresentado em 1976 em Salvador (BA) - como lembra nos extras do DVD seu irmão José Possi Neto, diretor de Para Inglês Ver...e Ouvir.

Além de trazer o registro quase integral do recital (as músicas Yesterday e Close to You foram suprimidas da seleção final), o DVD supera o CD por proporcionar ao espectador a observação do gestual da cantora. Como também observa Possi Neto com muita propriedade, a máscara facial de Zizi no palco é elemento fundamental de seu trabalho. É através dela - acrescenta o colunista - que ficam mais evidentes as intenções e as nuances de cada número.

Zizi é detalhista. E é na observação do detalhe que consiste muito do puro prazer de vê-la e ouvi-la entoar classudo repertório de standards como The Man I Love, Moon River, Ruby, Fever e Love for Sale. Seja o tom etéreo do refrão de Fly me to the Moon, introduzido pela atmosfera aérea criada pelo arranjo do maestro Jether. Seja o clima de cabaré que permeia Dream a Little Dream of me, número de apropriadas caras e bocas. Ou ainda a divisão inusitada de Do You Wanna Dance? - sucesso de Johnny Rivers.

A perfeita emissão vocal de Zizi enobrece baladas como Love of my Life e I Don't Wanna Talk about It - lançadas por Queen e Rod Stewart, respectivamente - e até um reggae como o politizado Redemption Song, que reaparece incrivelmente fora do universo jamaicano. Como verdadeira diva da canção, Zizi tem a capacidade de uniformizar autores díspares como Bob Marley e Cole Porter.

Há quem acuse nos últimos trabalhos da cantora um tom excessivamente cool. Para Inglês Ver... e Ouvir segue essa linha no início e vai ganhando peso e calor à medida que avança. A ponto de ferver no soul Unchain my Heart e na releitura roqueira de Come Together. Mas a parte cool nunca soa inferior ao bloco hot. Em qualquer clima, ouvir Zizi Possi cantar em inglês é puro prazer. Um deleite para quem entende seu apuro estético.

Gravadora dos Beatles processa EMI

Dona do acervo fonográfico dos Beatles (foto), a gravadora Apple Corps Ltd - criada pelo grupo nos anos 60 - está processando a EMI Music e a Capitol Records, companhia ligada ao grupo EMI. O processo foi aberto na Justiça de Londres, mas vai tramitar também pelos tribunais de Nova York. Os dois Beatles remanescentes, Paul McCartney e Ringo Starr, reivindicam 30 milhões de euros, por conta de royalties supostamente não pagos pela EMI à Apple. É a EMI que, através de acordo com a Apple, reedita no mundo inteiro os discos dos Fab Four.

Humberto Barros une rock e instrumental brasileiro no CD que vai lançar em março

Pianista admirado na cena pop nacional, já tendo tocado com nomes como Kid Abelha e Lobão, o cantor e compositor Humberto Barros vai lançar em março, pelo selo carioca Psicotrônica, seu segundo disco, O Mundo Está Fervendo (capa à direita). No sucessor de Do Nada ao Tudo (Net Records, 2001), Barros procura conciliar a linguagem do rock com a música instrumental brasileira. Um trio formado por Marcelo Linhares (baixo), Cristiano Crochemore (guitarra) e Juliano Zanoni (bateria) acompanha o pianista no CD.

A 'caipirinha' de Bebel e Mike Patton

Tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2006 o disco - provisioriamente intitulado Peeping Songs - em que o ex-vocalista do grupo Faith no More, Mike Patton, faz duetos com cantoras como Björk, Bebel Gilberto (foto) e Norah Jones. A faixa da qual participa Bebel se chama Caipirinha.

Catedral profana sucesso da Blitz

Grupo que migrou da seara evangélica para a música dita secular, o Catedral (foto) incluiu como faixa-bônus de seu novo CD, Atemporal, a recriação de um sucesso da Blitz, A Dois Passos do Paraíso. A gravação foi feita para a trilha da novela Prova de Amor, da Rede Record.

O disco Atemporal traz essencialmente no repertório músicas já gravadas pela banda no período 1994/1998 - além de algumas inéditas como Chegou a Hora de Dizer a Verdade, Em Outro País, Cidade e o tema que batiza o CD.

Paralelamente, o vocalista do Catedral, Kim, lança mais um disco solo, Meu Destino É Você, cujo track-list inclui covers dos repertórios de Michael Jackson (Music and me), Charles Aznavour (She) e Nat King Cole (Quizas, Quizas, Quizas).
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