Sem animação, Bafo festeja 50 carnavais
Título: Bafo da Onça 50 Carnavais - É o Bom! É o Bom! É o Bom!
Artista: Vários intérpretes
Gravadora: Independente
Cotação: *
Tradicional no Carvaval carioca, o bloco Bafo da Onça foi fundado em 1956 pelo folião Tião Maria em botequim do Catumbi, bairro próximo do Centro do Rio de Janeiro. O CD Bafo da Onça 50 Carnavais - É o Bom! É o Bom! É o Bom! festeja as cinco décadas da criação da agremiação com releituras de sambas que fizeram sucesso em épocas áureas do bloco. Tinha tudo para ser irresistível, mas não é. Falta animação! A produção musical do (virtuoso) violonista João de Aquino impregnou o disco de um tom quase melancólico - tudo o que um bloco de sujo não pode ter.
Há surpresas como a inclusão de um deslocado Cauby Peixoto no time de intérpretes. O intérprete de Conceição entoa Bom Dia (Walter Dionísio e Albano Silva) em tom esmaecido. Até Oba! - o maior hit do bloco, de autoria de Oswaldo Nunes - ressurge em gravação morna de Nadinho da Ilha. É incrível que o disco de um bloco de sujo soe frio. As músicas são ótimas, mas perderam o pique de registros anteriores. Excelente cantora diplomada na noite, Áurea Martins parece fora do tom em Voltei, outra pérola de Oswaldo Nunes, já gravada por Elza Soares. Em Blusa Amarela (Tanajura), de Rico Medeiros e Moacyr M. M., o intérprete Tita ainda consegue um resquício de animação. Mas nada que salve o disco, aberto por fraco samba inédito, A Volta do Bafo da Onça (João de Aquino e Dalva Lazaroni), que procura historiar a trajetória do bloco. Infelizmente, sem a animação que já contagiou milhares de foliões nos carnavais de outrora.