
Produzido em 2005 sob encomenda para dois selos estrangeiros (o ingl�s FarOut e o japon�s JVC), o CD
Rio-Bahia - o primeiro gravado por Joyce com Dori Caymmi - est� sendo editado no Brasil pela Biscoito Fino. A faixa-t�tulo, composta por Joyce, brinca com estere�tipos dos dois p�los musicais brasileiros que inspiraram o repert�rio. Entre as novidades,
E Era Copacabana (a primeira parceria de Joyce com Carlos Lyra, de versos masculinos cantados por Dori) e
Fora de Hora (a primeira parceria de Dori com Chico Buarque, de versos femininos cantados por Joyce).
H� ainda parcerias de Dori com Paulo C�sar Pinheiro (
Jogo de Cintura,
Mercador de Siri,
Saudade do Rio,
Flor da Bahia), temas de autoria de Joyce (
Demor�), um cl�ssico de Dorival Caymmi (
Saudade da Bahia) e outro de Baden Powell e Vinicius de Moraes (
Pra que Chorar?). O encarte do CD traz um texto assinado por Joyce em que a artista explica com orgulho suas afinidades com Dori Caymmi, o arranjador de seu primeiro disco.
Eis o texto, na �ntegra:
"Loucos por harmonia, somos irm�os na m�sica, sonhamos na juventude os mesmos sonhos, ouvimos os mesmos discos e aqui estamos reunidos outra vez, anos e anos depois do meu primeiro disco (
Joyce, de 1968), para o qual ele escreveu os arranjos de cordas.
Da� pra frente nasceu uma amizade regada a Bill Evans, Johnny Mandel, Tom Jobim, Ravel, Debussy e muitos, mas muitos mesmo, acordes. Fazemos parte de um clube invis�vel de gente que ama harmonia. Nesse ponto, Dori foi e � um dos meus mestres, mesmo que �s vezes n�o se d� conta disso. Foi ele quem me ensinou a ouvir uma orquestra��o nos m�nimos detalhes, a brincar com as invers�es nas regi�es mais altas do viol�o, a gostar ainda mais do que eu j� gostava - s� que, desta vez, gostar compreendendo.
Eu, nos meus 20 anos, feito uma esponja, absorvendo e aprendendo, nas reuni�es na casa dele no Jardim Bot�nico ou nas casas de nossos mestres comuns, Tom, Vinicius e Luizinho E�a. Belo Rio de Janeiro, belo anos 60 / 70. A mistura das nossas vozes j� havia sido testada antes em meu CD
Astronauta, de 1998. Como � bom saber tocar um instrumento... e como � bom cantar com algu�m com quem a gente se entende na m�sica quase por telepatia.
Quando surgiu a sugest�o de gravarmos juntos, n�o havia ainda um "conceito" para o CD. O conceito seria simplesmente o encontro da gente. Aos poucos, a id�ia "Rio-Bahia" foi tomando forma, pela cara e tem�tica das can��es: somos ambos apaixonadamente cariocas, que vivemos com nossa gera��o a fase mais esplendorosa do Rio. Mas tamb�m temos, cada um de n�s, um p� na Bahia - eu por ser casada com um baiano, Tutty Moreno; Dori (que nossa turma chamava de "baiano" nos anos 60 e que agora � baiano de verdade,
rebocado e certificado por decreto), por ser filho de Dorival Caymmi, o homem que, com Jorge Amado, inventou a Bahia. As can��es falam destes lugares amados, ber�os da m�sica brasileira, aquarelas do Brasil".
Joyce