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Sábado, Dezembro 31, 2005

Retrô 2005 - Roberta fez o melhor CD

Até Chico Buarque ficou maravilhado quando ouviu a regravação de seu samba Pelas Tabelas na voz de Roberta Sá (foto). Revelada no programa Fama em 2002, a cantora potiguar - radicada no Rio desde a infância - desviou da rota popularesca normalmente seguida pelos calouros globais e lançou o melhor disco de 2005, Braseiro, produzido por Rodrigo Campello. Não foi, a rigor, o primeiro CD da cantora, que antes gravou Sambas e Bossas (também com produção de Campello) para ser distribuído como brinde de empresa. Mas Braseiro, irretocável em suas dez enxutas faixas, foi obviamente o primeiro álbum de Roberta que chegou ao mercado e a um público que não parou de crescer ao longo do ano. Raras vezes uma cantora lançou disco de estréia tão primoroso. Com leveza, afinação e frescor na voz, a intérprete anunciou sua devoção ao samba já na faixa de abertura, Eu Sambo Mesmo, tema de Janet de Almeida sabiamente propagado por um tal de João Gilberto.

Com direito a uma excelente inédita de Pedro Luís (No Braseiro) e a uma linda releitura de música de Los Hermanos (Casa Pré-Fabricada), superior à posteriormente feita por Maria Rita em seu Segundo, o CD priorizou o samba, mas tangenciou a chamada MPB (Valsa da Solidão, Cicatrizes), a música ruralista (Olho de Boi) e as levadas nordestinas (Ah, se Eu Vou), confirmando a ótima impressão deixada por Roberta Sá em 2003 com sua gravação de A Vizinha do Lado, samba de Dorival Caymmi incluído na trilha da novela Celebridade. Nasceu uma estrela de rara grandeza.

Retrô 2005 - O folk refinado de Rice

O disco foi lançado originalmente em 2003, mas saiu somente em 2005 no Brasil, por conta do sucesso da faixa The Blower's Daughter na trilha do filme Closer - Mais Perto. O, obra-prima do cantor e compositor irlandês Damien Rice, não foi um estouro de vendas, mas seduziu de forma arrebatadora muitos ouvintes ao longo do ano. Com seu folk melancólico e poético, Rice conseguiu ser sublime no melhor CD estrangeiro editado no mercado nacional em 2005. A beleza atemporal de O não se resume ao hit The Blower's Daughter, que acabou ganhando polêmicas e simultâneas versões feitas por Ana Carolina e - com mais refinamento - por Zélia Duncan. Delicate, Volcano, Cannonball, Emie e Eskimo são outras músicas que fazem de Rice o mais talentoso nome surgido na Irlanda depois do grupo U2.

Retrô 2005 - Mariah volta a reinar

Dada como morta pelo mercado fonográfico, depois que dissolveu seu casamento com figurão da Sony Music e lançou série de discos fracassados por selos menores, Mariah Carey reviveu e voltou a reinar em 2005 como nos áureos tempos dos anos 90. Mas há algo de podre nesse reino da (ótima) cantora. O CD The Emancipation of Mimi (capa) é insosso como a maioria dos álbuns da artista. Na foto da capa, Mariah já mostra que perseguiu o visual e o som de Beyoncé Knowles. Mas o fato é que a aguada mistura de rap e rhythm and blues conquistou os americanos, liderou as paradas e enfileirou oito indicações ao Grammy 2006. Resultado: o CD fecha o ano com nada menos do que quatro milhões e 860 mil cópias vendidas somente nos Estados Unidos. Foi o líder da indústria fonográfica americana - a maior do mundo. E isso não é pouco. Mariah Carey está no topo. De novo.

Retrô 2005 - System of a Down explode

Se o rap teve força comercial em 2005, o rock reafirmou seu vigor artístico com bons álbuns de Foo Fighters (In your Honor) e Rolling Stones (A Bigger Bang). Na seara mais pesada, o grande destaque do ano foi o System of a Down (foto), quarteto americano de ascendência armênia que renovou a cartilha metaleira com dois álbuns explosivos e complementares, Mezmerize (editado em maio) e Hypnotize (nas lojas em novembro). Andamentos alternados, pitadas eletrônicas, sons de world music... tudo entrou na receita do grupo sem atenuar o peso de seu metal e de suas letras incendiárias. Attack e Lost in Hollywood foram algumas músicas que sedimentaram o legado do System of a Down em 2005.

Morre Renato Andrade, o violeiro erudito

O ano trouxe perdas irreparáveis para os violeiros. Além da morte de Helena Meirelles, Renato Andrade saiu de cena ao apagar das luzes de 2005. Nascido em setembro de 1932, em Abaeté (MG), o violeiro morreu em 30 de dezembro, aos 73 anos, vítima de câncer do pulmão. Andrade tinha formação e técnica eruditas. Mas trocou o violino pela viola, seduzido pelos sons caipiras. No palco e nos discos, o músico tocava sua viola com rigor clássico, geralmente incluindo no repertório temas de compositores eruditos. Fora de cena, era grande e alegre contador de causos - como o colunista teve o privilégio de testemunhar ao entrevistá-lo nos anos 80.

Radicado no Rio desde a década de 70, o artista lançou em 1977 seu primeiro disco, A Fantástica Viola de Renato Andrade. Outros títulos se seguiram, entre eles A Magia da Viola (1987) - todos, infelizmente, fora de catálogo. Quem quiser ter pequena amostra do som límpido da viola de Renato Andrade tem como opção comprar no site oficial da gravadora kuarup (http://www.kuarup.com.br) a coletânea Os Bambas da Viola, editada em 2004.
Sexta-feira, Dezembro 30, 2005

Retrô 2005 - Madonna nas pistas

Madonna (foto) se reinventou novamente e afastou em 2005 o fantasma da decadência, que lhe assombrara com seu disco anterior, American Life. Ao mirar certeiramente nas pistas com Confessions on a Dance Floor, a material girl recuperou a forma e as vendas com álbum totalmente dance e repleto de referências a ícones da disco music como Abba e Donna Summer. Os eventuais toques retrôs deram ao CD paradoxal ar moderníssimo, como se a cantora abraçasse e inventariasse a dance music de todas as décadas. Era o que os fiéis fãs da diva precisavam para voltar a cultuá-la com o fervor de outrora, dentro e fora das pistas. Até porque Madonna voltou a ser Madonna em 2005.

Retrô 2005 - A MTV perde força

Em 2005, como em anos anteriores, a MTV se dedicou a rebobinar o pop nacional em CDs e DVDs editados em parceria com a indústria fonográfica. Alguns dos principais grupos (Barão Vermelho, Capital Inicial, O Rappa, Titãs) lançaram projetos retrospectivos com o aval e o selo da emissora. A novidade é não houve nenhum estouro de vendas. Nem o virtual e apelativo dueto de Cazuza com Frejat foi suficiente para tornar o azeitado MTV ao Vivo do Barão Vermelho um campeão de vendas. Os Titãs (foto) fizeram algum furor na mídia com a irada Vossa Excelência - furioso protesto dirigido aos políticos envolvidos no escândalo do mensalão - e nem assim viram seu MTV ao Vivo decolar nas paradas. Já o Rappa surpreendeu ao convidar Maria Rita para Acústico MTV produzido com requinte. Mas a qualidade das músicas inéditas deixou claro que Marcelo Yuka ainda faz muita falta à banda... Já o Capital Inicial pegou o viés histórico e registrou na série MTV Especial o repertório (parcialmente inédito) do lendário grupo brasiliense Aborto Elétrico em vigoroso CD de caráter documental que, no entanto, ainda não seduziu os órfãos de Renato Russo.

Retrô 2005 - O belo balé de Daniela

Veto do Vaticano à parte, Daniela Mercury (foto) fez bonito em 2005. Não tanto com o CD / DVD Clássica, irregular mergulho na MPB que passou despercebido, mas sobretudo com o disco Balé Mulato. Nos últimos anos, a cantora tinha lançado alguns bons álbuns (como seu globalizado MTV ao Vivo e o moderníssimo Carnaval Eletrônico), mas seu 11º CD solo representou vigorosa volta à forma e às levadas afro-pop-baianas de sua fase áurea. Com repertório irretocável, o disco teve a faixa Topo do Mundo tocadas nas rádios (proeza que há anos não acontecia com Daniela), emplacou música em novela (a balada Pensar em Você, tema de Belíssima) e tem tudo para estourar um hit no Carnaval (a releitura eletrônica de Meu Pai Oxalá) e outro na época da Copa do Mundo (a eletrizante Levada Brasileira). Azar do Vaticano que não quis a cantora em seu Concerto de Natal...

Retrô 2005 - A força comercial do rap

No Brasil e no exterior, o rap reafirmou sua força em 2005. Nos Estados Unidos, terra natal do hip hop, Kanye West (foto) fez o melhor disco do ano no gênero, Late Registration, e se consagrou um dos campeões de vendas. Seu álbum vendeu 2 milhões e 360 mil unidades até 29 de dezembro - perdendo, por pouco, para o último disco do grupo Black Eyed Peas, Monkey Business, que já vendeu 2 milhões e 940 mil exemplares e está prestes a conquistar um triplo Disco de Platina.

O grande campeão foi 50 Cent. O discípulo de Eminem, da linha gangsta, realmente massacrou as paradas. Primeiro com seu segundo álbum solo, The Massacre, que contabilizou quatro milhões e 830 mil cópias vendidas. Depois, com a recente trilha de seu filme Get Rich or Dye Tryin', que fecha o ano com 1 milhão e 48 mil cópias vendidas somente nos EUA. E Eminem, mesmo sem reinar absoluto como em anos anteriores, ainda é carta dentro do jogo da indústria do hip hop: sua recém-lançada primeira coletânea, Curtain Call, já vendeu 1 milhão e 196 mil cópias.

No Brasil, o rap ainda viveu quase à margem do mercado, sem dominar as paradas, mas com público vasto e fiel. Parteum fez bonito com seu Raciocínio Quebrado, CD cheio de cadências inusitadas, e Rappin' Hood continuou à procura da batida perfeita da mistura de samba e rap em seu ótimo Sujeito Homem 2, que trouxe entre os convidados os tropicalistas Caetano Veloso e Gilberto Gil. Já Gabriel O Pensador procurou renovar seu som em Cavaleiro Andante, ótimo álbum que não obteve a merecida repercussão comercial.

Para 2006, a aposta é o Motirô, contratado pela EMI depois do estouro de Senhorita nos bailes. Seu CD Episódio 1 - Um Passo à Frente acaba de chegar às lojas. Mas Cabal, um dos integrantes do grupo, foi seduzido por proposta da Universal, caiu fora do grupo (agora reduzido a uma dupla formada por DJ Hum e Lino Crizz) e vai lançar disco solo.

Retrô 2005 - O rico mundo de Leila

Leila Pinheiro (na foto, num clique de Marcelo Coelho) tem muito o que comemorar em 2005. Contratada pela Biscoito Fino no ano passado, a cantora lançou um de seus melhores discos, Nos Horizontes do Mundo - o primeiro gravado com liberdade artística desde 1998, ano em que a intérprete apresentou o também renovador CD Na Ponta da Língua. Sem pressão, a artista apostou na diversidade e estimulou a criação de parcerias (Joyce com Luiz Tatit, Marcos Valle com Jorge Vercilo e, sobretudo, Chico Buarque com Ivan Lins - na badalada, mas mediana, Renata Maria). Leila gravou ainda belas inéditas de Fátima Guedes (a toada A Vida que a Gente Leva) e Francis Hime (Gozos da Alma), além de ter recriado de forma sublime a canção Onde Deus Possa me Ouvir, do mineiro Vander Lee, em registro que superou (e muito) a gravação feita por Gal Costa em 2002 pela dose exata de tristeza, realçada pelas cordas lindamente arranjadas por Lincoln Olivetti. Enfim, Nos Horizontes do Mundo repôs Leila no primeiro time de cantoras nacionais - do qual tinha saído por conta de projetos equivocados impostos por empresários e gravadoras.
Quinta-feira, Dezembro 29, 2005

Duofel em límpidas águas amazonenses

Resenha de CD
Título: Precioso
Artista: Duofel
Gravadora: Fine Music
Cotação: * * * *

Da idéia de festejar os 25 anos de carreira do Duofel numa viagem sem destino, os violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno partiram rumo a Manaus em outubro de 2002. O resultado do mergulho em solo e águas amazonenses pode ser ouvido neste refinado CD que ratifica a rara e virtuosa interação entre os dois músicos. Com exceção da releitura inventiva de Bom Dia Tristeza, a bissexta parceria de Vinicius de Moraes com Adoniran Barbosa que encerra o disco, a dupla toca nove temas autorais inspirados nas belezas naturais e arquitetônicas da capital do Amazonas. Teatro Novo, Sarau no Parque 10 e Motor de Linha são algumas músicas do repertório, que tem sua origem regional diluída no toque límpido e cosmopolita dos violões de Melo e Bueno. Ainda que "Caipirandando" no Largo de São Sebastião tenha delicioso sabor interiorano. Um disco precioso!

Nikita vai lançar CD de Humberto Barros

De volta do recesso natalino, o pianista Humberto Barros (foto) escreveu ao colunista para informar sobre as mudanças de planos em relação ao lançamento de seu segundo disco, O Mundo Está Fervendo. Previsto para 2006, o CD iria sair pelo selo carioca Psicotrônica, mas Barros acabou optando por editar o álbum pela gravadora Nikita.

"O disco vem com o que eu chamo de três clipes autorais, ou seja, compostos e executados pelo mesmo cara que compôs e executou as músicas do CD : eu mesmo. E, além disso, o encarte é um presente para o comprador, pois contém ilustrações minhas feitas a partir de impressões causadas pela chegada de cada uma das canções. Estou espremendo os recursos do que envolve o CD para comunicar e divertir um pouco mais. Essa é a idéia. É para ouvir, ver, assistir, levar no notebook, escanear ilustrações, catar coisas no site pelo link que vem junto... e por aí vai", adianta o pianista, que procura conciliar no disco a linguagem do rock com o sotaque da música instrumental brasileira.

Bonfá magoa Plebe ao vetar recriação de 'Soldados' pela banda de Philippe Seabra

Em impasse com os herdeiros de Renato Russo por discordâncias quanto ao uso da obra da Legião Urbana, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos - respectivamente, baterista e guitarrista da banda - vetaram a inclusão de músicas sobre as quais têm direitos legais no recente tributo a Russo produzido e gravado este mês pelo canal Multishow para virar DVD, CD e programa de TV em 2006. Mas a proibição de uma música em especial acabou descontentando a Plebe Rude, banda conterrânea da Legião Urbana na cena pop de Brasília da década de 80. Bonfá (na foto, num clique de Emanuelle Bernard) vetou a recriação, pelo grupo de Philippe Seabra, de Soldados - parceria de Bonfá com Renato Russo, gravada pela Legião Urbana em seu primeiro disco, em 1985. Magoado, Philippe lembra que a Plebe chegou a lançar Soldados na companhia de Russo e do próprio Bonfá, em show no Teatro Rola Pedra, em Brasília, no início dos anos 80.

Diante da proibição, o quarteto optou por regravar Química no tributo. Assinada apenas por Renato Russo, Química é música feita ainda na época do Aborto Elétrico, o primeiro grupo de Russo. Foi lançada em disco pelos Paralamas do Sucesso, em 1983, no primeiro LP do trio carioca, Cinema Mudo.

Retrô 2005 - A decepção do F.UR.T.O.

Foram cerca de dois anos de gravação em clima sigiloso. A expectativa era grande, mas SangueAudiência - o álbum de estréia da nova banda de Marcelo Yuka, F.UR.T.O. (foto) - deixou em 2005 um ar de decepção em quem esperava um disco à altura dos melhores momentos do ex-baterista do Rappa. Além de Yuka, a Frente Urbana de Trabalhos Organizados arregimentou o carioca Maurício Pacheco (voz e guitarra) e os pernambucanos Garnizé (bateria) e Jam (percussão). A idéia de unir música e ativismo social era vigorosa, mas a audição do CD revelou que o peso estava mais nas letras engajadas de Yuka do que no som - um mix de timbres eletrônicos, ritmos nacionais e dub. A gravadora Sony & BMG até tentou promover o disco nas rádios e TVs (primeiro com a faixa Não se Preocupe Comigo e, mais tarde, com Flores nas Encostas do Cimento), mas a sensação é a de que nada aconteceu de relevante com o F.UR.T.O. - e nem as presenças de Marisa Monte (co-autora e cantora de Desterro) e de Manu Chao (convidado de Todos Debaixo do Mesmo Sombreiro) fizeram o disco repercutir além das burocráticas entrevistas promocionais em jornais e revistas.

Retrô 2005 - O melhor disco do Pato Fu

Voltar ao meio independente fez bem ao Pato Fu (foto). Dispensado da antiga BMG após dois discos de pouca repercussão (o pesadão Ruído Rosa, de 2001, e um belo MTV ao Vivo editado em 2002), o grupo mineiro voltou à cena em 2005 com seu melhor disco. John Ulhoa, Fernanda Takai e cia souberam dosar experimentalismo e doçura pop em Toda Cura para Todo Mal, trazendo de volta o espírito lúdico de seus primeiros álbuns.

Gravado de forma independente e artesanal em Belo Horizonte (MG), mas distribuído pela Sony & BMG, o oitavo CD do Pato conciliou no repertório canções melodiosas (Anormal, Sorte e Azar), temas funkeados (Uh Uh Uh, Lá Lá Lá, Ié Ié!), toada cibernética (Simplicidade), tributo ao universo sentimental de Roberto Carlos (Agridoce) e músicas fora dos padrões comerciais (O Que É Isso?, Estudar pra quê? e Boa Noite Brasil) que evocam a deliciosa anarquia sonora dos Mutantes - o genial grupo a que o Pato Fu sempre foi merecidamente associado.
Quarta-feira, Dezembro 28, 2005

Em CD, romantismo do Domingão é ralo

Resenha de CD
Título: As Favoritas do Domingão do Faustão - Românticas
Artista: Banda Domingão e convidados
Gravadora: Som Livre
Cotação: *

Somente a vontade de faturar alguns reais com a popularidade do apresentador de TV Fausto Silva - que lidera o ibope das tardes dominicais com o programa Domingão do Faustão - explica a edição deste disco infeliz. Como as atrações musicais são um dos pontos altos do programa, criou-se um CD em que a Banda Domingão - dirigida musicalmente por Luiz Schiavon, tecladista que já viveu dias mais nobres como integrante do RPM - apresenta músicas românticas com a adesão de alguns ilustres convidados (Ivete Sangalo, Marjorie Estiano, Daniel, Ivo Pessoa e Maurício Manieri) que, claro, não recusariam um convite da produção de um programa fundamental para sua projeção nacional. Mas nem os reforços vocais de Marjorie (em Esqueça, balada que foi sucesso nas vozes de Roberto Carlos e Fábio Jr.), Ivo (em Encontrar Alguém, hit da fase inicial do Jota Quest) e Manieri (em Codinome Beija-Flor, sucesso meloso de Cazuza) evitam o fiasco total. Exceto a voz de Ivete em Na Rua, na Chuva, na Fazenda (faixa-título do primeiro disco de Hyldon), nada se salva. Inclusive porque os três vocalistas da Banda Domingão (Ester Campos, Nil Bernardes e Ricardo Arantes) são sofríveis. Se bem que Daniel já dá a pista certa do conteúdo ralo do disco ao abri-lo com releitura igualmente sofrível de Se Eu Não te Amasse Tanto Assim, canção que garantiu o sucesso do primeiro disco solo de Ivete e que perde toda sua beleza e delicadeza na voz do cantor sertanejo. Fique com as gravações originais!

Retrô 2005 - Hermanos contemplativos

2005 foi o ano em que o quarteto Los Hermanos (na foto, num clique de Maurício Valladares) lançou o sucessor do aclamado Ventura. Muitos fãs amargaram secretamente uma decepção com 4, disco de tom mais contemplativo, por vezes arrastado, mais próximo do universo da MPB do que do rock propriamente dito. Mas nem por isso deixaram de lotar os shows da banda e, em menor escala, de comprar o CD. Aliás, o fervoroso séquito do grupo já lhe garantiu um Disco de Ouro pelas 50 mil cópias vendidas de 4. Prêmio merecido porque o álbum tem sofisticação harmônica e mostra a disposição do grupo de não ficar reeditando fórmulas. Editado também em vinil, em tiragem meramente promocional, 4 é menos inspirado do que Bloco do Eu Sozinho (2001) e o supra-citado Ventura (2003), mas cumpriu seu papel de renovar o som da banda e de apontar a evolução de Rodrigo Amarante como compositor. Desta vez, Amarante teve música sua (O Vento) iniciando pela primeira vez o trabalho promocional de um CD do Los Hermanos e não ficou à sombra de Marcelo Camelo, o outro compositor do quarteto que tinha levado merecidamente todas as glórias autorais na época de Ventura. Inclusive pelo fato de Maria Rita ter incluído três músicas de Camelo em seu estupendo álbum de estréia...

Afrodisíaco é a bola da vez no axé

Criado este ano pelos cantores e compositores baianos Pierre Onassis e Jauperi, ambos egressos do Olodum, o grupo Afrodisíaco (foto) é a nova sensação da axé music. Com seu som calcado no samba-reggae, a banda vem cativando o público de Salvador com shows apimentados e já contam com dois hits locais: Café com Pão e Já É. O sucesso do grupo já chamou a atenção da Universal, a gravadora que tem no seu elenco os grupos Babado Novo e Rapazolla, além da cantora Ivete Sangalo. A propósito, Pierre e Jauperi sempre foram grandes fornecedores de hits para nomes como Daniela Mercury, Netinho e Olodum.

Retrô 2005 - As três de Milton e Caetano

O que era para ser um dos grandes acontecimentos musicais de 2005 - a retomada da parceria de Caetano Veloso com Milton Nascimento para a trilha do filme O Coronel e o Lobisomem - resultou decepcionante. Em setembro, os dois compositores subiram ao palco do Canecão para estrear miniturnê nacional destinada a promover as músicas do longa de Maurício Farias, produzido por Paula Lavigne. O que se viu e ouviu foi um show incrivelmente arrastado e chato, apesar da bela idéia de reunir no roteiro somente músicas compostas para cinema. Aliás, as três parcerias feitas por Milton e Caetano para o filme - Senhor do Tempo, Sereia e Perigo - estão aquém do padrão de qualidade das obras dos dois mestres. Tanto pelas melodias de Milton quanto pelos versos de Caetano. Senhor do Tempo é a mais bonita das três, porém, ainda assim, não honra uma parceria bissexta que já tinha rendido a obra-prima Paula e Bebeto (1975), a mediana As Várias Pontas de uma Estrela (1982) e a inspirada A Terceira Margem do Rio (1990). A decepção foi tamanha que o CD com a trilha do filme foi lançado silenciosamente no fim do ano. E passou despercebido!

Kuarup remasteriza 'Ao Vivo em Tatuí'

Lançamento de 1992 que marcou a reunião (então inédita em disco) da dupla Pena Branca & Xavantinho com Renato Teixeira, o CD Ao Vivo em Tatuí (capa à direita) está sendo reposto em catálogo pela gravadora Kuarup em edição remasterizada que traz fotos inéditas no encarte. Eleito o melhor disco de 1992 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), Ao Vivo em Tatuí sempre foi um dos títulos mais vendidos do acervo da Kuarup. Foi gravado em três shows realizados de 21 a 23 de setembro daquele ano. O repertório reúne 21 clássicos da música ruralista. Entre eles, O Cio da Terra, Romaria, Rio de Lágrimas, Chalana e Tocando em Frente.
Terça-feira, Dezembro 27, 2005

Shirle estréia em disco na cola de Elis

Resenha de CD
Título: Nada Será como Antes
Artista: Shirle de Moraes
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * * *

Shirle de Moraes é gaúcha. Como Elis Regina. Projetada em escala nacional na edição 2005 do programa Fama, do qual conseguiu ser uma das finalistas, a cantora acabou contratada pela Sony & BMG e estréia em disco, aos 27 anos, com repertório ousado. Nada menos do que oito das 12 músicas de Nada Será Como Antes foram extraídas do cancioneiro gravado por Elis nos anos 70 e 80. Shirle persegue não somente o repertório, mas também o estilo da Pimentinha. E o produtor Guto Graça Mello - talvez instruído pela diretoria da gravadora - ainda realça essa perseguição. O arranjo da faixa-título, por exemplo, parece xerox do registro de Elis.

Ainda que esteja muito na cola de sua saudosa colega conterrânea em faixas como Vecchio Novo e O Rancho da Goiabada (dois inspirados lados b da discografia de Elis), Shirle de Moraes mostra - por isso mesmo - que é boa cantora. Tem voz segura, afinada e de razoável extensão. Além de um suingue que a faz subir e descer com desenvoltura os contornos da Ladeira da Preguiça (Gilberto Gil) - somente para citar uma das melhores interpretações do disco. Nem parece uma principiante. Depois de Roberta Sá, Shirle é a participante do Fama que apresenta o melhor disco, com grandes chances de permanecer no mercado fonográfico.

O disco é bacana, mas seria ainda melhor se o produtor tivesse podado os excessos vocais da cantora em Boneca de Cera, rock-balada do repertório do Ira! - faixa pop que entra em sintonia com as duas inéditas fornecidas por Vanessa da Mata. Sem Saída e Acode confirmam a inspiração da compositora mato-grossense - hábil na construção de melodia, ritmo e versos que parecem feitos uns para os outros. No meio de inéditas de Vanessa e de sucessos de Elis como Aprendendo a Jogar, em que Shirle tenta em vão reeditar as piruetas vocais da Pimentinha, ainda há espaço para delicada toada, Por Causa de uma Paixão, parceria inédita de Alexandre Leão e Manuca Almeida. A faixa mostra que, se tivesse tido a paciência de garimpar repertório próprio, Shirle de Moraes poderia ter feito disco estupendo. Mas Nada Será como Antes é promissor começo. Apesar de tantas desnecessárias referências a Elis...

Retrô 2005 - O segundo morno de Rita

Maria Rita dia desses foi ao programa de Ana Maria Braga, exibido nas manhãs globais. Já esteve também no de Marília Gabriela, no canal GNT. E acabou de posar nua para a capa da revista Bizz de dezembro. Tudo isso quer dizer que a filha de Elis Regina teve que descer do salto - lhe imposto no álbum de estréia pela diretoria de marketing da gravadora Warner - e batalhar pela divulgação de seu novo disco como qualquer cantora mortal. Definitivamente, o Segundo de Rita não é um fracasso de vendas. Mas também não sai das prateleiras com a rapidez imaginada pelos figurões da Warner. O CD pecou ao repetir a fórmula do primeiro com repertório menos inspirado. Mas confirmou o talento da artista, que está cantando mais leve e parece tirar da voz, aos poucos, o peso de ser filha de Elis. Só que o morno show de lançamento de Segundo - mais comentado pelo horrendo figurino do que pelo roteiro sem novidades - mostrou que, em cena, a cantora cresce quando soa dramática. Enfim, Maria Rita já tem seu futuro garantido na MPB, mas vai precisar se reinventar no terceiro - até porque os fãs de Elis já saciaram a curiosidade de ouvir a voz de sua filha para amenizar a saudade da Pimentinha.

Retrô 2005 - KLB renasce das cinzas

Goste-se ou não do KLB (foto), o sucesso popular reconquistado pelo trio em 2005 é incontestável e mostra como o êxito de um artista depende também da disposição de sua gravadora de trabalhar seu disco. Quando José Antonio Éboli foi demitido da presidência da Sony & BMG há alguns anos, os irmãos Kiko, Leandro & Bruno - crias da empresa e de Éboli em particular - se tornaram cartas fora do jogo da companhia. Não deixaram de gravar e lançar discos. Uma ou outra música, como Carolina, até parecia que ia emplacar nas rádios, mas nada acontecia de concreto. Porque ninguém fazia nada por eles na gestão de Alexandre Schiavo. E o KLB já era dado como morto no mercado.

Pois o grupo renasceu das cinzas com a ida de Éboli para a presidência da Universal. Principal incentivador do trio na indústria fonográfica, o executivo recrutou Paul Ralphes para produzir o disco dos irmãos, Obsessão. Logo de cara, o CD emplacou um hit nacional: Um Anjo, versão de Angels, balada do cantor e compositor inglês Robbie Williams. A música tocou nas rádios, o KLB voltou a dar as caras na televisão (com visual repaginado e mais moderninho) e, se não vendeu discos na proporção de seu sucesso radiofônico, foi mais por conta da pirataria e da conseqüente crise nas vendas de CDs. Moral óbvia da história: a gravadora precisa acreditar e investir num artista para que ele faça sucesso.

Radiohead fará CD com novo produtor

O Radiohead (foto) - que já andou burilando e gravando ao longo de 2006 algumas músicas de seu próximo disco - pretende voltar ao estúdio em fevereiro para começar a dar forma definitiva aos temas do álbum. A maior novidade é a troca de produtor. Em vez de Nigel Godrich, que assinou a produção de vários CDs da banda, o Radiohead anunciou que vai trabalhar com Mark Spike Stent, que tem no currículo colaborações com nomes como Madonna e Björk.

Montenegro estréia musical em janeiro

Meses depois de ter lançado CD com a nova trilha de Léo e Bia, um de seus musicais mais bem-sucedidos, Oswaldo Montenegro (foto) prepara a estréia de outro espetáculo no gênero. Tipos vai entrar em cartaz em 10 de janeiro, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea (RJ), em temporada prevista para seguir até 22 de fevereiro. No elenco, Aline Civinelli, Diogo Guanabara, Fabiano Leandro, Lila Shakti, Letícia Debom, Luciana de Souza, Mariana Rios, Patricia Elizardo da Silva, Pierre Santos, Rodrigo Vellozo e Taís Alvarenga.
Segunda-feira, Dezembro 26, 2005

Fundamental, o CD do Pet Shop Boys

Fundamental é o nome do novo álbum da dupla Pet Shop Boys (foto) - o primeiro com repertório inédito desde Release (2002). O lançamento mundial está agendado para 17 de abril. Antes, o duo lança o single Minimal. O CD foi produzido por Trevor Horn.

Sandy & Junior lançam disco em abril

Em que pesem os indícios dos últimos dois anos de que Sandy poderia iniciar uma carreira solo, alimentados sobretudo pela repercussão moderada do disco Identidade (2003), Sandy & Junior continuarão firmes, fortes e unidos em 2006. A dupla prepara seu 15º CD (incluindo os títulos ao vivo). E a gravadora Universal já até agendou oficialmente o lançamento do álbum para abril - mês que os irmãos começarão nova turnê nacional. Ou seja, 2006 será ano decisivo na carreira da dupla...

Retrô 2005 - O inferno de Pedro Mariano

Pedro Mariano (foto) já tinha vivido inferno astral em 2004, quando Marcos Maynard assumiu a presidência da EMI e abortou o disco de inéditas que o cantor gravara com toda pompa na gravadora, sob a direção artística de Jorge Davidson (demitido com a chegada de Maynard). E passou 2005 sob nuvem negra. Brigado com a Trama, de onde saíra em clima ruim com o diretor (ninguém menos do que seu meio-irmão João Marcelo Bôscoli), Mariano teve que aceitar as imposições da Universal para dar continuidade à sua carreira fonográfica. Em bom português, ele teve que aderir à dobradinha DVD/CD ao vivo, em precoce projeto retrospectivo. Pior: teve que regravar alguns sucessos da mãe, uma tal de Elis Regina. Um deles em dueto com Sandy, queridinha da Universal. O pior é que, mesmo assim, nada aconteceu de expressivo. O disco foi recebido com frieza pela crítica e não obteve o esperado sucesso popular. Que venha 2006 com melhores ares para o bom cantor!

Erasure volta acústico em 'Union Street'

O Erasure (foto) - duo de tecnopop que esteve em evidência nos anos 80 - vai lançar novo álbum, Union Street, em 3 de abril. O sucessor de Nightbird (editado no início de 2005) trará releituras acústicas - algumas em ritmo de country - de sucessos da dupla. Piano Song, Love Affair, Boy e Home estão entre as 11 músicas do CD. "A intenção do disco é mostrar que essas músicas funcionam com qualquer instrumento, seja um sintetizador ou uma guitarra", explica o cantor Andy Bell no site oficial do Erasure.

Adolfo realça melancolia de hits da folia

Resenha de CD
Título: Carnaval Piano Blues
Artista: Antonio Adolfo
Gravadora: Kuarup
Cotação: * * *

A bem da verdade, a idéia não é original. A cantora Alaíde Costa gravou projeto similar, Rasguei minha Fantasia, idealizado pelo produtor Hermínio Bello de Carvalho. Mas isso não tira o mérito do pianista Antonio Adolfo, que também realça em Carnaval Piano Blues a melancolia contida em músicas associadas à folia de Momo. São clássicos como Agora É Cinza, Pierrot Apaixonado, Mal me Quer, O Teu Cabelo Não Nega, Pastorinhas, Vassourinhas e Tristeza. O repertório extrapola até o universo carnavalesco em sambas como Vai Passar, obra-prima de Chico Buarque e Francis Hime. Mas o que conta aqui é a forma como os temas são tocados pelo músico. Aliás, o título do disco é interessante, pois Adolfo improvisa com a liberdade de um jazzista e dá um toque bluesy ao impecável repertório. É para foliões sofredores que rasgam sua fantasia antes mesmo de pular o Carnaval...
Domingo, Dezembro 25, 2005

Retrô 2005 - O ano de Ana Carolina

Há quem compare o atual estágio da carreira de Ana Carolina com a fase vivida por Simone na antiga CBS nos anos 80. Tem a ver. Ana entrou em 2005 colhendo os frutos do sucesso comercial de seu terceiro CD, Estampado, que foi lançado em 2003, mas somente decolou nas paradas em 2004, quando Encostar na Tua virou hit radiofônico no embalo de sua execução na segunda metade da novela Celebridade. Ana sai de 2005 como a campeã de vendas do ano. Além das 535 mil cópias da coletânea Perfil, editada pela esperta Som Livre no início do ano para faturar com os sucessivos hits emplacados pela cantora nas novelas globais, a Sony & BMG mandou para as lojas em dezembro 125 unidades do CD Ana & Jorge ao Vivo, gravado com Seu Jorge. Sem falar no DVD homônimo e no DVD anterior da artista, Estampado - Um Instante que Não Pára, editado em fins de 2004.

O ônus do sucesso é a aura brega que insiste em rodear Ana Carolina (na foto com Seu Jorge) - exatamente como aconteceu com Simone nos anos 80. Simone tinha um séquito fervoroso de fãs naquela década, mas foi perdendo progressivamente o prestígio que conquistara em seu início de carreira. E luta até hoje para restaurar a confiança dos críticos. Ana passa por problema semelhante. Público não lhe falta. Seus shows vivem lotados e seus discos saem das prateleiras com rapidez rara em tempos de galopante pirataria de CDs. Mas o prestígio conquistado pela mineira com seu primeiro e melhor disco vem sendo minado por gravações dispensáveis como É Isso Aí, a controvertida versão de música do irlandês Damien Rice. E Ana já parece ter consciência disso. Tanto que já anda falando que seu próximo CD, o quarto título solo de sua discografia, terá um tom experimental. Seja como for, 2005 foi o ano de Ana.

Mary J. Blige lança disco em que regrava 'One', hit do U2, em duo com Bono Vox

Um dos clássicos do repertório inicial do U2, One é a música que encerra oficialmente (há faixa escondida após o sucesso da banda irlandesa) o sétimo disco de Mary J. Blige, The Breakthrough (capa à esquerda) - lançado nos Estados Unidos e na Inglaterra no último dia 20 de dezembro. Vocalista do U2, Bono Vox dueta com a artista na regravação.

A cantora de rhythm and blues assina, sozinha ou em parceria, onze das 16 músicas do CD. O rapper Jay-Z é co-autor, produtor e convidado de Can't Hide from Luv. Outros destaques do repertório são Good Woman Down (faixa dedicada pela artista às suas "problemáticas irmãs") e Ain't Really Love. Já About You apresenta um dueto virtual de Blige com a saudosa Nina Simone.

Retrô 2005 - O bis magistral de Zélia

Zélia Duncan (foto) saiu de 2004 com o prestígio de ter feito o melhor disco do ano, Eu me Transformo em Outras. Pois em 2005 a cantora consolidou a guinada de sua carreira com outro álbum que merece figurar entre os melhores do ano, Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band - desta vez, sem regravações de jóias do baú da música brasileira, mas com magistral safra de inéditas que transitou entre o pop e a MPB. De quebra, a cantora mostrou que Itamar Assumpção - compositor sempre associado à vanguarda paulista dos anos 80 e tido como maldito até sair de cena em 2003 - também podia soar deliciosamente pop. Quem duvida que ouça o reggae Dor Elegante (tocado quase que diariamente na novela Belíssima), a pop Vi, Não Vivi (inédita de Itamar com Christiann Oyens) e a irresistível Tudo ou Nada.

Itamar à parte, a compositora inaugurou parcerias com colegas como Lenine (a ótima faixa-título), Moska e Pedro Luís. E o mais importante de tudo é que, com esse leque sortido de parcerias e ritmos, a artista conseguiu afastar o fantasma do desgaste que já rondava sua obra autoral - até então muito ligada ao folk, mas já sem a inspiração demonstrada em seu impecável CD Zélia Duncan (1994).

Coroando este salutar 2005, a cantora ainda lançou no fim do ano o DVD com o registro do show Eu me Transformo em Outras, gravado sem platéia no mesmo Centro Cultural Carioca (RJ) onde o projeto estreou timidamente em 2003.

'Anjinho' volta ao repertório evangélico

Projetado nacionalmente com o apelido de Anjinho em 2001, quando participou do programa de calouros do apresentador Raul Gil, o cantor paulista Robinson Monteiro (foto) decidiu voltar ao repertório evangélico. Depois de tentar em vão reeditar o sucesso comercial do CD Anjo (2001) com os discos seguintes É Preciso Acreditar (2002) e Romântico (2004), o artista decidiu assinar contrato com a Line Records - gravadora dedicada à música evangélica - e fazer um CD no gênero. O lançamento está previsto para março de 2006. Criado dentro de família evangélica, Robinson começou cantando em igrejas e chegou a bancar um disco no estilo, Prostei-me, lançado em 1999 de forma independente.

Trilha de King Kong precisa do filme

Resenha de CD
Título: King Kong (trilha sonora)
Artista: James Newton Howard
Gravadora: Universal
Cotação: * * *

No grandioso filme de Peter Jackson (o diretor da trilogia O Senhor dos Anéis), a trilha sonora de James Newton Howard é elemento fundamental para acentuar a adrenalina das cenas de ação e realçar os sentimentos ternos do gigantesco macaco pela heroína Ann. No CD, a música nem sempre se sustenta sem a força das imagens - sobretudo em temas mais movimentados como Defeat Is Always Momentary. Mas é fato que Howard, que já assinou as trilhas de filmes como Sexto Sentido e O Advogado do Diabo, deu conta do recado, ainda que sem um toque de originalidade. Os destaques são os temas mais líricos - casos de King Kong e A Fateful Meeting - e da suíte Beauty Killed the Beast, dividida em cinco movimentos. É monumental como o filme.
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