Sai de cena Shirley Horn, cantora e pianista que honrou o jazz americano
E lá se foi mais uma dama do jazz! A morte da cantora e pianista americana Shirley Horn - ocorrida na noite de quinta-feira, mas anunciada há poucas horas em comunicado oficial da gravadora Verve - não chega a ser uma surpresa. Aos 71 anos, a artista vinha enfrentando sérios problemas de saúde nos últimos tempos. Além de um câncer de mama, Horn sofria de diabetes, cujas complicações a obrigaram a amputar um pé. Presa a uma cadeira de rodas, ele não deixava de fazer shows. Veio ao Brasil quatro vezes. A última foi em 2003, em show no Tim Festival visto pelo colunista. Horn já não exibia o vigor dos tempos áureos, pela saúde debilitada, mas encantou a platéia com a leveza do toque de seu piano, o suingue de sua voz e um repertório que incluiu temas de Tom Jobim. Um show de classe!Aluna de piano desde os quatro anos, a artista já contabilizava cinco décadas de carreira profissional. Formou seu primeiro trio em 1954. Nos anos 60, foi incentivada por Miles Davis a gravar discos. Mas foi somente na segunda metade dos anos 80, quando passou a fazer parte do elenco da Verve, que Horn realmente teve seu talento reconhecido por público e crítica. Foi quando a discografia da artista ficou mais regular, com títulos sucessivos como os aclamados I Thought About You (álbum ao vivo de 1987), Close Enough for Love (1988) e You Won't Forget me (1990). Seu último CD, May the Music Never End, saiu em 2003 e confirmou o talento desta refinada baladista e pianista.
Mestra nos improvisos, Shirley Horn não chegou a ser uma diva tão popular e reverenciada como Sarah Vaughan ou Ella Fitzgerald - damas da era de ouro do jazz. Mas sua obra é página nobre da história do gênero. Por isso mesmo, seria louvável que a artista fosse homenageada pelos jazzistas que se apresentam neste fim de semana na edição 2005 do Tim Festival. Shirley Horn merece todas as honras.

































