Sábado, Agosto 27, 2005
Resenha de disco
Título: Malhação 2005
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *
Nos últimos anos, as trilhas de Malhação ganharam importância no mercado por conta de suas vendas expressivas - consequência da audiência grande e fiel do seriado juvenil da Rede Globo. Não é à toa que a Som Livre lança regularmente CDs com a marca da novelinha. A trilha de 2005 não vai decepcionar o público do seriado, mas oferece mera coleção de hits estrangeiros. A seleção fica entre o rock (Maroon 5, 3 Doors Down etc), o rap (Missy Elliott é destaque no gênero com Lose Control) e o pop dance de estrelas como Jennifer Lopez, representada por Get Right, uma das poucas músicas que se salvam no fracote último álbum da atriz e cantora latina.
Sexta-feira, Agosto 26, 2005
Resenha de disco
Título: Clássica
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *
Em 2001, Daniela Mercury explicitou no título do confuso álbum que lançou naquele ano, Sou de Qualquer Lugar, a intenção de extrapolar fronteiras musicais para não ficar restrita ao território da axé music. Mas ela andou meio sem rumo em discos posteriores, ora tentando um pop mais globalizado (como no seu bom MTV ao Vivo), ora investindo na mistura de bases eletrônicas com a percussão afro-baiana (como em Carnaval Eletrônico). Clássica, décimo título de sua discografia solo, nasceu de um show realizado pela cantora na casa paulista Bourbon Street Music Club, em outubro de 2004, dentro da proposta de renovar repertório que caracteriza o projeto Credicard Vozes. A gravação ao vivo - editada nos formatos de CD e DVD - situa a cantora no universo da MPB, entre a bossa nova e o sambalanço dos anos 60.
No suingado número de abertura, And I Love Her (John Lennon e Paul McCartney), a impressão que se tem é a de ouvir uma cantora de jazz. O suingue continua em números como Brigas Nunca Mais (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Maria Clara (samba de autoria da própria Daniela) e Serrado (Djavan) - neste samba com direito a jam session da virtuosa banda. O problema é que, aos poucos, a artista começa a arriscar interpretações mais densas para músicas como Derradeira Primavera (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Se Eu Quiser Falar com Deus (Gilberto Gil). Nessas faixas, a qualidade cai - mesmo porque Daniela nunca foi nenhuma Elis Regina e tampouco pode ser dar ao luxo de investir em leituras mais dramáticas, como Maria Bethânia. No todo, no entanto, Clássica é um bom disco que sinaliza a evolução de Daniela como cantora e que a situa com elegância no tão almejado universo da MPB. Aos poucos, ela pode encontrar o seu lugar.
Quinta-feira, Agosto 25, 2005
Resenha de disco:
Título: The Futurist
Artista: Robert Downey Jr.
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *
A atividade de cantor não é exatamente uma novidade no currículo do ator Robert Downey Jr. Ele já fez eventuais participações nas trilhas sonoras de seus filmes e do seriado de TV Ally McBeal. Mas este seu primeiro álbum, The Futurist, não deixa de ser uma surpresa pelo tom classudo das baladas que formam o repertório. Não se trata de nenhum virtuose vocal, mas Downey dá conta do recado - inclusive nos covers de Smile (de Charles Chaplin, já encarnado pelo ator no cinema) e de Your Move. O astro recria este tema do repertório do Yes com direito a adesão de Jon Anderson. Após travar séria luta contra as drogas, Downey parece capacitado a vencer outra batalha para se firmar como cantor. A julgar por The Futurist, ele tem futuro...
Resenha de disco
Título: Live à Bruxelles
Artista: Baden Powell
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *
Trata-se de um disco inédito de Baden Powell (1937-2000), e isso não é pouco - ainda que a discografia do violonista seja vasta. Afinal, há muitos títulos lançados somente no exterior. Este CD póstumo flagra Baden num show na capital da Bélgica, em 1999, um ano antes de sua morte. A qualidade técnica da gravação é excelente. E o fato é que, no início, o CD empolga porque o músico usou o toque vibrante de seu violão para reinventar músicas como Vento Vadio (do próprio Baden), Samba do Avião (Tom Jobim), Manhã de Carnaval (Antônio Maria e Luiz Bonfá) e Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira). O único problema é que, no fim do recital, Baden se aventurou como cantor e o resultado - como sempre - foi péssimo. Temas como Berimbau, Consolação e Samba da Benção (os três da genial parceria do violonista com Vinicius de Moraes) não precisavam da voz miúda e opaca de Baden. Mas o toque mágico e endiabrado do violão do músico salva este bem-vindo Live à Bruxelles.
Quarta-feira, Agosto 24, 2005
Resenha de disco
Título: Canto em Qualquer Canto
Artista: Ney Matogrosso
Gravadora: Universal
Cotação: * * * *
Está difícil escapar da dobradinha DVD / CD ao vivo que domina o mercado. Nem artistas com liberdade artística, como Ney Matogrosso, conseguem ficar imunes aos projetos do gênero. Tanto que chega às lojas na próxima semana o CD Canto em Qualquer Canto, gravado em dezembro de 2004, em São Paulo (o DVD sairá em setembro). O que era um simples show para comemorar o aniversário do Canal Brasil acabou ganhando registro que se incorpora à discografia do cantor. Pelo habitual apuro na realização de seus espetáculos, Ney se salva - e o que poderia soar como uma gravação banal acaba se impondo na digna obra do artista.
O diferencial do show é o luxuoso quarteto de cordas formado por Pedro Jóia (alaúde e violão), Ricardo Silveira (guitarra e violão), Marcelo Gonçalves (violão de sete cordas) e Zé Paulo Becker (viola e violão). Pontuada por este afiado naipe de cordas, a gravação (de excepcional qualidade técnica) ganha sonoridade forte que arma a cama para que Ney, em grande forma vocal, refine um repertório que foge do óbvio.
As nuances dos arranjos e das interpretações do cantor valorizam o disco. Seja pela sutil ironia de Já te Falei (pérola da lavra dos Tribalistas, lançada por Rita Lee), pelo suingue de Oriente (Gilberto Gil), pelo tom dengoso de Lábios de Mel (do repertório de Ângela Maria) ou pelo vigoroso toque flamenco de O Doce e o Amargo (da obra dos Secos & Molhados), vale ter este Canto em Qualquer Canto. Inclusive para ouvir Ney cantar a bela faixa-título, de Itamar Assumpção e Ná Ozzetti. Entre lados B de sua discografia (Ardente, de Joyce, vem do disco Seu Tipo, de 1979) e hits como Tanto Amar (Chico Buarque, gravada pelo cantor nos anos 80, em sua fase de maior sucesso comercial na carreira solo), Ney Matogrosso reafirma sua categoria de grande intérprete. Ele ainda canta muito bem em qualquer canto.
Terça-feira, Agosto 23, 2005
Foram anunciadas hoje as indicações para o 6º Grammy Latino e, mais uma vez, os artistas brasileiros ficaram de fora das categorias principais. As exceções são Ivan Lins (concorrente na categoria Álbum do Ano com seu CD Cantando Histórias) e Djavan (na disputa na categoria Melhor Álbum de Cantor Compositor com seu disco Vaidade).
Como já virou praxe no Grammy Latino, o Brasil ficou basicamente limitado às categorias restritas aos artistas nacionais. Há quem comemore indicações em categorias exclusivamente brasileiras. Mas, a rigor, foi como se tivessem criado um quintal para que os astros nacionais (musicalmente muito superiores aos seus vizinhos da América Latina e arredores) ficassem fora da festa organizada na sala principal.
E, por fim, vale ressaltar que tanto Ivan Lins (foto) quanto Djavan são compositores respeitados no meio jazzístico americano pelas harmonias requintadas de suas músicas. Ambos podem se dar ao luxo de dispensar um troféu do 6º Grammy Latino.
Resenha de disco
Título: The Essential Michael Jackson
Artista: Michael Jackson
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * *
Chega ao mercado nacional ainda este mês - na prática, talvez nos primeiros dias de setembro - a compilação dupla com que Michael Jackson pretende equilibrar suas finanças, combalidas após tantos gastos com processos e advogados. The Essential Michael Jackson (capa acima) cumpre a promessa do título ao reunir, em ordem cronológica, 38 gravações originais que formam um painel abrangente da obra do cantor. Há faixas gravadas com o grupo The Jackson Five (The Love You Save, ABC), alguns hits da fase infantil da carreira solo do astro (Ben, Got to be There) e todos os standards dos álbuns do período adulto - se é que alguma fase de Michael pode receber este adjetivo. Mas o fato é que o cara fez história com seu rock de batida funkeada, grooves dançantes e irresistível apelo pop. Músicas como Don't Stop 'Til Get Enough (1979), Rock with You (1979), Billie Jean, Beat It e Thriller (as três de 1982, do milionário álbum Thriller) são realmente dignas de qualquer antologia do pop. Há outras boas compilações do astro no mercado, mas The Essential Michael Jackson é a mais completa por abranger até o último e fracassado álbum do cantor, Invincible.
A crise nas vendas de CDs tem aflorado um dos piores defeitos da indústria fonográfica nacional. Cada vez mais, as gravadoras têm medo do novo e se refugiam no velho, na segurança (teórica) dos sucessos do passado. A Sony BMG, por exemplo, vai lançar em setembro discos de inéditas de Lulu Santos e do grupo Jota Quest (foto). Mas as faixas escolhidas para puxar os CDs nas rádios e programas de TV são regravações. No caso de Lulu, a aposta recai sobre Popstar, hit do grupo João Penca e seus Miquinhos Amestrados nos anos 80. Já o Jota se abriga sob o manto do Rei Roberto Carlos e propaga sua releitura do soul Além do Horizonte (1975), regravado pela banda mineira para um comercial. No caso do Jota, a idéia, indisfarçável, é tentar reeditar o sucesso comercial obtido pelo Skank com a releitura do reggae Vamos Fugir, de Gilberto Gil - também regravado para comercial e depois lançado nas rádios com êxito retumbante.
São apostas, em tese, mais rentáveis do que tentar emplacar uma inédita. Mas o prejuízo artístico é considerável. Lulu, por exemplo, fez um disco autoral intitulado Letra & Música porque ele assina sozinho a maioria das faixas (entre elas, Roleta, Gambiarra, 021 e De Cor). Promover o álbum com Popstar é trair o conceito criado pelo artista. Pode ser que as vendas compensem a escolha - e é bem verdade que Lulu há muito não tem um hit radiofônico (embora sua criatividade continue em alta, a julgar por discos recentes). Mas fica difícil vencer uma crise a reboque apenas de projetos ao vivo e de hits inseridos intencionalmente em discos de inéditas para atenuar sua carga de novidade.
Segunda-feira, Agosto 22, 2005
Resenha de disco:
Título: Atlantiquity
Artista: Vários
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *
Para começo de conversa, discos de remixes não são indicados para puristas saudosos dos registros originais. A ordem é descontruir, reinventar mesmo - e isso os DJs e produtores recrutados para o CD Atlantiquity fazem com êxito e respeito. A matéria-prima é o catálogo da gravadora Atlantic. Fonogramas de Sister Sledge, Chic e Donny Hattaway já vieram ao mundo pop com grooves capazes de sacudir qualquer pista. Mas ressurgem aqui repaginados. A Warm Summer Night, do Chic, ganha no remix de King Britt uma latinidade presente também em We Are Family (cujos vocais foram mais destacados e puxados para o soul no remix de Daz-I-Kue). O suingue do baixo de Bold and Black - da gravação de Eddie Harris - também salta aos ouvidos na versão do DJ Nu-Mark. Até a diva Carmen McCrae entra na dança. Enfim, Atlantiquity é um disco de remixes e, como tal, vai ser alvo de amor e ódio.
Domingo, Agosto 21, 2005
Resenha de disco
Título: Contratenor
Artista: Edson Cordeiro
Gravadora: Paulus
Cotação: * * * *
Com sua voz de raro alcance, Edson Cordeiro sempre transitou na tênue fronteira entre os territórios clássico e popular com liberdade de escolha nem sempre compreendida pela crítica. Daí que este seu primeiro CD de repertório erudito não chega a ser uma surpresa. Cordeiro tem material vocal para encarar árias de óperas. Em Contratenor, cujo título remete ao seu registro vocal, o cantor passeia com elegância por árias do período barroco (século 18) de autores como Mozart, Händel, Vivaldi e Gluck. O formato voz & piano (a cargo do virtuoso Antonio Vaz Lemes) limita um pouco o vôo erudito do intérprete - basta comparar a nova versão de Lascia Ch'io Pianga (ária da ópera Rinaldo) com o registro feito pelo mesmo Cordeiro em seu CD Terceiro Sinal. Mas, ainda que não tenha arranjos à altura de sua voz, Cordeiro honra as árias e os compositores selecionados para este primoroso álbum. É um deleite ouvir o cantor entoar árias como Che Faró Senza Eurídice (da ópera Orfeo e Eurídice) e Venga Pur (da ópera Mitridate Ré Di Ponto) - bem como os temas sacros Stabat Mater (de Vivaldi) e Ave Maria (a de Gounod, composta a partir de um tema de Bach). Ouça sem preconceito!
Enquanto o grupo Charlie Brown Jr. grava em São Paulo seu oitavo disco, já com a nova formação, o ex-baixista da banda, Champignon, criou o Revolucionários e prepara o repertório do CD de estréia de seu novo grupo. Champignon já contabiliza dez músicas autorais. Tadeu Patolla, que trabalhou com Charlie Brown, vai produzir o disco.
Obra inicial de Erasmo ganha caixa
No embalo das comemorações pelos 40 anos da Jovem Guarda, a gravadora Sony BMG vai repor em catálogo todos os discos de Wanderléa, Jerry Adriani e Renato e seus Blue Caps que pertencem ao seu acervo. Mas a maior novidade é a edição de uma caixa com os seis primeiros discos de Erasmo Carlos (foto) - gravados na RGE entre 1965 e 1970. A Pescaria com Erasmo Carlos (1965), Você me Acende (1966), O Tremendão (1967) e Erasmo Carlos e os Tremendões (1970) já haviam sido reeditados em CD, num box da extinta RGE, mas Erasmo Carlos (também de 1967) e Erasmo (1968) permaneciam inéditos no formato digital. Todos os seis títulos voltam ao catálogo em edições remasterizadas, com as capas originais e faixas-bônus extraídas de raros compactos da época.
Da mesma forma, os seis discos lançados por Wanderléa na antiga CBS / Columbia, nos anos 60, voltam às lojas reunidos em box, com as capas originais e textos históricos sobre cada título. Todos já saíram em CD em edições avulsas.
Da mesma forma, os seis discos lançados por Wanderléa na antiga CBS / Columbia, nos anos 60, voltam às lojas reunidos em box, com as capas originais e textos históricos sobre cada título. Todos já saíram em CD em edições avulsas.
Mera coleção de hits estrangeiros
Resenha de disco
Título: Malhação 2005
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *
Nos últimos anos, as trilhas de Malhação ganharam importância no mercado por conta de suas vendas expressivas - consequência da audiência grande e fiel do seriado juvenil da Rede Globo. Não é à toa que a Som Livre lança regularmente CDs com a marca da novelinha. A trilha de 2005 não vai decepcionar o público do seriado, mas oferece mera coleção de hits estrangeiros. A seleção fica entre o rock (Maroon 5, 3 Doors Down etc), o rap (Missy Elliott é destaque no gênero com Lose Control) e o pop dance de estrelas como Jennifer Lopez, representada por Get Right, uma das poucas músicas que se salvam no fracote último álbum da atriz e cantora latina.
Capital, elétrico, revive Aborto
Continuam, em São Paulo, as gravações do disco em que o quarteto Capital Inicial (foto) revive o repertório do lendário Aborto Elétrico, grupo formado em Brasília (DF) - entre 1978 e 1982 - e que, a partir de seu fim, deu origem à Legião Urbana e ao próprio Capital. Produzido por Rafael Ramos, o grupo de Dinho Ouro Preto está registrando músicas como Geração Coca-Cola, Que País É Este?, Tédio (com Um T Bem Grande Para Você), Música Urbana, Veraneio Vascaína e Ficção Científica (lançada pelo Capital em seu terceiro disco, Você Não Precisa Entender, de 1988).
As músicas supra-citadas já tinham sido gravadas pela Legião ou pelo Capital - que dividiram o repertório do Aborto Elétrico quando entraram em estúdio, em meados dos anos 80, para fazer seus primeiros discos. O valor documental deste novo CD do Capital está nas músicas inéditas, sobras do espólio do Aborto que nunca mereceram um registro fonográfico. São os casos de Submissa, Love Song, Despertar dos Mortos, Verde-Amarelo e Anúncio de Refrigerante. O disco sai ainda este ano, via Sony BMG, e desde já se impõe como um dos lançamentos de rock mais importantes de 2005.
As músicas supra-citadas já tinham sido gravadas pela Legião ou pelo Capital - que dividiram o repertório do Aborto Elétrico quando entraram em estúdio, em meados dos anos 80, para fazer seus primeiros discos. O valor documental deste novo CD do Capital está nas músicas inéditas, sobras do espólio do Aborto que nunca mereceram um registro fonográfico. São os casos de Submissa, Love Song, Despertar dos Mortos, Verde-Amarelo e Anúncio de Refrigerante. O disco sai ainda este ano, via Sony BMG, e desde já se impõe como um dos lançamentos de rock mais importantes de 2005.
A Universal defende o universo de Zélia
No sábado, 20 de agosto, o colunista postou neste blog um artigo em que lamentava um suposto descontentamento da gravadora Universal com os salutares rumos tomados por Zélia Duncan (na foto, em clique de Nana Moraes) em seu oitavo CD, Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band. A diretoria da gravadora se sentiu ofendida com o artigo e - através de sua gerente de imprensa, Isabel Almendra, a Belinha - enviou carta que o colunista publica na íntegra, como direito de resposta da companhia, no mesmo dia da semana em que foi postado o comentário gerador da mágoa. De cunho opinativo, o artigo foi escrito com base em informações extra-oficiais, porém confiáveis. Seja como for, o colunista fica feliz de saber que, ao contrário do que o artigo indicava, a Universal sustenta que vai promover o disco de Zélia e garante que a tiragem inicial foi de dez mil cópias, e não de cinco mil, embora o primeiro lote tenha saído da fábrica com a numeração AA5000. A empresa afirma que foram comercializados de imediato dois lotes de cinco mil unidades, cada.
Segue a carta:
"Caro Mauro,
Ao lermos nota intitulada "A Universal e o universo de Zélia", publicada no seu blog, ficamos boquiabertos. Nos causou enorme espanto vermos publicadas informações técnicas, como a tiragem inicial do álbum Pré-pós-tudo-bossa-band, de Zélia Duncan, uma vez que sequer fomos consultados, como manda o manual do bom jornalismo. Mesmo estando na posição de vilã absoluta, não tivemos sequer o direito de sermos ouvidos?
Antes de qualquer outra consideração, cabe corrigirmos uma informação: a tiragem inicial do CD em questão foi de 10 mil cópias (nunca houve o episódio da fabricação de 5 mil para atender ao "embalo da turnê de lançamento") e o número atualizado deste álbum é de 15 mil unidades. A Universal Music não faz maquiagens de números ou sonega informações relativas às vendas de seus artistas - se consultados, teríamos lhe fornecido os números corretos.
Considerações sobre o mercado, acreditamos não serem necessárias a um jornalista como você, há anos labutando na área de música. Quem ainda não sabe a quantas anda e o quanto o universo - e não apenas o de Zélia - mudou nos últimos anos, precisa se atualizar.
A Universal lançou o belo álbum Pré-pós-tudo-bossa-band com todo o entusiasmo que Zélia merece e faz coro às crítica elogiosas que o trabalho mereceu. A coletiva de lançamento, na qual você esteve por alguns minutos, contou com jornalistas de vários Estados e esse é, como você bem sabe, um sinal claro do prestígio de um artista em sua companhia. Isso, para me ater apenas à área de imprensa.
A Universal Music - e todo o seu staff - não compactua de forma alguma com o tal "descontentamento" que você afirma existir, mesmo sem ter falado conosco. Sua nota cita números "supostamente" oficiais e faz crer na existência de fontes da Universal - mas, na verdade, a própria nota "entrega" que sua origem está em um "disse-me-disse". Uma pena.
Em nome da diretoria da gravadora e da artista, atingida diretamente nesse episódio, esperamos ganhar o espaço de resposta que merecemos em seu blog. Sinta-se à vontade para publicar o teor dessa carta, caso lhe pareça conveniente.
Obrigada,
Belinha Almendra
Gerente de Imprensa
Universal Music"
Segue a carta:
"Caro Mauro,
Ao lermos nota intitulada "A Universal e o universo de Zélia", publicada no seu blog, ficamos boquiabertos. Nos causou enorme espanto vermos publicadas informações técnicas, como a tiragem inicial do álbum Pré-pós-tudo-bossa-band, de Zélia Duncan, uma vez que sequer fomos consultados, como manda o manual do bom jornalismo. Mesmo estando na posição de vilã absoluta, não tivemos sequer o direito de sermos ouvidos?
Antes de qualquer outra consideração, cabe corrigirmos uma informação: a tiragem inicial do CD em questão foi de 10 mil cópias (nunca houve o episódio da fabricação de 5 mil para atender ao "embalo da turnê de lançamento") e o número atualizado deste álbum é de 15 mil unidades. A Universal Music não faz maquiagens de números ou sonega informações relativas às vendas de seus artistas - se consultados, teríamos lhe fornecido os números corretos.
Considerações sobre o mercado, acreditamos não serem necessárias a um jornalista como você, há anos labutando na área de música. Quem ainda não sabe a quantas anda e o quanto o universo - e não apenas o de Zélia - mudou nos últimos anos, precisa se atualizar.
A Universal lançou o belo álbum Pré-pós-tudo-bossa-band com todo o entusiasmo que Zélia merece e faz coro às crítica elogiosas que o trabalho mereceu. A coletiva de lançamento, na qual você esteve por alguns minutos, contou com jornalistas de vários Estados e esse é, como você bem sabe, um sinal claro do prestígio de um artista em sua companhia. Isso, para me ater apenas à área de imprensa.
A Universal Music - e todo o seu staff - não compactua de forma alguma com o tal "descontentamento" que você afirma existir, mesmo sem ter falado conosco. Sua nota cita números "supostamente" oficiais e faz crer na existência de fontes da Universal - mas, na verdade, a própria nota "entrega" que sua origem está em um "disse-me-disse". Uma pena.
Em nome da diretoria da gravadora e da artista, atingida diretamente nesse episódio, esperamos ganhar o espaço de resposta que merecemos em seu blog. Sinta-se à vontade para publicar o teor dessa carta, caso lhe pareça conveniente.
Obrigada,
Belinha Almendra
Gerente de Imprensa
Universal Music"
Daniela tenta um lugar na MPB
Resenha de disco
Título: Clássica
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *
Em 2001, Daniela Mercury explicitou no título do confuso álbum que lançou naquele ano, Sou de Qualquer Lugar, a intenção de extrapolar fronteiras musicais para não ficar restrita ao território da axé music. Mas ela andou meio sem rumo em discos posteriores, ora tentando um pop mais globalizado (como no seu bom MTV ao Vivo), ora investindo na mistura de bases eletrônicas com a percussão afro-baiana (como em Carnaval Eletrônico). Clássica, décimo título de sua discografia solo, nasceu de um show realizado pela cantora na casa paulista Bourbon Street Music Club, em outubro de 2004, dentro da proposta de renovar repertório que caracteriza o projeto Credicard Vozes. A gravação ao vivo - editada nos formatos de CD e DVD - situa a cantora no universo da MPB, entre a bossa nova e o sambalanço dos anos 60.
No suingado número de abertura, And I Love Her (John Lennon e Paul McCartney), a impressão que se tem é a de ouvir uma cantora de jazz. O suingue continua em números como Brigas Nunca Mais (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Maria Clara (samba de autoria da própria Daniela) e Serrado (Djavan) - neste samba com direito a jam session da virtuosa banda. O problema é que, aos poucos, a artista começa a arriscar interpretações mais densas para músicas como Derradeira Primavera (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Se Eu Quiser Falar com Deus (Gilberto Gil). Nessas faixas, a qualidade cai - mesmo porque Daniela nunca foi nenhuma Elis Regina e tampouco pode ser dar ao luxo de investir em leituras mais dramáticas, como Maria Bethânia. No todo, no entanto, Clássica é um bom disco que sinaliza a evolução de Daniela como cantora e que a situa com elegância no tão almejado universo da MPB. Aos poucos, ela pode encontrar o seu lugar.
Maroon 5 lança inédita em DVD
Enquanto se prepara para gravar o terceiro CD, o grupo Maroon 5 lança seu primeiro DVD, Friday The 13th, em 19 de setembro, em escala mundial, via Sony BMG. Dirigido por Russell Thomas, o vídeo registra show feito pelo quinteto na Califórnia (EUA) e traz no roteiro a inédita Wasted Years.
Kleiton & Kledir recebem o irmão Vítor Ramil na gravação de DVD e CD ao vivo
Kleiton & Kledir vão formar um trio com seu irmão, Vítor Ramil, na gravação do primeiro DVD da dupla - agendada para sábado, 3 de setembro, no Salão de Atos da PUCRS, em Porto Alegre (RS). Vítor vai participar do show na releitura de Estrela Estrela - música de sua autoria, já registrada por Gal Costa e, mais recentemente, por Maria Rita. Na gravação, que vai originar também um CD ao vivo, a dupla vai apresentar as inéditas Capaz e Então Tá. Produzidos por Paul Ralphes, CD e DVD serão editados pela gravadora gaúcha Orbeat Music.
Manu Chao no disco dos Paralamas
O cantor francês Manu Chao é um dos convidados especiais do novo disco do trio Paralamas do Sucesso, Hoje. Chao (na foto, num clique do produtor Carlo Bartolini durante a gravação do CD) canta uma das 12 inéditas do repertório, Soledad Cidadão, parceria de Herbert Vianna com Pedro Luís. A faixa tem citação de Me Llamam Calle, música de Chao.
Com lançamento previsto para fim de setembro, o álbum reúne músicas compostas por Herbert Vianna após o acidente de ultraleve sofrido pelo cantor e guitarrista em 2001. O repertório inclui Na Pista (faixa escolhida para puxar o disco nas rádios e programas de TV), Ao Acaso (música que traz o DJ Marcelinho da Lua e que aparece também no disco numa versão dub), Pétalas (com violão e versos de Nando Reis) e Fora do Lugar (parceria de Herbert com Leoni).
Com produção dividida entre Liminha e Carlo Bartolini, Hoje traz somente uma regravação: Deus lhe Pague. A música de Chico Buarque, de 1971, foi escolhida pelos fãs do trio em eleição promovida pelo grupo em seu site oficial. Entrou como faixa-bônus.
Com lançamento previsto para fim de setembro, o álbum reúne músicas compostas por Herbert Vianna após o acidente de ultraleve sofrido pelo cantor e guitarrista em 2001. O repertório inclui Na Pista (faixa escolhida para puxar o disco nas rádios e programas de TV), Ao Acaso (música que traz o DJ Marcelinho da Lua e que aparece também no disco numa versão dub), Pétalas (com violão e versos de Nando Reis) e Fora do Lugar (parceria de Herbert com Leoni).
Com produção dividida entre Liminha e Carlo Bartolini, Hoje traz somente uma regravação: Deus lhe Pague. A música de Chico Buarque, de 1971, foi escolhida pelos fãs do trio em eleição promovida pelo grupo em seu site oficial. Entrou como faixa-bônus.
O segundo CD de Maria Rita
A exemplo de seu primeiro disco (Maria Rita, 2003), a filha de Elis Regina vai lançar seu segundo CD em 9 de setembro, dia em que Maria Rita (foto) completa 28 anos. A idéia da gravadora Warner Music é realizar as entrevistas promocionais no feriado de 7 de setembro. Produzido por Lenine e intitulado Segundo, o disco traz supostamente no repertório músicas inéditas de Fred Martins (compositor niteroiense, autor de Novamente e Flores, sucessos nas vozes de Ney Matogrosso e Zélia Duncan, respectivamente), Marcelo Camelo (Despedida), Junio Barreto (compositor pernambucano, também gravado por Gal Costa em seu novo CD, Hoje), Rodrigo Maranhão (autor carioca, parceiro de Pedro Luís e de Fernanda Abreu) e do uruguaio Jorge Drexler, que enviou quatro inéditas para apreciação da cantora. Rita escolheu Mal Intento.
Duas prováveis músicas do repertório já vinham sendo cantadas por Rita em shows. Trata-se do samba Conta Outra (de Edu Tedesko) e de A Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero), hit do grupo O Rappa. Certas são as regravações de Sobre Todas as Coisas - tema composto por Chico Buarque e Edu Lobo para a trilha do balé O Grande Circo Místico - e de Casa Pré-Fabricada, música de Marcelo Camelo, lançada no segundo disco do grupo Los Hermanos, Bloco do Eu Sozinho.
Certo também é que o segundo disco de Maria Rita mantém a sonoridade do primeiro. Foi gravado em estúdio, mas como se fosse ao vivo, com um trio de piano-baixo-bateria.
Duas prováveis músicas do repertório já vinham sendo cantadas por Rita em shows. Trata-se do samba Conta Outra (de Edu Tedesko) e de A Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero), hit do grupo O Rappa. Certas são as regravações de Sobre Todas as Coisas - tema composto por Chico Buarque e Edu Lobo para a trilha do balé O Grande Circo Místico - e de Casa Pré-Fabricada, música de Marcelo Camelo, lançada no segundo disco do grupo Los Hermanos, Bloco do Eu Sozinho.
Certo também é que o segundo disco de Maria Rita mantém a sonoridade do primeiro. Foi gravado em estúdio, mas como se fosse ao vivo, com um trio de piano-baixo-bateria.
O ator Robert Downey Jr. se arrisca como cantor em álbum classudo
Resenha de disco:
Título: The Futurist
Artista: Robert Downey Jr.
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *
A atividade de cantor não é exatamente uma novidade no currículo do ator Robert Downey Jr. Ele já fez eventuais participações nas trilhas sonoras de seus filmes e do seriado de TV Ally McBeal. Mas este seu primeiro álbum, The Futurist, não deixa de ser uma surpresa pelo tom classudo das baladas que formam o repertório. Não se trata de nenhum virtuose vocal, mas Downey dá conta do recado - inclusive nos covers de Smile (de Charles Chaplin, já encarnado pelo ator no cinema) e de Your Move. O astro recria este tema do repertório do Yes com direito a adesão de Jon Anderson. Após travar séria luta contra as drogas, Downey parece capacitado a vencer outra batalha para se firmar como cantor. A julgar por The Futurist, ele tem futuro...
LS Jack recomeça a gravar
Recomeçar é o título de uma das músicas inéditas do repertório que o LS Jack (na foto, em clique atual de Léo Paiva) está gravando para um possível novo disco. Parceria do grupo com Alvin L, a música não poderia ter nome mais apropriado. Fiel ao lema 'o show que tem que continuar', o grupo já conta com novo vocalista - Fábio Allman, o cantor do Monobloco, entrou no lugar de Marcus Menna, ainda impossibilitado de assumir o microfone por conta de complicações decorrentes de uma operação de abdomem - e está retomando suas atividades. O repertório já registrado por Allman inclui também Retrato Imperfeito (parceria do grupo com o poeta e produtor Bernardo Vilhena), Antes da Chuva (Frejat, Maurício Barros e Maurício Negão) e a regravação de Minha Gratidão É uma Pessoa, de Nando Reis.
Iron Maiden registra show na Alemanha
Chega às lojas na próxima segunda-feira, 29 de agosto, um novo álbum ao vivo do grupo Iron Maiden, dono de público fiel no Brasil. Death on the Road (capa à direita) é um CD duplo que registra show feito pela banda na Westfallenhalle Arena, na Alemanha, em dezembro de 2003, durante a turnê do disco Dance of Death. O repertório reúne 16 músicas que abrangem toda a discografia do Iron Maiden. A seleção inclui Wildest Dreams, The Trooper, Rainmaker, Brave New World, No More Lies, Journeyman, Run to the Hills e o clássico The Number of the Beast.
Daniela e Caetano cantam na gravação do DVD e CD ao vivo da Cor do Som
Amiga de Armandinho, Daniela Mercury participou da gravação do DVD e CD ao vivo que marcam a volta do grupo A Cor do Som (foto) ao mercado fonográfico. A cantora se juntou à banda em Beleza Pura, música de Caetano Veloso, gravada pela Cor em 1979 no disco Frutificar. Caetano, aliás, foi o outro convidado ilustre do projeto. Vaiado pelo público, porque desdenhou dos pedidos da platéia para aumentar o som, o compositor baiano reviveu Menino Deus, tema de sua autoria, lançado pela Cor do Som em 1982 no disco Magia Tropical. A gravação aconteceu na noite de quarta-feira, 24 de agosto, em show no Canecão (RJ), e contou também com as presenças de Moraes Moreira e de seu filho, Davi Moraes.
No DVD e CD ao vivo, com lançamento previsto para outubro, o quinteto apresenta quatro inéditas - Tocar (Ary Dias e Carlinhos Brown), O Mundo Já Passou do Fim do Mundo (Dadi e Arnaldo Antunes), Oxalá (Armandinho e Fausto Nilo) e Pela Beira do Mar (Mu e Márcio Tucunduva) - e regrava Os Pingo da Chuva, música lançada pelos Novos Baianos em disco de 1973.
No DVD e CD ao vivo, com lançamento previsto para outubro, o quinteto apresenta quatro inéditas - Tocar (Ary Dias e Carlinhos Brown), O Mundo Já Passou do Fim do Mundo (Dadi e Arnaldo Antunes), Oxalá (Armandinho e Fausto Nilo) e Pela Beira do Mar (Mu e Márcio Tucunduva) - e regrava Os Pingo da Chuva, música lançada pelos Novos Baianos em disco de 1973.
Talking Heads relança obra em DualDisc
Em outubro, os oito álbuns de estúdio do Talking Heads serão relançados numa caixa no formato de DualDisc. O tecladista do grupo, Jerry Harrison, foi o responsável pela remasterização e remixagem dos discos em áudio 5.1. Além de faixas inéditas (na maioria dos casos, takes alternativos ou sobras de estúdio), todos os títulos trarão, no lado do DVD, clipes e gravações ao vivo extraídas de programa de TV. A caixa reúne os álbuns Talking Heads: 77 (1977), More Songs about Buildings and Food (1978), Fear of Music (1979), Remain in Light (1980), Speaking in Tongues (1983), Little Creatures (1985), True Stories (1986) e Naked (1988).
Baden emociona quando toca seu vibrante violão e constrange quando canta em inédito disco ao vivo
Resenha de disco
Título: Live à Bruxelles
Artista: Baden Powell
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *
Trata-se de um disco inédito de Baden Powell (1937-2000), e isso não é pouco - ainda que a discografia do violonista seja vasta. Afinal, há muitos títulos lançados somente no exterior. Este CD póstumo flagra Baden num show na capital da Bélgica, em 1999, um ano antes de sua morte. A qualidade técnica da gravação é excelente. E o fato é que, no início, o CD empolga porque o músico usou o toque vibrante de seu violão para reinventar músicas como Vento Vadio (do próprio Baden), Samba do Avião (Tom Jobim), Manhã de Carnaval (Antônio Maria e Luiz Bonfá) e Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira). O único problema é que, no fim do recital, Baden se aventurou como cantor e o resultado - como sempre - foi péssimo. Temas como Berimbau, Consolação e Samba da Benção (os três da genial parceria do violonista com Vinicius de Moraes) não precisavam da voz miúda e opaca de Baden. Mas o toque mágico e endiabrado do violão do músico salva este bem-vindo Live à Bruxelles.
Strokes e seu novo single
Juicebox será o provável primeiro single do terceiro álbum dos Strokes. A escolha da música ainda não é confirmada oficialmente pela gravadora Sony BMG, mas é fato que o disco tem lançamento programado para fim de janeiro (o single sairia em meados de outubro). O CD reúne 14 faixas produzidas por Andy Wallace. Entre elas, Vision of Division, Razor Blade, Fear of Sleep, Everything Sun e Killing Lies.
Pela voz e pelo repertório, Ney se salva na roda-viva dos projetos ao vivo
Resenha de disco
Título: Canto em Qualquer Canto
Artista: Ney Matogrosso
Gravadora: Universal
Cotação: * * * *
Está difícil escapar da dobradinha DVD / CD ao vivo que domina o mercado. Nem artistas com liberdade artística, como Ney Matogrosso, conseguem ficar imunes aos projetos do gênero. Tanto que chega às lojas na próxima semana o CD Canto em Qualquer Canto, gravado em dezembro de 2004, em São Paulo (o DVD sairá em setembro). O que era um simples show para comemorar o aniversário do Canal Brasil acabou ganhando registro que se incorpora à discografia do cantor. Pelo habitual apuro na realização de seus espetáculos, Ney se salva - e o que poderia soar como uma gravação banal acaba se impondo na digna obra do artista.
O diferencial do show é o luxuoso quarteto de cordas formado por Pedro Jóia (alaúde e violão), Ricardo Silveira (guitarra e violão), Marcelo Gonçalves (violão de sete cordas) e Zé Paulo Becker (viola e violão). Pontuada por este afiado naipe de cordas, a gravação (de excepcional qualidade técnica) ganha sonoridade forte que arma a cama para que Ney, em grande forma vocal, refine um repertório que foge do óbvio.
As nuances dos arranjos e das interpretações do cantor valorizam o disco. Seja pela sutil ironia de Já te Falei (pérola da lavra dos Tribalistas, lançada por Rita Lee), pelo suingue de Oriente (Gilberto Gil), pelo tom dengoso de Lábios de Mel (do repertório de Ângela Maria) ou pelo vigoroso toque flamenco de O Doce e o Amargo (da obra dos Secos & Molhados), vale ter este Canto em Qualquer Canto. Inclusive para ouvir Ney cantar a bela faixa-título, de Itamar Assumpção e Ná Ozzetti. Entre lados B de sua discografia (Ardente, de Joyce, vem do disco Seu Tipo, de 1979) e hits como Tanto Amar (Chico Buarque, gravada pelo cantor nos anos 80, em sua fase de maior sucesso comercial na carreira solo), Ney Matogrosso reafirma sua categoria de grande intérprete. Ele ainda canta muito bem em qualquer canto.
EMI prepara segunda caixa de Chico
No embalo das alardeadas 100 mil cópias vendidas dos três primeiros DVDs da série Chico Buarque Especial, produzida pelo canal DirecTV, a EMI já prepara para outubro a segunda leva da coleção, com os especiais Anos Dourados (sobre a parceria de Chico com Tom Jobim), Estação Derradeira (sobre a relação do artista com a Mangueira) e Bastidores (sobre a obra teatral do compositor).
Em busca do sucesso, Pedro & Thiago migram do pop para o sertanejo
Sem obter o sucesso pretendido na época de sua formação, a dupla Pedro & Thiago (foto) ensaia mudança de rota no seu quarto disco, previsto para setembro. Pedro (filho de Leonardo) e Thiago (filho de Leandro - 1961/1998) migram do pop para o sertanejo que consagrou seus pais. Tradicional produtor do gênero, César Augusto cuidou das 15 faixas do CD. A música de trabalho, Jogo de Amor, foi escolhida pela gravadora Sony BMG em reunião que contou com a presença de Leonardo. A faixa chega às rádios na próxima terça-feira, 30 de agosto.
Ivan Lins e Djavan disputam troféus 'importantes' no 6º Grammy Latino
Foram anunciadas hoje as indicações para o 6º Grammy Latino e, mais uma vez, os artistas brasileiros ficaram de fora das categorias principais. As exceções são Ivan Lins (concorrente na categoria Álbum do Ano com seu CD Cantando Histórias) e Djavan (na disputa na categoria Melhor Álbum de Cantor Compositor com seu disco Vaidade).
Como já virou praxe no Grammy Latino, o Brasil ficou basicamente limitado às categorias restritas aos artistas nacionais. Há quem comemore indicações em categorias exclusivamente brasileiras. Mas, a rigor, foi como se tivessem criado um quintal para que os astros nacionais (musicalmente muito superiores aos seus vizinhos da América Latina e arredores) ficassem fora da festa organizada na sala principal.
E, por fim, vale ressaltar que tanto Ivan Lins (foto) quanto Djavan são compositores respeitados no meio jazzístico americano pelas harmonias requintadas de suas músicas. Ambos podem se dar ao luxo de dispensar um troféu do 6º Grammy Latino.
Guilherme Arantes retoma parceria com Nelson Motta em disco de inéditas
Decidido a gravar um disco de repertório inédito, com lançamento previsto para o início de 2006, Guilherme Arantes retomou sua parceria com Nelson Motta - com quem compôs músicas bossa-novistas como Coisas do Brasil (1986) e Marina no Ar (1987). Os dois compositores já aprontaram duas músicas para o novo CD de Arantes, intituladas Chega de Saudade 2005 e Vai e Vem (Amor de Carnaval). A idéia de Arantes é fazer um álbum com várias participações especiais. A gravação acontecerá em seu estúdio, em Salvador (BA), onde o artista fixou residência.
Terceiro de Fiona sai em outubro
O terceiro CD da cantora Fiona Apple, Extraordinary Machine, tem lançamento programado para outubro. Além da faixa-título, a artista apresenta músicas inéditas como Waltz e Parting Gift (em estilo piano & voz). A maioria das faixas foi produzida por Mike Elizondo e Brian Kehew.
Coletânea dupla traz o essencial de Michael Jackson em 38 faixas
Resenha de disco
Título: The Essential Michael Jackson
Artista: Michael Jackson
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * *
Chega ao mercado nacional ainda este mês - na prática, talvez nos primeiros dias de setembro - a compilação dupla com que Michael Jackson pretende equilibrar suas finanças, combalidas após tantos gastos com processos e advogados. The Essential Michael Jackson (capa acima) cumpre a promessa do título ao reunir, em ordem cronológica, 38 gravações originais que formam um painel abrangente da obra do cantor. Há faixas gravadas com o grupo The Jackson Five (The Love You Save, ABC), alguns hits da fase infantil da carreira solo do astro (Ben, Got to be There) e todos os standards dos álbuns do período adulto - se é que alguma fase de Michael pode receber este adjetivo. Mas o fato é que o cara fez história com seu rock de batida funkeada, grooves dançantes e irresistível apelo pop. Músicas como Don't Stop 'Til Get Enough (1979), Rock with You (1979), Billie Jean, Beat It e Thriller (as três de 1982, do milionário álbum Thriller) são realmente dignas de qualquer antologia do pop. Há outras boas compilações do astro no mercado, mas The Essential Michael Jackson é a mais completa por abranger até o último e fracassado álbum do cantor, Invincible.
Jota Quest e Lulu gravam inéditas, mas se refugiam nos sucessos do passado
A crise nas vendas de CDs tem aflorado um dos piores defeitos da indústria fonográfica nacional. Cada vez mais, as gravadoras têm medo do novo e se refugiam no velho, na segurança (teórica) dos sucessos do passado. A Sony BMG, por exemplo, vai lançar em setembro discos de inéditas de Lulu Santos e do grupo Jota Quest (foto). Mas as faixas escolhidas para puxar os CDs nas rádios e programas de TV são regravações. No caso de Lulu, a aposta recai sobre Popstar, hit do grupo João Penca e seus Miquinhos Amestrados nos anos 80. Já o Jota se abriga sob o manto do Rei Roberto Carlos e propaga sua releitura do soul Além do Horizonte (1975), regravado pela banda mineira para um comercial. No caso do Jota, a idéia, indisfarçável, é tentar reeditar o sucesso comercial obtido pelo Skank com a releitura do reggae Vamos Fugir, de Gilberto Gil - também regravado para comercial e depois lançado nas rádios com êxito retumbante.
São apostas, em tese, mais rentáveis do que tentar emplacar uma inédita. Mas o prejuízo artístico é considerável. Lulu, por exemplo, fez um disco autoral intitulado Letra & Música porque ele assina sozinho a maioria das faixas (entre elas, Roleta, Gambiarra, 021 e De Cor). Promover o álbum com Popstar é trair o conceito criado pelo artista. Pode ser que as vendas compensem a escolha - e é bem verdade que Lulu há muito não tem um hit radiofônico (embora sua criatividade continue em alta, a julgar por discos recentes). Mas fica difícil vencer uma crise a reboque apenas de projetos ao vivo e de hits inseridos intencionalmente em discos de inéditas para atenuar sua carga de novidade.
Alicia Keys recria Stones e lança inédita feita com Al Green em 'Acústico MTV'
Stolen Moments é o nome da primeira parceria de Alicia Keys (foto) com o lendário cantor de soul Al Green. A música foi gravada no Unplugged MTV da cantora, que chegará às lojas em outubro nos formatos de DVD e CD ao vivo (a MTV exibirá o programa em setembro). Além da composição feita com Green, Keys apresenta no acústico outra inédita, Unbreakeable, que sai em single nos EUA em 12 de setembro.
Além de gravar duas inéditas, a cantora recebeu convidados como o cantor de reggae Damian Marley (em Welcome to Jam Rock) e o vocalista do grupo Maroon Five, Adam Levine, com quem fez dueto ma regravação de Wild Horses, clássico do repertório dos Rolling Stones. O especial foi gravado em julho, na Brooklyn Academy of Music.
Além de gravar duas inéditas, a cantora recebeu convidados como o cantor de reggae Damian Marley (em Welcome to Jam Rock) e o vocalista do grupo Maroon Five, Adam Levine, com quem fez dueto ma regravação de Wild Horses, clássico do repertório dos Rolling Stones. O especial foi gravado em julho, na Brooklyn Academy of Music.
Novos discos de Gal Costa e Paralamas do Sucesso têm títulos coincidentes
O novo disco dos Paralamas do Sucesso vai se chamar Hoje. A curiosidade (ou coincidência) é que o próximo CD de Gal Costa também recebeu o mesmo título. Hoje, o álbum de Gal, sairá pela gravadora independente Trama e tem produção de César Camargo Mariano. Já o CD dos Paralamas chegará às lojas via EMI e tem produção dividida entre Carlo Bartolini e Liminha.
Compositores contra o mensalão: justa indignação com a corrupção ou mero desejo de ganhar espaço no jornal?
A indignação com a onda de corrupção que asfixia o governo de Lula tem motivado artistas a compor músicas contra os políticos, em alusão direta ou indireta ao mensalão. Primeiro, foi Ana Carolina que se juntou a Tom Zé (foto) para criar a primeira e inusitada parceria de ambos, Unimultiplicidade - anunciada à imprensa com pompa e circunstância, com direito a uma apresentação em rede nacional no programa Domingão do Faustão. Depois, a inclusão da inédita Vossas Excelências no MTV ao Vivo dos Titãs gerou repercussão - como se o grupo nunca tivesse feito músicas politizadas. No fim de semana, foi a vez de Gabriel O Pensador, que aproveitou a estréia carioca do show de lançamento de seu sétimo CD, Cavaleiro Andante, para inserir no roteiro a inédita Excelência - mais um protesto contra a situação política do Brasil (em forma de rap, claro).
As críticas ao mensalão e à corrupção são bem-vindas. Afinal, ninguém quer que a atual CPI acabe em pizza. Mas cabe questionar também até que ponto os artistas estão usando sua indignação política de olho em exposição na mídia. Afinal, qualquer música ou mesmo verso que aluda ao bafafá político tem gerado notas imediatas nas colunas - às vezes, até reportagens extensas nos cadernos culturais ou nas páginas de economia. Será que protestar contra a corrupção vai virar mera onda ou jogada de marketing como cultuar os anos 80? Tomara que essa indignação da classe musical seja realmente sincera - a exemplo do que acontecia nos anos 60 e 70, no período negro da ditadura militar - e não fruto do mero desejo de criar factóides.
As críticas ao mensalão e à corrupção são bem-vindas. Afinal, ninguém quer que a atual CPI acabe em pizza. Mas cabe questionar também até que ponto os artistas estão usando sua indignação política de olho em exposição na mídia. Afinal, qualquer música ou mesmo verso que aluda ao bafafá político tem gerado notas imediatas nas colunas - às vezes, até reportagens extensas nos cadernos culturais ou nas páginas de economia. Será que protestar contra a corrupção vai virar mera onda ou jogada de marketing como cultuar os anos 80? Tomara que essa indignação da classe musical seja realmente sincera - a exemplo do que acontecia nos anos 60 e 70, no período negro da ditadura militar - e não fruto do mero desejo de criar factóides.
Sai na Itália CD em que Rita canta Beatles em clima de bossa nova
O disco em que Rita Lee regrava a obra dos Beatles em clima de bossa nova será editado na Itália em setembro, licenciado pela gravadora DeckDisc para o selo Brioche. Bossa'n'Beatles foi lançado em 2001 no Brasil com o título de Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar.
Peranzzetta grava DVD com Joyce
O pianista e compositor Gilson Peranzzetta vai aproveitar o show de lançamento de seu disco Manhã de Carnaval - nesta terça-feira, 23 de agosto, às 19h, na Sala Baden Powell, no Rio de Janeiro - para gravar seu primeiro DVD. A gravação contará com as participações de Joyce (convidada do CD na faixa Mistérios, parceria sua com Maurício Maestro), Wanda Sá, Mauro Senise, Maurício Einhorn e David Chew. No disco, o 32º de Peranzzetta, o pianista conta também com a adesão de Ivan Lins, que canta Daquilo que Eu Sei, parceria com Vítor Martins, de 1981.
DJs rebobinam com êxito e respeito fonogramas da Atlantic para as pistas
Resenha de disco:
Título: Atlantiquity
Artista: Vários
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *
Para começo de conversa, discos de remixes não são indicados para puristas saudosos dos registros originais. A ordem é descontruir, reinventar mesmo - e isso os DJs e produtores recrutados para o CD Atlantiquity fazem com êxito e respeito. A matéria-prima é o catálogo da gravadora Atlantic. Fonogramas de Sister Sledge, Chic e Donny Hattaway já vieram ao mundo pop com grooves capazes de sacudir qualquer pista. Mas ressurgem aqui repaginados. A Warm Summer Night, do Chic, ganha no remix de King Britt uma latinidade presente também em We Are Family (cujos vocais foram mais destacados e puxados para o soul no remix de Daz-I-Kue). O suingue do baixo de Bold and Black - da gravação de Eddie Harris - também salta aos ouvidos na versão do DJ Nu-Mark. Até a diva Carmen McCrae entra na dança. Enfim, Atlantiquity é um disco de remixes e, como tal, vai ser alvo de amor e ódio.
Paralamas regravam Chico
Chico Buarque (foto) está presente no novo álbum dos Paralamas do Sucesso. Sua música Deus lhe Pague, lançada pelo próprio compositor em 1971, ganhou releitura do trio carioca. Em fase de mixagem, o disco tem lançamento previsto para outubro e - com exceção da música de Chico, escolhida pelos fãs dos Paralamas em eleição feita pelo site do grupo - traz somente repertório inédito de autoria de Herbert Vianna, composto depois do acidente de ultraleve sofrido pelo guitarrista.
Edson Cordeiro honra sua voz em CD erudito com árias do período barroco
Resenha de disco
Título: Contratenor
Artista: Edson Cordeiro
Gravadora: Paulus
Cotação: * * * *
Com sua voz de raro alcance, Edson Cordeiro sempre transitou na tênue fronteira entre os territórios clássico e popular com liberdade de escolha nem sempre compreendida pela crítica. Daí que este seu primeiro CD de repertório erudito não chega a ser uma surpresa. Cordeiro tem material vocal para encarar árias de óperas. Em Contratenor, cujo título remete ao seu registro vocal, o cantor passeia com elegância por árias do período barroco (século 18) de autores como Mozart, Händel, Vivaldi e Gluck. O formato voz & piano (a cargo do virtuoso Antonio Vaz Lemes) limita um pouco o vôo erudito do intérprete - basta comparar a nova versão de Lascia Ch'io Pianga (ária da ópera Rinaldo) com o registro feito pelo mesmo Cordeiro em seu CD Terceiro Sinal. Mas, ainda que não tenha arranjos à altura de sua voz, Cordeiro honra as árias e os compositores selecionados para este primoroso álbum. É um deleite ouvir o cantor entoar árias como Che Faró Senza Eurídice (da ópera Orfeo e Eurídice) e Venga Pur (da ópera Mitridate Ré Di Ponto) - bem como os temas sacros Stabat Mater (de Vivaldi) e Ave Maria (a de Gounod, composta a partir de um tema de Bach). Ouça sem preconceito!
Luiz Brasil lança primeiro CD solo
Violonista que já tocou com Caetano Veloso e Maria Bethânia, além de ter co-produzido o bem-sucedido Acústico MTV Cássia Eller, Luiz Brasil está lançando seu primeiro disco solo, Brasilêru. De repertório autoral, o CD reúne oito temas. Entre eles, Cipó (parceria com Dadi Carvalho), Menino Meu (parceria com os tribalistas Arnaldo Antunes e Cézar Mendes), Pêndulo, Nova e Boca.
Biscoito encaixota Pau Brasil
O lançamento pela Biscoito Fino do oitavo disco do quinteto Pau Brasil, 2005, marca o início da parceria da gravadora com o selo do grupo, criado em São Paulo em 1979. Um dos projetos da Biscoito Fino para 2006 é a edição de uma caixa com os oito álbuns do Pau Brasil.
Pioneiro na sua fusão de jazz e MPB com sons africanos e indígenas, o grupo conserva três integrantes de sua formação original (o baixista Rodolfo Stroeter, o tecladista Nelson Ayres e o violonista Paulo Belinatti). Em 2005, o Pau Brasil apresenta temas autorais inéditos (Ciranda e Pulo do Gato, de autoria de Stroeter e Belinatti, respectivamente) e recria standards brasileiros como Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso) e Bye Bye Brasil (Chico Buarque e Roberto Menescal), além de temas de Heitor Villa-Lobos.
Pioneiro na sua fusão de jazz e MPB com sons africanos e indígenas, o grupo conserva três integrantes de sua formação original (o baixista Rodolfo Stroeter, o tecladista Nelson Ayres e o violonista Paulo Belinatti). Em 2005, o Pau Brasil apresenta temas autorais inéditos (Ciranda e Pulo do Gato, de autoria de Stroeter e Belinatti, respectivamente) e recria standards brasileiros como Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso) e Bye Bye Brasil (Chico Buarque e Roberto Menescal), além de temas de Heitor Villa-Lobos.