Jota Quest e Lulu gravam inéditas, mas se refugiam nos sucessos do passado
A crise nas vendas de CDs tem aflorado um dos piores defeitos da indústria fonográfica nacional. Cada vez mais, as gravadoras têm medo do novo e se refugiam no velho, na segurança (teórica) dos sucessos do passado. A Sony BMG, por exemplo, vai lançar em setembro discos de inéditas de Lulu Santos e do grupo Jota Quest (foto). Mas as faixas escolhidas para puxar os CDs nas rádios e programas de TV são regravações. No caso de Lulu, a aposta recai sobre Popstar, hit do grupo João Penca e seus Miquinhos Amestrados nos anos 80. Já o Jota se abriga sob o manto do Rei Roberto Carlos e propaga sua releitura do soul Além do Horizonte (1975), regravado pela banda mineira para um comercial. No caso do Jota, a idéia, indisfarçável, é tentar reeditar o sucesso comercial obtido pelo Skank com a releitura do reggae Vamos Fugir, de Gilberto Gil - também regravado para comercial e depois lançado nas rádios com êxito retumbante.
São apostas, em tese, mais rentáveis do que tentar emplacar uma inédita. Mas o prejuízo artístico é considerável. Lulu, por exemplo, fez um disco autoral intitulado Letra & Música porque ele assina sozinho a maioria das faixas (entre elas, Roleta, Gambiarra, 021 e De Cor). Promover o álbum com Popstar é trair o conceito criado pelo artista. Pode ser que as vendas compensem a escolha - e é bem verdade que Lulu há muito não tem um hit radiofônico (embora sua criatividade continue em alta, a julgar por discos recentes). Mas fica difícil vencer uma crise a reboque apenas de projetos ao vivo e de hits inseridos intencionalmente em discos de inéditas para atenuar sua carga de novidade.
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