Sábado, Fevereiro 11, 2006
Sexta-feira, Fevereiro 10, 2006
Quinta-feira, Fevereiro 09, 2006
Quarta-feira, Fevereiro 08, 2006
Terça-feira, Fevereiro 07, 2006
Segunda-feira, Fevereiro 06, 2006
Domingo, Fevereiro 05, 2006
Ana Carolina (na foto, em clique de Adriana Pittigliani) até já pode ter uma aura brega por conta de músicas como É Isso Aí, mas a compositora tem mostrado que sabe cair no samba. A desenvoltura da mineira com o mais carioca dos ritmos é reafirmada em Cabide, música dada por Ana para o quinto disco de Mart'nália, o recém-lançado Menino do Rio. O samba é bom, tem um tom deliciosamente abusado e valoriza o CD da filha de Martinho da Vila. E - da mesma forma que Vestido Estampado, samba que inspirou o título do último disco de estúdio de Ana, Estampado - Cabide indica que a compositora bebeu nas fontes melódicas dos sambas dos anos 30 e 40, e não da turma mais recente revelada a partir da década de 70 nos pagodes do Cacique de Ramos. É isso aí...
Assistir ao DVD do Monobloco é como brincar Carnaval diante da televisão
Resenha de CD / DVD
Título: Monobloco ao Vivo
Artista: Monobloco
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *
Discos que procuram registrar shows e bailes carnavalescos quase nunca conseguem captar a energia e a animação dos foliões. Daí que não chega a ser surpresa a falta de pique do CD e DVD Monobloco ao Vivo, gravados em ensaio do bloco carioca no Circo Voador, em outubro. Assistir ao DVD em especial é como ver Carnaval pela televisão e constatar que a animação é dos outros.
Reunida desde 2000, a turma de percussionistas fez história na folia do Rio ao incorporar levadas de funk e rap ao tradicional baticum do samba. Seus animados ensaios viraram points de foliões moderninhos nos últimos anos. Para tentar botar seu disco ao vivo na rua com o mesmo entusiasmo, o Monobloco convocou nomes como Fernanda Abreu e Lenine para participar do show. Antenada com o som black dos morros e periferias cariocas, ela rebobina seu hit Baile da Pesada. Ele brilha mais ao reviver em compasso samba-funkeado Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua. Lançado no início dos anos 70, quando os festivais já agonizavam, o hino inconformado de Sérgio Sampaio é a melhor sacada do previsível repertório.
Entre excesso de hits geralmente infalíveis de Tim Maia (Primavera, Do Leme ao Pontal, O Descobridor dos Sete Mares, Que Beleza) e de Jorge Ben Jor (Taj Mahal, Fio Maravilha, País Tropical), o Monobloco apela para as batidas do bailes funks (em medley que conta com as adesões dos MCs Junior e Leonardo) e para sambas-enredos irresistíveis como É Hoje. A propósito, outro samba-enredo clássico, Aquarela Brasileira, já foi revitalizado com mais empolgação em gravações como a feita por Martinho da Vila para seu disco ao vivo 3.0 Turbinado. No fim, quando batuqueiros e convidados se unem para cantar antigas marchas carnavalescas, fica evidente que algo se perdeu entre o palco, a platéia e a captação da energia do Monobloco para estes mornos CD e DVD. E não foi pouco...
Título: Monobloco ao Vivo
Artista: Monobloco
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *
Discos que procuram registrar shows e bailes carnavalescos quase nunca conseguem captar a energia e a animação dos foliões. Daí que não chega a ser surpresa a falta de pique do CD e DVD Monobloco ao Vivo, gravados em ensaio do bloco carioca no Circo Voador, em outubro. Assistir ao DVD em especial é como ver Carnaval pela televisão e constatar que a animação é dos outros.
Reunida desde 2000, a turma de percussionistas fez história na folia do Rio ao incorporar levadas de funk e rap ao tradicional baticum do samba. Seus animados ensaios viraram points de foliões moderninhos nos últimos anos. Para tentar botar seu disco ao vivo na rua com o mesmo entusiasmo, o Monobloco convocou nomes como Fernanda Abreu e Lenine para participar do show. Antenada com o som black dos morros e periferias cariocas, ela rebobina seu hit Baile da Pesada. Ele brilha mais ao reviver em compasso samba-funkeado Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua. Lançado no início dos anos 70, quando os festivais já agonizavam, o hino inconformado de Sérgio Sampaio é a melhor sacada do previsível repertório.
Entre excesso de hits geralmente infalíveis de Tim Maia (Primavera, Do Leme ao Pontal, O Descobridor dos Sete Mares, Que Beleza) e de Jorge Ben Jor (Taj Mahal, Fio Maravilha, País Tropical), o Monobloco apela para as batidas do bailes funks (em medley que conta com as adesões dos MCs Junior e Leonardo) e para sambas-enredos irresistíveis como É Hoje. A propósito, outro samba-enredo clássico, Aquarela Brasileira, já foi revitalizado com mais empolgação em gravações como a feita por Martinho da Vila para seu disco ao vivo 3.0 Turbinado. No fim, quando batuqueiros e convidados se unem para cantar antigas marchas carnavalescas, fica evidente que algo se perdeu entre o palco, a platéia e a captação da energia do Monobloco para estes mornos CD e DVD. E não foi pouco...
No auge do sucesso com sua fusão rala, Banda Calypso filma terceiro DVD no Rio
A vinda da Banda Calypso ao Rio - para captar imagens para seu terceiro DVD em show agendado para este sábado, 11 de fevereiro, na casa Claro Hall (RJ) - forçou a mídia carioca a enfocar o atual fenômeno comercial do mercado fonográfico independente, cujo sucesso e popularidade não se restringem ao eixo Norte-Nordeste, como comprovou a intensa procura por ingressos para a apresentação carioca da banda paraense.
Os números referentes às vendagens dos discos da Banda Calypso são superlativos e se situam entre cinco e sete milhões de cópias em meros seis anos de carreira, de acordo com cada reportagem feita sobre o grupo, liderado pela cantora Joelma e pelo guitarrista e produtor Chimbinha. Quaisquer que sejam os números reais, é fato incontestável que a mistura rala de sons caribenhos com ingredientes de forró e rock caiu no gosto popular em escala nacional (o novo DVD do grupo terá imagens de shows feitos em cinco capitais). Mas o efêmero pique de sucesso (nos anos 90) de grupos de forró pop como Mastruz com Leite - que já comercializava na época seus discos da forma independente seguida pela Banda Calypso - sugere que a febre não deverá ser duradoura.
"Sei que isso não vai durar para sempre e que podemos encher as pessoas mais tarde. Meu sonho era chegar nesse ponto e estou aproveitando. O resto é lucro", declarou uma consciente Joelma ao repórter Zean Bravo, do DIA. A moça parece saber o que diz. Outros outubros (e fenômenos) virão...
Os números referentes às vendagens dos discos da Banda Calypso são superlativos e se situam entre cinco e sete milhões de cópias em meros seis anos de carreira, de acordo com cada reportagem feita sobre o grupo, liderado pela cantora Joelma e pelo guitarrista e produtor Chimbinha. Quaisquer que sejam os números reais, é fato incontestável que a mistura rala de sons caribenhos com ingredientes de forró e rock caiu no gosto popular em escala nacional (o novo DVD do grupo terá imagens de shows feitos em cinco capitais). Mas o efêmero pique de sucesso (nos anos 90) de grupos de forró pop como Mastruz com Leite - que já comercializava na época seus discos da forma independente seguida pela Banda Calypso - sugere que a febre não deverá ser duradoura.
"Sei que isso não vai durar para sempre e que podemos encher as pessoas mais tarde. Meu sonho era chegar nesse ponto e estou aproveitando. O resto é lucro", declarou uma consciente Joelma ao repórter Zean Bravo, do DIA. A moça parece saber o que diz. Outros outubros (e fenômenos) virão...
Bosco festeja 60 anos com DVD e Aldir
No embalo da retomada de sua parceria com Aldir Blanc, interrompida em 1983, João Bosco (foto) inicia as comemorações pelos 60 anos que vai completar em 2006 - mais precisamente, em 13 de julho - com a gravação de seu primeiro DVD em shows agendados para 15 e 16 de fevereiro, no Auditório Ibirapuera (SP). A gravação vai contar com as adesões de Djavan e dos violonistas Guinga e Yamandu Costa. O roteiro inclui apenas sucessos colecionados pelo compositor desde 1972, ano em que foi lançado no mercado fonográfico no Disco de Bolso, do jornal O Pasquim.
Já as músicas inéditas compostas recentemente com Aldir - Mentiras de Verdade, Sonho de Caramujo e Toma Lá, Dá Cá (samba gravado para a abertura do homônimo programa exibido pela Rede Globo em dezembro) - deverão ficar para o disco de inéditas que Bosco começará a gravar em meados do ano para lançamento no segundo semestre.
Já as músicas inéditas compostas recentemente com Aldir - Mentiras de Verdade, Sonho de Caramujo e Toma Lá, Dá Cá (samba gravado para a abertura do homônimo programa exibido pela Rede Globo em dezembro) - deverão ficar para o disco de inéditas que Bosco começará a gravar em meados do ano para lançamento no segundo semestre.
Warner é a líder do mercado português
Segundo dados da Associação Fonográfica Portuguesa (A.F.P.), a Warner Music é a gravadora que lidera atualmente o ranking de vendas de discos na Terrinha, dominando 26,27% do mercado lusitano. A Sony & BMG vem em segundo (com 19,86%), seguida pela EMI (com 17,51%) e pela Universal (com 11,91%).
São números curiosos se levado em conta que, no Brasil, a disputa pela maior fatia do mercado fica sempre entre a Universal e a Sony & BMG (com ligeira recuperação da EMI nos últimos dois anos). Seja como for, mesmo com toda a pirataria, o Brasil ainda é (e sempre será) um mercado fonográfico muito mais importante do que Portugal por conta de suas dimensões continentais.
São números curiosos se levado em conta que, no Brasil, a disputa pela maior fatia do mercado fica sempre entre a Universal e a Sony & BMG (com ligeira recuperação da EMI nos últimos dois anos). Seja como for, mesmo com toda a pirataria, o Brasil ainda é (e sempre será) um mercado fonográfico muito mais importante do que Portugal por conta de suas dimensões continentais.
Arantes reflete sobre a idéia de sucesso: 'Hoje sou exatamente o que sonhei ser'
Motivado por recente artigo do colunista sobre os (des)caminhos de sua carreira fonográfica, no ano em que ele completa três décadas de obra solo pioneira no pop nacional e que prepara disco de inéditas em Salvador (BA), Guilherme Arantes (foto) mandou para o blog de Estúdio um texto em que reflete sobre questões relativas ao conceito de sucesso, à indústria do disco, à mídia, à música e ao jogo de poder que envolve tudo isso. O texto questiona o conceito de injustiça atribuído à trajetória de Arantes pelo colunista e merece ser lido por conta da riqueza de idéias expostas pelo compositor.
Lá vai:
"O significado da palavra 'limbo' tem muitas variantes. Pode ser a ausência de lembrança que sucede fase de superexposição, pode ser o castigo que o sistema reserva para quem teve o espaço tão cobiçado, mas também pode ser "o silêncio que precede o esporro" ..., o que não configura obrigação nenhuma de voltas triunfais, de resgate, tudo isso pode ser um grande engano.
Viver é melhor que sonhar, como diz o mestre Belchior, e a vida é infinitamente maior do que o êxito, o mercado, o senso comum e a opinião que as pessoas possam ter a respeito da gente... A verdade é que só pode "sumir" quem um dia "apareceu" ... e nisso fico tranqüilo, pois a minha "missão de aparecer" foi sobejamente cumprida nos anos da mocidade (e aí, sim, havia "obrigação" em conseguir brilhar) nas priscas e longínquas eras da beleza física... E como me fartei desse brilho!!! E acho que foi um brilho bonito, porque estranho.
O brilho pelo brilho não é nada, só vale pelo estranhamento que possa ter deixado. A indústria cultural, como qualquer outra, privilegia claramente o mito da juventude - empresas estabelecem até idade-limite para contratações no mercado, o que é uma injustiça enorme com a mão de obra madura e experiente. Mas isso é uma outra discussão - os mitos da juventude, do esplendor e decadência, da finitude da vida, ascensões e quedas, glória e ocaso, fazem parte da dialética mais rasteira e miserável que a humanidade construiu para, ela sim, perenizar-se no limbo. O mundo está no limbo. O mundo se esqueceu de si mesmo.
Eu não me esqueci jamais da música que eu amo, dos colegas que adoro, da belíssima história da música popular do Brasil, muito menos de mim, e nada tenho do que reclamar. Aliás, o estado de reclamação é o pior caminho para qualquer pessoa, especialmente o artista. Assim, o adjetivo "injustiçado" eu queria ver desde já banido de qualquer conversa a meu respeito. Quem? Logo eu?
É uma pecha cruel e aprisionante, assim como é o título de "maldito" aposto aos nomes de Mautner, Macalé, Walter Franco, Melodia, Itamar, Arrigo, a lista é longa .... Mas como o sistema é insidioso, delimita um nicho para cada pessoa ficar ali, quietinha, santificada e adorada em seu silencio petrificado. E hoje em dia, qual é o significado da palavra "sucesso"? Francamente... é só olhar a TV aberta ...
O fato é que o Brasil também se esqueceu de si mesmo. É hoje um espectro do que foi, um fracasso, uma decadência deprimente, que vive do passado e no passado, mas também não adianta ficar reclamando. Como parte desse passado, tenho (e sou gratíssimo) tantas execuções em rádios do segmento "adulto-contemporâneo" quanto os meus maiores ídolos, e me sinto em muitíssimo boa companhia nesse "esquecimento", junto com o que há de melhor de nossa música. É tanta gente, e de tal qualidade, que nem sei se mereço tamanha companhia.
Não vou aqui citar nomes de quem está realmente "esquecido", porque teria muita gente dos escalões principais, até mesmo gente que está "aparecendo" a toda hora, tentando de tudo pra aparecer, mas que está mortinha-da-silva e que se esqueceu de deitar.
Só para exemplificar, sem medo de interpretações controversas e represálias, cito alguns internacionais que fazem parte da "nossa turma" : Elton John, Phil Collins, James Taylor, Peter Gabriel, Stevie Winwood, Christopher Cross, Al Stewart, Suzanne Vega, Tears for Fears, Everything But the Girl, Tracy Chapman, Cindy Lauper, Mark Knopfler... São só alguns que lembro agora, que amo, e que tocam muito, ali, juntinho com a gente...
As aparências enganam, o sistema é um engodo, e a indústria cultural é uma farsa - e já foi desmascarada incontáveis vezes. A indústria do sucesso adora mesmo é quando o artista morre. Esse é o artista perfeito. Ou quando deliberadamente desaparece. Não fica em público expondo seu "apodrecimento físico e moral", não fica tentando voltar à baila, enchendo o saco da mídia, vira santo e ergue um mito, pronto. Mas não é assim que funciona.
Teimamos em viver, porque (digo de novo) a vida é infinitamente maior do que tudo isso.
Quanto a um novo CD "comemorativo" dos 30 anos de carreira, com participações estelares, podem deixar isso pra lá... Foi uma idéia natimorta. Não vou angariar nenhum "tributo a Guilherme Arantes", usando meu prestígio para somar nomes de peso, criando artificialmente ganchos de marketing para me tornar mais palatável, seria ridículo. E digo mais : há álguns meses me propuseram fazer um CD de intérprete, com regravações de grandes sucessos de outros artistas, um "projeto especial", que recusei peremptoriamente, o tal "cover do cover" que está tão na moda.
Digo claro: estou e estarei sempre fora. Chega de "projetos". O Brasil virou a pátria dos "projetos", já perceberam?
O brasileiro hoje é um sujeito que está sempre precisando "sentar pra fazer um projeto", é toda uma nação que roda bolsinha com um "projeto na mão", memoriais descritivos e planilhas de viabilidade. Nada sai do papel, morre tudo na praia. No meu caso, isso seria na verdade "fazer um projeto para sentar "...
Se hoje estou fora do mercado, sem gravadora, é porque sempre tive personalidade demais, ninguém jamais me curvou a gravar o que eu não queria, de um jeito que eu não quisesse, minha profissão é de compositor, eventualmente e circunstancialmente um hitmaker. Sim, gravei coisas (uns meros 5 %) para as quais hoje eu torço o nariz, mas foram erros meus. 95 % do que gravei, eu adoro. Ah, como é bom estar nesta situação... Principalmente as mais desconhecidas, os chamados "Lado B" que dariam pra fazer uma caixa com 15 CDs, que eu chamaria orgulhosamente de "Os 100 Maiores Insucessos de Guilherme Arantes".
Dos "20 Maiores Sucessos", eu já estou de saco cheio, embora muitas dessas músicas eu ainda goste muito e cante nos shows, porque o que eu vendo é a minha vida, sentimentos, e é uma delícia compartilhar isso. Cansei é do senso comum. Pra mim, ele não vale nada.
Se, mesmo sem mídia alguma, faço uma média de 15 shows por mês (quem faz?) é porque só tem um jeito do público curtir minha música: ao vivo . E eu agradeço muito isso, pois vivo do que sonhei viver: da música, e nada mais. Minha profissão é de músico, não de celebridade. Sucesso, qualquer coisa faz.
Sucesso é esquema, é kit modernidade - personal trainer, web-designer, fashion-designer, assessoria de imprensa, assessoria de marketing e outros apêndices que fogem de minha função no mundo. Estou pouco me lixando para a modernidade, para o ser moderno, seja lá o que isso significa. Certo está João Gilberto em suas esquisitices. E como é adorável, moderno, atemporal. É apenas um homem e um violão. Esse é o Mestre, sem nenhum kit modernidade.
Vem aí um disco novo, sim, mas vai ser "apenas" um disco de carreira, com músicas novas. Em qualquer circunstância, digo do fundo da minha experiência que vale infinitamente mais um trabalho novo do que qualquer "jogada pra levantar", mais do que qualquer "projeto" espúrio de canibalização, de reprocessamento ou releitura.
O mercado está covarde. Resta a nós gerarmos o milagre - mas não foi sempre assim? Se fosse pra abaixar as calças, em 1976, há 30 anos, eu teria gravado em inglês, pois era isso que o "mercado" exigia. Somos teimosos. Somos tinhosos e perigosos. Estamos vivos, e podemos fazer um estrago que ninguém imagina.
Quero estar junto com os artistas desconhecidos, em começo de carreira sim, (re)começando sempre da estaca zero sem o menor problema. Em outubro de 1980 eu estava acabadinho e esquecidinho, sem gravadora, como manda o figurino do mercado, quando recebi em minha casa na Vila Mariana uma surpreendente ligação da Elis, pedindo uma música, ela havia se encantado com um disco meu (fracassadíssimo), Coração Paulista. Pois me lembro bem hoje, eu estava a 3 meses (!!!) de me tornar o número 1 dos FMs, "glória" essa que duraria 12 longos anos ... quem é que diria, àquelas alturas, que isso estava pra acontecer?
Durante aqueles 12 anos, jamais me enganei com o sucesso. Saía todos os dias dos ginásios lotados com 8.000 pessoas (pagantes, só pra me ver) e ia caminhar pela madrugada, no silêncio das ruas desertas, para ouvir os meus próprios passos marcando o tempo real no chão da realidade. Ainda bem que antes dessa carreira tresloucada e enganosa eu havia feito Arquitetura na USP, já era cabeça-feita, o pensamento andava longe, bem longe de toda aquela confusão das "paradas", do assédio...
Hoje, sou exatamente o que sonhei ser. Envelhecer, pra mim, é um objetivo, e eu juro pelo que há de mais sagrado que eu vou conseguir, e já estou conseguindo. Deus me livre de ficar eternamente jovem, e prefiro mil vezes ser bem esquecido do que mal lembrado. Sei que hoje o "mercado" é completamente previsível, as cartas estão muito mais marcadas. Mas estou muito mais com as surpresas, com as periferias. Enquanto houver sonhos vitoriosos, e não programados nas mesas de reuniões da ABPD, de artistas de verdade como Racionais MC's, O Rappa, Chico Science... O sonho existe e o que eu gosto mesmo é do novo. O resto, a poeira do tempo vai soterrar, sem o menor problema."
Lá vai:
"O significado da palavra 'limbo' tem muitas variantes. Pode ser a ausência de lembrança que sucede fase de superexposição, pode ser o castigo que o sistema reserva para quem teve o espaço tão cobiçado, mas também pode ser "o silêncio que precede o esporro" ..., o que não configura obrigação nenhuma de voltas triunfais, de resgate, tudo isso pode ser um grande engano.
Viver é melhor que sonhar, como diz o mestre Belchior, e a vida é infinitamente maior do que o êxito, o mercado, o senso comum e a opinião que as pessoas possam ter a respeito da gente... A verdade é que só pode "sumir" quem um dia "apareceu" ... e nisso fico tranqüilo, pois a minha "missão de aparecer" foi sobejamente cumprida nos anos da mocidade (e aí, sim, havia "obrigação" em conseguir brilhar) nas priscas e longínquas eras da beleza física... E como me fartei desse brilho!!! E acho que foi um brilho bonito, porque estranho.
O brilho pelo brilho não é nada, só vale pelo estranhamento que possa ter deixado. A indústria cultural, como qualquer outra, privilegia claramente o mito da juventude - empresas estabelecem até idade-limite para contratações no mercado, o que é uma injustiça enorme com a mão de obra madura e experiente. Mas isso é uma outra discussão - os mitos da juventude, do esplendor e decadência, da finitude da vida, ascensões e quedas, glória e ocaso, fazem parte da dialética mais rasteira e miserável que a humanidade construiu para, ela sim, perenizar-se no limbo. O mundo está no limbo. O mundo se esqueceu de si mesmo.
Eu não me esqueci jamais da música que eu amo, dos colegas que adoro, da belíssima história da música popular do Brasil, muito menos de mim, e nada tenho do que reclamar. Aliás, o estado de reclamação é o pior caminho para qualquer pessoa, especialmente o artista. Assim, o adjetivo "injustiçado" eu queria ver desde já banido de qualquer conversa a meu respeito. Quem? Logo eu?
É uma pecha cruel e aprisionante, assim como é o título de "maldito" aposto aos nomes de Mautner, Macalé, Walter Franco, Melodia, Itamar, Arrigo, a lista é longa .... Mas como o sistema é insidioso, delimita um nicho para cada pessoa ficar ali, quietinha, santificada e adorada em seu silencio petrificado. E hoje em dia, qual é o significado da palavra "sucesso"? Francamente... é só olhar a TV aberta ...
O fato é que o Brasil também se esqueceu de si mesmo. É hoje um espectro do que foi, um fracasso, uma decadência deprimente, que vive do passado e no passado, mas também não adianta ficar reclamando. Como parte desse passado, tenho (e sou gratíssimo) tantas execuções em rádios do segmento "adulto-contemporâneo" quanto os meus maiores ídolos, e me sinto em muitíssimo boa companhia nesse "esquecimento", junto com o que há de melhor de nossa música. É tanta gente, e de tal qualidade, que nem sei se mereço tamanha companhia.
Não vou aqui citar nomes de quem está realmente "esquecido", porque teria muita gente dos escalões principais, até mesmo gente que está "aparecendo" a toda hora, tentando de tudo pra aparecer, mas que está mortinha-da-silva e que se esqueceu de deitar.
Só para exemplificar, sem medo de interpretações controversas e represálias, cito alguns internacionais que fazem parte da "nossa turma" : Elton John, Phil Collins, James Taylor, Peter Gabriel, Stevie Winwood, Christopher Cross, Al Stewart, Suzanne Vega, Tears for Fears, Everything But the Girl, Tracy Chapman, Cindy Lauper, Mark Knopfler... São só alguns que lembro agora, que amo, e que tocam muito, ali, juntinho com a gente...
As aparências enganam, o sistema é um engodo, e a indústria cultural é uma farsa - e já foi desmascarada incontáveis vezes. A indústria do sucesso adora mesmo é quando o artista morre. Esse é o artista perfeito. Ou quando deliberadamente desaparece. Não fica em público expondo seu "apodrecimento físico e moral", não fica tentando voltar à baila, enchendo o saco da mídia, vira santo e ergue um mito, pronto. Mas não é assim que funciona.
Teimamos em viver, porque (digo de novo) a vida é infinitamente maior do que tudo isso.
Quanto a um novo CD "comemorativo" dos 30 anos de carreira, com participações estelares, podem deixar isso pra lá... Foi uma idéia natimorta. Não vou angariar nenhum "tributo a Guilherme Arantes", usando meu prestígio para somar nomes de peso, criando artificialmente ganchos de marketing para me tornar mais palatável, seria ridículo. E digo mais : há álguns meses me propuseram fazer um CD de intérprete, com regravações de grandes sucessos de outros artistas, um "projeto especial", que recusei peremptoriamente, o tal "cover do cover" que está tão na moda.
Digo claro: estou e estarei sempre fora. Chega de "projetos". O Brasil virou a pátria dos "projetos", já perceberam?
O brasileiro hoje é um sujeito que está sempre precisando "sentar pra fazer um projeto", é toda uma nação que roda bolsinha com um "projeto na mão", memoriais descritivos e planilhas de viabilidade. Nada sai do papel, morre tudo na praia. No meu caso, isso seria na verdade "fazer um projeto para sentar "...
Se hoje estou fora do mercado, sem gravadora, é porque sempre tive personalidade demais, ninguém jamais me curvou a gravar o que eu não queria, de um jeito que eu não quisesse, minha profissão é de compositor, eventualmente e circunstancialmente um hitmaker. Sim, gravei coisas (uns meros 5 %) para as quais hoje eu torço o nariz, mas foram erros meus. 95 % do que gravei, eu adoro. Ah, como é bom estar nesta situação... Principalmente as mais desconhecidas, os chamados "Lado B" que dariam pra fazer uma caixa com 15 CDs, que eu chamaria orgulhosamente de "Os 100 Maiores Insucessos de Guilherme Arantes".
Dos "20 Maiores Sucessos", eu já estou de saco cheio, embora muitas dessas músicas eu ainda goste muito e cante nos shows, porque o que eu vendo é a minha vida, sentimentos, e é uma delícia compartilhar isso. Cansei é do senso comum. Pra mim, ele não vale nada.
Se, mesmo sem mídia alguma, faço uma média de 15 shows por mês (quem faz?) é porque só tem um jeito do público curtir minha música: ao vivo . E eu agradeço muito isso, pois vivo do que sonhei viver: da música, e nada mais. Minha profissão é de músico, não de celebridade. Sucesso, qualquer coisa faz.
Sucesso é esquema, é kit modernidade - personal trainer, web-designer, fashion-designer, assessoria de imprensa, assessoria de marketing e outros apêndices que fogem de minha função no mundo. Estou pouco me lixando para a modernidade, para o ser moderno, seja lá o que isso significa. Certo está João Gilberto em suas esquisitices. E como é adorável, moderno, atemporal. É apenas um homem e um violão. Esse é o Mestre, sem nenhum kit modernidade.
Vem aí um disco novo, sim, mas vai ser "apenas" um disco de carreira, com músicas novas. Em qualquer circunstância, digo do fundo da minha experiência que vale infinitamente mais um trabalho novo do que qualquer "jogada pra levantar", mais do que qualquer "projeto" espúrio de canibalização, de reprocessamento ou releitura.
O mercado está covarde. Resta a nós gerarmos o milagre - mas não foi sempre assim? Se fosse pra abaixar as calças, em 1976, há 30 anos, eu teria gravado em inglês, pois era isso que o "mercado" exigia. Somos teimosos. Somos tinhosos e perigosos. Estamos vivos, e podemos fazer um estrago que ninguém imagina.
Quero estar junto com os artistas desconhecidos, em começo de carreira sim, (re)começando sempre da estaca zero sem o menor problema. Em outubro de 1980 eu estava acabadinho e esquecidinho, sem gravadora, como manda o figurino do mercado, quando recebi em minha casa na Vila Mariana uma surpreendente ligação da Elis, pedindo uma música, ela havia se encantado com um disco meu (fracassadíssimo), Coração Paulista. Pois me lembro bem hoje, eu estava a 3 meses (!!!) de me tornar o número 1 dos FMs, "glória" essa que duraria 12 longos anos ... quem é que diria, àquelas alturas, que isso estava pra acontecer?
Durante aqueles 12 anos, jamais me enganei com o sucesso. Saía todos os dias dos ginásios lotados com 8.000 pessoas (pagantes, só pra me ver) e ia caminhar pela madrugada, no silêncio das ruas desertas, para ouvir os meus próprios passos marcando o tempo real no chão da realidade. Ainda bem que antes dessa carreira tresloucada e enganosa eu havia feito Arquitetura na USP, já era cabeça-feita, o pensamento andava longe, bem longe de toda aquela confusão das "paradas", do assédio...
Hoje, sou exatamente o que sonhei ser. Envelhecer, pra mim, é um objetivo, e eu juro pelo que há de mais sagrado que eu vou conseguir, e já estou conseguindo. Deus me livre de ficar eternamente jovem, e prefiro mil vezes ser bem esquecido do que mal lembrado. Sei que hoje o "mercado" é completamente previsível, as cartas estão muito mais marcadas. Mas estou muito mais com as surpresas, com as periferias. Enquanto houver sonhos vitoriosos, e não programados nas mesas de reuniões da ABPD, de artistas de verdade como Racionais MC's, O Rappa, Chico Science... O sonho existe e o que eu gosto mesmo é do novo. O resto, a poeira do tempo vai soterrar, sem o menor problema."
CD do Afrodisíaco traz hit de Chico César
Atual sensação da axé music, o Afrodisíaco dribla as divergências entre os dois líderes do grupo - Pierre Onassis (à esquerda) e Jauperi, compositores revelados no Olodum - e chega ao primeiro disco. Nas lojas ainda em fevereiro, via Universal Music, o CD traz regravação de Mama África, sucesso de Chico César, lançado pelo autor em 1995, mas estourado em 1996, há dez anos. O repertório inclui também, claro, as duas músicas já popularizadas pelo Afrodisíaco na Bahia: Já É e Café com Pão (gravada anteriormente por Davi Moraes no disco Orixá Mutante).
Lenine produz CD de Elba - fora da Sony
Elba Ramalho (foto) já não pertence mais ao cast da Sony & BMG - gravadora que está passando por processo de reestruturação e redução de elenco. Mas a cantora vai concretizar este ano o plano de ter um disco produzido por Lenine - anunciado por Elba desde 2004. A pré-seleção de repertório feita pela artista inclui músicas de Lula Queiroga (Conceição dos Coqueiros), Bráulio Tavares, Zé Ramalho (A Dança das Borboletas, parceria de Zé com Alceu Valença, gravada pelos autores nos anos 70), Jorge Vercilo (Boas Novas, dada para Elba pelo compositor) e Jorge Ben Jor - de quem a intérprete pensa em regravar Anjo Azul, música de 1964.
O último trabalho de Elba na Sony & BMG foi um disco dividido com Dominguinhos. O repertório destacou Chama, inédita feita para a cantora por Tato, vocalista do grupo Falamansa. Havia a idéia de lançar um DVD com o registro do show apresentado pela artista com o sanfoneiro, mas o projeto foi abortado.
O último trabalho de Elba na Sony & BMG foi um disco dividido com Dominguinhos. O repertório destacou Chama, inédita feita para a cantora por Tato, vocalista do grupo Falamansa. Havia a idéia de lançar um DVD com o registro do show apresentado pela artista com o sanfoneiro, mas o projeto foi abortado.
Gal vai cantar no DVD de Ricardo Chaves
Pouca gente sabe do parentesco, mas Gal Costa (foto) é prima de Ricardo Chaves - o cantor baiano de axé que ficou conhecido pelo hit É o Bicho - e ficou de participar da gravação do primeiro DVD do artista. Gal e Daniela Mercury serão as convidadas do show acústico que Chaves apresentará em Salvador (BA) para registro do DVD. Mas trata-se da segunda etapa da gravação. O cantor vai começar a filmar o vídeo em Natal (RN) durante a festa Aratu do Facho - agendada para 18 de fevereiro, na praia de Barra de Tabatinga.
Gil revela preferência por CDs ao vivo
Ao comentar em nota oficial o prêmio de Melhor Álbum de World Music que recebeu na 48ª edição do Grammy, pelo álbum Eletracústico (2004), Gilberto Gil (foto) lembrou a coincidência de ter sido premiado em 1999 na mesma categoria com outro álbum ao vivo - Quanta Live, a versão americana de Quanta Gente Veio Ver - e revelou sua preferência pelos registros de shows. "A mim interessa muito que os dois prêmios tenham sido dados a discos ao vivo. São os (discos de) que mais gosto, em que mais percebo minha integridade e integralidade musical", declarou o cantor e atual Ministro da Cultura.
U2 ganha o Grammy de Álbum do Ano e é o grande vencedor do Oscar musical
O rapper Kanye West chegou a rezar na hora em que seria anunciado o vencedor do Grammy de Álbum do Ano, categoria na qual concorria com Late Registration (eleito o Melhor Álbum de Rap), mas sua prece não evitou que o troféu mais cobiçado da noite fosse parar nas mãos do U2 (em foto da Agência Reuters) por How to Dismantle an Atomic Bomb. Com cinco prêmios ao todo, o grupo irlandês acabou sendo o grande vencedor da 48ª edição do Oscar da música em cerimônia que teve performances de Madonna, Paul McCartney (surpreendendo ao reviver Yesterday na companhia de Jay-Z e do grupo Linkin Park) e Mariah Carey.
"Este é o nosso segundo álbum do ano, mas já perdemos dois. Kanye, você é o próximo", disse Bono Vox no palco, se dirigindo ao rapper que ansiava pelo prêmio. O líder do U2 também se derramou em elogios para a voz de Mariah Carey, cantora que tinha expressivo número de indicações, mas perdeu nas categorias principais - como o colunista tinha previsto ontem.
Enfim, foi a noite do U2 e - mais do que isso - do rock politizado. Ao premiar o U2 e o Green Day, o 48º Grammy premiou também a música que não se restringe à mera função de entretenimento e procura conscientizar o mundo do que acontece ao seu redor. Ainda que Kelly Clarkson tenha levado dois troféus aos quais não fazia jus...
"Este é o nosso segundo álbum do ano, mas já perdemos dois. Kanye, você é o próximo", disse Bono Vox no palco, se dirigindo ao rapper que ansiava pelo prêmio. O líder do U2 também se derramou em elogios para a voz de Mariah Carey, cantora que tinha expressivo número de indicações, mas perdeu nas categorias principais - como o colunista tinha previsto ontem.
Enfim, foi a noite do U2 e - mais do que isso - do rock politizado. Ao premiar o U2 e o Green Day, o 48º Grammy premiou também a música que não se restringe à mera função de entretenimento e procura conscientizar o mundo do que acontece ao seu redor. Ainda que Kelly Clarkson tenha levado dois troféus aos quais não fazia jus...
Gravação do Ano é do trio Green Day e mostra valorização do rock no Grammy
Outra derrota para a favorita Mariah Carey na 48ª edição do Grammy: o fundamental prêmio de Gravação do Ano foi para o trio americano Green Day (em foto da Agência AFP). A música, Boulevard of Broken Dreams, fez parte do último álbum do grupo, American Idiot, lançado em 2004 com composições de alto teor político.
Aliada à premiação do U2 em categorias importantes, a vitória do Green Day em Gravação do Ano sinaliza surpreendente tendência do Grammy de valorizar mais as bandas de rock. Não deixa de ser uma surpresa, já que o mercado fonográfico americano é atualmente dominado pelo rap e pelo rhythm and blues feito por cantoras como a própria Mariah Carey. No caso do Green Day, cujo rock tem raiz punk, o prêmio foi dado a um grupo que ironizou já no título de seu disco, American Idiot, a arrogância do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
Aliada à premiação do U2 em categorias importantes, a vitória do Green Day em Gravação do Ano sinaliza surpreendente tendência do Grammy de valorizar mais as bandas de rock. Não deixa de ser uma surpresa, já que o mercado fonográfico americano é atualmente dominado pelo rap e pelo rhythm and blues feito por cantoras como a própria Mariah Carey. No caso do Green Day, cujo rock tem raiz punk, o prêmio foi dado a um grupo que ironizou já no título de seu disco, American Idiot, a arrogância do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
No Grammy, Canção do Ano é do U2
O U2 (ao lado, em foto da agência AFP) acaba de ganhar outro prêmio importante no 48º Grammy. O grupo irlandês levou o troféu de Canção do Ano por Sometimes You Can't Make It on your Own - faixa do álbum How to Dismantle an Atomic Bomb, laureado na cerimônia como o Melhor de Álbum de Rock. Pela mesma música, aliás, a banda de Bono Vox também foi agraciada com o troféu de Melhor Performance de Rock.
"Se você pensa que isso vai subir à nossa cabeça... tarde demais!", ironizou Bono Vox ao receber o Grammy de Canção do Ano. A voz do U2 dedicou o disco a seu falecido pai - segundo Bono, a personificação da bomba atômica que inspirou o título do último CD do grupo. "Quero agradecer este prêmio ao meu pai por ter me dado voz e um pouco de atitude", arrematou.
Ao levar o Grammy de Canção do Ano, o U2 derrota Mariah Carey, uma das indicadas na categoria por We Belong Together, música agraciada com o troféu de Melhor Canção R & B. A propósito, seu disco The Emancipation of Mimi faturou o prêmio de Melhor Álbum de Rhythm and Blues Contemporâneo. Em bom português, isso significa que Mariah foi ignorada nas categorias principais e premiada nas periféricas - ainda que o r & b tenha peso no mercado americano.
"Se você pensa que isso vai subir à nossa cabeça... tarde demais!", ironizou Bono Vox ao receber o Grammy de Canção do Ano. A voz do U2 dedicou o disco a seu falecido pai - segundo Bono, a personificação da bomba atômica que inspirou o título do último CD do grupo. "Quero agradecer este prêmio ao meu pai por ter me dado voz e um pouco de atitude", arrematou.
Ao levar o Grammy de Canção do Ano, o U2 derrota Mariah Carey, uma das indicadas na categoria por We Belong Together, música agraciada com o troféu de Melhor Canção R & B. A propósito, seu disco The Emancipation of Mimi faturou o prêmio de Melhor Álbum de Rhythm and Blues Contemporâneo. Em bom português, isso significa que Mariah foi ignorada nas categorias principais e premiada nas periféricas - ainda que o r & b tenha peso no mercado americano.
Kelly Clarkson, a zebra do 48º Grammy
Aos 23 anos, a cantora e eventual atriz Kelly Clarkson (em foto da Agência Reuters) se transformou na zebra da 48ª edição do Grammy ao faturar os troféus nas duas categorias importantes a que concorria. Além de levar o prêmio de Melhor Álbum Pop Vocal por Breakway, derrotando nomes como Paul McCartney, Clarkson venceu a favorita Mariah Carey na disputa do troféu de Melhor Interpretação Pop Feminina. Carey concorria com It's Like That, mas o Grammy foi parar nas mãos de Clarkson por conta de sua gravação de Since U Been Gone - um dos singles de Breakway.
Projetada em 2002 ao vencer o programa American Idol, Clarkson é uma estrela em ascensão no mercado fonográfico americano. Mas ninguém esperava sua consagração no 48º Grammy. Seu primeiro álbum foi Thankful. O premiado Breakway é o segundo e foi lançado nos Estados Unidos em 30 de novembro de 2004, alcançando vendas expressivas. Ainda assim, Kelly Clarkson é a zebra do Oscar da Música e, a partir de agora, sua música forçosamente deverá receber mais atenção fora dos Estados Unidos.
Projetada em 2002 ao vencer o programa American Idol, Clarkson é uma estrela em ascensão no mercado fonográfico americano. Mas ninguém esperava sua consagração no 48º Grammy. Seu primeiro álbum foi Thankful. O premiado Breakway é o segundo e foi lançado nos Estados Unidos em 30 de novembro de 2004, alcançando vendas expressivas. Ainda assim, Kelly Clarkson é a zebra do Oscar da Música e, a partir de agora, sua música forçosamente deverá receber mais atenção fora dos Estados Unidos.
U2 leva o Grammy de 'Álbum de Rock'
Derrotando fortes concorrentes como Foo Fighters, Neil Young e Rolling Stones, o grupo U2 faturou o Grammy de Melhor Álbum de Rock na 48ª edição do Oscar da música. O disco, How to Dismantle an Atomic Bomb (capa à esquerda), saiu no primeiro semestre de 2005 e foi saudado com entusiasmo por ter sedimentado a volta da banda às suas origens irlandesas, iniciada no álbum anterior All That You Can Leave Behind.
"Estar numa banda de rock é como viajar num circo. Você pensa que vai ser o mestre de cerimônias e, de vez em quando, acaba sendo o palhaço e termina limpando os elefantes. Mas tudo bem... A gente faz algo mais do que entretenimento e é bacana poder divulgar pensamentos maravilhosos", discursou Bono Vox.
"Estar numa banda de rock é como viajar num circo. Você pensa que vai ser o mestre de cerimônias e, de vez em quando, acaba sendo o palhaço e termina limpando os elefantes. Mas tudo bem... A gente faz algo mais do que entretenimento e é bacana poder divulgar pensamentos maravilhosos", discursou Bono Vox.
Gil ganha Grammy com 'Eletracústico'
Gilberto Gil ganhou seu segundo Grammy na categoria Melhor Álbum de World Music por Eletracústico (capa à direita) - disco gravado ao vivo em setembro de 2004, em show no Canecão (RJ), com produção de Liminha. O prêmio de Gil na 48ª edição do Grammy foi anunciado no fim da noite desta quarta-feira, 8 de fevereiro. Em 1999, o cantor levou o troféu na mesma categoria com outro álbum ao vivo, Quanta Live, a versão americana de Quanta Gente Veio Ver.
Apesar de a categoria world music ser genérica demais e, a rigor, cumprir apenas o objetivo de englobar no Grammy toda e qualquer música produzida fora do padrão do eixo Estados Unidos-Inglaterra, o prêmio obtido por Gil é sempre uma referência no cenário musical e acaba tendo repercussão mundial - como declarou certa vez Milton Nascimento, o vencedor de 1998 na mesma categoria, com o álbum Nascimento.
Lançado no Brasil em novembro de 2004, simultaneamente nos formatos de CD e DVD, Eletracústico reúne azeitadas releituras de músicas do repertório de Gil. O repertório inclui Refavela, Andar com Fé, A Linha e o Linho e Aquele Abraço - além de músicas até então inéditas na voz de Gil como Imagine (o hino pacifista de John Lennon), A Rita (samba da fase inicial de Chico Buarque) e o tango Cambalache.
Trata-se de um dos melhores álbuns ao vivo de Gil, pelo azeitado mix de timbres acústicos e eletrônicos que inspirou o título e também pela integração da banda, formada por Marcos Suzano (percussão), Sérgio Chiavazzoli (cordas), Cícero Assis (teclado) e Gustavo Di Palma (percussão). Eletracústico foi o último disco editado por Gil, às voltas nos últimos anos com as funções políticas adquiridas com o cargo de Ministro da Cultura.
Apesar de a categoria world music ser genérica demais e, a rigor, cumprir apenas o objetivo de englobar no Grammy toda e qualquer música produzida fora do padrão do eixo Estados Unidos-Inglaterra, o prêmio obtido por Gil é sempre uma referência no cenário musical e acaba tendo repercussão mundial - como declarou certa vez Milton Nascimento, o vencedor de 1998 na mesma categoria, com o álbum Nascimento.
Lançado no Brasil em novembro de 2004, simultaneamente nos formatos de CD e DVD, Eletracústico reúne azeitadas releituras de músicas do repertório de Gil. O repertório inclui Refavela, Andar com Fé, A Linha e o Linho e Aquele Abraço - além de músicas até então inéditas na voz de Gil como Imagine (o hino pacifista de John Lennon), A Rita (samba da fase inicial de Chico Buarque) e o tango Cambalache.
Trata-se de um dos melhores álbuns ao vivo de Gil, pelo azeitado mix de timbres acústicos e eletrônicos que inspirou o título e também pela integração da banda, formada por Marcos Suzano (percussão), Sérgio Chiavazzoli (cordas), Cícero Assis (teclado) e Gustavo Di Palma (percussão). Eletracústico foi o último disco editado por Gil, às voltas nos últimos anos com as funções políticas adquiridas com o cargo de Ministro da Cultura.
Cobras se aninham na receita do samba
Resenha de CD
Título: Ninho de Cobras
Artista: Vários
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * * *
Nos anos 90, a gravadora Universal criou bem-sucedida série intitulada Casa de Samba, na qual reunia inusitadas duplas de cantores em regravações ao vivo de clássicos do gênero. Exceto pela formação das duplas, a fórmula é a mesma usada neste CD ora lançado pela Sony & BMG. Sob a batuta afetiva do produtor José Milton, cobras como Monarco (Coração em Desalinho), Moacyr Luz (Saudades da Guanabara) e Dona Ivone Lara (Acreditar) se aninham na receita do samba gravado ao vivo em estúdio e cantam sozinhos sucessos de lavra própria ou alheia.
Embora as gravações supra-citadas sejam previsíveis, o resultado é bom. Por conta de suas boas relações no meio musical, José Milton recrutou alguns dos melhores arranjadores de samba do momento(Ivan Paulo, Paulão Sete Cordas, Mauro Diniz, Maurício Carrilho e Cristóvão Bastos, estranho no ninho, onde nota-se a ausência de Rildo Hora) e convocou um time de intérpretes de respeito. Da imponência vocal de Jamelão (que abre o CD com o samba Esta Melodia) à descontração de Zeca Pagodinho (que revive um samba de Chico Buarque, Quem te Viu Quem te Vê, sem sair de seu estilo e sem querer impressionar), passando pela afinação absoluta de Emílio Santiago em Pressentimento, a seleção de bambas faz jus ao título.
Entre os intérpretes, a única estranha no ninho do samba é Nana Caymmi - mesmo assim à vontade na regravação de Quantas Lágrimas, clássico da Velha Guarda da Portela que tem a melancolia ideal para o canto visceral de Nana. Se a cantora até surpreende, Roberto Silva confirma o habitual suingue em Alegria, jóia de Assis Valente.
Samba que lançou Zeca Pagodinho no mercado fonográfico, em disco de Beth Carvalho, Camarão que Dorme a Onda Leva volta à tona pela alegria contagiante de seu co-autor, Arlindo Cruz. Também é uma delícia ouvir Mart'nália entrar na Casa de Bamba inaugurada por seu pai, Martinho da Vila, em fins dos anos 60.
Nem todos ainda têm o mesmo veneno. O cansaço de Almir Guineto transparece em Pedi ao Céu. Da mesma forma que o compositor Paulo César Pinheiro, de quem não se pode exigir afinação de um cantor, mostra em A Paixão e a Jura que já esteve em melhor forma vocal.
A capa é simples, mas graciosa por conta da ilustração que remete tanto a um par de cobras quanto aos pés de um sambista com o típico figurino de uma gafieira. Ou de um pagode - como queira.
Título: Ninho de Cobras
Artista: Vários
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * * *
Nos anos 90, a gravadora Universal criou bem-sucedida série intitulada Casa de Samba, na qual reunia inusitadas duplas de cantores em regravações ao vivo de clássicos do gênero. Exceto pela formação das duplas, a fórmula é a mesma usada neste CD ora lançado pela Sony & BMG. Sob a batuta afetiva do produtor José Milton, cobras como Monarco (Coração em Desalinho), Moacyr Luz (Saudades da Guanabara) e Dona Ivone Lara (Acreditar) se aninham na receita do samba gravado ao vivo em estúdio e cantam sozinhos sucessos de lavra própria ou alheia.
Embora as gravações supra-citadas sejam previsíveis, o resultado é bom. Por conta de suas boas relações no meio musical, José Milton recrutou alguns dos melhores arranjadores de samba do momento(Ivan Paulo, Paulão Sete Cordas, Mauro Diniz, Maurício Carrilho e Cristóvão Bastos, estranho no ninho, onde nota-se a ausência de Rildo Hora) e convocou um time de intérpretes de respeito. Da imponência vocal de Jamelão (que abre o CD com o samba Esta Melodia) à descontração de Zeca Pagodinho (que revive um samba de Chico Buarque, Quem te Viu Quem te Vê, sem sair de seu estilo e sem querer impressionar), passando pela afinação absoluta de Emílio Santiago em Pressentimento, a seleção de bambas faz jus ao título.
Entre os intérpretes, a única estranha no ninho do samba é Nana Caymmi - mesmo assim à vontade na regravação de Quantas Lágrimas, clássico da Velha Guarda da Portela que tem a melancolia ideal para o canto visceral de Nana. Se a cantora até surpreende, Roberto Silva confirma o habitual suingue em Alegria, jóia de Assis Valente.
Samba que lançou Zeca Pagodinho no mercado fonográfico, em disco de Beth Carvalho, Camarão que Dorme a Onda Leva volta à tona pela alegria contagiante de seu co-autor, Arlindo Cruz. Também é uma delícia ouvir Mart'nália entrar na Casa de Bamba inaugurada por seu pai, Martinho da Vila, em fins dos anos 60.
Nem todos ainda têm o mesmo veneno. O cansaço de Almir Guineto transparece em Pedi ao Céu. Da mesma forma que o compositor Paulo César Pinheiro, de quem não se pode exigir afinação de um cantor, mostra em A Paixão e a Jura que já esteve em melhor forma vocal.
A capa é simples, mas graciosa por conta da ilustração que remete tanto a um par de cobras quanto aos pés de um sambista com o típico figurino de uma gafieira. Ou de um pagode - como queira.
Kanye, Paul e até U2 poderão impedir consagração de Mariah no 48º Grammy
Os troféus da 48ª edição do Grammy serão entregues nesta quarta-feira, em Los Angeles (EUA). O SBT transmite para o Brasil, a partir das 23h, a cerimônia de entrega do prêmio mais cobiçado da indústria fonográfica americana, com comentários de João Marcelo Bôscoli, diretor da gravadora Trama. A onipresença de Mariah Carey nas principais categorias reflete o ano estupendo vivido pela cantora em 2005. Com The Emancipation of Mimi, álbum que já vendeu mais de cinco milhões de cópias somente nos Estados Unidos, a artista renasceu das cinzas e deu uma das mais espetaculares volta por cima do mundo do disco, quando ninguém dava mais nada por ela.
Os números de Mariah são superlativos, mas ela vai enfrentar forte concorrência nas categorias mais importantes. Em Álbum do Ano, por exemplo, The Emancipation of Mimi pode perder para Late Registration (o aclamado disco do rapper Kanye West) ou mesmo para Chaos and Creation in the Backyard, o CD de Paul McCartney que a crítica estrangeira saudou com entusiasmo - como há muito não acontecia com um disco do ex-Beatle.
Em Gravação do Ano, Mariah concorre com We Belong Together, mas novamente tem em Kanye West (na disputa com Gold Digger) um forte concorrente. Com alguma chance, há ainda o Green Day (com Boulevard of Broken Dreams) e o Gorillaz (com Feel Good Inc, gravação feita com De La Soul). Em Canção do Ano, categoria em que também concorre com We Belong Together, Mariah tem mais chances de levar o troféu, mas não será surpresa se o U2 papar o prêmio por Sometimes You Can't Make It on your Own. Ou mesmo o veterano Bruce Springsteen, no páreo com a faixa-título de seu último álbum, Devils and Dust.
Entre os troféus principais, o que tem mais chances reais de acabar nas mãos de Mariah é o da categoria Melhor Intepretação Pop Feminina, na qual ela concorre com It's Like That. Entre os brasileiros, Gilberto Gil concorre com o CD EletrAcústico na categoria Melhor Álbum de World Music, o genérico rótulo onde a indústria fonográfica americana põe toda e qualquer música produzida fora de seus padrões e formatos.
Os números de Mariah são superlativos, mas ela vai enfrentar forte concorrência nas categorias mais importantes. Em Álbum do Ano, por exemplo, The Emancipation of Mimi pode perder para Late Registration (o aclamado disco do rapper Kanye West) ou mesmo para Chaos and Creation in the Backyard, o CD de Paul McCartney que a crítica estrangeira saudou com entusiasmo - como há muito não acontecia com um disco do ex-Beatle.
Em Gravação do Ano, Mariah concorre com We Belong Together, mas novamente tem em Kanye West (na disputa com Gold Digger) um forte concorrente. Com alguma chance, há ainda o Green Day (com Boulevard of Broken Dreams) e o Gorillaz (com Feel Good Inc, gravação feita com De La Soul). Em Canção do Ano, categoria em que também concorre com We Belong Together, Mariah tem mais chances de levar o troféu, mas não será surpresa se o U2 papar o prêmio por Sometimes You Can't Make It on your Own. Ou mesmo o veterano Bruce Springsteen, no páreo com a faixa-título de seu último álbum, Devils and Dust.
Entre os troféus principais, o que tem mais chances reais de acabar nas mãos de Mariah é o da categoria Melhor Intepretação Pop Feminina, na qual ela concorre com It's Like That. Entre os brasileiros, Gilberto Gil concorre com o CD EletrAcústico na categoria Melhor Álbum de World Music, o genérico rótulo onde a indústria fonográfica americana põe toda e qualquer música produzida fora de seus padrões e formatos.
Belle and Sebastian lança sexto álbum
Foi lançado esta semana, no exterior, The Life Pursuit by Belle and Sebastian (capa à esquerda), o sexto álbum da banda escocesa, formada em 1995. O disco chegou às lojas no formato de CD simples e numa edição dupla que traz também um DVD. Em músicas como Another Sunny Day e White Collar Boy, o grupo moderninho tritura ingredientes de rock dos anos 60, blues, lounge jazz, glam rock e ritmos da Motown em coquetel pop de sabor indie. Com lançamento já programado no Brasil pela Trama, o álbum reúne 13 faixas compostas e tocadas pela banda.
Histórias do violonista tímido e genial
Resenha de DVD
Título: Programa Ensaio - 1990
Artista: Baden Powell
Gravadora: Trama
Cotação: * * *
Dando continuidade à coleção de vídeos extraídos do acervo do programa Ensaio, dirigido por Fernando Faro para a TV Cultura, a Trama está lançando os DVDs de Tom Zé e Baden Powell (1937-2000). O programa de Baden foi gravado em 1990 e ressurge digitalizado com imagens nítidas e coloridas. Menos articulado do que o compositor baiano, o violonista fluminense até que supera sua timidez - admitida durante a entrevista a Faro, a quem chama de Baixinho - e conta histórias curiosas como a da noite em que foi mostrar a melodia de Samba em Prelúdio ao parceiro Vinicius de Moraes e este, cismado com a suposição de a música ser plágio de tema de Chopin, relutou em fazer a letra. Até que sua mulher na época, pianista erudita, foi acordada na madrugada e deu parecer favorável a Baden. "Então Chopin esqueceu de fazer essa", disparou Vinicius, com a espirituosidade que lhe era peculiar.
Baden narra essas e outras histórias com a voz miúda com que se arrisca a cantar no programa temas como Voltei (dele com Paulo César Pinheiro), Samba Triste (sua primeira parceria com Billy Blanco) e Palhaço, sucesso de Nelson Cavaquinho que entra no roteiro de 16 números para simbolizar a proximidade geográfica do morro e dos compositores de Mangueira com o violonista, nascido na pequena cidade de Varre-e-Sai (RJ), mas criado no bairro carioca de São Cristóvão, perto da escola de samba verde-e-rosa.
No habitual tom retrospectivo do programa Ensaio, Baden saúda a modernidade pioneira de Johnny Alf (de quem canta Rapaz de Bem para lembrar os tempos da boate Plaza) e recorda as aulas com Meira, o professor de violão cuja casa era freqüentada por gênios como Pixinguinha (evocado com a execução de Naquele Tempo, parceria com Benedito Lacerda) e Jacob do Bandolim. "Meira me ensinou tudo de violão. Ele foi professor de um tio meu que estudou 50 anos e não conseguiu sair do lá menor", diz Baden, reforçando de forma sutil a idéia de que já tinha o dom para tocar o instrumento.
De fato, tinha mesmo o tal dom. Pois é tocando no seu violão sambas como Tem Dó, Formosa, Lapinha e Samba da Bênção que o artista de voz pequena se agiganta. É uma bênção poder ver e ouvir Baden Powell no melhor da forma!
Título: Programa Ensaio - 1990
Artista: Baden Powell
Gravadora: Trama
Cotação: * * *
Dando continuidade à coleção de vídeos extraídos do acervo do programa Ensaio, dirigido por Fernando Faro para a TV Cultura, a Trama está lançando os DVDs de Tom Zé e Baden Powell (1937-2000). O programa de Baden foi gravado em 1990 e ressurge digitalizado com imagens nítidas e coloridas. Menos articulado do que o compositor baiano, o violonista fluminense até que supera sua timidez - admitida durante a entrevista a Faro, a quem chama de Baixinho - e conta histórias curiosas como a da noite em que foi mostrar a melodia de Samba em Prelúdio ao parceiro Vinicius de Moraes e este, cismado com a suposição de a música ser plágio de tema de Chopin, relutou em fazer a letra. Até que sua mulher na época, pianista erudita, foi acordada na madrugada e deu parecer favorável a Baden. "Então Chopin esqueceu de fazer essa", disparou Vinicius, com a espirituosidade que lhe era peculiar.
Baden narra essas e outras histórias com a voz miúda com que se arrisca a cantar no programa temas como Voltei (dele com Paulo César Pinheiro), Samba Triste (sua primeira parceria com Billy Blanco) e Palhaço, sucesso de Nelson Cavaquinho que entra no roteiro de 16 números para simbolizar a proximidade geográfica do morro e dos compositores de Mangueira com o violonista, nascido na pequena cidade de Varre-e-Sai (RJ), mas criado no bairro carioca de São Cristóvão, perto da escola de samba verde-e-rosa.
No habitual tom retrospectivo do programa Ensaio, Baden saúda a modernidade pioneira de Johnny Alf (de quem canta Rapaz de Bem para lembrar os tempos da boate Plaza) e recorda as aulas com Meira, o professor de violão cuja casa era freqüentada por gênios como Pixinguinha (evocado com a execução de Naquele Tempo, parceria com Benedito Lacerda) e Jacob do Bandolim. "Meira me ensinou tudo de violão. Ele foi professor de um tio meu que estudou 50 anos e não conseguiu sair do lá menor", diz Baden, reforçando de forma sutil a idéia de que já tinha o dom para tocar o instrumento.
De fato, tinha mesmo o tal dom. Pois é tocando no seu violão sambas como Tem Dó, Formosa, Lapinha e Samba da Bênção que o artista de voz pequena se agiganta. É uma bênção poder ver e ouvir Baden Powell no melhor da forma!
The Vines apronta terceiro CD para abril
Já está pronto o terceiro álbum do grupo The Vines. A informação foi dada pela própria banda australiana em seu site oficial, no qual já é possível ouvir faixas como Don't Listen to the Radio. O lançamento está agendado para abril. Gross Out foi a música eleita para ser o primeiro single do sucessor de Winning Days (2004). O novo disco foi gravado, mixado e masterizado em Sidney, na Austrália. Aos fãs interessados, o endereço do site oficial do quarteto é http://www.thevines.com - basta um clique para ouvir as duas músicas novas do grupo.
Délcio entra em estúdio por novo selo
Principal parceiro de Ivone Lara, Délcio Carvalho (foto) voltou aos estúdios após hiato de quatro anos. O compositor prepara CD pelo mais novo selo do mercado fonográfico, Olho do Tempo, que tem como sócios o cantor e compositor Agenor de Oliveira, o músico Eduardo Neves (do grupo Pagode Jazz Sardinha's Club), o violonista Rogério Souza (do grupo Nó em Pingo D'Água) e o pianista e compositor Carlos Fuchs, engenheiro de som e dono do estúdio Tenda da Raposa.
Além do disco de Délcio Carvalho, já está em produção um tributo ao violonista Carlinhos Leite, hoje com 82 anos. Um dos fundadores do conjunto Época de Ouro, Leite vai tocar em sete faixas do CD. Mas o primeiro pacote de lançamentos do selo reúne discos de seus sócios Agenor de Oliveira (É Banto), Carlos Fuchs (Fossa Nova, gravado com o cantor Marcos Sacramento) e Eduardo Neves (Gafieira de Bolso, o primeiro trabalho solo de Edu, que tem arranjos e produção musical de Rogério Souza).
Além do disco de Délcio Carvalho, já está em produção um tributo ao violonista Carlinhos Leite, hoje com 82 anos. Um dos fundadores do conjunto Época de Ouro, Leite vai tocar em sete faixas do CD. Mas o primeiro pacote de lançamentos do selo reúne discos de seus sócios Agenor de Oliveira (É Banto), Carlos Fuchs (Fossa Nova, gravado com o cantor Marcos Sacramento) e Eduardo Neves (Gafieira de Bolso, o primeiro trabalho solo de Edu, que tem arranjos e produção musical de Rogério Souza).
'Matrizes' reergue a ponte África-Brasil
Resenha de CD
Título: Matrizes
Artista: Cláudio Jorge & Luiz Carlos da Vila
Gravadora: Selo Rádio MEC
Cotação: * * * *
"Este CD é a nossa amizade em forma de arte", versa bonito Cláudio Jorge num dos improvisos do partido alto Das Origens, de autoria de Luiz Carlos da Vila, seu amigo e parceiro neste primoroso Matrizes, disco lançado comercialmente esta semana depois de ter sido distribuído como brinde de uma empresa no fim do ano passado. No caso, as matrizes são os ritmos afros que serviram de molde para a formatação da música brasileira. "Salve as nossas raízes africanas", canta a dupla no belo samba que abre o CD, O Daqui, o Dali e o de Lá, em que a dupla de bambas cariocas pede passagem para montar seu mosaico de ritmos nacionais, já citados no criativo arranjo.
Matrizes tem o samba como base, mas expõe as diferentes matizes da música negra brasileira, do maracatu (num pot-pourri que conta com a adesão do grupo Rio Maracatu) à congada (Congada de São Benedito, de Cláudio Jorge e Nei Lopes), passando pelo jongo (Jongo da Serra) e pelo toque da capoeira em Camafeu, faixa que traz o vocal orgulhoso de seu autor, Martinho da Vila.
Numa espécie de viagem musical pela diversidade dos sons brasileiros, a dupla de compositores cariocas - ambos ligados ao samba e ao partido alto - transita ainda por ritmos como samba-de-roda (Camisa Molhada, do baiano Riachão), baião (Pau-de-Arara), boi do Maranhão (na inventiva releitura de O Canto da Ema que realça a origem maranhense do compositor João do Vale) e ijexá (Negrume da Noite, normalmente cantado no compasso do samba-reggae por intérpretes como Margareth Menezes e Virgínia Rodrigues).
A emocionante recriação de Negrume da Noite em ritmo de ijexá exemplifica a espiritualidade ancestral que exala das 14 faixas deste disco tão oportuno que fecha em grande estilo com Singrando em Mares Navios, samba-enredo que ajuda o disco a reerguer a ponte África-Brasil - essencial para a devida compreensão das origens da música do nosso país.
Título: Matrizes
Artista: Cláudio Jorge & Luiz Carlos da Vila
Gravadora: Selo Rádio MEC
Cotação: * * * *
"Este CD é a nossa amizade em forma de arte", versa bonito Cláudio Jorge num dos improvisos do partido alto Das Origens, de autoria de Luiz Carlos da Vila, seu amigo e parceiro neste primoroso Matrizes, disco lançado comercialmente esta semana depois de ter sido distribuído como brinde de uma empresa no fim do ano passado. No caso, as matrizes são os ritmos afros que serviram de molde para a formatação da música brasileira. "Salve as nossas raízes africanas", canta a dupla no belo samba que abre o CD, O Daqui, o Dali e o de Lá, em que a dupla de bambas cariocas pede passagem para montar seu mosaico de ritmos nacionais, já citados no criativo arranjo.
Matrizes tem o samba como base, mas expõe as diferentes matizes da música negra brasileira, do maracatu (num pot-pourri que conta com a adesão do grupo Rio Maracatu) à congada (Congada de São Benedito, de Cláudio Jorge e Nei Lopes), passando pelo jongo (Jongo da Serra) e pelo toque da capoeira em Camafeu, faixa que traz o vocal orgulhoso de seu autor, Martinho da Vila.
Numa espécie de viagem musical pela diversidade dos sons brasileiros, a dupla de compositores cariocas - ambos ligados ao samba e ao partido alto - transita ainda por ritmos como samba-de-roda (Camisa Molhada, do baiano Riachão), baião (Pau-de-Arara), boi do Maranhão (na inventiva releitura de O Canto da Ema que realça a origem maranhense do compositor João do Vale) e ijexá (Negrume da Noite, normalmente cantado no compasso do samba-reggae por intérpretes como Margareth Menezes e Virgínia Rodrigues).
A emocionante recriação de Negrume da Noite em ritmo de ijexá exemplifica a espiritualidade ancestral que exala das 14 faixas deste disco tão oportuno que fecha em grande estilo com Singrando em Mares Navios, samba-enredo que ajuda o disco a reerguer a ponte África-Brasil - essencial para a devida compreensão das origens da música do nosso país.
Mayer quer estreitar laços com o blues
No disco que lançou no ano passado com seu trio (Try, recém-editado no Brasil pela Sony & BMG), John Mayer (foto) se aproximou do blues e se distanciou da canção pop mais tradicional. É este caminho menos comercial que o compositor e intérprete do hit Your Body Is a Wonderland vai seguir em seu terceiro disco solo, Continuum.
A opção do guitarrista por uma música menos radiofônica já se reflete nas vendagens dos discos de Mayer. Enquanto Heavier Things (2003) contabilizou mais de 2,6 milhões de cópias nos Estados Unidos, Try (2005) estacionou em 228 mil unidades.
A opção do guitarrista por uma música menos radiofônica já se reflete nas vendagens dos discos de Mayer. Enquanto Heavier Things (2003) contabilizou mais de 2,6 milhões de cópias nos Estados Unidos, Try (2005) estacionou em 228 mil unidades.
CD reúne as canções de Ivan e Viáfora
Editado no Japão no ano passado, o CD Nossas Canções - A Parceria de Ivan Lins & Celso Viáfora (capa à direita) está sendo lançado esta semana no Brasil, com distribuição da EMI. Os parceiros apresentam três músicas inéditas. As novidades são Duas e Quinze (samba feito em tributo a São Paulo), Encontro dos Rios (tema feito por Ivan para a trilha do filme Dois Córregos e letrado posteriormente por Viáfora) e Todomundo, música inicialmente intitulada Esporte Clube Todomundo. Há também regravações inéditas de A Cor do Pôr-do-Sol (lançada por Ivan e recriada no CD em dueto pelos autores) e Deus de Deus (música apenas de Viáfora, solada por Ivan). Completam o repertório fonogramas (Emoldurada, Diplomação, Veneziana, Atlântida, Rio de Maio, Nada sem Você) extraídos dos dois últimos álbuns de Viáfora.
Estréia solo de Antunes volta em kit
Primeiro trabalho solo de Arnaldo Antunes, lançado em 1993, Nome volta ao mercado em kit de CD e DVD. Editado originalmente no formato de VHS, o vídeo foi remixado, remasterizado e teve restauradas as imagens de seus 30 clipes. Nos extras, há as letras (em português, inglês e espanhol) dos 30 poemas que inspiraram os clipes.
Nome foi o trabalho mais experimental da discografia solo de Antunes e, na época, rendeu também um livro. Tinha fortes ligações com a poesia concreta. Aos poucos, o som do cantor foi adquirindo um tom pop que ainda não existia em Nome. Então iniciando uma parceria com Antunes que iria se solidificar ao longo dos anos, Marisa Monte participa de Alta Noite, Carnaval, Cultura e Direitinho.
Nome foi o trabalho mais experimental da discografia solo de Antunes e, na época, rendeu também um livro. Tinha fortes ligações com a poesia concreta. Aos poucos, o som do cantor foi adquirindo um tom pop que ainda não existia em Nome. Então iniciando uma parceria com Antunes que iria se solidificar ao longo dos anos, Marisa Monte participa de Alta Noite, Carnaval, Cultura e Direitinho.
DVD de Ferdinand sai no Brasil em abril
A gravadora Trama anunciou hoje o lançamento, em abril, do primeiro DVD do Franz Ferdinand, Live (capa à direita). Fora os extras, que incluem karokês e documentário sobre a turnê do grupo escocês, o DVD duplo reúne 45 números de shows feitos pela banda em cidades de países como Bélgica, Escócia, Estados Unidos (Los Angeles e São Francisco) e Inglaterra. No repertório, músicas como Your Diary, Take me out, Auf Achse, Michael, This Fire e Jacqueline.
Vida de Marvin Gaye vai virar filme
A vida atribulada de Marvin Gaye (1939 - 1984) daria um filme. E Hollywood -que tem apostado em cinebiografias de falecidos ídolos da música depois do sucesso de Ray, longa-metragem sobre a trajetória folhetinesca de Ray Charles - percebeu isso. Enquanto o cantor de country Johnny Cash tem sua carreira e seu casamento com a cantora June Carter retratados em Walk the Line (Johnny & June, no título brasileiro), a capital mundial do cinema se prepara para pôr na tela os anos finais de Gaye, assassinado em 1984 por seu próprio pai.
Ainda sem previsão de estréia, o filme vai se chamar Sexual Healing - nome do último grande sucesso do cantor, de 1982 - e será protagonizado pelo ator Jesse L Martin, escolhido para encarnar o lendário e temperamental astro do soul. Outro projeto cinematográfico envolvendo biografias musicais é o filme sobre a vida de Nina Simone, que será interpretada na tela por Mary J. Blige.
Ainda sem previsão de estréia, o filme vai se chamar Sexual Healing - nome do último grande sucesso do cantor, de 1982 - e será protagonizado pelo ator Jesse L Martin, escolhido para encarnar o lendário e temperamental astro do soul. Outro projeto cinematográfico envolvendo biografias musicais é o filme sobre a vida de Nina Simone, que será interpretada na tela por Mary J. Blige.
DVD de áudio insatisfatório apresenta Santana em programa de TV de 2002
Resenha de DVD
Título: Live by Request
Artista: Carlos Santana
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * *
A gravadora Sony & BMG está editando no Brasil um DVD de Carlos Santana, Live by Request (capa à esquerda), no embalo da vinda do guitarrista mexicano ao Brasil, em março, para três shows agendados em Porto Alegre (dia 15, no ginásio do Gigantinho), São Paulo (dia 17, no estádio do Anhembi) e Rio de Janeiro (dia 18, na Praça da Apoteose). A gravação faz parte de coleção captada em programa de TV - no caso do vídeo do músico, em outubro de 2002. Mas o DVD não está à altura do artista. Primeiro, pela qualidade do som. Não há áudio 5.1, o que reduz sensivelmente o valor do DVD para quem tem um home theather. Segundo, pela edição econômica, sem extras. O conteúdo se resume aos 11 números apresentados por Santana no programa. Sim, alguns de seus grandes sucessos - Smooth (com adesão de Rob Thomas, o cantor do grupo Matchbox Twenty), Black Magic Woman e Oye Como Va - estão lá. Mesmo com áudio insatisfatório, o som que se ouve é azeitado. A banda mostra entrosamento. Mas Santana merece um DVD de edição mais caprichada.
Título: Live by Request
Artista: Carlos Santana
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * *
A gravadora Sony & BMG está editando no Brasil um DVD de Carlos Santana, Live by Request (capa à esquerda), no embalo da vinda do guitarrista mexicano ao Brasil, em março, para três shows agendados em Porto Alegre (dia 15, no ginásio do Gigantinho), São Paulo (dia 17, no estádio do Anhembi) e Rio de Janeiro (dia 18, na Praça da Apoteose). A gravação faz parte de coleção captada em programa de TV - no caso do vídeo do músico, em outubro de 2002. Mas o DVD não está à altura do artista. Primeiro, pela qualidade do som. Não há áudio 5.1, o que reduz sensivelmente o valor do DVD para quem tem um home theather. Segundo, pela edição econômica, sem extras. O conteúdo se resume aos 11 números apresentados por Santana no programa. Sim, alguns de seus grandes sucessos - Smooth (com adesão de Rob Thomas, o cantor do grupo Matchbox Twenty), Black Magic Woman e Oye Como Va - estão lá. Mesmo com áudio insatisfatório, o som que se ouve é azeitado. A banda mostra entrosamento. Mas Santana merece um DVD de edição mais caprichada.
Skank grava sexta parceria de Samuel e Nando em CD que terá pegada roqueira
O Skank (foto) incluiu no repertório de seu sétimo disco de inéditas - em fase de gravação, em Belo Horizonte (BH) - nova parceria de Samuel Rosa com Nando Reis. É a sexta vez que o grupo grava uma música feita por seu vocalista e guitarrista com o ex-titã. A parceria de Samuel e Nando já rendeu músicas como É uma Partida de Futebol (hit do CD Samba Poconé), Resposta (a balada de Siderado que sinalizou a virada do quarteto rumo a um som mais melódico), Ali (faixa do disco Maquinarama), Dois Rios (um dos sucessos de Cosmotron, criado pela dupla com Lô Borges) e Onde Estão? (faixa inédita da primeira compilação da banda, Radiola). Em tempo: o novo disco do Skank terá forte pegada roqueira.
Coldplay disponibiliza remixes de 'Talk'
O grupo inglês Coldplay já disponibilizou para download em seu site oficial dois remixes de Talk, música do último álbum da banda, X & Y. Os dois remixes, Thin White Duke Remix (feito pelo produtor Stuart Price) e Francois K Dub, foram lançados no novo single (à direita) do grupo, à venda somente no exterior, com capa similar à de X & Y. O endereço do site oficial do Coldplay é: http://www.coldplay.com
CD orquestral de Costello ganha bônus
Uma reedição turbinada do álbum The Juliet Letters (capa à esquerda) - lançado originalmente em 1993 por Elvis Costello em parceria com o The Brodsky Quartet - chegará às lojas dos Estados Unidos e da Europa entre 2o e 21 de março. Este trabalho orquestral de Costello com o quarteto de cordas voltará ao catálogo em formato de disco duplo. O primeiro CD traz a versão remasterizada do álbum original. O segundo vem com faixas-bônus raras e/ou inéditas. Entre os bônus, há releituras de músicas de Tom Waits (More than Rain) e Beach Boys (God Only Knows) - extraídas dos shows promocionais do disco. Outro bônus, inédito, é uma regravação de Pills and Soap, tema do próprio Costello, captada em 1995 num festival de Londres.
James Taylor compõe para novo álbum
Ídolo popular nos anos 70 por conta de suas canções agridoces, o cantor e compositor James Taylor (foto) já começou a criar o repertório de seu novo álbum. O autor e intérprete de sucessos como You've Got a Friend e Fire and Rain já trabalha na finalização de cinco músicas. O disco será seu primeiro trabalho desde October Road, título de 2002 que encerrou seu contrato com o selo Columbia, ligado à major Sony & BMG.
Sony colhe frutos da aposta em Vanessa
A volta consagradora do show Essa Boneca Tem Manual ao Rio de Janeiro - em festiva e lotada apresentação única no Canecão (RJ), na sexta-feira, 3 de fevereiro - ratificou o momento especial por que passa Vanessa da Mata (na foto, em clique de Leonardo Aversa) e provou que um bom remix, aliado ao poder de uma gravadora major, ainda tem bala na agulha para projetar uma artista em escala nacional.
Justiça seja feita: a Sony & BMG não desistiu da cantora mato-grossense e colhe merecidamente os frutos por seu investimento e por sua aposta dedicada. O CD Essa Boneca Tem Manual foi lançado em meados de 2004. Foram precisos dois anos e quatro faixas trabalhadas pela gravadora - Ainda Bem, Música, Eu Sou Neguinha? e Ai, Ai, Ai... - para que Vanessa realmente virasse um sucesso popular: amplo, geral e irrestrito.
Críticos de música (como o colunista) tendem a endeusar os selos independentes e a "demonizar" as gravadoras multinacionais. Mas é inegável o trabalho persistente da equipe da Sony para estourar Vanessa. A primeira música de trabalho, Ainda Bem, tocou bem, mas não chegou a ser de fato um hit. Bola na trave. A segunda, Música, também não empolgou nas rádios. Bola na trave. A terceira - a excelente releitura de Eu Sou Neguinha?, música lançada por seu autor Caetano Veloso em 1987 - ganhou clipe caprichado, mas tampouco chegou a acontecer fora do circuito que já conhecia e consumia o som de Vanessa. Bola na trave. Aí vieram os remixes de Ai, Ai, Ai... - cinco, no total. Um deles, Deep Lick Rádio Mix, foi parar na trilha da novela Belíssima com expressiva execução e, logo em seguida, invadiu as rádios. Gol!!!!!!!!!! Gol de placa!!!!!!!!!!!! Vanessa é um sucesso. Como ela sempre sonhou - e como chegou a admitir no palco do Canecão diante de uma platéia absolutante seduzida por sua alegre e jovial presença de palco - desde seu primeiro disco, Vanessa da Mata, obra-prima de 2002 que rendeu um hit tardio, Não me Deixe Só, hoje obrigatório nas apresentações da artista.
Tudo isso é para dizer que o sucesso de Vanessa da Mata é fruto de seu talento, mas também da persistência e dos métodos de uma gravadora multinacional - no caso, a Sony & BMG. Talento sem marketing costuma ser admirado por poucos. E isso é regra desde o começo da indústria fonográfica, quando a palavra marketing ainda nem constava dos dicionários.
P.S. O disco Essa Boneca Tem Manual tem Liminha demais. Mas o show Essa Boneca Tem Manual tem Fernando Catatau demais. E o guitarrista do grupo Cidadão Instigado fez um bem danado ao som de Vanessa da Mata...
Justiça seja feita: a Sony & BMG não desistiu da cantora mato-grossense e colhe merecidamente os frutos por seu investimento e por sua aposta dedicada. O CD Essa Boneca Tem Manual foi lançado em meados de 2004. Foram precisos dois anos e quatro faixas trabalhadas pela gravadora - Ainda Bem, Música, Eu Sou Neguinha? e Ai, Ai, Ai... - para que Vanessa realmente virasse um sucesso popular: amplo, geral e irrestrito.
Críticos de música (como o colunista) tendem a endeusar os selos independentes e a "demonizar" as gravadoras multinacionais. Mas é inegável o trabalho persistente da equipe da Sony para estourar Vanessa. A primeira música de trabalho, Ainda Bem, tocou bem, mas não chegou a ser de fato um hit. Bola na trave. A segunda, Música, também não empolgou nas rádios. Bola na trave. A terceira - a excelente releitura de Eu Sou Neguinha?, música lançada por seu autor Caetano Veloso em 1987 - ganhou clipe caprichado, mas tampouco chegou a acontecer fora do circuito que já conhecia e consumia o som de Vanessa. Bola na trave. Aí vieram os remixes de Ai, Ai, Ai... - cinco, no total. Um deles, Deep Lick Rádio Mix, foi parar na trilha da novela Belíssima com expressiva execução e, logo em seguida, invadiu as rádios. Gol!!!!!!!!!! Gol de placa!!!!!!!!!!!! Vanessa é um sucesso. Como ela sempre sonhou - e como chegou a admitir no palco do Canecão diante de uma platéia absolutante seduzida por sua alegre e jovial presença de palco - desde seu primeiro disco, Vanessa da Mata, obra-prima de 2002 que rendeu um hit tardio, Não me Deixe Só, hoje obrigatório nas apresentações da artista.
Tudo isso é para dizer que o sucesso de Vanessa da Mata é fruto de seu talento, mas também da persistência e dos métodos de uma gravadora multinacional - no caso, a Sony & BMG. Talento sem marketing costuma ser admirado por poucos. E isso é regra desde o começo da indústria fonográfica, quando a palavra marketing ainda nem constava dos dicionários.
P.S. O disco Essa Boneca Tem Manual tem Liminha demais. Mas o show Essa Boneca Tem Manual tem Fernando Catatau demais. E o guitarrista do grupo Cidadão Instigado fez um bem danado ao som de Vanessa da Mata...
Lisa Ono canta boleros em bossa nova
Cantora brasileira criada em Tokyo, Lisa Ono (foto) reúne alguns boleros clássicos em série de três CDs intitulada Romance Latino e gravada para o Japão. O primeiro volume, Los Boleros al Estilo de Bossanova, sai este no mercado nacional, licenciado pela Deckdisc. O subtítulo já dá a pista do conteúdo do disco, cujo repertório inclui boleros do quilate de Frenesí e Quizás, Quizás, Quizás, além de uma composição de Ono, Sueño Cristalino. Os outros dois volumes serão lançados no Brasil ao longo do ano. O segundo, apesar do subtítulo Baladas Románticas al Ritmo de Bossanova, traz também standards do bolero como Tu mi Delirio, Eclipse e Solamente una Vez. O volume três se chama Cuba Caliente y su Ritmo Sabroso.
Fernanda Porto entra na roda viva da folia baiana para reler Chico Buarque
Fernanda Porto sobe no trio elétrico de Daniela Mercury para mostrar sua releitura eletrônica de Roda Viva (Chico Buarque, 1968) à multidão que brinca o Carnaval nas ruas de Salvador (BA). A imagem está no extra Trio Eletrônico do terceiro DVD de Daniela, Baile Barroco (capa à direita), gravado na folia baiana de 2005 com câmeras de alta definição e recém-lançado com tiragem inicial de 20 mil cópias. O curioso é que, em algumas faixas de seu primeiro disco, Fernanda já evocava o estilo de Daniela.