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Sábado, Setembro 10, 2005

Marina chega aos 50 em forma?

Marina Lima completa 50 anos em 17 de setembro. É uma data redonda que faz pensar sobre os (des)caminhos de uma cantora e compositora tão importante na década de 80 (e na primeira metade da de 90). Nem um Acústico MTV - espécie de bote salva-vidas para artistas que estão se afogando comercialmente - conseguiu reabilitar Marina no mercado. Precedido por um fraco disco de inéditas, Setembro, o acústico saiu em 2003 sem grande repercussão.

Fisicamente, Marina chega aos 50 anos em forma. Parece que tem 40, no máximo. Mas a boa forma, por ora, não se estende à sua música e à sua voz, que nunca voltou a ser a mesma depois da crise de 1996. Seja como for, a cantora preparou de forma independente disco que reúne inéditas como O Mundo e seu Amor, Anna Bella (dedicada à artista plástica Anna Bella Geiger), Valeu e Entre as Coisas. A boa nova é que Marina voltou a compor de forma mais regular com seu mano poeta Antonio Cícero. Tomara que a dupla reedite a inspiração dos anos 80 - que resiste bem ao tempo, como atestou as recentes reedições dos discos da artista na década - e que o novo show de Marina (um espetáculo multimídia dirigido por Monique Gardenberg) seja o prenúncio de uma nova era.

DVD flagra Maria Rita no estúdio


A foto acima é um flagrante de Maria Rita em estúdio durante a gravação de seu novo disco, Segundo, nas lojas no dia 16 em edições simples e dupla. A imagem faz parte do DVD preparado pela Fuzo Produções com o making of do álbum. O DVD será vendido juntamente com o CD para quem preferir a edição dupla de Segundo. Dirigido por Bernardo Palmeiro, que acompanhou os dois meses de gravação do disco no estúdio Toca do Bandido, o vídeo traz cenas de bastidores como a que a cantora ensaia à luz de velas, com o pianista Tiago Costa, a faixa Sobre Todas as Coisas.

Cauby grava 'Negue' com Edith Veiga

Cantora paulista, em evidência nos anos 60 sobretudo por conta da repercussão popular de sua gravação do bolero Faz-me Rir, Edith Veiga prepara volta à cena com disco que traz a participação de Cauby Peixoto. O cantor faz dueto com Edith em Negue - sucesso de Adelino Moreira nas vozes de Nelson Gonçalves e Maria Bethânia (na foto, um flagrante dos cantores em estúdio durante a gravação). O repertório inclui inédita de Roberta Miranda, Há Anos me Olho no Espelho.

Com CD de inéditas no forno, Fátima Guedes revela outros tons de Jobim

Fátima Guedes (foto) concluiu dois discos em 2005. Um CD é de inéditas, se chama Óbvio e já está no forno, com lançamento previsto para o fim do ano. Traz repertório exclusivamente autoral da compositora (Ela, Ilusão, Hai Kai, Lilith, Lua de Cereja, A Vida que a Gente Leva), incluindo suas parcerias com Jorge Vercilo (Cartilha) e Eduardo Gudin (Sublime).

O outro álbum, Outros Tons, é trabalho de intérprete em que a artista reúne músicas obscuras da obra inicial de Tom Jobim - a maioria da fase pré-Bossa Nova. A seleção inclui Incerteza (1953), Faz uma Semana (1953), A Chuva Caiu (1956), Sonho Desfeito (1956), Luar e Batucada (1957), Pelos Caminhos da Vida (1959) e Olha pro Céu (1960).

Universal investe no Babado

Decidida a explorar o carisma de Cláudia Leite (foto), vocalista do grupo Babado Novo, a gravadora Universal vai investir pesado no lançamento do quarto disco da banda de axé, Diário de Claudinha, programado para novembro. A primeira música de trabalho, Bola de Sabão, já chega às rádios em outubro.
Sexta-feira, Setembro 09, 2005

O 'filme' irregular de Milton e Caetano

Apesar do caráter histórico, o show Milton e Caetano - que estreou ontem no Rio e vai ser gravado ao vivo em DVD quando a miniturnê nacional chegar em São Paulo - alterna altos e baixos. Culpa do repertório irregular. A idéia do roteiro - a de juntar somente canções compostas para o cinema, já que Caetano Veloso e Milton Nascimento se uniram neste projeto por conta da parceria retomada para a trilha do filme O Coronel e o Lobisomem - é boa, mas já foi utilizada com mais êxito em show dividido pelo mesmo Caetano com Gal Costa, em 1996.

A julgar por uma primeira audição, passível de julgamento precipitado, nenhum dos três temas inéditos feitos para o filme (Sereia, Perigo e Senhor do Tempo) está à altura do histórico dos compositores. Ainda que Milton já não exiba o vigor vocal dos áureos tempos (para Caetano, os anos parecem não ter passado...), o show cresce quando a dupla revive jóias do quilate de A Felicidade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Luz do Sol (Caetano Veloso), O Amor (Caetano, a partir de poema de Maiakovski) e Tigresa, única licença poética do roteiro, já que a música - mesmo não composta para cinema - foi inspirada em Sônia Braga, estrela do filme A Dama do Lotação, lembrado por Caetano com sua Pecado Original.

O problema é que há muitas canções dispensáveis - a maioria de Milton, como O País do Futebol, Menino Maluquinho e Tostão, tema do filme Tostão, A Fera de Ouro - apresentado apenas com vocalises por Caetano, Milton e Marina Machado. Sim, a cantora (protegida de Milton) tem participação excessiva no show, sendo que seu melhor momento é o solo de Someday my Prince Will Come, do desenho Branca de Neve. Neste número, Marina tira Milton para dançar. E repete o gesto com Caetano. Um sopro ao final evoca Miles Davis, trompetista que gravou o tema e despertou em Bituca o gosto pelo jazz.

Funciona bem também a inclusão de La Violetera, tema espanhol usado por Charles Chaplin em Luzes da Cidade e, décadas depois, revivido no filme Perfume de Mulher. No bis, ficou graciosa a versão de Rock Around the Clock, clássico de Bill Halley and His Comets, propagado pelo filme homônimo. Pena que, no número final, os dois se percam no ritmo sinuoso de Bye Bye Brasil, de Chico Buarque.

Enfim, o show é histórico, os arranjos são requintados, a banda está entrosada, mas o filme de Milton Nascimento e Caetano Veloso ainda precisa de ajustes para realmente entusiasmar a platéia - proeza que nem a infalível Paula e Bebeto conseguiu realmente fazer.

McCartney convence somente quando revisita o velho quintal dos Beatles


Resenha de disco
Título: Chaos and Creation in the Backyard
Artista: Paul McCartney
Gravadora: EMI
Cotação: * *

Paul McCartney já declarou que andou pensando muito em John Lennon ao compor as músicas do 20º disco de estúdio de sua carreira solo, Chaos and Creation in the Backyard, cuja bela capa traz foto de McCartney quando garoto, no quintal de sua casa. Parece que ele fez bem ao evocar o espírito de seu colega de banda, pois, no repertório irregular do CD, as melhores músicas são justamente as duas (Jenny Wren e English Tea) em que o ex-Beatle tenta reviver o tom de sua parceria com Lennon.

Esperava-se muito do álbum, pois ele marca o encontro do velho Maca com o produtor Nigel Godrich, que trabalha com nomes da cena moderninha como o grupo inglês Radiohead e o cantor americano Beck. Mas o fato é que o compositor deixa a desejar num disco com poucos rocks (Promise to You Girl, Fine Line) e muitas canções que mais parecem imitações baratas das jóias melódicas lançadas pelo astro nos anos 70 e 80. Chaos and Creation in the Backyard é álbum denso, íntimo e pessoal - mas, ainda que cresça no fim com as boas faixas This Never Happened Before e Anyway, não honra o passado e a pegada pop de sir Paul McCartney.

Trama lança 'Ensaio' de Gal em DVD

A gravadora Trama vai lançar um DVD com o registro de Gal Costa (na foto, em clique de Daniel Klajmic) no programa Ensaio - MPB Especial, dirigido por Fernando Faro para a TV Cultura. O programa foi gravado após o lançamento do disco O Sorriso do Gato de Alice (1993), na época do polêmico show homônimo, dirigido por Gerald Thomas em 1994. No programa, feito por Gal com a participação do violoncelista e produtor Jaques Morelenbaum, a cantora interpreta músicas como As Time Goes By (o clássico tema do filme Casablanca), Desde que o Samba É Samba (música de Caetano Veloso, lançada no disco Tropicália 2), Se É Tarde me Perdoa (Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli), Quando Bate uma Saudade (Paulinho da Viola), Canto Triste (Edu Lobo e Vinicius de Moraes), João Valentão (Dorival Caymmi), Meu Nome É Gal (Roberto e Erasmo Carlos), Baby (Caetano Veloso) e Olhos Verdes (sucesso de Dalva de Oliveira, regravado por Gal no disco Água Viva, de 1978).

Além deste vídeo histórico, a Trama obviamente vai gravar para posterior lançamento em DVD o novo show da cantora, com as músicas do recém-lançado disco Hoje.

Caixa com os discos internacionais do Rei deverá sair somente em 2006

Inicialmente prevista para dezembro, a última das cinco caixas da coleção Pra Sempre - com os discos gravados por Roberto Carlos (foto) para o mercado externo - deverá sair somente em 2006. Por conta da gravação de seu próximo disco (que este ano supostamente chegará ao mercado mais cedo, em outubro ou novembro), o Rei não tem tido tempo de supervisionar - e aprovar - o trabalho do produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes, responsável pela recuperação das capas e textos dos LPs originais. Mas o box Anos 90 - programado para setembro, pelo cronograma inicial da coleção - já está aprovado e sai ainda este ano.

Transformista vai gravar Chico

Artista transformista, Valéria acertou com Márcio Azevedo - diretor do musical Versos de Hollanda - sua participação no disco que Azevedo planeja com releituras da obra de Chico Buarque (na foto, num clique de Bruno Veiga). Valéria vai regravar Sob Medida, música popularizada em 1979 em gravações simultâneas de Simone e Fafá de Belém. A escolha de Valéria pode parecer inusitada, mas é coerente com a origem do bolero, composto por Chico para a trilha sonora do filme República dos Assassinos, cuja trama abordava o universo dos travestis.
Quinta-feira, Setembro 08, 2005

Protesto dos Titãs é populista

Já está chegando às rádios o primeiro single do projeto MTV ao Vivo dos Titãs (na foto, em clique recente de Daniela Dacorso). A escolha da gravadora Sony BMG recaiu sobre Vossa Excelência por conta da ampla divulgação pela mídia de qualquer música ou ato da classe artística que proteste contra os políticos envolvidos no escândalo do mensalão. Mas o protesto dos Titãs é decepcionante. Assinada por Charles Gavin, Paulo Miklos e Tony Bellotto, Vossa Excelência não está entre as músicas mais inspiradas dos Titãs. A letra é virulenta, mas esbarra num refrão populista cheio de xingamentos óbvios ("Filha da Puta! Bandido! Corrupto! Ladrão!"). Daria para esperar (muito) mais do grupo que lançou discos como Cabeça Dinossauro (1986) e Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987). E que no último álbum, Como Estão Vocês? (2003), mostrou mais contundência neste viés político em faixas poderosas como Vou Duvidar, KGB e A Guerra É Aqui.

Tem mais samba com Dorina

Tem Mais Samba é o título do quarto disco da cantora Dorina (foto). A rigor, o CD compila músicas dos dois primeiro álbuns da sambista (Eu Canto Samba e Samba.com) com o acréscimo de duas gravações novas - Só por Um Momento (Jorge Aragão) e Sempre Acesa (Luiz Carlos da Vila e Sombra) - e de faixa interativa com o clipe de Lama nas Ruas, música do terceiro trabalho de Dorina, Sambas de Almir. A compilação celebra os dez anos de carreira da artista e será lançada com show no Teatro Rival (RJ), na próxima quarta-feira, 14 de setembro.

Paralamas na pista e nas rádios


Chega hoje às rádios Na Pista, a música que puxa o novo disco do trio Paralamas do Sucesso, Hoje, nas lojas no fim do mês. No clipe da música, Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro guiam um Impala de 1958 pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro. Na foto de Márcia Moreira, um flagrante da gravação, feita na terça-feira, 6 de setembro.

DVD e CD ao vivo de Teresa Cristina soam redundantes porque são precoces


Crítica de disco (CD e DVD)
Título: O Mundo É meu Lugar
Artista: Teresa Cristina e Grupo Semente
Gravadora: DeckDisc
Cotação: * * *

Carreiras têm caminhado em marcha lenta, quando não ficam estagnadas, por conta da sede da indústria fonográfica por projetos ao vivo. O de Teresa Cristina, O Mundo É meu Lugar, foi lançado esta semana nos formatos de DVD (foto) e CD ao vivo. A cantora e compositora soa inevitavelmente redundante neste seu terceiro trabalho - simplesmente porque ainda era cedo para lançar um registro de show. Teresa tem apenas dois discos - o tributo duplo A Música de Paulinho da Viola e o autoral A Vida me Fez Assim - e se viu obrigada a rebobinar o repertório destes trabalhos, com algumas poucas novidades. Uma delas é a inédita Pra Cobrir a Solidão, parceria da compositora com Zé Renato. Trata-se de um tipo de samba mais interiorizado que evoca (de longe) a densidade da produção de Paulinho da Viola.

No mais, há sambas inéditos na voz da cantora - casos de Com a Perna no Mundo (do Gonzaguinha politizado dos anos 70) e de O Meu Guri, o pungente retrato da infância abandonada esculpido por Chico Buarque em 1978. Mas nem tudo seduz. Ainda tímida no palco, Teresa Cristina não é a intérprete mais talhada para apresentar os dramas buarquianos. Falta no seu registro de O Meu Guri a força e a emoção contidas nas gravações de Beth Carvalho e Elza Soares. Por isso mesmo, soa assustadora a notícia de que o próximo disco de Teresa poderá ser dedicado à obra de Chico, já tão vasculhada por cantoras mais intensas.

Apesar do caráter precoce deste projeto ao vivo, o saldo é positivo. O Grupo Semente é luxo só, o bom gosto do repertório é indiscutível e o DVD ainda traz, de quebra, o ótimo documentário Dona de Casa me Dá Licença, em que a cantora refaz sua trajetória artística.

Grupo Demônios da Garoa reencontra Fundo de Quintal na gravação de DVD


Com 60 ininterruptos anos de carreira (com várias formações), o grupo paulista Demônios da Garoa (foto) registra sua longevidade em DVD que será gravado na próxima quarta-feira, 21 de setembro, na casa Olympia, em São Paulo. A gravação conta com as adesões dos grupos Jeito Moleque (um dos expoentes do chamado pagode universitário), Fundo de Quintal (fiel representante do samba mais tradicional) e da bateria da escola de samba paulista Rosas de Ouro, que homenageou os Demônios no Carnaval de 1998 com o enredo Samba da Garoa. O DVD será lançado pela Band Music.

Embora sempre interessante pela junção do samba carioca com o paulista, o encontro do Fundo de Quintal com os Demônios da Garoa não é inédito. Quando gravou seu primeiro DVD (Fundo de Quintal ao Vivo Convida, 2004), o grupo carioca convocou o conjunto paulista para reviver Trem das Onze, clássico do compositor paulista Adoniran Barbosa, cujos sambas têm nos Demônios da Garoa seus mais fiéis intérpretes.
Quarta-feira, Setembro 07, 2005

Michael Jackson quer ajudar as vítimas do Katrina ou melhorar sua imagem?

Michael Jackson (na foto, num clique de Aaron Lambert, da AP) anunciou ontem em Los Angeles (EUA) que está compondo uma música em benefício das vítimas do furacão Katrina. From the Bottom of my Heart é o título da canção. Michael espera reunir na gravação astros da música - nos moldes do que ele e Lionel Ritchie fizeram em 1985, com o tema We Are the World, composto para arrecadar fundos para amenizar a fome na África.

A iniciatia é louvável, como a anterior. Mas 20 anos se passaram e a imagem de Michael Jackson já é outra. Se em 1985 ele era o intérprete do álbum mais vendido da história (Thriller, lançado em 1982), em 2005 ele vende poucos discos e luta para melhorar sua imagem, maculada por acusações de suposto abuso sexual de garotos menores de idade - das quais Michael se sagrou inocente na Justiça americana.

A questão é saber até que ponto Michael está sendo sincero na sua solidariedade ou se a decisão de compor a música para diminuir o sofrimento das vítimas do furacão - anunciada com pompa e circunstância através de seu agente - é mais uma estratégia de marketing para recuperar sua imagem, ainda afetada, apesar do veredicto de inocente. Haverá salvação na caridade para um astro cuja carreira saiu dos trilhos?

DVD capta Deep Purple em 1972 e 1973

A videografia digital do Deep Purple já é vasta no Brasil, mas fãs do grupo certamente vão querer ter o DVD Live in Concert 1972 / 1973 (capa à direita), editado esta semana pela EMI. A banda estava no auge e mostrou sua energia durante a turnê de lançamento do álbum Machine Head. O DVD traz nove números do concerto da turnê captado pelas câmeras (em preto e branco) em 1º de março de 1972, na Dinamarca - além de três números de outro show, filmado em cores em Nova York, em maio de 1973. Este set americano inclui o clássico Smoke on the Water.

A morte de Sebastião Braga, o homem que ousou desafiar o Rei na Justiça


Publicada na edição do jornal O DIA desta quarta-feira, 7 de setembro, a notícia da morte do cantor e compositor Sebastião Braga (na foto, em clique de Alexandre Brum) faz pensar. O Brasil desconheceria a existência de Braga caso ele não tivesse ousado processar Roberto Carlos e - mais do que isso - alardear na imprensa que o Rei teria plagiado o rock O Careta, lançado por Roberto em seu disco de 1987. De acordo com Braga, O Careta seria cópia de sua música Loucuras de Amor, que teria sido apresentada por um amigo a Eduardo Lajes, maestro de Roberto. O processo transitou durante 15 anos na Justiça e deu dor de cabeça ao Rei.

Por ironia, Braga saiu de cena aos 49 anos - no último dia 31 de agosto, vítima de parada cardiorespiratória na sua casa - sem ver o dinheiro de Roberto, com o qual fizera recente acordo na Justiça para receber R$ 200 mil (muito menos do que imaginava embolsar quando abriu o processo). Fica a impressão de que - mais do que dinheiro - Braga queria reconhecimento popular por seu trabalho. Não conseguiu nenhum dos dois em vida, embora provavelmente seus herdeiros verão, por direito, a cor do dinheiro real.

Carmen na voz de Roberta

Morta há 50 anos, em 5 de agosto de 1955, Carmen Miranda (foto) ganha homenagem da cantora Roberta de Recife. A filha do guitarrista Robertinho de Recife vai registrar em DVD e CD ao vivo o show Pra Sempre Carmen Miranda. A gravação está agendada para 14 de setembro, quarta-feira, na sala Baden Powell, no Rio. O repertório inclui sucessos como Adeus Batucada, Cidade Maravilhosa, Quando Eu Penso na Bahia, No Tabuleiro da Baiana, South American Way, O que É que a Baiana Tem? e Diz que Tem.

E por falar na Pequena Notável, Marília Pêra também vai encarnar a cantora em show no Teatro João Caetano, também no Rio.

Cauby grava DVD com Alcione

Como o anunciado DVD Vozes - gravado com Selma Reis em show no Teatro Rival (RJ) - ainda permanece inédito, Cauby Peixoto (foto) vai gravar outro DVD, acompanhado por orquestra regida pelo maestro Juarez Santana. A gravação acontece no palco da casa Olympia, em São Paulo, em 20 de setembro, com a participação especial de Alcione. O roteiro inclui standards do repertório de Cauby (Bastidores, New York New York e a inevitável Conceição) e da música brasileira (Emoções, As Rosas Não Falam, Andança).
Terça-feira, Setembro 06, 2005

Tremendo box carrega os 'anseios de liberdade' do jovem Erasmo Carlos


É mesmo um tremendo box como apregoa o slogan publicitário. A caixa em questão se chama Erasmo Carlos - O Tremendão, chega às lojas esta semana pela gravadora Sony BMG e repõe em catálogo os seis primeiros discos de Erasmo Carlos - gravados entre 1965 e 1970 pela extinta RGE. Em mais um cuidadoso trabalho de restauração fonográfica do pesquisador musical Marcelo Fróes, os discos ganham faixas-bônus extraídas de compactos. É o caso de Johnny Furacão, o então perdido lado B do compacto de Sentado à Beira do Caminho que entrou como bônus do disco Erasmo, de 1968.

"Essa caixa carrega os anseios de liberdade dos jovens daquela época", filosofou um entusiasmado Erasmo Carlos no auditório da loja carioca Modern Sound, no lançamento oficial do box. A época era a da Jovem Guarda, que completa 40 anos em 2005 - assim como o primeiro disco de Erasmo, A Pescaria, que traz como bônus as faixas Jacaré e Amor Doente.

"A Jovem Guarda representa o meu sonho. Foi o início de tudo para mim, foi quando eu concretizei o sonho do rock'n'roll. Fiz parte daquela revolução mundial e tenho lugar cativo na revolução brasileira. São músicas inocentes, puras, mas que representavam o desejo de ser livre", contextualiza Erasmo.

A rigor, a caixa Erasmo Carlos - O Tremendão traz somente dois títulos inéditos em CD. Trata-se de Erasmo Carlos (1967) e do supra-citado Erasmo (1968). Os demais quatro - A Pescaria (1965), Você me Acende (1966), O Tremendão (1967) e Erasmo Carlos & Os Tremendões (1970) - já haviam sido relançados nos anos 90 em box da RGE. O disco de 1970 é especialmente essencial. Naquele álbum, Erasmo começou a se desvincular do som pueril da Jovem Guarda e experimentou ritmos como o samba-rock.

"Este último disco da caixa foi o início da minha transição. É o que tem Coqueiro Verde... Já existia em mim uma necessidade de mudança que acabou coroada no disco seguinte, Carlos, Erasmo", explica o Tremendão.

Carlos, Erasmo foi o disco inicial da caixa Mesmo que Seja Eu, editada em 2002 pela gravadora Universal com os álbuns lançados por Erasmo entre 1971 e 1988. Com a nova caixa, a obra de Erasmo fica enfim integralmente editada em CD. E com a ironia de estes seis títulos iniciais saírem pela Sony BMG, a companhia que rejeitou o cantor nos anos 60, quando ainda se chamava Columbia.

"Eu era da Columbia com o meu grupo, Os Snakes. Mas aí o grupo acabou, eu fui ser crooner do Renato e seus Blue Caps e a CBS não me quis em carreira solo... Eles já tinham o Roberto Carlos naquele estilo... Tive que procurar outra gravadora. E passei por seis até chegar na RGE...", recorda Erasmo.

Águas passadas, o Tremendão recebe da gravadora que o recusou o mimo que lhe deixa feliz. "Estou em estado de graça! Essa caixa querida é o meu sonho que se tornou realidade...", baba o artista, dono de tremenda obra.

As inéditas de Milton e Caetano


Senhor do Tempo, Sereia e Perigo são as três músicas inéditas compostas por Caetano Veloso (à direita) e Milton Nascimento para a trilha sonora do filme O Coronel e o Lobisomem, de Maurício Farias. Os três temas são as maiores novidades da miniturnê nacional que os dois artistas apresentam no Canecão (RJ) desta quinta-feira, 8 de setembro, a domingo. O show - que será gravado para gerar DVD e CD ao vivo - seguirá para São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG).

Com 26 números, o roteiro do show está centrado em músicas feitas para o cinema. "Somos ligados ao cinema desde o início de nossas carreiras", ressalta Milton. Uma curiosidade do repertório é Rock Around the Clock, o clássico do grupo Bill Halley & The Comets. "Essa música marcou a minha geração. Foi o primeiro filme de rock que eu vi", contextualiza Caetano.

Outra surpresa é Someday my Prince Will Come, tema do desenho A Branca de Neve. "Meu primeiro contato com o jazz foi através de um disco de Miles Davis que trazia esta música", justifica Milton.

Live 8 sai em quatro DVDs

O megaconcerto Live 8 - que reuniu em 2 de julho nomes como Coldplay, Dido, Elton John, Madonna, Paul McCartney, Robbie Williams, Stevie Wonder e U2, entre muitos outros - vai sair em DVD quádruplo. O lançamento está agendado para 7 de novembro. Os três primeiros DVDs trazem basicamente números dos concertos realizados em Londres e Filadélfia (EUA), além dos momentos mais importantes dos shows feitos simultaneamente em outras sete cidades. O quarto DVD é formado essencialmente por extras, incluindo documentários sobre o Live 8.

Funk Como Le Gusta inclui rara de Tim e a inédita 'Tutti Funk' no primeiro DVD


O grupo paulista Funk Como Le Gusta (foto) vasculhou o baú de Tim Maia e extraiu de lá uma música obscura do Síndico, Chora Grande, incluída pela banda em seu primeiro DVD, gravado em São Paulo na Choperia do Sesc Pompéia. Dirigido por Eduardo Teiman, o vídeo será lançado pela gravadora ST2. No cardápio, além da raridade de Tim, há a inédita Tutti Funk e hits do grupo- como 16 Toneladas, Somos do Funk, Latina e Funk de Bamba, entre outros.

Kuarup adere ao DVD com Chico Lobo

Gravadora independente, criada em 1977 com catálogo forte na área da música ruralista, a Kuarup estréia no mercado de DVDs com Viola Popular Brasileira (capa à direita), gravado ao vivo pelo violeiro Chico Lobo em show na cidade de São João Del Rey, em Minas Gerais. Lobo toca congados, reisados e, claro, modas de violas em recital que contou com as adesões de Xangai e Pena Branca. Saudade Matadeira, Batuque de Viola, Beira de Mato e Boi Carreador são alguns números do DVD.
Segunda-feira, Setembro 05, 2005

Macalé afirma parceria com Waly

Chega enfim às lojas esta semana, via Biscoito Fino, o disco Real Grandeza (capa à esquerda), em que Jards Macalé reúne suas parcerias com o poeta Waly Salomão. O CD conta com as adesões de Maria Bethânia (na semi-inédita Berceuse Crioulle, lançada pela cantora em seu show Tempo Tempo Tempo Tempo), Adriana Calcanhotto (em Anjo Exterminado), Frejat (voz e guitarra em Mal Secreto), Luiz Melodia (em Negra Melodia, faixa que conta ainda com Domenico, Kassin e Pedro Sá) e do grupo Vulgue Tolstoi (em Vapor Barato). Em participação póstuma, Waly recita a letra da inédita Olho de Lince. "Este CD não é homenagem nem tributo, mas, sim, a afirmação de uma parceria vitoriosa iniciada em 1967", define Macalé no texto de apresentação do CD.

Plebe negocia seu sexto CD

Líder e mentor da Plebe Rude (foto), Phillippe Seabra avisa ao colunista, via e-mail, que o sexto disco do grupo foi masterizado (por Ricardo Garcia) e já está sendo negociado para chegar ao mercado em breve. No CD, o primeiro de inéditas da Plebe desde 1993, o quarteto recebe a adição de Clemente (dos Inocentes) nos vocais e grava músicas como Mil Gatos no Telhado, Remota Possibilidade e Katarina - além de recuperar a antiga Vote em Branco, dos tempos em que os plebeus dividiam o palco com o Aborto Elétrico, em Brasília (DF).

Carol Saboya registra 'Nova Bossa' em DVD em show dirigido por Moska

Filha do pianista Antonio Adolfo, Carol Saboya grava seu primeiro DVD em show dirigido por Moska (foto). A gravação acontece nesta terça-feira, 6 de setembro, no Teatro do Leblon. Intitulado A Nova Bossa, o show conta com as participações de Marcos Valle, Rildo Hora e do grupo Os Cariocas. Marcos Valle fará duetos com Carol em Seu Encanto e Ao Amigo Tom, parcerias suas com o irmão Paulo Sérgio Valle. Dirigido por Daniel Rocha, o DVD trará também no repertório músicas de Tom Jobim (Olha pro Céu, Só Tinha de Ser com Você), Dorival Caymmi (Milagre) e Baden Powell e Vinicius de Moraes (Pra que Chorar?).

Kate Bush volta à cena com 'Aerial'

Afastada do mercado fonográfico desde 1993, quando lançou o disco The Red Shoes, a cantora inglesa Kate Bush (foto) prepara sua volta com o álbum Aerial, programado para novembro. O primeiro single, King of the Mountain, será lançado em 24 de outubro. Em fins dos anos 70, Bush fez sucesso mundial - inclusive no Brasil - com a música Wuthering Heights. Nunca mais voltou ao topo da parada, mas é artista de prestígio. Daí a expectativa em torno do lançamento de Aerial.

M.I.A. é tão hype quanto chata, embora ponha até funk carioca no seu rap


Resenha de disco
Título: Arular
Artista: M.I.A.
Gravadora: Sum Records
Cotação: * *

Incluída entre as (já confirmadas) 34 atrações do Tim Festival 2005 (agendado para 21, 22 e 23 de outubro, no Museu de Arte Moderna, no Rio), M.I.A. tem seu disco de estréia editado no Brasil pela Sum Records. M.I.A. é uma rapper nascida em Londres, mas criada entre Sri Lanka e Índia. Seu pai foi guerrilheiro do exército estudantil e usava o codinome Arular - título deste CD da artista. Bem, lá fora, M.I.A. já virou hype, mas seu disco não justifica tanto culto em torno dela. M.I.A. faz um rap aditivado com beats eletrônicos (especialmente os do eletro), batidas tribais, pitadas de dancehall e até funk carioca. Sim, a faixa Bucky Done Gun tem citação de Injeção, gravação de Dayse Tigrona produzida pelo DJ Marlboro. A mistura é, de fato, incomum - bem mais do que a temática das politizadas letras, muitas inspiradas na experiência de seu pai nas guerrilhas. Parece interessante, mas, na real, faixas como Pull Up the People e Fire Fire são chatas. Como enfadonho é, no todo, este superestimado CD Arular.
Domingo, Setembro 04, 2005

Bruce conta histórias em DVD

Chega às lojas neste mês de setembro, em embalagem digipack, o DVD que registra recente participação de Bruce Springsteen no programa VH1 Storytellers. O cantor conta histórias de seu início de carreira, recorda músicas antigas, apresenta o repertório de seu último CD, Devils & Dust, e conversa com os fãs. As perguntas dos fãs e as respostas de Bruce estão nos extras do vídeo, editado pela Sony BMG.

Flea toca no CD de Tracy


Sem nunca ter igualado o êxito de seu álbum de estréia, editado em 1988, Tracy Chapman lança em 13 de setembro um novo disco, Where You Live (capa acima). Baixista da banda Red Hot Chili Peppers, Flea toca em três faixas. Change, Talk to You, Taken, Before Easter e Never Yours são algumas das 11 músicas do CD.

Ana Martins se apóia em Nara


Resenha de disco
Título: Samba Sincopado
Artista: Ana Martins
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * *

Filha de Joyce, Ana Martins já tem três discos editados no Japão, todos produzidos por Kazuo Yoshida, um apaixonado pela música brasileira. Samba Sincopado é o primeiro que sai no Brasil - via Biscoito Fino - e revela cantora afinada, porém de timbre banal, sem qualquer traço de originalidade. O charme do CD está na idéia de reunir sambas extraídos do rico universo musical de Nara Leão, cantora que, depois de encarnar a 'musa da Bossa Nova', teve papel fundamental nos anos 60 ao gravar esquecidos sambistas do morro (Zé Kéti, Cartola, Nelson Cavaquinho) e compositores iniciantes como um tal Chico Buarque de Hollanda e um tal de Paulinho da Viola.

À moda antiga, sem as modernidades eletrônicas de sua irmã Clara Moreno, Ana revisita com reverência o repertório de Nara. Elton Medeiros faz dueto com ela em Quatro Crioulos. Vale destacar ainda Maria e Maria Joana, dois temas de Sidney Miller, um dos autores preferidos de Nara. De Chico, Ana selecionou Homenagem ao Malandro e a obscura Madalena Foi pro Mar. E ainda tem músicas de Paulinho da Viola, Zé Kéti, Baden Powell, Francis Hime... Nara sabia escolher repertório. Foi intérprete visionária e Ana apenas se apóia no bom gosto da saudosa colega neste disco que marca sua estréia no mercado nacional.

Junio Barreto sem Maria Rita

A ausência do compositor pernambucano Junio Barreto (foto) no segundo disco de Maria Rita mostra que a filha de Elis Regina tem mesmo personalidade. Ao ouvir o primeiro CD de Junio (lançado de forma independente em 2004 e apresentado a ela por Lenine, produtor de seu novo álbum), Rita se encantou com a faixa Santana e quis regravá-la. Só que, coincidentemente, a mesma música já havia sido escolhida por Gal Costa e cedida com exclusividade à diva tropicalista por Junio. O compositor ficou de fazer uma inédita para Maria Rita. Se fez, não conseguiu impressionar tanto a artista como com Santana. Segundo, o novo CD de Rita, chega às lojas sem música de Junio Barreto. Quem sabe no terceiro...

A popularização de Ana Carolina

De acordo com dados da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos), a coletânea dedicada à Ana Carolina (foto) na série Perfil - coleção editada pela Som Livre a partir de 2000 - já contabiliza 320 mil cópias vendidas. É um número expressivo em tempos de pirataria nos camelôs e downloads na internet e que reafirma a popularidade crescente de Ana Carolina. Tudo indica que a cantora viva momento similar ao de Adriana Calcanhotto em 2000, quando uma compilação de Calcanhotto - também editada na série Perfil e também propagada com insistência em comerciais da Rede Globo - vendeu mais de 500 mil cópias, logo depois de o disco ao vivo Público ter alcançado cifra semelhante.

O sucesso de Ana foi solidificado com o lançamento de seu terceiro disco, Estampado. Editado em agosto de 2003, o CD estouraria no ano seguinte por conta do sucesso da faixa Encostar na Tua nas rádios e na trilha da novela Celebridade. Resta saber se a cantora vai manter o pique de vendas em seu próximo álbum, previsto para 2006. Ana está querendo mexer um pouco na sua fórmula. Unimultiplicidade, a música contra o mensalão feita com Tom Zé, já é um passo nessa direção. Mas seu dueto com Maria Bethânia na balada Solidão - lançada por Sandra de Sá em 1986 - surpreendeu a platéia de recente show no Canecão e mostra que dificilmente Ana Carolina se desviará completamente da trilha romântica que lhe garante fã-clube fiel. E que se traduz em ótimas vendas de discos...
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