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Sábado, Outubro 15, 2005

Taviani permanece na sombra de Ana Carolina em precoce projeto ao vivo

Resenha de disco
Título: Ao Vivo
Artista: Isabella Taviani
Gravadora: Universal
Cotação: * *

As tonalidades vermelhas da capa do segundo disco de Isabella Taviani traduzem o perfil da artista no palco. Taviani é uma cantora e compositora quente. Em cena, chega muitas vezes a soar over - como fica claro neste seu precoce projeto ao vivo - fruto do sucesso do primeiro CD da cantora, editado em 2003 pela pequena gravadora Green Songs. Isabella Taviani, o disco de estréia, emplacou em algumas rádios cariocas de perfil adulto faixas como Foto Polaroid, Digitais e De Qualquer Maneira. A surpreendente repercussão deste álbum acabou motivando a gravadora Universal a contratar a artista para fazer este Ao Vivo, gravado no Canecão (RJ) em 15 e 16 de julho.

Taviani tem sido associada a Ana Carolina - e não somente por este colunista. O estilo passional de suas composições lembra as de Ana e tem cativado fiel fã-clube feminino, responsável pelo tom caloroso desta gravação ao vivo. O estilo teatral de suas interpretações também evoca o canto viril da colega. Só que Taviani perde na comparação, pois, como autora, não é tão inspirada como Ana. Suas canções são repetitivas - e as duas inéditas do CD, Sentido Contrário e Último Grão, não alteram este quadro (o DVD trará uma terceira inédita, Argumento Ineficaz). Como cantora, ela passa do ponto e soa quase sempre over.

O fato é que Taviani ainda permanece na sombra de Ana Carolina - ainda que tenha bons momentos. Atrevida (1980) - homenagem a Simone, intérprete original da música de Ivan Lins e Vítor Martins - é um deles. A releitura delicada da canção mostra que Taviani ganha quando abaixa o tom. Tem que Acontecer é outro momento inspirado, com seu arranjo de acento flamenco. E ainda vale destacar Medo da Chuva. O sucesso de Raul Seixas em 1974 reaparece em clima roqueiro, com guitarras em primeiro plano.

Enfim, Isabella Taviani tem seus méritos e enfrenta o palco com garra. Vai acabar trilhando seu próprio caminho. Mas ainda não é neste irregular Ao Vivo que vai se livrar das justas comparações com Ana Carolina.

João Donato lança seu primeiro DVD

Donatural é o título do primeiro DVD (capa à esquerda) de João Donato. Gravado em janeiro, em show no Espaço Cultural Sérgio Porto (RJ), o vídeo chega às lojas nos próximos dias e reúne nomes da MPB como Ângela RoRo (em Simples Carinho), Emílio Santiago (em Vento no Canavial), Gilberto Gil (em A Paz e em Bananeira), Joyce (em E Vamos Lá e em Sambou, Sambou) e Leila Pinheiro (em Até Quem Sabe e em E Muito Mais), além do DJ Marcelinho da Lua e do rapper Marcelo D2.

Donato apresenta músicas recentes - como Balança (com participação de Marcelo D2) e Lá Fora (com adesão de Marcelinho da Lua) - e recria sucessos como Lugar Comum, A Rã, Gaiolas Abertas e Nasci para Bailar, entre outros. Quem põe o DVD no mercado é a gravadora Biscoito Fino.

Daniela posa de porta-bandeira da escola de samba Beija-Flor em seu novo clipe

Com direção de Lírio Ferreira, cineasta responsável por filmes como Baile Perfumado, o novo clipe de Daniela Mercury é inspirado no mito de Penélope e apresenta a cantora vestida de porta-bandeira da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. A música que motivou o vídeo é Topo do Mundo (Jauperi /Gigi), faixa lançada nas rádios pela EMI em 11 de outubro para promover o décimo-primeiro disco solo da artista baiana, Balé Mulato. No clipe, gravado no Morro dos Prazeres (RJ), Daniela interpreta uma costureira num barracão da escola, à espera de seu amado. Enquanto sonha com a volta de seu namorado, preso na cadeia, ela costura seu vestido de porta-bandeira.

Fred Martins reedita segundo CD com inédita e releitura de música do Rappa

Autor inspirado de Novamente e Flores, músicas gravadas respectivamente por Ney Matogrosso e Zélia Duncan, o cantor e compositor Fred Martins está reeditando seu segundo CD, Raro e Comum - lançado em 2003 de forma independente e quase imperceptível, após a conturbada saída do artista da DeckDisc, gravadora para a qual o disco foi originalmente feito.

Raro e Comum - que conta com a adesão de Zélia em A Música em Mim e com a de Ney na faixa-título - está chegando efetivamente às lojas pelo selo MP,B (Maior Prazer, Brasil) com duas faixas além das 11 originais. As novidades são uma releitura no estilo voz & violão de O Que Sobrou do Céu (música do repertório do Rappa, regravada pelo grupo em seu Acústico MTV com a participação de Maria Rita) e Do Corpo, música feita por Fred com seu novo parceiro, o letrista Francisco Bosco. Coincidentemente, a mesma Maria Rita selecionou para seu recém-lançado CD Segundo uma inédita parceria de Fred e Bosco, Sem Aviso.

Fred Martins despontou no mercado em 1999 - com a inclusão de Novamente por Ney Matogrosso em seu disco Olhos de Farol - e confirmou seu talento como compositor com o lançamento de seu primeiro CD, Janelas, editado em agosto de 2001.

Pedro e Thiago vão do forró ao country em disco que traz a voz de Leonardo

Os primos Pedro & Thiago formam um trio com o cantor Leonardo - respectivamente, pai e tio dos rapazes - em Águas do Tempo, faixa do recém-lançado quarto CD da dupla. Em busca do estouro que não veio nos discos anteriores, eles migram do pop adolescente para o sertanejo em repertório que transita entre forró (O Preço da Desilusão) e country idealizado para animar rodeios (Sapatiô, Sapatiô) - sem esquecer, claro, a veia sentimental em faixas como Doces Palavras e Sintoma do Amor.
Sexta-feira, Outubro 14, 2005

Rappa capricha nos arranjos de seu acústico, mas as duas fracas inéditas sinalizam que Yuka ainda faz falta

Resenha de disco
Título: O Rappa Acústico MTV
Artista: O Rappa
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

Muita água rolou por debaixo da ponte do Rappa entre o lançamento do primeiro disco ao vivo do grupo carioca (Instinto Coletivo, editado em 2001 com precária qualidade técnica) e este Acústico MTV. O mar não esteve para peixe sobretudo em 2002 com a saída turbulenta de Marcelo Yuka da banda. O letrista e mentor da ideologia do Rappa saiu batendo a porta e sua ausência foi sentida no álbum seguinte do quarteto, O Silêncio Q Precede o Esporro (2003). A produção era requintada, mas o repertório deixava transparecer que parte da ideologia do grupo tinha se perdido. Ainda assim, o disco foi bem no mercado e abriu caminho para a gravação deste acústico em parceria com a MTV.

Bem, as duas fracas inéditas - Não Perca as Crianças de Vista e o samba-rock Na Frente do Reto, que mais parece um rascunho dos temas suingantes de Jorge Ben Jor no gênero - sinalizam que o futuro do Rappa ainda pode ser incerto a longo prazo, em que pesem as alegadas 260 mil cópias vendidas de O Silêncio Q Precede o Esporro. Mas, verdade seja dita, o CD é bom. O Rappa novamente caprichou nos arranjos, urdidos com inusitado arsenal de instrumentos que inclui campainhas, craviolas, peças indianas, um gramofone (em destaque no belo projeto gráfico) e a rabeca de Siba. Integrante do grupo pernambucano Mestre Ambrósio, Siba é convidado da versão meio dub de Homem Amarelo e de Mitologia Gerimum (faixa exclusiva do DVD).

A outra convidada - ninguém menos do que Maria Rita - dá ainda mais peso ao projeto. O dueto da cantora com Falcão em Rodo Cotidiano é empolgante. Rita ainda participa de O Que Sobrou do Céu - outro número disponível somente no DVD. Porém, mais do que a voz potente da filha de Elis, o que revigora o repertório é a energia da banda e a sua capacidade de descartar hits em favor de 'lados B' de uma obra que ainda esconde jóias no baú. É o caso de Brixton, Bronx ou Baixada - tema do primeiro disco (O Rappa, 1994) que soa revigorado, como se fosse novo.

Citação de Marvin Gaye (em Cristo ou Oxalá, faixa exclusiva do DVD), intervenções no compasso do rap (Lado B, Lado A) e o uso inteligente das campainhas (em Pescador de Ilusões) exemplificam o caráter requintado da produção do acústico do Rappa - assinada pela banda e por Carlos Eduardo Miranda. Não deixa de ser uma forma esperta de disfarçar a falta da ideologia firme de Marcelo Yuka.

Clapton publica suas memórias em 2007

Eric Clapton (foto) agendou para 2007 a publicação de sua biografia, escrita pelo próprio artista em parceria com Christopher Simon Sykes. De acordo com os editores, as memórias de Clapton traçarão um painel franco de sua trajetória artística e pessoal. Ainda sem título, o livro chegará ao mercado na mesma época em que a Warner Music planeja lançar caixa com gravações raras do guitarrista.

Por ora, o artista - que acabou de pôr nas lojas o disco Back to Home - está de volta ao Cream e lança esta semana DVD e CD ao vivo com registro de show feito pelo power trio em Londres, em maio deste ano.

Ensaios de Tim e Gal chegam ao DVD

Continuando com a série de DVDs com gravações do programa Ensaio, iniciada no ano passado com o vídeo que resgatou a ida de Elis Regina em 1973 ao programa de Fernando Faro, a gravadora Trama lança em novembro DVDs com as participações de Tim Maia e Gal Costa. O de Tim (capa à esquerda) foi gravado em 1992. Entre uma piada e outra, o Síndico recorda os primeiros passos na música ao lado de Roberto e Erasmo Carlos nos anos 50 e a fase em que descobriu o soul nos Estados Unidos na década de 60, além de cantar sucessos como Gostava Tanto de Você (1973), Do Leme ao Pontal (1982), O Descobridor dos Sete Mares (1983), Vale Tudo (1983) e Um Dia de Domingo (balada que gravou com Gal Costa em 1985).


E por falar em Gal, seu DVD na série Ensaio (capa à direita) - também previsto para novembro - registra sua ida ao programa no início de 1994, na época do show O Sorriso do Gato de Alice. O número mais atípico do repertório cantado por Gal no programa é O Largo da Lapa, samba de Wilson Batista e Marino Pinto. Mas o DVD traz o primeiro registro na voz de Gal de Quando Bate uma Saudade, samba lançado por Paulinho da Viola em 1989 no disco Eu Canto Samba. A música integrou o roteiro do show O Sorriso do Gato de Alice, mas o polêmico espetáculo nunca mereceu (infelizmente) um registro em CD ou VHS. Outro destaque é Se É Tarde me Perdoa, parceria de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli.

Hackers roubam faixa do novo disco de Madonna e botam a música na rede

Até então disponível somente em trechos de péssima qualidade técnica, a música Hung Up - que puxa o novo álbum de Madonna (foto), Confessions on a Dance Floor, nas lojas em novembro - vazou ontem na rede. O single já pode ser ouvido integralmente na internet graças à ação de hackers. O arquivo foi roubado do site da filial francesa da rede Fnac, que iria disponibilizar Hung Up para venda online (em MP3) a partir da próxima semana, juntamente com outros sites autorizados pela Warner Music. Consta que os diretores da loja e da gravadora - bem como a própria Madonna - ficaram realmente surpresos com o vazamento da faixa, bem dançante.

Olivia Hime reedita CD 'O Fio da Meada' com parceria rara de Chico e Francis

A Biscoito Fino está reeditando o disco O Fio da Meada (capa à esquerda) - gravado em 1985 por Olivia Hime e lançado originalmente pela Som Livre, com versão em italiano de Trocando em Miúdos, intitulada Dividersi I Resti na letra escrita por Sergio Bardotti, compositor que já havia trabalhado na Itália com Chico Buarque (parceiro de Francis Hime na música) entre 1969 e 1970.

Aliás, o repertório destaca outra parceria de Chico com Francis, a pouco conhecida Maravilha, faixa que trazia o violão luxuoso de Raphael Rabello. Dori Caymmi participa do disco, fazendo dueto com Olivia em duas composições de seu pai, Dorival (Requebre que Eu Dou um Doce e Vestido de Bolero).

Apesar de a Biscoito Fino ter posto um adesivo na capa em que anuncia tratar-se da primeira reedição em CD de O Fio da Meada, este bom título da discografia de Olivia Hime já tinha sido relançado em 1994 pela Som Livre, mas numa reedição descuidada, sem o capricho da atual.
Quinta-feira, Outubro 13, 2005

Elvis em ritmo de bossa nova

João Suplicy (foto) vai regravar o repertório de Elvis Presley em ritmo de bossa nova. O produtor do disco será Roberto Menescal, um dos compositores mais identificados com a velha bossa.

A obra de Elvis, aliás, foi alvo também do interesse de Roberto Carlos. O cantor incluiu Loving You - balada gravada pelo astro americano em 1957 - em seu próximo álbum, previsto para novembro.

Em 'Catching Tales', Cullum adiciona timbres elétricos à receita pop jazzy

Resenha de disco
Título: Catching Tales
Artista: Jamie Cullum
Gravadora: Universal
Cotação: * * *

Jamie Cullum foi uma das sensações do mercado fonográfico em 2003 com seu primeiro álbum de projeção mundial, Twenty Something. Na época, aos 24 anos, o cantor e pianista inglês foi apontado como uma versão jovial de Frank Sinatra pelo repertório que mesclava músicas autorais e alguns standards como I Get a Kick out of You. Em Twenty Something, que vendeu 2,5 milhões de cópias no mundo todo e saiu no Brasil em 2004, Cullum descartou o jazz mais ortodoxo de álbuns anteriores como Pointless Nostalgic - editado com repercussão restrita ao circuito londrino de jazz - e investiu na fórmula pop jazzy que projetara sua colega americana Norah Jones. Pois é esta receita que Cullum segue com fidelidade no recém-lançado Catching Tales, com a devida adição de timbres elétricos e eletrônicos. Ele inclusive toca guitarra no CD.

Cullum respeita os standards da vez. I Only Have Eyes for You e I'm Glad There's You são rebobinados com reverência - o primeiro num clima quase bossa-novista. Mas o jovem astro nunca soou tão pop. A balada London Skies poderia estar num disco de uma banda de BritPop. E o que se ouve em temas como Photograph é um pop de ambiência jazzy - exatamente como o feito por Norah Jones - só que com uma pulsação eventualmente mais elétrica, como em Get your Way, faixa em que Cullum concilia voz, piano e guitarra. Enfim, Catching Tales foi idealizado para ser um campeão de vendas como seu antecessor. E provavelmente não irá decepcionar os executivos da gravadora do jovial ídolo.

Neta de Dorival, Alice Caymmi prepara CD em que canta o avô em ritmo de rock

A terceira geração da família Caymmi chega ao mercado fonográfico. Aos 15 anos, a cantora Alice Caymmi - filha de Danilo e neta de Dorival Caymmi (foto) - prepara disco em que regrava algumas músicas de autoria do avô em ritmo de rock. A produção do CD está a cargo dos gêmeos pernambucanos Keops & Raony. Os irmãos acabaram de lançar o primeiro álbum, O Fim da Trégua, com o nome artístico de Medulla.

Rush resume 30 anos em DVD e prepara reedições de vídeos da década de 80

Cultuado ainda hoje por sua mistura de rock pesado e progressivo, o trio canadense Rush (foto) resume 30 anos de sucesso em DVD e CD ao vivo gravados na Alemanha, em 24 de setembro. R30 Live in Frankfurt chega às lojas em novembro, pegando como gancho as três décadas do lançamento do álbum que projetou o Rush, Fly by Night (1975), o primeiro gravado com o baterista Neil Peart. Mas, a rigor, o grupo se formou ainda nos anos 60 e editou em 1973 o disco Rush, feito de forma independente.

R30 Live in Frankfurt sairá no formato de DVD e CD duplos. Além das 22 músicas do show, o DVD trará no segundo disco imagens raras da carreira do Rush - como um flagrante da passagem de som de um show de 1980.

E por falar em anos 80, os fãs do trio podem ir economizando desde já: em 2006, vídeos lançados pelo Rush em VHS naquela década - como Exit Stage Left, Grace Under Pressure e A Show of Hands - serão reeditados em DVD. O grupo é um dos campeões de vendas no formato. Lançado em 2003, o DVD Rush in Rio (gravado na última passagem do trio pelo Brasil) liderou as paradas americanas e européias.

Compilação dupla lembra virtuosismo de Baden como violonista e como autor interpretado por vozes do quilate de Elis

Em 2003, a Universal encaixotou 13 álbuns gravados por Baden Powell (1937-2000) entre 1959 e 1972. Ainda em catálogo, a coleção é ideal para fãs interessados em ouvir mais detalhadamente a obra áurea do violonista. Para fãs sem condições de pagar entre R$ 250 e R$ 300 pela caixa, uma boa introdução ao universo musical do violonista é a compilação dupla A Bênção Baden Powell (capa à direita), editada recentemente pela Universal.

O CD 1, Violão Vadio, reúne 16 temas tocados por Baden. Entre eles, Samba Triste, O Astronauta, Lapinha e o pouco conhecido Choro para Metrônomo (em registro ao vivo). Já no CD 2, Samba da Benção, a obra de Baden é ouvida nas vozes de intérpretes como Cyro Monteiro (Formosa), MPB-4 (Amei Tanto e Apelo, com Vinicius de Moraes e Quarteto em Cy), Os Cariocas (Veja Lá), Emílio Santiago (Última Forma), Alcione (Pra que Chorar?), Leny Andrade (Consolação) e, claro, Elis Regina (Vou Deitar e Rolar, Falei e Disse, Aviso aos Navegantes e Canto de Ossanha) - a intérprete que mais reverenciava e enobrecia a música de Baden Powell.
Quarta-feira, Outubro 12, 2005

Moraes mistura rap, beats eletrônicos e ritmos nordestinos em grande disco

Resenha de disco
Título: De Repente
Artista: Moraes Moreira
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * *

Como bem lembra Zeca Baleiro em texto escrito para apresentar este novo CD de Moraes Moreira, o velho baiano andou fazendo nos anos 90 salutares experiências rítmicas em grandes discos que não tiveram a merecida repercussão comercial. O Brasil Tem Con&erto (álbum de 1994 em que Moraes usou texturas eruditas) e Estados (1996) são dois destes grandes álbuns, lembra o colunista. A essa discografia digna, gravada sem concessões à banalidade da axé music, o cantor acrescenta outro esplêndido título, De Repente, trabalho em que adere ao rap e aos beats eletrônicos sem prejuízo da efervescência dos ritmos nordestinos - não fossem o repente e a embolada tios-avós do discurso falado do hip hop...

A qualidade do repertório e a maestria das fusões põem o disco entre os melhores do cantor. A começar por Baião D2, obra-prima que reverencia o rapper Marcelo D2 e traz vocalises de Ivete Sangalo. Outro destaque é Palavra de Poeta. Trata-se da mesma Palavra gravada por Maria Bethânia em 1990 no disco 25 anos, mas Moraes inseriu versos que citam escritores e poetas no compasso do rap. E temperou o refrão com um molho que fica entre o maracatu e o samba-reggae. Irresistível!

As fusões dão o tom do CD. Povo Brasileiro mistura frevo com rap. O mesmo frevo da folia pernambucana ganha levada típica do trio elétrico baiano em Quem Tem Suingue, futuro hit carnavalesco na previsão do próprio autor. Há ainda o Rap da República - com versos engajados que historiam os fatos políticos mais marcantes da recente cena brasiliense - e uma canção de amor, Pra Vida Inteira, de caráter mais banal. Moraes já pisou com mais firmeza no terreno romântico...

Para quem já lançou um disco chamado 500 Sambas, nada mais justo do que reverenciar o ritmo carioca em Na Glória do Samba, faixa que tem citação inteligente do clássico tema Na Glória. Enfim, Moraes Moreira completa três décadas de carreira solo em grande forma. De repente, na surdina, fez um dos grandes discos de 2005 - moderno, mas sem nunca soar modernoso.

Jerry festeja reedição de sua discografia entre recordações de fases boas e más


Aos 58 anos, Jerry Adriani (foto) é um dos nomes associados eternamente às velhas tardes de domingo em que Roberto Carlos mandou tudo para o inferno. Justamente por conta dos festejos pelos 40 anos da Jovem Guarda, Adriani tem sua discografia áurea reeditada novamente pela Sony & BMG, detentora dos 16 discos gravados pelo cantor na extinta CBS entre 1964 e 1980. Destes 16 títulos, 13 estão sendo repostos em catálogo - com capas e fichas técnicas originais - em série de reedições avulsas mais ampla do que a produzida pelo mesmo pesquisador Marcelo Fróes em 1998.

Certamente por questões contratuais, três títulos - Italianíssimo (1964), Um Grande Amor (1965) e Esperando Você (1968), todos já reeditados em coleções anteriores - foram excluídos do atual pacote. A ausência mais sentida é a do álbum de 1965, que trouxe Querida, um dos maiores hits da discografia do cantor. Desfalques à parte, a coleção é festejada por Adriani como se fosse a primeira reedição de sua obra em CD.

"Essas coleções dos 40 anos da Jovem Guarda são produtivas para nossas carreiras e para um público que continua ávido por nossos discos. E é também uma oportunidade de passar o conhecimento dessa obra para outras gerações", disse Adriani, em meio ao burburinho do evento armado na noite de terça-feira, 11 de outubro, pela Sony & BMG na livraria Argumento, no Rio, para oficializar e festejar a chegada dos 13 discos às lojas - em tiragens reduzidas de 1.100 cópias, cada um.

O clima festivo não impediu Jerry de recordar boas e más fases de sua longa permanência na antiga CBS. No começo, tudo foram flores. O adolescente criado no Brás (SP) dominava bem o italiano e fez sucesso ao gravar dois discos no idioma de seus avós - um deles, Credi a me (1964), incluído na coleção. Em 1965, foi chamado às pressas para pôr voz num repertório idealizado inicialmente para o cantor Jorge Silva e começou a gravar em português uma série de discos com o acompanhamento do conjunto Renato & seus Blue Caps. "O Evandro Ribeiro (um dos executivos da CBS) sentiu que a turma do iê-iê-iê estava forte e que algo ia acontecer", lembra Jerry.

O acontecimento foi o estouro da Jovem Guarda e Jerry entrou na onda. São dessa época dourada Devo Tudo a Você (disco de 1966 que emplacou o hit Ninguém Poderá Julgar-me), Vivendo sem Você (álbum de 1967 que fez sucesso com Quem Não Quer, versão de Rossini Pinto para Black Is Black) e Dedicado a Você (outro disco de 1967, gravado às pressas).

Com o fim da Jovem Guarda, Jerry Adriani tentou transição para repertório mais adulto e romântico - nos moldes da feita com êxito por Roberto Carlos. Essa fase foi iniciada sem sucesso com o disco Jerry Adriani (1969) e teve continuidade nos anos 70 com três discos produzidos por ninguém menos do que Raul Seixas. Foi no terceiro, Pensa em mim (1971), que Jerry gravou seu maior sucesso da década (Doce, Doce Amor - hit associado erroneamente por muitos fãs ao apogeu da Jovem Guarda).

A partir de 1972, os sucessos foram rareando para Jerry e a turma da Jovem Guarda. "A gente começou a sentir a barra mesmo na segunda metade da década de 70. O rádio se transformou com o advento do FM e - com exceção do Roberto, que ampliou seu reinado porque soube fazer a transição - a gente que era da Jovem Guarda começou a ser execrado", recorda o cantor.

Não por acaso, a discografia de Jerry começa a ficar mais espaçada a partir de 1973, ano em que lançou o disco Jerry Adriani - seguido por outros três títulos homônimos editados em 1975, 1977 e 1980. Todos relançados este mês para reconstituir a trajetória de Jerry Adriani.

Cinco finalistas disputam na rede contrato com a Sony & BMG

Criado pelo produtor Bruno Levinson, o festival Oi Tem Peixe na Rede já anunciou os cinco semifinalistas que concorrem a um contrato com a gravadora Sony & BMG para a gravação e edição de um disco. Os cinco transitam entre o pop e o rock. Três são do Rio de Janeiro. Os outros dois, de São Paulo. São eles: o trio carioca Besouro Zorah (com a música Menina Anfetamina), o quinteto carioca Canastra (com Diabo Apaixonado), o angolano-paulista Dr. Spinoza (nome artístico do guitarrista de blues Nuno Mindelis, concorrente com Tenho Medo), a cantora e guitarrista carioca Kátia Dotto (com Go Tell) e o quarteto paulista Luxúria (com Ódio).

As músicas de Kátia Dotto e Besouro Zorah foram eleitas por voto popular dentre as 804 inscritas. Já Canastra, Dr. Spinoza e Luxúria foram nomes escolhidos pela comissão julgadora do festival. Foram computados 60.922 votos únicos. A eleição continua. Que vença o melhor!!

Daniela mistura frevo, rhythm and blues e samba de roda no seu 'Balé Mulato'

Parte do repertório do décimo-primeiro CD solo de Daniela Mercury (foto), Balé Mulato, é assinada pela própria cantora. A compositora arrisca até um rhythm and blues, Sem Querer. Outra novidade do disco é o frevo Água do Céu, composto por Daniela em parceria com Jorge Zarath. O repertório inclui também Olha o Gandhy Aí - sucesso da cantora no Carnaval baiano deste ano - e uma versão acústica de Quero Ver o Mundo Sambar, música já gravada pela artista em seu último CD, Carnaval Eletrônico, e recriada em Balé Mulato com a participação do grupo vocal baiano Banda da Boca.

A versão de Aquarela do Brasil - o clássico de Ary Barroso - ganhou sotaque nordestino e virou quase um samba de roda com ritmo marcado por berimbau. Já a balada Pensar em Você, de Chico César, foi regravada apenas com piano e arranjo de cordas de Lincoln Olivetti. Por sua vez, a canção Tonelada de Amor tem a adesão do autor Márcio Mello no vocal e na guitarra.

Com 14 faixas produzidas por Ramiro Musotto, Balé Mulato traz também no repertório as músicas o samba-reggae Eu Queria, Amor de Ninguém (Jorge Papapa), Meu Pai Oxalá (de Toquinho & Vinicius), Nem Tudo Funciona, Topo do Mundo (eleita a faixa de trabalho, de autoria de Jauperi e Gigi), Levada Brasileira (Pierre Onasis e Edílson) e o samba-reggae Balé Popular (também de autoria de Onassis e Edílson). O lançamento do CD está previsto inicialmente para o fim do mês, com distribuição da EMI Music.

Latino finaliza disco de inéditas criadas com 'influência' do estouro do reggaeton

Ainda no embalo do sucesso de sua Festa no Apê, hit que ressuscitou sua carreira fonográfica, Latino (foto) já finaliza CD de estúdio, com repertório inédito, criado sob influência do estouro do reggaeton - a explosiva mistura porto-riquenha de reggae, rap, dancehall e ritmos latinos que contagiou os EUA e a América Latina.

A faixa que vai puxar o novo disco de Latino é Maria Gasolina, música composta no tom apimentado do repertório. Apesar do título remeter ao reggaeton Gasolina (hit do rapper Daddy Yankee, gravado no álbum Barrio Fino, já editado pela Universal no mercado nacional), Maria Gasolina é inédita e de autoria do cantor brasileiro. O CD tem lançamento agendado para novembro, via EMI.
Terça-feira, Outubro 11, 2005

Marcel Powell herda talento de Baden

Resenha de disco
Título: Aperto de Mão
Artista: Marcel Powell
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * *

Em menos de meia hora de música (para ser exato, 29 minutos e 34 segundos), tempo de duração do CD Aperto de Mão, Marcel Powell mostra que talento musical, em alguns casos, parece ter caráter hereditário. O disco em questão é o segundo solo do violonista, filho de ninguém menos do que Baden Powell (1937 - 2000). Aos 23 anos, Louis Marcel Powell já tem no currículo dois CDs gravados com seu saudoso pai e um álbum solo feito para o Japão. Produzido por outro violonista extraordinário, João de Aquino, Aperto de Mão é seu primeiro disco individual editado no mercado nacional, pela independente Rob Digital, gravadora em ascensão no mercado.

É óbvio que Marcel não é um gênio revolucionário como Baden, mas impressiona vê-lo executando o frevo Evocação Nº 1 (Nelson Ferreira) ou o samba Essa Maré (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza). Nestas duas faixas, percebe-se que ele reedita o toque alucinado de seu pai, homenageado com lirismo em Saudades de Baden, tema de autoria do jovem violonista.

Como compositor, Marcel não soa tão grandioso quanto violonista. Daí o acerto do repertório, formado majoritariamente por regravações da lavra de autores tão díspares como Johnny Alf (Rapaz de Bem, totalmente remodelado no toque de Marcel), Noel Rosa (Último Desejo) e João Bosco (o bolero Desenho de Giz, composto com Abel Silva). Marcel é do tipo que sabe reinventar um tema com propriedade e sem jogar nota fora. A faixa-título, por exemplo, em nada lembra o samba-canção original, sucesso de Isaura Garcia em 1943. No caso de Louis Marcel, qualquer semelhança musical com Baden Powell não é mera coincidência.

MTV apresenta Cordel em DVD

Sucesso na cena indie, o grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado chega ao DVD em parceria com a MTV. Gravado em julho, em apresentação do show A Trajetória da Terra na Casa das Caldeiras, em São Paulo (SP), o DVD MTV Apresenta Cordel do Fogo Encantado (capa à esquerda) chega às lojas esta semana com 25 números. O repertório - extraído basicamente dos dois primeiros discos do grupo - inclui as inéditas Cavaleiros da Ordem do Deserto, Louco de Deus, Tambores do Fogo e Morte e Vida Stanley.

DVD revive última turnê do Pink Floyd

Chega ao DVD em 5 de dezembro, via EMI, Pulse - o registro da última turnê mundial do grupo Pink Floyd, realizada em 1994 para promover o álbum The Division Bell. O concerto foi originalmente lançado em VHS, em 1995. Ao material do vídeo original, foi acrescido - entre outros bônus - o documentário Goodbye to Life as We Know It, com imagens inéditas da banda na estrada.

Sepultura lança DVD em novembro e agenda para 2006 disco de inéditas inspirado na 'Divina Comédia' de Dante

Com CD de inéditas previsto para 2006 (gravado desde o início do ano, com inspiração no livro medieval A Divina Comédia, do escritor italiano Dante Alighieri), o grupo Sepultura lançará em novembro o DVD e o CD Live in São Paulo. Gravado em abril, o projeto ao vivo da banda conta com as adesões de João Gordo e de B Negão. O repertório é formado por sucessos como Roots Bloody Roots, Bullet the Blue Sky, Propaganda e Biotech Is Godzila, entre outros. Além do show, o DVD traz clipes e um documentário sobre a trajetória do quarteto mineiro.

As SuperNovas de Ivete Sangalo

Esta é a capa do sexto disco solo de Ivete Sangalo, As SuperNovas. A cantora baiana posou para a foto em cima de uma moto, numa referência às capas das coletâneas editadas nos anos 70 e 80 com hits estrangeiros das paradas da época. O repertório inclui cover da lambada Chorando se Foi (sucesso do efêmero grupo Kaoma, já regravado por Fafá de Belém em 1989), mas é basicamente inédito. Fiel à axé music, sem esquecer das canções românticas, Ivete gravou músicas como Abalou, Poder, Pra Sempre Ter Você, A Galera, Eh! Maravilha, Zum Zum Ê, Cadê Você?, Quando a Chuva Passar, Na Bahia e MegaBeijo. Nas lojas no fim do mês (em tese, no dia 25), o CD tem faixas de tempero carinbenho e traz ainda a releitura da cantora para Soy Loco por Ti America, feita para a trilha da novela América.
Segunda-feira, Outubro 10, 2005

Roberto regrava balada de Elvis

Balada gravada por Elvis Presley (foto) em 1957, Loving You é uma das surpresas do próximo disco de Roberto Carlos - nas lojas possivelmente em fins de novembro (apesar de previsto inicialmente para setembro). O CD traz também no repertório a guarânia Índia (gravada em 2002 para um abortado disco sertanejo e lançada este ano na trilha da novela Alma Gêmea) e a canção A Volta (destaque da trilha da novela América).

Biscoito Fino reedita 'Tim Maia Racional'

Gravados e lançados por Tim Maia entre 1974 e 1975, quando o Síndico pertencia à seita Universo em Desencanto, os dois volumes do disco Tim Maia Racional deixarão de ser raridades encontradas somente nos sebos, em edições piratas. A Biscoito Fino acertou com os herdeiros do cantor o lançamento da primeira edição oficial em CD deste atípico trabalho da discografia de Tim. O repertório destacou Que Beleza (música regravada por Gal Costa em 1998 no disco Aquele Frevo Axé) e O Caminho do Bem (tema incluído na trilha do filme Cidade de Deus). Para editar os dois discos nos anos 70, Tim criou sua própria gravadora, Seroma, batizada com as iniciais de seu nome de batismo (Sebastião Rodrigues Maia).

Ainda em forma, King adere à fórmula dos duetos no disco dos seus 80 anos


Resenha de disco
Título: 80
Artista: B.B. King & Friends
Gravadora: Universal
Cotação: * * * *

Tudo bem, os discos de duetos já foram devidamente banalizados pela indústria fonográfica. Mas este 80 - idealizado para festejar as oito décadas de vida do guitarrista e bluesman B.B.King - cativa. Primeiro, porque o rei ainda está em espantosa forma. Segundo, porque o time de convidados (Eric Clapton, Roger Daltrey, Mark Knopfler, Elton John, Sheryl Crown, John Mayer e até Gloria Estefan) soa em sua maioria afinado com o espírito do blues de King. A começar por Van Morrison, convidado de Early in the Morning, faixa que abre o disco em grande estilo.

Em 80, King se mostra fiel ao blues - ainda que deixe sua festa terminar em clima de rock'n'roll, com incendiária versão ao vivo de Rock This House, gravada com Elton John. E ainda que transforme Hummingbird numa balada melodiosa com o auxílio de John Mayer. Mas trata-se de um disco de blues. E Clapton se mostra à vontade no gênero com seus solos em The Thrill Is Gone. Da mesma forma que Sheryl Crown dá show de interpretação em Need your Love so Bad. O que até redime o artista de ter convidado a deslocada Gloria Estefan...

Antonio Maria na voz de Nat King Cole

Duas raras gravações em português de Nat King Cole - Suas Mãos (Antonio Maria e Pernambuco) e o samba Não Tenho Lágrimas (Milton de Oliveira e Max Bulhões) - são os únicos atrativos da nova e oportunista coletânea do cantor, Nat King Cole e seus Grandes Sucessos no Brasil (capa à esquerda), idealizada pela EMI para o mercado nacional.

O CD reproduz no encarte as letras das 13 faixas, mas omite as datas das gravações e - exceto pelos dois curiosos registros em português do saudoso astro americano, incluídos como bônus - nada acrescenta às duas últimas coletâneas do cantor editadas pela EMI, Love Songs (2003) e The World of Nat King Cole (2005). Vale ressaltar que a última saiu este ano, há poucos meses - o que ratifica o caráter mercenário desta nova compilação.

Capital documenta Aborto na MTV

Um documentário sobre a importância do Aborto Elétrico - filmado em parceria com a MTV -será lançado em DVD quase simultaneamente ao disco em que o Capital Inicial resgata o repertório do grupo brasiliense integrado por Renato Russo (foto) entre 1978 e 1982. O vídeo documenta também as gravações do novo álbum da banda de Dinho Ouro Preto.

O CD já está inteiramente gravado e já tem música de trabalho escolhida pela gravadora Sony & BMG: a inédita Love Song One, composta por Russo (1960 - 1996) em 1981. Entre as pérolas do repertório do Aborto Elétrico, o Capital Inicial selecionou e registrou Heroína, Helicópteros no Céu, Submissa, Benzina, Anúncio de Refrigerante e Construção Civil - todas inéditas até então - além de hits já gravados pela Legião Urbana e pelo próprio Capital (Música Urbana, Fátima, Que País É Este?, Veraneio Vascaína, Química e Ficção Científica).
Domingo, Outubro 09, 2005

Urdida com lirismo, trilha de 'Hoje É Dia de Maria' carece das imagens da série


Resenha de disco
Título: Hoje É Dia de Maria 2
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

A segunda jornada da microssérie Hoje É Dia de Maria - no ar, pela Rede Globo, de terça-feira (11 de outubro) a sábado (15) - é ainda mais musical do que a primeira e tem sua narrativa cantada pelos atores através de 44 temas compostos por Tim Rescala, com versos escritos por Luiz Fernando Carvalho (diretor do programa) e Luís Alberto de Abreu. Os temas estão reunidos no CD Hoje É Dia de Maria 2, nas lojas no fim do mês em edição da Som Livre, feita com capricho, no embalo dos elogios colhidos pela temporada inicial da série.

Rescala compôs a música com base nas tradições das cantigas e cirandas do cancioneiro popular brasileiro. Mas, na segunda jornada, adicionou referências como as operetas e os cabarés de Kurt Weill. O resultado é uma trilha urdida com lirismo, mas que, no CD, carece das imagens gravadas pelo diretor Luiz Fernando de Carvalho para o vídeo. Do elenco, apenas Rosa Marya Colin é cantora profissional - e sua superioridade vocal é nítida quando Colin defende o tema Pela Primeira Vez. Mas o que conta, no caso, não é o virtuosismo vocal dos intérpretes. Interessa mais é contar a narrativa através da música.

Rodrigo Santoro explora tons operísticos em temas como Espalhar Nosso Canto, mas se sai melhor quando entoa, em singelos duetos com a atriz mirim Carolina Oliveira (a Maria), cantigas como O Amor Há de Ser Guia. Com mais preparo vocal, Letícia Sabatella (a Alonsa da segunda temporada) enfrenta bem o caliente tom flamenco de Mis Besos.

No vídeo, tudo há de ficar ainda mais lírico e bonito. Mas vale saudar a iniciativa de editar o CD com a trilha da segunda jornada de Hoje É Dia de Maria. A música torna a saga de Maria ainda mais cativante.

Preta Gil reúne inéditas de Calcanhotto, Davi, Sandra e Moraes no segundo disco

Preta Gil lança este mês seu segundo disco, Preta (capa à direita), pelo selo Geléia Geral, de seu pai, Gilberto Gil. O CD traz no repertório músicas inéditas de Adriana Calcanhotto (Vá Lá, parceria da compositora gaúcha com o baixista Dé Palmeira), Sandra de Sá (Estágio do Perigo, feita com o antigo colega Macau) e Moraes Moreira (Leva Eu pro Samba, faixa arranjada por Rildo Hora). Preta também canta Valeu, de Pedro Luís.

Autor da música de trabalho (Medida do Amor, incluída também no disco em versão remixada pelo DJ Marlboro), Davi Moraes produziu a faixa Tresloucados, mas quem assina a produção da maioria das músicas do CD é Beto Aguiar. Uma das exceções é a releitura intimista de Cheiro de Amor (música lançada por Maria Bethânia no disco Mel, de 1979) - extraída de uma fita demo produzida por Tom Capone.

O CD abre com Muito Perigoso, de Gigi. Ari Moraes assina O Beat. Já Gustavo Di Dalva e Bohgan Costa são os autores de Bateu Saudade, faixa arranjada por Lincoln Olivetti. Há ainda a regravação de Eu e Você, Você e Eu, hit do Carnaval baiano.

O primeiro disco de Preta Gil, Prêt-à-Porter, saiu em 2003 pela Warner Music e chegou a emplacar uma faixa nas rádios (Sinais de Fogo, de Ana Carolina e Totonho Villeroy), mas acabou chamando mais atenção pelas fotos do encarte - em que Preta aparecia nua - do que pelo bom repertório. Erro que Preta corrigiu neste segundo disco. Ela aparece vestida no álbum...

Judeus repudiam música de Madonna

Antes mesmo de chegar às lojas, em novembro, o novo disco de Madonna, Confessions on a Dance Floor (capa à esquerda), já é motivo de discórdia religiosa. Parte da comunidade judaica está repudiando a faixa Isaac, que remete a um judeu do século 16, Yitzhak Luria, estudioso da cabala. O rabino Rafael Cohen denunciou ao jornal Israeli Maariv a insatisfação dos judeus com a música do CD. De acordo com Cohen, a cantora - que se tornou estudiosa e praticante da cabala, além de ter visitado Israel no ano passado - está querendo se promover ao contar a história de Luria no novo disco. Na faixa, a voz de um outro rabino, Yitzhak Sinwani, aparece mixada ao vocal da cantora.

Não é a primeira polêmica religiosa da diva. Criada como católica, Madonna já teve problemas com os cristãos no vídeo de Like a Prayer, faixa-título de seu disco de 1989. No clipe da música, a cantora ia à Igreja rezar e acabava seduzindo um santo negro, que ganhava dimensão humana e dançava com a material girl. Na época, com medo de represálias da comunidade católica, a Pepsi cancelou o patrocínio da turnê do álbum e tirou do ar um anúncio em que sua marca era associada a Madonna.

Sony reedita novamente obra de Jerry

No embalo das comemorações pelos 40 anos da Jovem Guarda, a Sony & BMG reedita os álbuns gravados por Jerry Adriani (foto) na companhia, entre 1964 e 1980, com capas originais, ficha técnica e - em alguns discos - faixas-bônus extraídas de compactos da época do LP original.

Embora o infomativo oficial da companhia anuncie a reedição de 13 títulos, o cantor gravou 16 discos na antiga CBS / Columbia. São eles: Italianíssimo (1964), Credi a me (1964), Um Grande Amor (1965), Devo Tudo a Você (1966), Vivendo sem Você (1967), Dedicado a Você (1967), Esperando Você (1968), Jerry Adriani (1969), Jerry (1970), Jerry Adriani (1971), Pensa em mim (1971), Jerry (1972), Jerry Adriani (1973), Jerry Adriani (1975), Jerry Adriani (1977) e Jerry Adriani (1980).

Os álbuns da fase da Jovem Guarda já foram reeditados em CD, mas alguns títulos da década de 70 permaneciam inéditos no formato digital. Para festejar as novas reedições, o cantor faz show na Livraria Argumento, no Leblon (RJ), na terça-feira, 11 de outubro.

Arantes compõe com Max Viana

Guilherme Arantes (foto) é o novo parceiro do cantor e guitarrista Max Viana. Arantes pôs letra em melodia do filho de Djavan. Disque Sim ganha gravação de Viana e provalvemente estará também no próximo disco de inéditas de Arantes, previsto para 2006. O autor de Coisas do Brasil, aliás, retomou sua parceria com Nelson Motta, com quem compôs Chega de Saudade 2005 e Vai e Vem (Amor de Carnaval).
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