Sábado, Fevereiro 25, 2006
Sexta-feira, Fevereiro 24, 2006
Quinta-feira, Fevereiro 23, 2006
Quarta-feira, Fevereiro 22, 2006
Terça-feira, Fevereiro 21, 2006
Resenha de show
Título: Vertigo Tour
Artista: U2
Local: Estádio do Morumbi (SP)
Data: 20 de fevereiro
Cotação: * * * *
Se os endiabrados Stones soltaram os demônios na Praia de Copacabana, o U2 fez brilhar o espírito sagrado de seu rock no primeiro dos dois shows da passagem da turnê Vertigo pelo Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP). A imagem de Jesus Cristo pregado na cruz - no terço deixado por Bono Vox ao microfone, ao fim de 40, o tema inspirado no Salmo 40 que foi o último dos 23 números - simbolizou com perfeição o clima messiânico da apresentação. O grupo irlandês fez sua oração em forma de rock. E o público ouviu as súplicas feitas por seu Senhor, Bono, em letras humanitárias. E orou, seja repetindo com devoção o refrão de Pride (In the Name of Love), seja iluminando a platéia com a luz de seus celulares na emocionante One. "Para vencer a pobreza, todos temos que trabalhar e agir como um só", pregou Bono (na foto acima, clicado por Guto Costa).
Foi um espetáculo de luzes, cores e som como poucas vezes visto no Brasil. Desde o primeiro número, City of Blinding Lights, Bono regeu a platéia escorado na guitarra cortante de The Edge. "Oi, galera! Agora é a nossa vez!", saudou o cantor antes de apresentar Elevation, numa referência ao fato de os Stones terem eletrizado Copacabana dois dias antes.
Em sua vez, o U2 fez um show com o tom politizado que caracteriza sua obra desde o lançamento do disco War, a obra-prima de 1983 que fez o mundo conhecer jóias como Sunday Bloody Sunday (um dos números em que Bono parecia realmente orar no palco do Morumbi) e New Year's Day (já reconhecível aos primeiros acordes do piano tocado por The Edge). O êxtase da platéia diante da visão de seu Messias esquentou até números mais frios como Until the End of the World.
Foi em forma de oração que o público cantou sozinho os versos que batizam a balada I Still Haven't Found What I'm Looking for - número a que se seguiu breve momento profano no qual Bono puxou a letra da velha marchinha carnavalesca: "Ai, ai, ai... Está chegando a hora...". Claro que o público completou os versos animada e espontaneamente. Mas o dia não estava raiando e ninguém tinha que ir embora. Ainda. Havia tempo para Bono exorcizar os demônios de sua relação com o pai em Sometimes You Can't Make It on your Own, para protagonizar com Edge o instante folk do show (Stuck in a Moment, com Edge se acompanhando ao violão e explorando os falsetes de sua voz) e para assumir em Love and Peace or Else a parte da bateria estrategicamente posicionada na passarela que se estendia do palco rumo à platéia.
No bloco mais politizado de um show que transpirou política, Sunday Bloody Sunday precedeu Bullet the Blue Sky (número teatral em que Bono fechou seus olhos com uma bandana para caminhar cego pela passarela) e Miss Saravejo - uma das orações mais belas, em cujo fim o telão exibiu, em português, trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em Pride (In the Name of Love), Bono citaria os países da América Latina sem esperar uma vaia para a Argentina - efeito de rixas futebolísticas.
Os riffs empolgantes de Where the Streets Have no Name seriam o prenúncio do fim, com One. Mas um bis farto - com Zoo Station, The Fly, Misterious Ways e With or Without You (com direito a fã puxada da platéia para o palco) - prolongou a missa. Um segundo bis, com a elétrica All Because of You, preparou a platéia para a comunhão final, em 40. Para o público que lotou o Morumbi ou que viu o show pela televisão, como o colunista, Bono Vox foi Deus na noite histórica de 20 de fevereiro.
Segunda-feira, Fevereiro 20, 2006
Domingo, Fevereiro 19, 2006
Resenha de show
Título: A Bigger Bang World Tour
Artista: Rolling Stones
Local: Praia de Copacabana (RJ)
Cotação: * * * *
Foi (quase) somente rock'n'roll, com eventuais blues e uma ou outra balada, mas eu gostei. Na noite de sábado, 18 de fevereiro, os Rolling Stones mostraram em show histórico na Praia de Copacabana, para público estimado em um milhão de pessoas, que o rock ainda sobrevive muito bem sem rap, sem bases programadas por DJs, sem toques de world music, enfim, sem qualquer aditivo que não faça parte de sua árvore genealógica. Quando a guitarra de Keith Richards reproduziu o riff incendiário de I Can't Get no (Satisfaction) (1965), com Mick Jagger vestido com camisa estampada com a Bandeira Nacional na qual se lia 'Brasil - Rio de Janeiro', a Bigger Bang World Tour começou a se despedir do Rio após show antológico e coeso em seus 20 números (apesar dos pequenos intervalos entre um e outro...). Um espetáculo grandioso que deverá render um belo DVD!
Jagger e Cia. já entraram no palco dizendo a que veio. O primeiro bloco do show, enxuto e roqueiro, foi dinamite pura com seqüência aberta por Jumpin' Jack Flash (1969) e seguida por It's Only Rock'n'Roll (But I Like It) (1974), You Got me Rocking (1994, música não prevista no roteiro) e Tumblin' Dice (1972). Com as guitarras de Richard e Ron Woods em primeiro plano, Jagger correu elétrico pelo palco e saudou o público, em português até desenvolto, com frases como "Tudo bem?" e "Boa noite, galera". Por esse certeiro bloco inicial, pareceu que o tempo não passara para os Stones.
Mas o tempo não espera por ninguém, como já sentenciou o próprio Jagger, e o rock Oh no, Not You Again (2005) - do último e bom disco do grupo, A Bigger Bang - até cresceu ao vivo, mas não resistiu à comparação com os petardos antigos. E foram eles que garantiram o pique do show, entre balada de 1971 (Wild Horses, definida por Jagger como "uma triste canção de amor") e números que ratificaram a raiz blues da obra stoniana - casos de Rain Fall Down (grande tema de 2005 em que brilhou o baixista Darryl Jones) e Midnight Rambler (1969), blues cheio de improvisos e climas, em que Jagger rebolou alucinado pela extensão do palco armada em forma de passarela.
Se houve surpresa no roteiro, foi a inclusão de (Night Time Is) The Right Time, blues gravado por Ray Charles em 1958, revivido com direito a imagem do Genius no telão. Se houve momento em que o show perdeu um pouco o pique, foi quando Keith Richards assumiu o microfone, pegou o violão e cantou, tal qual um trovador folk dos anos 60, a canção This Place Is Empty (uma das mais fracas da safra 2005). Richards ainda emendou Happy (número recorrente em sua voz desde os anos 70) antes de Jagger reassumir o microfone com Miss You (1978), o flerte dos Stones com a disco music (mas sem evocar qualquer clima retrô ou dance...).
Com Jagger no palco móvel que o aproximou da multidão, o show retomou o pique roqueiro com Rough Justice (típico rock stoniano de 2005), Get Off of my Cloud (1965), Honky Tonk Women (1969), Sympathy for the Devil (1968), Star me Up (1981) e Brown Sugar (1971). Outra seqüência infalível e arrebatadora! Em seguida, You Can't Get Always What You Want (1969) poderia até ter sido um anticlímax se a platéia, atendendo aos apelos de Jagger, não tivesse ficado repetindo o título da música em coro.
Ao som de seu hino Satisfaction, cantado a plenos pulmões pela multidão, os Stones deixaram o palco com a missão cumprida de entreter uma platéia que, em boa parte, nem era nascida quando eles deram seus primeiros passos, em 1962. Foi um grande show! Foi quase somente rock'n'roll, mas, por isso mesmo, eu gostei - repito. E, pela energia do quarteto, especialmente a de Jagger, ficou a sensação de que, contrariando excepcionalmente a máxima do astro inglês, o tempo até tem esperado por esses adoráveis roqueiros sessentões...
A trajetória da Velha Guarda da Portela vai render um filme. O documentário já está sendo rodado no Rio de Janeiro e tem Marisa Monte envolvida na produção. Marisa - vale lembrar - produziu por seu selo Phonomotor o último disco do grupo (Tudo Azul) e incluiu músicas de bambas portelenses (como Casemiro Vieira e o saudoso Argemiro Patrocínio) em seu próximo disco, Universo ao meu Redor - Samba. Na foto, a cantora posa com a Velha Guarda da escola de Madureira (RJ).
Coletânea de Grace Jones volta às lojas
Ícone gay projetado na era da disco music, a cantora Grace Jones tem sua coletânea Island Life (capa à direita) reposta em catálogo no mercado nacional dentro de estupendo pacote de reedições recém-lançado pela Universal Music. A compilação foi produzida em 1985 e saiu em CD em 1991. O repertório é formado por dez fonogramas extraídos dos álbuns Portfolio (editado em 1977 com os sucessos I Need a Man e La Vie en Rose), Fame (disco de 1978 que rendeu o hit Do or Die), Warm Leatherette (1980), Nightclubbing (1981), Living my Life (1982) e Slave to the Rhythm (1985).
Timóteo apela para sucessos sertanejos
Cantor popular, que viveu o auge de sua carreira nos anos 60 e 70, antes de ingressar na política, Agnaldo Timóteo (foto) tenta uma volta às paradas com o lançamento -previsto para março - de disco com regravações de sucessos sertanejos. Timóteo canta hits de Roberta Miranda (De Igual pra Igual) e Chitãozinho & Xororó (Fio de Cabelo e Estou Apaixonado), entre outros nomes. O repertório inclui uma música inédita, Saudade de Joelho, composta por Moacyr Franco.
Pato Fu reúne clipes em seu terceiro DVD
O Pato Fu (foto) está remixando as faixas de seu último CD, o estupendo Toda Cura para Todo Mal (2005), para viabilizar o lançamento do terceiro DVD do grupo. A idéia é reunir no vídeo os clipes de todas as músicas do disco - alguns já exibidos desde o ano passado no site oficial da banda (www.patofu.com.br). A videografia da banda já inclui os DVDs MTV ao Vivo (2002) e Clipes (2004).
Jack Johnson pega a onda das trilhas
Resenha de CD
Título: Sing-a-Longs and Lullabies for the Film Curious George
Artista: Jack Johnson and Friends
Gravadora: Universal
Cotação: * * *
Embora este trabalho possa ser considerado o quarto disco do artista-surfista, pelo expressivo número de canções novas (nove, entre 13 faixas), trata-se, a rigor, da trilha sonora composta por Jack Johnson para o desenho Curious George - filme dirigido por Jun Falkenstein que conta as aventuras de um macaquinho chamado George com seu dono, o Homem do Chapéu Amarelo. A trilha recebeu adesões de Ben Harper e de outros amigos do astro das ondas - daí o CD ser assinado por Jack Johnson and Friends. A safra de novas canções é boa, destacando Upside Down e Broken, mas já deixa entrever o tom repetitivo que a música do compositor vem adquirindo por conta de sucessivos trabalhos editados em curto espaço de tempo. Por ora, o som de Jack Johnson continua na onda...
Título: Sing-a-Longs and Lullabies for the Film Curious George
Artista: Jack Johnson and Friends
Gravadora: Universal
Cotação: * * *
Embora este trabalho possa ser considerado o quarto disco do artista-surfista, pelo expressivo número de canções novas (nove, entre 13 faixas), trata-se, a rigor, da trilha sonora composta por Jack Johnson para o desenho Curious George - filme dirigido por Jun Falkenstein que conta as aventuras de um macaquinho chamado George com seu dono, o Homem do Chapéu Amarelo. A trilha recebeu adesões de Ben Harper e de outros amigos do astro das ondas - daí o CD ser assinado por Jack Johnson and Friends. A safra de novas canções é boa, destacando Upside Down e Broken, mas já deixa entrever o tom repetitivo que a música do compositor vem adquirindo por conta de sucessivos trabalhos editados em curto espaço de tempo. Por ora, o som de Jack Johnson continua na onda...
Jóias da coroa imperial chegam ao CD
Resenha de CD
Título: Um Show de Velha Guarda
Artista: Velha Guarda do Império Serrano
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
É mesmo um show de velha guarda - como proclama o título deste primeiro CD da atual formação da Velha Guarda do Império Serrano. Sem a visibilidade que projetou nos últimos anos a turma de bambas da Portela (em parte por conta do apoio de Marisa Monte), os veteranos da Serrinha chegaram a gravar um disco quando o grupo se reuniu pela primeira vez, na década de 80. Mas somente agora a Velha Guarda do Império Serrano, reagrupada desde 2000, parece que vai, enfim, sair da sombra de seus colegas da Portela, da Mangueira, do Salgueiro e da Unidos de Vila Isabel - todos com CDs já gravados nos últimos anos.
Como a Serrinha foi celeiro do seminal jongo, ritmo que desencadearia no samba, a turma do Império Serrano enfatiza sua raiz no medley que fecha o disco com dois jongos, Tava Doente e Vapor da Paraíba. Mas o show da Velha Guarda é dado basicamente com sambas da antiga, de autoria de compositores que fizeram a história da escola de Madureira (e, no quesito inspiração, os bambas nada ficam a dever a seus colegas da vizinha Portela). A reunião de jóias da coroa imperial recupera relíquias como o melodioso samba Obsessão, parceria de Osório Lima e Mano Décio da Viola.
Em sua maioria, o CD registra para a posteridade sambas à moda antiga que celebram a escola ou o orgulho de pertencer à tradicional agremiação do Rio (Império Tocou Reunir, Sou Imperial, Menino de 47), entre um ou outro partido do alto quilate de Serra dos meus Sonhos (Carlinhos Bem-te-Vi) e de Cuidado Vovó (Hélio dos Santos e Nilton Campolino), faixa em que brilha o trio Meninas da Serrinha.
Com direção musical de Paulão Sete Cordas, que divide os arranjos com Mauro Diniz, o álbum joga luz sobre compositores históricos que estavam caindo em injusto esquecimento. Casos de Mestre Fuleiro (bem representado por O Que os seus Olhos Têm, Não me Perguntes - parceria com Dona Ivone Lara - e o citado jongo Vapor da Paraíba), Silas de Oliveira (co-autor de Império Tocou Reunir), Carlinhos Vovô (compositor de Egoísmo Demais) e Mano Décio da Viola (parceiro de Osório Lima na obra-prima Obsessão e em O Poeta e a Natureza).
Com exceção de Aloísio Machado, autor e intérprete do melódico samba A Humanidade, a Velha Guarda do Império Serrano preferiu reviver temas de seus ascendentes em vez de registrar repertório próprio. Além de Aloísio, a veterana turma da Serrinha é formada atualmente por Wilson das Neves (baterista de nomes como Chico Buarque e diretor da ala de compositores), Zé Luís, Cizinho (sobrinho de Mano Décio da Viola), Toninho Fuleiro (filho de Mestre Fuleiro), Ivan Milanês, Fabrício, Capoeira da Cuíca e Sílvio. Completam o grupo as pastoras Balbina, Lindomar e Nina. No encarte da luxusa edição da Biscoito Fino, cada integrante se apresenta na primeira pessoa e relata sua ligação com a escola. O que aumenta ainda mais o valor documental do disco. A coroa dos bambas é de ouro.
Título: Um Show de Velha Guarda
Artista: Velha Guarda do Império Serrano
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
É mesmo um show de velha guarda - como proclama o título deste primeiro CD da atual formação da Velha Guarda do Império Serrano. Sem a visibilidade que projetou nos últimos anos a turma de bambas da Portela (em parte por conta do apoio de Marisa Monte), os veteranos da Serrinha chegaram a gravar um disco quando o grupo se reuniu pela primeira vez, na década de 80. Mas somente agora a Velha Guarda do Império Serrano, reagrupada desde 2000, parece que vai, enfim, sair da sombra de seus colegas da Portela, da Mangueira, do Salgueiro e da Unidos de Vila Isabel - todos com CDs já gravados nos últimos anos.
Como a Serrinha foi celeiro do seminal jongo, ritmo que desencadearia no samba, a turma do Império Serrano enfatiza sua raiz no medley que fecha o disco com dois jongos, Tava Doente e Vapor da Paraíba. Mas o show da Velha Guarda é dado basicamente com sambas da antiga, de autoria de compositores que fizeram a história da escola de Madureira (e, no quesito inspiração, os bambas nada ficam a dever a seus colegas da vizinha Portela). A reunião de jóias da coroa imperial recupera relíquias como o melodioso samba Obsessão, parceria de Osório Lima e Mano Décio da Viola.
Em sua maioria, o CD registra para a posteridade sambas à moda antiga que celebram a escola ou o orgulho de pertencer à tradicional agremiação do Rio (Império Tocou Reunir, Sou Imperial, Menino de 47), entre um ou outro partido do alto quilate de Serra dos meus Sonhos (Carlinhos Bem-te-Vi) e de Cuidado Vovó (Hélio dos Santos e Nilton Campolino), faixa em que brilha o trio Meninas da Serrinha.
Com direção musical de Paulão Sete Cordas, que divide os arranjos com Mauro Diniz, o álbum joga luz sobre compositores históricos que estavam caindo em injusto esquecimento. Casos de Mestre Fuleiro (bem representado por O Que os seus Olhos Têm, Não me Perguntes - parceria com Dona Ivone Lara - e o citado jongo Vapor da Paraíba), Silas de Oliveira (co-autor de Império Tocou Reunir), Carlinhos Vovô (compositor de Egoísmo Demais) e Mano Décio da Viola (parceiro de Osório Lima na obra-prima Obsessão e em O Poeta e a Natureza).
Com exceção de Aloísio Machado, autor e intérprete do melódico samba A Humanidade, a Velha Guarda do Império Serrano preferiu reviver temas de seus ascendentes em vez de registrar repertório próprio. Além de Aloísio, a veterana turma da Serrinha é formada atualmente por Wilson das Neves (baterista de nomes como Chico Buarque e diretor da ala de compositores), Zé Luís, Cizinho (sobrinho de Mano Décio da Viola), Toninho Fuleiro (filho de Mestre Fuleiro), Ivan Milanês, Fabrício, Capoeira da Cuíca e Sílvio. Completam o grupo as pastoras Balbina, Lindomar e Nina. No encarte da luxusa edição da Biscoito Fino, cada integrante se apresenta na primeira pessoa e relata sua ligação com a escola. O que aumenta ainda mais o valor documental do disco. A coroa dos bambas é de ouro.
Franz Ferdinand grava disco no Brasil
Aproveitando sua passagem pelo Brasil, para shows em São Paulo e no Rio de Janeiro, o quarteto escocês Franz Ferdinand (foto) entrou em estúdios das duas cidades para gravar algumas músicas para seu terceiro álbum, previsto para 2007. É um hábito do grupo registrar material nos diversos países em que se apresenta em turnês. A propósito, o show feito no Circo Voador (RJ) em 23 de fevereiro teve imagens captadas para um futuro DVD do quarteto.
O sublime 'Baile Barroco' da diva do axé
Resenha de DVD
Título: Baile Barroco - Daniela Mercury no Carnaval da Bahia
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: EMI
Cotação: * * * *
Sem nunca apelar para o axé mais rasteiro, Daniela Mercury tem conseguido escapar do populismo que impera no Carnaval da Bahia. Seu terceiro DVD, o recém-lançado Baile Barroco, atesta a superioridade artística da cantora dentro e fora da folia. Com título que remete ao CD Balé Mulato, um dos melhores da artista, o vídeo foi filmado com câmeras de alta definição no trio elétrico de Daniela, durante o Carnaval de 2005. A nitidez das imagens valoriza instantes sublimes da intérprete no comando de seu bloco Crocodilo. Somente a ousadia de cantar ária das Bachianas Brasileiras nº 5 com um pianista erudito (Ricardo Castro), em cima de um trio elétrico, já valeria o pioneirismo da filmagem em plena folia. Mas o Baile Barroco de Daniela Mercury se impõe mesmo sem estes saborosos extras - alguns apenas curiosos, como a participação da cantora Fernanda Porto na releitura eletrônica de Roda-Viva, de Chico Buarque.
Comandar a massa baiana sem lançar mão de refrões populistas, como faz Ivete Sangalo, é tarefa das mais difíceis. Daí a beleza deste vídeo, que abre com a releitura melódica e minimalista, quase a capella, de Baianidade Nagô - uma das músicas mais bonitas dessas duas décadas de axé music. Entremeada com discurso pacifista, a pérola vem do repertório da fase áurea da Banda Mel, do qual a cantora extraiu também Prefixo de Verão.
Sublime acaba sendo também - set com temas de Villa-Lobos à parte - ver e ouvir a massa baiana cantar Maimbê Dandá, pular ao som do ritmo acelerado de Trio Metal, reviver Rapunzel (eleita a melhor música da folia de Salvador em 1996, como lembra uma orgulhosa Daniela) e reverenciar o pioneiro Luiz Caldas no dueto com a cantora em Fricote. Sublime também é ouvir homenagens ao bloco afro Ilê Ayiê em Força do Ilê - samba-reggae que começa cool até a entrada do baticum típico do gênero - e ver Daniela rodopiar pelo trio ao som de Ilê Pérola Negra (O Canto do Negro). Neste número, o mix de imagens de takes captados em dias diferentes (com figurinos que se alternam entre o branco e o vermelho) oferece belo efeito visual.
A comunhão de ritmos e povos que caracteriza a folia baiana é exemplificada ainda através do dueto informal de Daniela com Gilberto Gil em Vamos Fugir. A partir do encontro casual de seus trios, os dois cantores unem forças e vozes neste (sempre) irresistível reggae de 1984.
A mixagem em áudio 5.1 e DTS não é espetacular como as imagens - provavelmente por conta de o som ter sido captado na rua, com todos os inevitáveis ruídos de um Carnaval. Mas não tira o brilho do Baile Barroco de Daniela Mercury, a diva do axé, novamente à vontade em seu reino afro-pop-brasileiro.
Título: Baile Barroco - Daniela Mercury no Carnaval da Bahia
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: EMI
Cotação: * * * *
Sem nunca apelar para o axé mais rasteiro, Daniela Mercury tem conseguido escapar do populismo que impera no Carnaval da Bahia. Seu terceiro DVD, o recém-lançado Baile Barroco, atesta a superioridade artística da cantora dentro e fora da folia. Com título que remete ao CD Balé Mulato, um dos melhores da artista, o vídeo foi filmado com câmeras de alta definição no trio elétrico de Daniela, durante o Carnaval de 2005. A nitidez das imagens valoriza instantes sublimes da intérprete no comando de seu bloco Crocodilo. Somente a ousadia de cantar ária das Bachianas Brasileiras nº 5 com um pianista erudito (Ricardo Castro), em cima de um trio elétrico, já valeria o pioneirismo da filmagem em plena folia. Mas o Baile Barroco de Daniela Mercury se impõe mesmo sem estes saborosos extras - alguns apenas curiosos, como a participação da cantora Fernanda Porto na releitura eletrônica de Roda-Viva, de Chico Buarque.
Comandar a massa baiana sem lançar mão de refrões populistas, como faz Ivete Sangalo, é tarefa das mais difíceis. Daí a beleza deste vídeo, que abre com a releitura melódica e minimalista, quase a capella, de Baianidade Nagô - uma das músicas mais bonitas dessas duas décadas de axé music. Entremeada com discurso pacifista, a pérola vem do repertório da fase áurea da Banda Mel, do qual a cantora extraiu também Prefixo de Verão.
Sublime acaba sendo também - set com temas de Villa-Lobos à parte - ver e ouvir a massa baiana cantar Maimbê Dandá, pular ao som do ritmo acelerado de Trio Metal, reviver Rapunzel (eleita a melhor música da folia de Salvador em 1996, como lembra uma orgulhosa Daniela) e reverenciar o pioneiro Luiz Caldas no dueto com a cantora em Fricote. Sublime também é ouvir homenagens ao bloco afro Ilê Ayiê em Força do Ilê - samba-reggae que começa cool até a entrada do baticum típico do gênero - e ver Daniela rodopiar pelo trio ao som de Ilê Pérola Negra (O Canto do Negro). Neste número, o mix de imagens de takes captados em dias diferentes (com figurinos que se alternam entre o branco e o vermelho) oferece belo efeito visual.
A comunhão de ritmos e povos que caracteriza a folia baiana é exemplificada ainda através do dueto informal de Daniela com Gilberto Gil em Vamos Fugir. A partir do encontro casual de seus trios, os dois cantores unem forças e vozes neste (sempre) irresistível reggae de 1984.
A mixagem em áudio 5.1 e DTS não é espetacular como as imagens - provavelmente por conta de o som ter sido captado na rua, com todos os inevitáveis ruídos de um Carnaval. Mas não tira o brilho do Baile Barroco de Daniela Mercury, a diva do axé, novamente à vontade em seu reino afro-pop-brasileiro.
Coisas do disco solo de Pedro Miranda
Coisa com Coisa é o título do primeiro disco solo de Pedro Miranda (foto), o cantor do grupo Semente, projetado nas rodas de samba da Lapa (RJ). O CD vai sair em abril, via Deckdisc. Além da faixa-título, da lavra de Zé Kétti, o repertório inclui música pouco conhecida de Chico Buarque (Doze Anos, da trilha original da Ópera do Malandro) e tema de Heitor dos Prazeres (Nada de Rock Rock). O disco foi produzido por Paulão Sete Cordas e tem as participações de Teresa Cristina e do Cordão do Boitatá.
Reginaldo Rossi entra na era do DVD
Alçado à condição de artista cult na segunda metade dos anos 90, o cantor pernambucano Reginaldo Rossi - que desde a década de 60 coleciona hits populares como Garçom, A Raposa e as Uvas e Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme - entra na era do DVD. Gravado em novembro de 2005, o primeiro DVD (capa à direita) do cantor sairá em março, via EMI, com 16 números de show feito pelo artista. O repertório deste novo projeto ao vivo de Rossi - que também será editado no formato de CD - inclui Pra Ser só Minha Mulher, música de Ronnie Von, lançada por Roberto Carlos em 1976 e recentemente regravada por Otto.
Chico Neves produz Skank de novo
O produtor Chico Neves voltou a trabalhar com o Skank (foto). Neves assina a produção do disco que o quarteto mineiro está gravando em Belo Horizonte (MG) para lançamento em meados do ano. Juntamente com Tom Capone, ele já tinha produzido Maquinarama (2000), mas o último álbum de inéditas da banda, Cosmotron (2003), levou somente a assinatura de Capone, morto em 2004. O novo álbum - o nono na discografia do Skank, incluindo a coletânea Radiola (2004) - tem produção dividida entre Neves e a própria banda.
Luxúria é a aposta da Sony no rock
Com o clipe da música Ódio já em rotação na programação da MTV, a banda paulista Luxúria é a grande aposta da gravadora Sony & BMG no segmento pop rock. Produzido por Maurício Cersosimo e mixado por Ron Allaire (que já cuidou de CDs de Avril Lavigne e Ramones), o primeiro disco do quarteto já está pronto e tem lançamento previsto para março. Além de Ódio, cujo clipe tem direção de Johnny Araújo, o álbum traz músicas como Frankenstein do Subúrbio, Contrariada, Artifício Mágico e Suja e Só. A masterização foi feita em Nova York (EUA). A Luxúria é empresariada pelo mesmo escritório que administra a carreira de Marcelo D2.
Blitz convida para revival dos anos 80
Banda decisiva para a abertura do mercado nacional para o rock brasileiro, a partir de 1982, a Blitz tenta voltar à tona com disco em que apela para participações especiais e regravações de hits próprios e de outros grupos surgidos nos anos 80, como Os Paralamas do Sucesso - de cujo repertório Evandro Mesquita revive Óculos (1984) - e Titãs (Sonífera Ilha, também de 1984).
O CD Blitz Com Vida (capa à direita) reúne nomes como Toni Garrido (em Mais Uma de Amor - Geme Geme), Chorão (em Você Não Soube me Amar), George Israel (em Como Uma Luva), Danni Carlos em (Beth Frígida), Frejat (em Bete Balanço, hit do Barão Vermelho em 1984), Paulo Ricardo (em A Dois Passos do Paraíso), Paulo Miklos (em Egotrip) e Bianca Jhordão (vocalista da banda Leela, em Weekend). O repertório inclui inéditas como Reggae do Avião e Tempos de Cowboy, tema da trilha sonora da novela Bang Bang, que traz Evandro no elenco.
O CD Blitz Com Vida (capa à direita) reúne nomes como Toni Garrido (em Mais Uma de Amor - Geme Geme), Chorão (em Você Não Soube me Amar), George Israel (em Como Uma Luva), Danni Carlos em (Beth Frígida), Frejat (em Bete Balanço, hit do Barão Vermelho em 1984), Paulo Ricardo (em A Dois Passos do Paraíso), Paulo Miklos (em Egotrip) e Bianca Jhordão (vocalista da banda Leela, em Weekend). O repertório inclui inéditas como Reggae do Avião e Tempos de Cowboy, tema da trilha sonora da novela Bang Bang, que traz Evandro no elenco.
CD 'Tecnomacumba' pode sair em abril
Rita Ribeiro planeja pôr nas lojas já em abril o CD com o registro de estúdio de seu bem-sucedido show Tecnomacumba. A cantora (na foto, num clique de Márcio Vasconcelos) vai negociar com selos e/ou gravadoras a distribuição do disco, gravado no Rio, no estúdio Top Cat. Em cartaz desde 2003, sempre com casas lotadas, o espetáculo teve seu clima reproduzido em estúdio pela artista maranhense.
Na companhia do grupo Cavaleiros do Aruanda, que tem acompanhado a cantora no palco, Rita gravou músicas de Jorge Ben Jor (Domingo 23), Caetano Veloso (Oração ao Tempo e Iansã), Gilberto Gil (Balá Abapalá), Dorival Caymmi (Rainha do Mar), Antonio Vieira (Cocada), Gerônimo (É d'Oxum, parceria com Vevé Calazans, já gravada por Elba Ramalho e Gal Costa) e da dupla Wilson Moreira e Nei Lopes (Coisa da Antiga, sucesso de Clara Nunes em 1977). O CD foi produzido pela própria cantora, juntamente com Israel Dantas, e conta com programações de Ramiro Musotto, Luiz Brasil, Jong e Pedro Mills.
O quarto álbum de Rita Ribeiro traz ainda no repertório pontos de domínio público, adaptados pela artista. É o caso de Canto para Oxalá.
Na companhia do grupo Cavaleiros do Aruanda, que tem acompanhado a cantora no palco, Rita gravou músicas de Jorge Ben Jor (Domingo 23), Caetano Veloso (Oração ao Tempo e Iansã), Gilberto Gil (Balá Abapalá), Dorival Caymmi (Rainha do Mar), Antonio Vieira (Cocada), Gerônimo (É d'Oxum, parceria com Vevé Calazans, já gravada por Elba Ramalho e Gal Costa) e da dupla Wilson Moreira e Nei Lopes (Coisa da Antiga, sucesso de Clara Nunes em 1977). O CD foi produzido pela própria cantora, juntamente com Israel Dantas, e conta com programações de Ramiro Musotto, Luiz Brasil, Jong e Pedro Mills.
O quarto álbum de Rita Ribeiro traz ainda no repertório pontos de domínio público, adaptados pela artista. É o caso de Canto para Oxalá.
Walter Alfaiate expõe elo entre Lupicínio e Mauro Duarte em tributo melancólico
Resenha de CD
Título: Tributo a Mauro Duarte
Artista: Walter Alfaiate
Gravadora: CPC-UMES
Cotação: * * *
O compositor Mauro Duarte (1930 - 1989) nasceu em Minas Gerais, mas se criou artisticamente no Rio de Janeiro - sempre ligado ao Carnaval e aos blocos de Botafogo, bairro da Zona Sul carioca. Autor de Canto das Três Raças (1976) e Portela na Avenida (1981), entre outros sucessos compostos com Paulo César Pinheiro e popularizados na voz de Clara Nunes (1943 - 1982), Duarte tem a faceta mais melancólica de sua obra realçada no terceiro CD de Walter Alfaiate, Tributo a Mauro Duarte.
Na maioria das 11 músicas inéditas (apenas Falsa Euforia já havia sido gravada), Alfaiate revela insuspeito elo entre as obras de Duarte e Lupicínio Rodrigues. Os metais dos arranjos assinados pelos maestros Ruy Quaresma (produtor do disco) e Humberto Araújo por vezes dão ao disco um tom quase esfuziante que contrasta com a intensa melancolia exposta nos versos de músicas como Constantemente.
Como Lupicínio Rodrigues, que destilava amargura e tristeza em suas letras, o mineiro Duarte é do time dos que pregam a vingança - sentimento recorrente na obra de seu colega gaúcho. Em Ver Ver, João, a alegria pelo fracasso da mulher amada é escancarada. Aliás, tal qual no universo lupiciniano, a mulher na obra de Duarte é quase sempre a culpada pela desgraça amorosa. É a que partiu, desgraçando o homem. Na lírica Bom Jardineiro, por exemplo, são reafirmados o orgulho e o triunfo do macho ao fim da paixão, enquanto que, em Ainda Precisarás de Mim, o samba mais belo do disco, o autor anseia pelo pranto da mulher que o deixou. A culpa pelo próprio fracasso afetivo e social somente é admitida em Derrotado.
O CD perde seu tom melancólico em poucas faixas. Não por acaso, as mais carnavalescas: Vila e Fonte dos Amores. Tributo à escola de samba Unidos de Vila Isabel, a primeira é um samba feito na série em que Duarte e Paulo César Pinheiro homenagearam as principais escolas do Rio. Clara Nunes gravou as primeiras homenagens. Com sua morte, Alcione deu seqüência aos tributos, mas o samba que reverencia a Vila de Martinho permanecia inédito. É quando aparece no disco uma batucada tipicamente carioca. Já Fonte dos Amores é samba-enredo de Duarte, Alfaiate e Wilson Moreira (em bissexta parceria com os autores), feito para a Portela, mas esquecido a partir do momento em que perdeu a disputa para conduzir a Portela na avenida.
Há um pouco de Carnaval no disco, mas, no todo, Tributo a Mauro Duarte é CD mais indicado para foliões do bloco do eu sozinho.
Título: Tributo a Mauro Duarte
Artista: Walter Alfaiate
Gravadora: CPC-UMES
Cotação: * * *
O compositor Mauro Duarte (1930 - 1989) nasceu em Minas Gerais, mas se criou artisticamente no Rio de Janeiro - sempre ligado ao Carnaval e aos blocos de Botafogo, bairro da Zona Sul carioca. Autor de Canto das Três Raças (1976) e Portela na Avenida (1981), entre outros sucessos compostos com Paulo César Pinheiro e popularizados na voz de Clara Nunes (1943 - 1982), Duarte tem a faceta mais melancólica de sua obra realçada no terceiro CD de Walter Alfaiate, Tributo a Mauro Duarte.
Na maioria das 11 músicas inéditas (apenas Falsa Euforia já havia sido gravada), Alfaiate revela insuspeito elo entre as obras de Duarte e Lupicínio Rodrigues. Os metais dos arranjos assinados pelos maestros Ruy Quaresma (produtor do disco) e Humberto Araújo por vezes dão ao disco um tom quase esfuziante que contrasta com a intensa melancolia exposta nos versos de músicas como Constantemente.
Como Lupicínio Rodrigues, que destilava amargura e tristeza em suas letras, o mineiro Duarte é do time dos que pregam a vingança - sentimento recorrente na obra de seu colega gaúcho. Em Ver Ver, João, a alegria pelo fracasso da mulher amada é escancarada. Aliás, tal qual no universo lupiciniano, a mulher na obra de Duarte é quase sempre a culpada pela desgraça amorosa. É a que partiu, desgraçando o homem. Na lírica Bom Jardineiro, por exemplo, são reafirmados o orgulho e o triunfo do macho ao fim da paixão, enquanto que, em Ainda Precisarás de Mim, o samba mais belo do disco, o autor anseia pelo pranto da mulher que o deixou. A culpa pelo próprio fracasso afetivo e social somente é admitida em Derrotado.
O CD perde seu tom melancólico em poucas faixas. Não por acaso, as mais carnavalescas: Vila e Fonte dos Amores. Tributo à escola de samba Unidos de Vila Isabel, a primeira é um samba feito na série em que Duarte e Paulo César Pinheiro homenagearam as principais escolas do Rio. Clara Nunes gravou as primeiras homenagens. Com sua morte, Alcione deu seqüência aos tributos, mas o samba que reverencia a Vila de Martinho permanecia inédito. É quando aparece no disco uma batucada tipicamente carioca. Já Fonte dos Amores é samba-enredo de Duarte, Alfaiate e Wilson Moreira (em bissexta parceria com os autores), feito para a Portela, mas esquecido a partir do momento em que perdeu a disputa para conduzir a Portela na avenida.
Há um pouco de Carnaval no disco, mas, no todo, Tributo a Mauro Duarte é CD mais indicado para foliões do bloco do eu sozinho.
Djavan gravou 'Corsário' com Bosco
Parceria de João Bosco com Aldir Blanc, lançada por Ney Matogrosso em 1975, Corsário é a música cantada por Djavan (na foto, num clique de Marcelo Faustini) no primeiro DVD de Bosco, gravado recentemente em São Paulo. O lançamento está previsto para meados do ano. O dueto entre os cantores e compositores é inédito.
Ivan Lins inaugura parceria com Drexler
Ivan Lins (na foto, em clique de Rodrigo Castro) acabou adiando o projeto de um disco com parcerias internacionais, inicialmente previsto para ser gravado no ano passado e lançado já em 2006. Seu próximo álbum de inéditas, Ivan, ficou centrado em suas colaborações com colegas brasileiros, mas o autor de Madalena já está efetivamente compondo com Jorge Drexler, o autor uruguaio que ganhou projeção internacional ao receber um Oscar por canção feita para o filme Diários de Motocicleta, de Walter Salles. Ainda sem título, a primeira parceria de Ivan e Drexler deverá entrar no próximo disco do artista estrangeiro.
Promissor grupo carioca, Moptop grava seu primeiro álbum oficial já com clipe
Moptop. Ao longo do ano, você provavelmente ainda vai ouvir falar deste grupo, um dos mais promissores da cena pop carioca. Com o clipe de O Rock Acabou já em rotação na MTV, o quarteto grava no Rio, no estúdio Lontra Music, seu primeiro álbum oficial. O oficial é por conta de o Mop Top (na foto, num clique de Hendrik-Jan Monshower) já ter dois CDs-demos, com as gravações originais de músicas como Paris, Moon Rock, Adeus e a citada O Rock Já Acabou.
A banda é formada por Gabriel Marques (voz e guitarra), Daniel Campos (baixo), Rodrigo Curi (guitarra) e Mário Mamede (bateria). A voz de Gabriel - que também é o principal compositor do Moptop - lembra um pouco a do hermano Rodrigo Amarante. Já o rock indie do grupo evoca por vezes o som do Strokes. Mas tudo leva a crer que o Moptop vai maturar e marcar sua identidade em 2006.
Em tempo: Moptop era o nome do corte de cabelo usado por nove entre dez bandas da cena inglesa dos anos 60. Beatles inclusive.
A banda é formada por Gabriel Marques (voz e guitarra), Daniel Campos (baixo), Rodrigo Curi (guitarra) e Mário Mamede (bateria). A voz de Gabriel - que também é o principal compositor do Moptop - lembra um pouco a do hermano Rodrigo Amarante. Já o rock indie do grupo evoca por vezes o som do Strokes. Mas tudo leva a crer que o Moptop vai maturar e marcar sua identidade em 2006.
Em tempo: Moptop era o nome do corte de cabelo usado por nove entre dez bandas da cena inglesa dos anos 60. Beatles inclusive.
Tecladista do Skank abre Frente na rede para veicular nomes e sons da cena indie
Tecladista do Skank, grupo que vai lançar disco de inéditas em meados do ano, Henrique Portugal (foto) abriu na internet uma frente para divulgação de músicas e artistas independentes. A página de Portugal se chama justamente Frente e engloba também artistas gráficos. A atualização do site será feita todas às terças-feiras. Na primeira edição, já é possível conhecer e ouvir o trabalho de nomes como o grupo gaúcho Walverdes - que está lançando o CD Playback - e o cantor paranaense Bruno Morais, às voltas com a promoção de seu disco Volume Zero. Para quem quiser conferir, o endereço é: http://www2.uol.com.br/frente/ e o site já está no ar.
Marisa expõe universo particular em CDs
Os dois discos que Marisa Monte (foto) vai lançar em 10 de março já têm músicas de trabalho e nomes definidos. O CD de sambas se chama Universo ao meu Redor - Samba e vai ser puxado nas rádios pela faixa Bonde do Dom. O CD pop ganhou o título Infinito Particular - Songs e teve eleita a faixa Vilarejo como música de trabalho.
Se os Stones estiveram endiabrados, o U2 fez público comungar com Bono em show messiânico de espírito humanitário
Resenha de show
Título: Vertigo Tour
Artista: U2
Local: Estádio do Morumbi (SP)
Data: 20 de fevereiro
Cotação: * * * *
Se os endiabrados Stones soltaram os demônios na Praia de Copacabana, o U2 fez brilhar o espírito sagrado de seu rock no primeiro dos dois shows da passagem da turnê Vertigo pelo Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP). A imagem de Jesus Cristo pregado na cruz - no terço deixado por Bono Vox ao microfone, ao fim de 40, o tema inspirado no Salmo 40 que foi o último dos 23 números - simbolizou com perfeição o clima messiânico da apresentação. O grupo irlandês fez sua oração em forma de rock. E o público ouviu as súplicas feitas por seu Senhor, Bono, em letras humanitárias. E orou, seja repetindo com devoção o refrão de Pride (In the Name of Love), seja iluminando a platéia com a luz de seus celulares na emocionante One. "Para vencer a pobreza, todos temos que trabalhar e agir como um só", pregou Bono (na foto acima, clicado por Guto Costa).
Foi um espetáculo de luzes, cores e som como poucas vezes visto no Brasil. Desde o primeiro número, City of Blinding Lights, Bono regeu a platéia escorado na guitarra cortante de The Edge. "Oi, galera! Agora é a nossa vez!", saudou o cantor antes de apresentar Elevation, numa referência ao fato de os Stones terem eletrizado Copacabana dois dias antes.
Em sua vez, o U2 fez um show com o tom politizado que caracteriza sua obra desde o lançamento do disco War, a obra-prima de 1983 que fez o mundo conhecer jóias como Sunday Bloody Sunday (um dos números em que Bono parecia realmente orar no palco do Morumbi) e New Year's Day (já reconhecível aos primeiros acordes do piano tocado por The Edge). O êxtase da platéia diante da visão de seu Messias esquentou até números mais frios como Until the End of the World.
Foi em forma de oração que o público cantou sozinho os versos que batizam a balada I Still Haven't Found What I'm Looking for - número a que se seguiu breve momento profano no qual Bono puxou a letra da velha marchinha carnavalesca: "Ai, ai, ai... Está chegando a hora...". Claro que o público completou os versos animada e espontaneamente. Mas o dia não estava raiando e ninguém tinha que ir embora. Ainda. Havia tempo para Bono exorcizar os demônios de sua relação com o pai em Sometimes You Can't Make It on your Own, para protagonizar com Edge o instante folk do show (Stuck in a Moment, com Edge se acompanhando ao violão e explorando os falsetes de sua voz) e para assumir em Love and Peace or Else a parte da bateria estrategicamente posicionada na passarela que se estendia do palco rumo à platéia.
No bloco mais politizado de um show que transpirou política, Sunday Bloody Sunday precedeu Bullet the Blue Sky (número teatral em que Bono fechou seus olhos com uma bandana para caminhar cego pela passarela) e Miss Saravejo - uma das orações mais belas, em cujo fim o telão exibiu, em português, trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em Pride (In the Name of Love), Bono citaria os países da América Latina sem esperar uma vaia para a Argentina - efeito de rixas futebolísticas.
Os riffs empolgantes de Where the Streets Have no Name seriam o prenúncio do fim, com One. Mas um bis farto - com Zoo Station, The Fly, Misterious Ways e With or Without You (com direito a fã puxada da platéia para o palco) - prolongou a missa. Um segundo bis, com a elétrica All Because of You, preparou a platéia para a comunhão final, em 40. Para o público que lotou o Morumbi ou que viu o show pela televisão, como o colunista, Bono Vox foi Deus na noite histórica de 20 de fevereiro.
Para ver (e ter) o show do U2 em casa
Se você não conseguiu ingresso para ver um dos dois shows feitos pelo U2 em São Paulo, em 20 e 21 de fevereiro, há um consolo: a Universal Music está enfim lançando no Brasil a edição dupla do DVD Vertigo 2005 - Live From Chicago. Já editado no Brasil na versão simples, o vídeo registra a turnê que chegou esta semana ao Brasil. O DVD 1 traz a gravação dos shows realizados pela banda em 9 e 10 de maio, em Chicago (EUA). Já o DVD 2 reúne documentário sobre a turnê (Beyond the Tour), cenas de bastidores, o vídeo alternativo de Sometimes You Can't Make It on your Own e libreto com fotos da turnê. A edição dupla vem em embalagem digipack.
Caetano Veloso ganha seu 'Perfil'
Ouvido diariamente na abertura da novela Belíssima, na gravação original de Você É Linda (1983), Caetano Veloso ganha coletânea na série Perfil, da Som Livre. Entre hits autorais como Odara e Luz do Sol, a compilação reúne músicas de autores como Peninha (Sozinho), Fernando Mendes (Você Não me Ensinou a te Esquecer, sucesso recriado pelo compositor para a trilha do filme Lisbela e o Prisioneiro), Lulu Santos (Como uma Onda, com a participação do autor), Raul Seixas (Maluco Beleza), Marcos Valle (Samba de Verão), Carlinhos Brown (Meia-lua Inteira) e Kurt Cobain (Come as You Are). O disco fecha com gravação de Atrás da Verde-e-Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu, o samba-enredo com que a Mangueira homenageou o cantor no Carnaval de 1994.
Trilha de 'Cidade dos Homens' em CD
Música gravada em dueto pelos atores Darlan Cunha e Thiago Martins, Morro e Asfalto é uma das faixas do CD que traz a trilha sonora do seriado Cidade dos Homens. A seleção mistura fonogramas de rappers como Xis (Us Mano e as Mina), Sabotage (Dama Tereza) e Marcelo D2 (Qual É?) com gravações de sambistas como Zeca Pagodinho (Quando Eu Contar - Iaiá), Bezerra da Silva (A Fumaça já Subiu pra Cuca) e Jovelina Pérola Negra (Sonho Juvenil). A funkeira Tati Quebra-Barraco integra a trilha com seu hit Sou Feia, mas Tô na Moda.
Afrodisíaco regrava hit de Pepeu Gomes
Além de Mama África, sucesso de Chico César, o grupo baiano Afrodisíaco regrava um hit de Pepeu Gomes (Eu Também Quero Beijar) em seu primeiro disco. O repertório inclui Topo do Mundo (música de Jauperi, um dos líderes do grupo, mais conhecida na gravação recente de Daniela Mercury) e versão ao vivo de Café com Pão. Ribeira, Canto Nagô, Quilombo América e Teto de Flores são outras faixas do CD - nas lojas esta semana. Músicas como Já É são sucesso na Bahia desde o ano passado.
Marisa grava autor de 'O Pato' e projeta Casemiro Vieira em seu disco de sambas
Mais informações sobre os dois discos de inéditas que Marisa Monte (foto) vai lançar em 10 de março: no CD de sambas, a cantora incluiu músicas de compositores da antiga como Jayme Silva - parceiro de Neusa Teixeira na autoria de O Pato, um dos sucessos de João Gilberto - e Casemiro Vieira, o Casemiro da Cuíca, o mais antigo componente da formação atual da Velha Guarda da Portela. Dona Ivone Lara também está presente no disco.
Para mais detalhes sobre os dois discos da cantora, leia a nota "Verdades e mentiras sobre títulos, faixas e conceitos dos trabalhos de Marisa", postada na sexta-feira, 17 de dezembro.
Para mais detalhes sobre os dois discos da cantora, leia a nota "Verdades e mentiras sobre títulos, faixas e conceitos dos trabalhos de Marisa", postada na sexta-feira, 17 de dezembro.
Vem aí o terceiro disco do grupo RBD...
Extremamente popular nos países latinos, inclusive no Brasil (por conta de sua exposição na novela Rebelde, exibida pelo SBT), o grupo mexicano RBD terá lançado em breve no mercado nacional seu terceiro disco, Nuestro Amor (capa à esquerda). O álbum chegará às lojas via EMI, no embalo das 500 mil cópias vendidas no Brasil de dois CDs e um DVD da banda juvenil. Em menos de dois anos, o grupo já produziu dois álbuns de estúdio e um projeto ao vivo, intitulado Tour Generación RBD en Vivo e editado em CD e DVD.
Reedição de disco de 1990 expõe abismo entre a efêmera Zélia Cristina e a Duncan
Resenha de CD
Título: Outra Luz
Artista: Zélia Cristina
Gravadora: Eldorado
Cotação: * *
Como Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan conseguiu gravar e lançar seu primeiro disco em 1990. Como sua colega gaúcha, a cantora de Niterói (RJ) - criada artisticamente em Brasília (DF) - não conseguiu impor seu trabalho autoral e sua estética sonora neste primeiro trabalho. Adriana e Zélia precisaram esperar pelo segundo disco para mostrar a que tinham vindo. No caso de Zélia, foram necessários quatro anos para a maturação de sua obra de compositora. E este Outra Luz - ora oportunamente relançado pela Distribuidora Independente, da Trama, com a capa original que fora trocada na primeira reedição em CD, em 1996 - expõe o abismo que cresceu entre Zélia Cristina (o nome artístico usado pela cantora em sua estréia) e a Duncan, que emergiria a partir do segundo disco (editado em 1994 com músicas como Sentidos, Não Vá Ainda e O meu Lugar).
Outra Luz teve equivocada produção de Guti Carvalho, Paulo Henrique e Iuri Cunha. O trio forjou sonoridade de pop rock cheia de clichês e teclados. Mas o curioso é notar que já havia ali as sementes que brotariam de forma mais harmoniosa na obra posterior de Zélia, a Duncan. Se a faixa-título é parceria da compositora com seu fiel escudeiro Christiaan Oyens, Pirataria é música de uma roqueira, Rita Lee, que teria presença tão forte na discografia de Zélia que viraria sua eventual parceira.
Ritmo recorrente na obra de Zélia, o reggae Astúcia (Jussi Campelo) é das poucas faixas que se salvam em disco que ganha pique no dueto com Luiz Melodia em Segredos e o perde na funkeada Prove e em versão de música de Kenny G (Going Home, intitulada De Onde Vem? na letra de Orlando Morais) que roça o brega.
Enfim, o valor da reedição produzida por Eduardo Magossi é apenas documental. Outra Luz capta o parto sombrio da discografia de uma cantora que ainda iria se iluminar ao longo da década - a ponto de, mais de 15 anos depois desta estréia errante, figurar no posto de uma das compositoras e intérpretes mais importantes de sua geração.
Título: Outra Luz
Artista: Zélia Cristina
Gravadora: Eldorado
Cotação: * *
Como Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan conseguiu gravar e lançar seu primeiro disco em 1990. Como sua colega gaúcha, a cantora de Niterói (RJ) - criada artisticamente em Brasília (DF) - não conseguiu impor seu trabalho autoral e sua estética sonora neste primeiro trabalho. Adriana e Zélia precisaram esperar pelo segundo disco para mostrar a que tinham vindo. No caso de Zélia, foram necessários quatro anos para a maturação de sua obra de compositora. E este Outra Luz - ora oportunamente relançado pela Distribuidora Independente, da Trama, com a capa original que fora trocada na primeira reedição em CD, em 1996 - expõe o abismo que cresceu entre Zélia Cristina (o nome artístico usado pela cantora em sua estréia) e a Duncan, que emergiria a partir do segundo disco (editado em 1994 com músicas como Sentidos, Não Vá Ainda e O meu Lugar).
Outra Luz teve equivocada produção de Guti Carvalho, Paulo Henrique e Iuri Cunha. O trio forjou sonoridade de pop rock cheia de clichês e teclados. Mas o curioso é notar que já havia ali as sementes que brotariam de forma mais harmoniosa na obra posterior de Zélia, a Duncan. Se a faixa-título é parceria da compositora com seu fiel escudeiro Christiaan Oyens, Pirataria é música de uma roqueira, Rita Lee, que teria presença tão forte na discografia de Zélia que viraria sua eventual parceira.
Ritmo recorrente na obra de Zélia, o reggae Astúcia (Jussi Campelo) é das poucas faixas que se salvam em disco que ganha pique no dueto com Luiz Melodia em Segredos e o perde na funkeada Prove e em versão de música de Kenny G (Going Home, intitulada De Onde Vem? na letra de Orlando Morais) que roça o brega.
Enfim, o valor da reedição produzida por Eduardo Magossi é apenas documental. Outra Luz capta o parto sombrio da discografia de uma cantora que ainda iria se iluminar ao longo da década - a ponto de, mais de 15 anos depois desta estréia errante, figurar no posto de uma das compositoras e intérpretes mais importantes de sua geração.
Pink lança seu quarto álbum em abril
I'm Not Dead - o quarto álbum de Pink - vai ser lançado no Brasil em abril, com todas as músicas assinadas pela artista. Mas o primeiro single, Stupid Girls, já está sendo veiculado este mês, com clipe moldado para causar impacto. O vídeo toca em temas como a artificialidade da cultura pop, criticando as celebridades e a obsessão pelo culto ao corpo. Na foto, uma imagem do clipe.
'Concert for Bangladesh' sai em CD duplo remixado com faixa inédita de Bob Dylan
Lançado em DVD no fim de 2005, The Concert of Bangladesh - o registro ao vivo do show beneficente liderado por George Harrison em 1º de agosto de 1971, no Madison Square Garden, em Nova York (EUA) - está voltando ao catálogo no mercado nacional, no formato de CD. Além de ter sido remixado, o álbum duplo traz faixa-bônus inédita em disco. Trata-se de Love Minus Zero / No Limit, com Bob Dylan, um dos participantes do espetáculo, que reuniu nomes como Eric Clapton, Ringo Starr e Ravi Shankar. A turbinada reedição já foi lançada no exterior no ano passado.
Depois de Elis, as pérolas raras de Zizi
Já está nas lojas o segundo volume da coleção Pérolas Raras, iniciada com Elis Regina. O CD dedicado a Zizi Possi (capa à direita) na série da Universal Music traz gravações feitas pela cantora fora de sua discografia oficial. Há encontros como Chico Buarque (Dueto, tema de trilha sonora do filme Amores Possíveis), Vítor Ramil (Um e Dois) e Tunai (Ponte dos Suspiros), além de versão ao vivo de Pedaço de Mim.
Leila recarrega 'Piano na Mangueira'
Vestida de terno branco, como sugerem os versos da parceria de Tom Jobim com Chico Buarque, Leila Pinheiro regravou o samba Piano na Mangueira para o primeiro DVD da Velha Guarda da Mangueira. Na foto, clicada por Flávia Souza Lima, um flagrante da gravação, feita na quadra da escola verde e rosa, no Rio. A cantora posa com integrantes da Estação Primeira. O samba foi lançado em disco em 1993. Na gravação, Leila se acompanhou ao piano - estrategicamente posicionado sobre o escudo da agremiação.
Mudanças na Distribuidora Independente
Label da extinta distribuidora Eldorado, na qual chegou a administrar mais de 50 selos e licenciamentos, James Lima assumiu a coordenação da Distribuidora Independente - um dos braços da gravadora Trama, que enxugou seus quadros no fim de 2005 e entrou em 2006 com organograma reformulado. A função de James será procurar artistas que estão com trabalhos prontos, mas sem distribuição, assim como discos que precisem de pequenos ajustes em estúdio. A idéia é também firmar parcerias com selos que tenham catálogos de qualidade em vários gêneros, inclusive os mais populares. A Distribuidora Independente quer diversificar o perfil dos CDs que vai pôr nas lojas, passando a trabalhar com artistas de todos os segmentos.
Mick Jagger veste a camisa do Brasil
Eis um flagrante de Mick Jagger, no show dos Rolling Stones, vestido com a camisa estampada com a Bandeira Nacional e com a frase 'Brasil - Rio de Janeiro'. Comunicativo com o público que superlotou a Praia de Copacabana, o cantor dos Stones vestiu mesmo a camisa brasileira... A fota é da Agência EFE.
Foi quase só rock'n'roll, mas eu gostei...
Resenha de show
Título: A Bigger Bang World Tour
Artista: Rolling Stones
Local: Praia de Copacabana (RJ)
Cotação: * * * *
Foi (quase) somente rock'n'roll, com eventuais blues e uma ou outra balada, mas eu gostei. Na noite de sábado, 18 de fevereiro, os Rolling Stones mostraram em show histórico na Praia de Copacabana, para público estimado em um milhão de pessoas, que o rock ainda sobrevive muito bem sem rap, sem bases programadas por DJs, sem toques de world music, enfim, sem qualquer aditivo que não faça parte de sua árvore genealógica. Quando a guitarra de Keith Richards reproduziu o riff incendiário de I Can't Get no (Satisfaction) (1965), com Mick Jagger vestido com camisa estampada com a Bandeira Nacional na qual se lia 'Brasil - Rio de Janeiro', a Bigger Bang World Tour começou a se despedir do Rio após show antológico e coeso em seus 20 números (apesar dos pequenos intervalos entre um e outro...). Um espetáculo grandioso que deverá render um belo DVD!
Jagger e Cia. já entraram no palco dizendo a que veio. O primeiro bloco do show, enxuto e roqueiro, foi dinamite pura com seqüência aberta por Jumpin' Jack Flash (1969) e seguida por It's Only Rock'n'Roll (But I Like It) (1974), You Got me Rocking (1994, música não prevista no roteiro) e Tumblin' Dice (1972). Com as guitarras de Richard e Ron Woods em primeiro plano, Jagger correu elétrico pelo palco e saudou o público, em português até desenvolto, com frases como "Tudo bem?" e "Boa noite, galera". Por esse certeiro bloco inicial, pareceu que o tempo não passara para os Stones.
Mas o tempo não espera por ninguém, como já sentenciou o próprio Jagger, e o rock Oh no, Not You Again (2005) - do último e bom disco do grupo, A Bigger Bang - até cresceu ao vivo, mas não resistiu à comparação com os petardos antigos. E foram eles que garantiram o pique do show, entre balada de 1971 (Wild Horses, definida por Jagger como "uma triste canção de amor") e números que ratificaram a raiz blues da obra stoniana - casos de Rain Fall Down (grande tema de 2005 em que brilhou o baixista Darryl Jones) e Midnight Rambler (1969), blues cheio de improvisos e climas, em que Jagger rebolou alucinado pela extensão do palco armada em forma de passarela.
Se houve surpresa no roteiro, foi a inclusão de (Night Time Is) The Right Time, blues gravado por Ray Charles em 1958, revivido com direito a imagem do Genius no telão. Se houve momento em que o show perdeu um pouco o pique, foi quando Keith Richards assumiu o microfone, pegou o violão e cantou, tal qual um trovador folk dos anos 60, a canção This Place Is Empty (uma das mais fracas da safra 2005). Richards ainda emendou Happy (número recorrente em sua voz desde os anos 70) antes de Jagger reassumir o microfone com Miss You (1978), o flerte dos Stones com a disco music (mas sem evocar qualquer clima retrô ou dance...).
Com Jagger no palco móvel que o aproximou da multidão, o show retomou o pique roqueiro com Rough Justice (típico rock stoniano de 2005), Get Off of my Cloud (1965), Honky Tonk Women (1969), Sympathy for the Devil (1968), Star me Up (1981) e Brown Sugar (1971). Outra seqüência infalível e arrebatadora! Em seguida, You Can't Get Always What You Want (1969) poderia até ter sido um anticlímax se a platéia, atendendo aos apelos de Jagger, não tivesse ficado repetindo o título da música em coro.
Ao som de seu hino Satisfaction, cantado a plenos pulmões pela multidão, os Stones deixaram o palco com a missão cumprida de entreter uma platéia que, em boa parte, nem era nascida quando eles deram seus primeiros passos, em 1962. Foi um grande show! Foi quase somente rock'n'roll, mas, por isso mesmo, eu gostei - repito. E, pela energia do quarteto, especialmente a de Jagger, ficou a sensação de que, contrariando excepcionalmente a máxima do astro inglês, o tempo até tem esperado por esses adoráveis roqueiros sessentões...