Walter Alfaiate expõe elo entre Lupicínio e Mauro Duarte em tributo melancólico
Resenha de CD
Título: Tributo a Mauro Duarte
Artista: Walter Alfaiate
Gravadora: CPC-UMES
Cotação: * * *
O compositor Mauro Duarte (1930 - 1989) nasceu em Minas Gerais, mas se criou artisticamente no Rio de Janeiro - sempre ligado ao Carnaval e aos blocos de Botafogo, bairro da Zona Sul carioca. Autor de Canto das Três Raças (1976) e Portela na Avenida (1981), entre outros sucessos compostos com Paulo César Pinheiro e popularizados na voz de Clara Nunes (1943 - 1982), Duarte tem a faceta mais melancólica de sua obra realçada no terceiro CD de Walter Alfaiate, Tributo a Mauro Duarte.
Na maioria das 11 músicas inéditas (apenas Falsa Euforia já havia sido gravada), Alfaiate revela insuspeito elo entre as obras de Duarte e Lupicínio Rodrigues. Os metais dos arranjos assinados pelos maestros Ruy Quaresma (produtor do disco) e Humberto Araújo por vezes dão ao disco um tom quase esfuziante que contrasta com a intensa melancolia exposta nos versos de músicas como Constantemente.
Como Lupicínio Rodrigues, que destilava amargura e tristeza em suas letras, o mineiro Duarte é do time dos que pregam a vingança - sentimento recorrente na obra de seu colega gaúcho. Em Ver Ver, João, a alegria pelo fracasso da mulher amada é escancarada. Aliás, tal qual no universo lupiciniano, a mulher na obra de Duarte é quase sempre a culpada pela desgraça amorosa. É a que partiu, desgraçando o homem. Na lírica Bom Jardineiro, por exemplo, são reafirmados o orgulho e o triunfo do macho ao fim da paixão, enquanto que, em Ainda Precisarás de Mim, o samba mais belo do disco, o autor anseia pelo pranto da mulher que o deixou. A culpa pelo próprio fracasso afetivo e social somente é admitida em Derrotado.
O CD perde seu tom melancólico em poucas faixas. Não por acaso, as mais carnavalescas: Vila e Fonte dos Amores. Tributo à escola de samba Unidos de Vila Isabel, a primeira é um samba feito na série em que Duarte e Paulo César Pinheiro homenagearam as principais escolas do Rio. Clara Nunes gravou as primeiras homenagens. Com sua morte, Alcione deu seqüência aos tributos, mas o samba que reverencia a Vila de Martinho permanecia inédito. É quando aparece no disco uma batucada tipicamente carioca. Já Fonte dos Amores é samba-enredo de Duarte, Alfaiate e Wilson Moreira (em bissexta parceria com os autores), feito para a Portela, mas esquecido a partir do momento em que perdeu a disputa para conduzir a Portela na avenida.
Há um pouco de Carnaval no disco, mas, no todo, Tributo a Mauro Duarte é CD mais indicado para foliões do bloco do eu sozinho.
Título: Tributo a Mauro Duarte
Artista: Walter Alfaiate
Gravadora: CPC-UMES
Cotação: * * *
O compositor Mauro Duarte (1930 - 1989) nasceu em Minas Gerais, mas se criou artisticamente no Rio de Janeiro - sempre ligado ao Carnaval e aos blocos de Botafogo, bairro da Zona Sul carioca. Autor de Canto das Três Raças (1976) e Portela na Avenida (1981), entre outros sucessos compostos com Paulo César Pinheiro e popularizados na voz de Clara Nunes (1943 - 1982), Duarte tem a faceta mais melancólica de sua obra realçada no terceiro CD de Walter Alfaiate, Tributo a Mauro Duarte.
Na maioria das 11 músicas inéditas (apenas Falsa Euforia já havia sido gravada), Alfaiate revela insuspeito elo entre as obras de Duarte e Lupicínio Rodrigues. Os metais dos arranjos assinados pelos maestros Ruy Quaresma (produtor do disco) e Humberto Araújo por vezes dão ao disco um tom quase esfuziante que contrasta com a intensa melancolia exposta nos versos de músicas como Constantemente.
Como Lupicínio Rodrigues, que destilava amargura e tristeza em suas letras, o mineiro Duarte é do time dos que pregam a vingança - sentimento recorrente na obra de seu colega gaúcho. Em Ver Ver, João, a alegria pelo fracasso da mulher amada é escancarada. Aliás, tal qual no universo lupiciniano, a mulher na obra de Duarte é quase sempre a culpada pela desgraça amorosa. É a que partiu, desgraçando o homem. Na lírica Bom Jardineiro, por exemplo, são reafirmados o orgulho e o triunfo do macho ao fim da paixão, enquanto que, em Ainda Precisarás de Mim, o samba mais belo do disco, o autor anseia pelo pranto da mulher que o deixou. A culpa pelo próprio fracasso afetivo e social somente é admitida em Derrotado.
O CD perde seu tom melancólico em poucas faixas. Não por acaso, as mais carnavalescas: Vila e Fonte dos Amores. Tributo à escola de samba Unidos de Vila Isabel, a primeira é um samba feito na série em que Duarte e Paulo César Pinheiro homenagearam as principais escolas do Rio. Clara Nunes gravou as primeiras homenagens. Com sua morte, Alcione deu seqüência aos tributos, mas o samba que reverencia a Vila de Martinho permanecia inédito. É quando aparece no disco uma batucada tipicamente carioca. Já Fonte dos Amores é samba-enredo de Duarte, Alfaiate e Wilson Moreira (em bissexta parceria com os autores), feito para a Portela, mas esquecido a partir do momento em que perdeu a disputa para conduzir a Portela na avenida.
Há um pouco de Carnaval no disco, mas, no todo, Tributo a Mauro Duarte é CD mais indicado para foliões do bloco do eu sozinho.
2 COMENTÁRIOS:
Se for tão bom quanto o primeiro disco de Alfaiate, tô dentro!
se os sambas forem tão bonitos como os gravados pela saudosa Clara, o disco tem valor.
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