Reedição de disco de 1990 expõe abismo entre a efêmera Zélia Cristina e a Duncan
Resenha de CD
Título: Outra Luz
Artista: Zélia Cristina
Gravadora: Eldorado
Cotação: * *
Como Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan conseguiu gravar e lançar seu primeiro disco em 1990. Como sua colega gaúcha, a cantora de Niterói (RJ) - criada artisticamente em Brasília (DF) - não conseguiu impor seu trabalho autoral e sua estética sonora neste primeiro trabalho. Adriana e Zélia precisaram esperar pelo segundo disco para mostrar a que tinham vindo. No caso de Zélia, foram necessários quatro anos para a maturação de sua obra de compositora. E este Outra Luz - ora oportunamente relançado pela Distribuidora Independente, da Trama, com a capa original que fora trocada na primeira reedição em CD, em 1996 - expõe o abismo que cresceu entre Zélia Cristina (o nome artístico usado pela cantora em sua estréia) e a Duncan, que emergiria a partir do segundo disco (editado em 1994 com músicas como Sentidos, Não Vá Ainda e O meu Lugar).
Outra Luz teve equivocada produção de Guti Carvalho, Paulo Henrique e Iuri Cunha. O trio forjou sonoridade de pop rock cheia de clichês e teclados. Mas o curioso é notar que já havia ali as sementes que brotariam de forma mais harmoniosa na obra posterior de Zélia, a Duncan. Se a faixa-título é parceria da compositora com seu fiel escudeiro Christiaan Oyens, Pirataria é música de uma roqueira, Rita Lee, que teria presença tão forte na discografia de Zélia que viraria sua eventual parceira.
Ritmo recorrente na obra de Zélia, o reggae Astúcia (Jussi Campelo) é das poucas faixas que se salvam em disco que ganha pique no dueto com Luiz Melodia em Segredos e o perde na funkeada Prove e em versão de música de Kenny G (Going Home, intitulada De Onde Vem? na letra de Orlando Morais) que roça o brega.
Enfim, o valor da reedição produzida por Eduardo Magossi é apenas documental. Outra Luz capta o parto sombrio da discografia de uma cantora que ainda iria se iluminar ao longo da década - a ponto de, mais de 15 anos depois desta estréia errante, figurar no posto de uma das compositoras e intérpretes mais importantes de sua geração.
Título: Outra Luz
Artista: Zélia Cristina
Gravadora: Eldorado
Cotação: * *
Como Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan conseguiu gravar e lançar seu primeiro disco em 1990. Como sua colega gaúcha, a cantora de Niterói (RJ) - criada artisticamente em Brasília (DF) - não conseguiu impor seu trabalho autoral e sua estética sonora neste primeiro trabalho. Adriana e Zélia precisaram esperar pelo segundo disco para mostrar a que tinham vindo. No caso de Zélia, foram necessários quatro anos para a maturação de sua obra de compositora. E este Outra Luz - ora oportunamente relançado pela Distribuidora Independente, da Trama, com a capa original que fora trocada na primeira reedição em CD, em 1996 - expõe o abismo que cresceu entre Zélia Cristina (o nome artístico usado pela cantora em sua estréia) e a Duncan, que emergiria a partir do segundo disco (editado em 1994 com músicas como Sentidos, Não Vá Ainda e O meu Lugar).
Outra Luz teve equivocada produção de Guti Carvalho, Paulo Henrique e Iuri Cunha. O trio forjou sonoridade de pop rock cheia de clichês e teclados. Mas o curioso é notar que já havia ali as sementes que brotariam de forma mais harmoniosa na obra posterior de Zélia, a Duncan. Se a faixa-título é parceria da compositora com seu fiel escudeiro Christiaan Oyens, Pirataria é música de uma roqueira, Rita Lee, que teria presença tão forte na discografia de Zélia que viraria sua eventual parceira.
Ritmo recorrente na obra de Zélia, o reggae Astúcia (Jussi Campelo) é das poucas faixas que se salvam em disco que ganha pique no dueto com Luiz Melodia em Segredos e o perde na funkeada Prove e em versão de música de Kenny G (Going Home, intitulada De Onde Vem? na letra de Orlando Morais) que roça o brega.
Enfim, o valor da reedição produzida por Eduardo Magossi é apenas documental. Outra Luz capta o parto sombrio da discografia de uma cantora que ainda iria se iluminar ao longo da década - a ponto de, mais de 15 anos depois desta estréia errante, figurar no posto de uma das compositoras e intérpretes mais importantes de sua geração.
10 COMENTÁRIOS:
Não acho que este disco seja tão ruim assim, Mauro. Não dá pra comparar com o segundo, mas "Lagoa" é linda.
Bom ou ruim, o importante é que esteja em catálogo.
Se formos pensar bem, a Adriana e a Zélia não estão tão mal assim de começo de carreira, né? O "Enguiço", da Adriana, não é tão autoral quanto os discos posteriores, mas ainda assim tem ótimos momentos.
Pior e muito mais tenebroso que os começos da Zélia ou da Adriana, por exemplo, foi o da Elis Regina, que ao invés de um, teve que amargar QUATRO discos totalmente esquecíveis, que se são reeditados hoje, é somente pelo valor que a cantora mostrou depois em outras gravadoras.
Que bom,que bacana Zelia que voce nos brinda alem do imenso talento com essa verdade exemplar.Mauro,oportuno e preciso.
Nem todo primeiro disco é do jeito que se quer. Viva Zélia!
Esse disco é uó. Realmente fico na dúvida se é bom reeditar certas coisas... Acho até que a própria artista não gostaria de ver isso de novo nas prateleiras, nunca a vi falando desse disco nas entrevistas que ela concede...
Olha .. fiquei curioso , quando chega as lojas ?
Vai ter " música de trabalho " Mauro ? Acho que não, né ?
Diogo, o disco já está nas lojas. Mas é claro que não ver ter música de trabalho. É uma tiragem inicial reduzida (de 2 mil exemplares) dirigida aos fãs da cantora que desejam ter o CD com a capa original.
Mano Freire disse,
Lembro ter ouvuido esse disco na época apenas uma vez. Se não me engano, ela fez uma leitura de Super-Homem(A Canção), de Gil, aliás, muito ruim. Ninguém, superaria a interpretação do Gil nesse caso, até Caetano, Edson Cordeiro... caiu no desfiladeiro ao tentar dizer "Que um dia viveu a ilusão de que ser homem bastaria..", imagine Zélia Cristina.
Mas, Mauro, a capa original não é a que está reproduzida no seu blog...
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