Daniela tenta um lugar na MPB
Resenha de disco
Título: Clássica
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *
Em 2001, Daniela Mercury explicitou no título do confuso álbum que lançou naquele ano, Sou de Qualquer Lugar, a intenção de extrapolar fronteiras musicais para não ficar restrita ao território da axé music. Mas ela andou meio sem rumo em discos posteriores, ora tentando um pop mais globalizado (como no seu bom MTV ao Vivo), ora investindo na mistura de bases eletrônicas com a percussão afro-baiana (como em Carnaval Eletrônico). Clássica, décimo título de sua discografia solo, nasceu de um show realizado pela cantora na casa paulista Bourbon Street Music Club, em outubro de 2004, dentro da proposta de renovar repertório que caracteriza o projeto Credicard Vozes. A gravação ao vivo - editada nos formatos de CD e DVD - situa a cantora no universo da MPB, entre a bossa nova e o sambalanço dos anos 60.
No suingado número de abertura, And I Love Her (John Lennon e Paul McCartney), a impressão que se tem é a de ouvir uma cantora de jazz. O suingue continua em números como Brigas Nunca Mais (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Maria Clara (samba de autoria da própria Daniela) e Serrado (Djavan) - neste samba com direito a jam session da virtuosa banda. O problema é que, aos poucos, a artista começa a arriscar interpretações mais densas para músicas como Derradeira Primavera (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Se Eu Quiser Falar com Deus (Gilberto Gil). Nessas faixas, a qualidade cai - mesmo porque Daniela nunca foi nenhuma Elis Regina e tampouco pode ser dar ao luxo de investir em leituras mais dramáticas, como Maria Bethânia. No todo, no entanto, Clássica é um bom disco que sinaliza a evolução de Daniela como cantora e que a situa com elegância no tão almejado universo da MPB. Aos poucos, ela pode encontrar o seu lugar.
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