Musical expõe a dor e a delícia de ser Renato Russo em narrativa emocionada
Resenha de musical
Título: Renato Russo
Local: Centro Cultural dos Correios (RJ). Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro. Tel.: 2503-8222
Hora: Quinta-feira a sábado, às 19h30m. Domingo, às 19h.
Cotação: * * * *
Meses depois de Diogo Vilela impressionar com elaborada interpretação de Cauby Peixoto, Bruce Gomlevsky entra mediunicamente na pele de Renato Russo em musical que estreou esta semana no Rio, na carona das lembranças pelos dez anos da morte do artista, completados na quarta-feira, 11 de outubro. A caracterização de Gomlevsky como o messiânico líder da extinta banda Legião Urbana beira a perfeição - como pode ser comprovado na foto à direita. Mas o minucioso trabalho do ator vai além da caracterização física. Ao incorporar os demônios e os trejeitos do compositor, Gomlevsky vence as limitações de um monólogo e retrata Russo de forma sensível.
Com base no livro Renato Russo - O Trovador Solitário, escrito pelo jornalista Arthur Dapieve e reeditado por conta da década sem o legionário, o texto reconstitui os passos mais importantes da trajetória do artista entre cerca de 20 números musicais, cantados pelo ator na companhia da Banda Arte Profana. Embora desafine eventualmente, Gomlevsky também impressiona como o cantor que, a rigor, não é. Ele persegue o timbre, a entonação e as divisões do intérprete original, com especial êxito em Eu Sei e em Eduardo e Mônica, músicas do tempo em que Russo se apresentava em Brasília como o trovador solitário.
A encenação inteligente do diretor Mauro Mendonça Filho faz excelente uso do telão e do recurso do off para ajudar a criar atmosfera que tanto pode ser de tensão - como na recriação da balbúrdia que interrompeu um show da Legião Urbana em Brasília, em 18 de junho de 1988, e que resultou em 60 prisões e em 365 feridos - como de emoção. Caso da cena em que Gomlevsky canta Pais e Filhos ao lado de um carrinho de bebê e com projeções de desenhos feitos pelo então menino Giuliano Manfredini, o filho que Renato Russo teria adotado em 1989 em trama folhetinesca até hoje não totalmente elucidada.
O texto de Daniela Pereira de Carvalho, a propósito, não avança em relação à biografia já conhecida do artista e tampouco esclarece ou lança dúvidas sobre pontos ainda nebulosos, como a questão da suposta adoção de Giuliano. Mas também não retoca o retrato do ídolo. Sensibilidade e tormento moldaram a personalidade de Renato Russo desde a adolescência, quando uma doença óssea o prendeu a uma cadeira de rodas. O musical expõe toda a dor e a delícia de ser o que foi Renato Russo, contribuindo para humanizar e, por outro lado, mitificar ainda mais a figura do artista, dono de obra que transcende sua atribulada vida pessoal. Com direito a todos os sucessos que marcaram a geração coca-cola e, ainda hoje, cativam seus descendentes. Renato Russo vive!
Título: Renato Russo
Local: Centro Cultural dos Correios (RJ). Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro. Tel.: 2503-8222
Hora: Quinta-feira a sábado, às 19h30m. Domingo, às 19h.
Cotação: * * * *
Meses depois de Diogo Vilela impressionar com elaborada interpretação de Cauby Peixoto, Bruce Gomlevsky entra mediunicamente na pele de Renato Russo em musical que estreou esta semana no Rio, na carona das lembranças pelos dez anos da morte do artista, completados na quarta-feira, 11 de outubro. A caracterização de Gomlevsky como o messiânico líder da extinta banda Legião Urbana beira a perfeição - como pode ser comprovado na foto à direita. Mas o minucioso trabalho do ator vai além da caracterização física. Ao incorporar os demônios e os trejeitos do compositor, Gomlevsky vence as limitações de um monólogo e retrata Russo de forma sensível.
Com base no livro Renato Russo - O Trovador Solitário, escrito pelo jornalista Arthur Dapieve e reeditado por conta da década sem o legionário, o texto reconstitui os passos mais importantes da trajetória do artista entre cerca de 20 números musicais, cantados pelo ator na companhia da Banda Arte Profana. Embora desafine eventualmente, Gomlevsky também impressiona como o cantor que, a rigor, não é. Ele persegue o timbre, a entonação e as divisões do intérprete original, com especial êxito em Eu Sei e em Eduardo e Mônica, músicas do tempo em que Russo se apresentava em Brasília como o trovador solitário.
A encenação inteligente do diretor Mauro Mendonça Filho faz excelente uso do telão e do recurso do off para ajudar a criar atmosfera que tanto pode ser de tensão - como na recriação da balbúrdia que interrompeu um show da Legião Urbana em Brasília, em 18 de junho de 1988, e que resultou em 60 prisões e em 365 feridos - como de emoção. Caso da cena em que Gomlevsky canta Pais e Filhos ao lado de um carrinho de bebê e com projeções de desenhos feitos pelo então menino Giuliano Manfredini, o filho que Renato Russo teria adotado em 1989 em trama folhetinesca até hoje não totalmente elucidada.
O texto de Daniela Pereira de Carvalho, a propósito, não avança em relação à biografia já conhecida do artista e tampouco esclarece ou lança dúvidas sobre pontos ainda nebulosos, como a questão da suposta adoção de Giuliano. Mas também não retoca o retrato do ídolo. Sensibilidade e tormento moldaram a personalidade de Renato Russo desde a adolescência, quando uma doença óssea o prendeu a uma cadeira de rodas. O musical expõe toda a dor e a delícia de ser o que foi Renato Russo, contribuindo para humanizar e, por outro lado, mitificar ainda mais a figura do artista, dono de obra que transcende sua atribulada vida pessoal. Com direito a todos os sucessos que marcaram a geração coca-cola e, ainda hoje, cativam seus descendentes. Renato Russo vive!
9 COMENTÁRIOS:
Difícil crer que alguém tão singular quanto Renato possa ser reproduzido no palco por um ator, por melhor que seja este ator. Nunca ouvi falar nesse Bruce, sou fã de Renato, moro em Sampa.
Joca, não vi a peça, mas acredito que a intenção não seja imitar Renato e sim contar sua vida para mostrar sua importância que só aumenta com o tempo.
vou ver o musical semana que vem porque ainda não apareceu no rock brasileiro um artista tão importante quanto Renato. E tudo que diz respeito a ele me interessa.
Renato tinha muito talento, só acho que endeusam demais o cara. Cazuza foi tão genial quanto ele.
Acho valido o trabalho destas pessoas e acredito que não querem elucidar ou reproduzir nada, apenas nos remeter a um tempo interessante de nossa historia e humanizar esta figura brasileira que ao menos no que me toca me deu alegrias e algumas tristeza quando menino tentei idealizar o idolo e descobrir uma pessoa controversa e um ser humano cheio de fantasmas como quase todos nós.
André Sales
Sinceramente, não sei por que ainda existem pessoas que resistem ao talento incontestavel de Renato Russo.
Fui na estreia para convidados, fui na abertura dia 12/10 e com certeza voltarei antes do final da temporada. O ator estar perfeito.
Parabéns a todos pelo belissimo trabalho.
Lenilson Leal
Rio de Janeiro
VI E COM CERTEZA VOLTAREI DE NOVO. ACHEI EMOCIONANTE
Fãs do Renato e da Legião me perdoem mas eu acho esse moço um chute nos pacová. Lamurioso, deprê, uma voz sem qualquer musicalidade e um repertório que...ajudai-me!!!
Até samba enredo em sua voz se transforma em ladainha de procissão à luz de lamparina.
Aviso aos navegantes comentaristas: embora defensor da liberdade de expressão, decidi ser mais rígido na liberação de comentários a partir desta sexta-feira, 20 de outubro. Muitos já são recusados. Mas pretendo estreitar o funil porque percebo que algumas pessoas saem do tom. Continuo sustentando que, mais importante que comentar, é ter acesso à qualidade e à quantidade de informação postada aqui diariamente neste blog/coluna. Mas, com a intenção de elevar o nível das discussões, passarei a vetar qualquer comentário de tom agressivo. se quiserem detonar o artista, o disco ou colunista, que o façam, mas de forma educada. É isso aí. Aos incomodados, sorry, que se mudem para outro blog.
Postar um comentário
<< Home