Arquivos da RGE maltratados pela Trama
Resenha de série
Título: Arquivos RGE
Artista: Vários
Gravadora: Trama
Cotação: *
Decidida a explorar o catálogo da RGE, herdado em 1999 com a extinção da gravadora criada em 1954 em São Paulo, a Som Livre acaba de lançar a série RGE Clássicos (com 15 títulos irregulares) no momento em que começa a licenciar reedições de discos da companhia para outras empresas. Se a Deckdisc vai repor nas lojas entre novembro e março 22 títulos do acervo sertanejo da RGE (incluindo discos de João Mulato & Pardinho e Pena Branca & Xavantinho), a Trama acaba de relançar 18 álbuns em coleção que, embora intitulada Arquivos RGE, abrange também alguns títulos da Som Livre.
Em que pese o cuidadoso processo de remasterização dos álbuns, a série representa um retrocesso na forma como a indústria fonográfica vem tratando as reedições de seus acervos. A Trama - que sempre primou pelo requinte na parte visual de seus lançamentos - criou padronizada arte gráfica que faz a coleção parecer aquelas séries de compilações econômicas. Exceto pela reprodução da capa original (em escala bem reduzida) nas contracapas das reedições, nada no magro encarte remete à arte das edições originais.
Para piorar, a grande maioria dos títulos já foi editada recentemente em CD - casos dos quatro discos do Fundo de Quintal incluídos na série. Seja Sambista Também (1984), Divina Luz (1985, capa acima à esquerda), O Mapa da Mina (1986) e A Batucada dos Nossos Tantãs (1993) já tinham sido remasterizados e transpostos para o formato digital pela própria Som Livre, em 2000, na coleção Bambas do Samba. O mesmo podendo ser dito dos dois CDs de Jorge Aragão, A Seu Favor (1990) e Chorando Estrelas (1992). É fato que a remasterização em 24 bits da Trama depura um pouco mais o som original, mas o ganho é pequeno e não justifica a substituição dos álbuns no caso de consumidores que já tinham adquirido as reedições anteriores.
O valor é maior nas reedições de discos realmente raros de César Camargo Mariano (Octeto de César Camargo Mariano, 1966) e Pena Branca & Xavantinho (Uma Dupla Brasileira, 1982). Em compensação, nada justifica a seleção de seis discos da dupla Teodoro & Sampaio, incluindo uma coletânea (As 14 Mais de Teodoro & Sampaio, 1998) que repete os fonogramas dos outros cinco CDs. Sobretudo porque a obra de Teodoro & Sampaio, a despeito da popularidade da dupla no interior do Brasil, não tem o peso do acervo de nomes como Pena Branca & Xavantinho, para ficar somente no universo da RGE.
A seu favor, a coleção Arquivos RGE tem o mérito de repor em catálogo discos de Luiz Melodia (Mico de Circo, 1978), Azimuth (Azimuth, 1975) e Robson Jorge & Lincoln Olivetti (Robson Jorge & Lincoln Olivetti, 1982), que, embora já reeditados em CD, tinham sumido das lojas. Mas é pouco para série produzida por gravadora tão criteriosa como a Trama.
Título: Arquivos RGE
Artista: Vários
Gravadora: Trama
Cotação: *
Decidida a explorar o catálogo da RGE, herdado em 1999 com a extinção da gravadora criada em 1954 em São Paulo, a Som Livre acaba de lançar a série RGE Clássicos (com 15 títulos irregulares) no momento em que começa a licenciar reedições de discos da companhia para outras empresas. Se a Deckdisc vai repor nas lojas entre novembro e março 22 títulos do acervo sertanejo da RGE (incluindo discos de João Mulato & Pardinho e Pena Branca & Xavantinho), a Trama acaba de relançar 18 álbuns em coleção que, embora intitulada Arquivos RGE, abrange também alguns títulos da Som Livre.
Em que pese o cuidadoso processo de remasterização dos álbuns, a série representa um retrocesso na forma como a indústria fonográfica vem tratando as reedições de seus acervos. A Trama - que sempre primou pelo requinte na parte visual de seus lançamentos - criou padronizada arte gráfica que faz a coleção parecer aquelas séries de compilações econômicas. Exceto pela reprodução da capa original (em escala bem reduzida) nas contracapas das reedições, nada no magro encarte remete à arte das edições originais.
Para piorar, a grande maioria dos títulos já foi editada recentemente em CD - casos dos quatro discos do Fundo de Quintal incluídos na série. Seja Sambista Também (1984), Divina Luz (1985, capa acima à esquerda), O Mapa da Mina (1986) e A Batucada dos Nossos Tantãs (1993) já tinham sido remasterizados e transpostos para o formato digital pela própria Som Livre, em 2000, na coleção Bambas do Samba. O mesmo podendo ser dito dos dois CDs de Jorge Aragão, A Seu Favor (1990) e Chorando Estrelas (1992). É fato que a remasterização em 24 bits da Trama depura um pouco mais o som original, mas o ganho é pequeno e não justifica a substituição dos álbuns no caso de consumidores que já tinham adquirido as reedições anteriores.
O valor é maior nas reedições de discos realmente raros de César Camargo Mariano (Octeto de César Camargo Mariano, 1966) e Pena Branca & Xavantinho (Uma Dupla Brasileira, 1982). Em compensação, nada justifica a seleção de seis discos da dupla Teodoro & Sampaio, incluindo uma coletânea (As 14 Mais de Teodoro & Sampaio, 1998) que repete os fonogramas dos outros cinco CDs. Sobretudo porque a obra de Teodoro & Sampaio, a despeito da popularidade da dupla no interior do Brasil, não tem o peso do acervo de nomes como Pena Branca & Xavantinho, para ficar somente no universo da RGE.
A seu favor, a coleção Arquivos RGE tem o mérito de repor em catálogo discos de Luiz Melodia (Mico de Circo, 1978), Azimuth (Azimuth, 1975) e Robson Jorge & Lincoln Olivetti (Robson Jorge & Lincoln Olivetti, 1982), que, embora já reeditados em CD, tinham sumido das lojas. Mas é pouco para série produzida por gravadora tão criteriosa como a Trama.
6 COMENTÁRIOS:
Defendo também um padrão gráfico que respeite os discos originais, só acho que o deve ser considerado acima de tudo é a qualidade do som, não a capa do disco.
Discordo: capa e som são igualmente importantes em reedições deste tipo. se não fosse assim, bastaria um mp3
Eu já falei em outro post...
Essas reedições que eram o que sustentavam a indústria fonográfica (colecionadores acabam comprando os discos originais mesmo), estão se transformando em um lixo. Parecem aquelas séries econômicas de coletâneas...
Gosto de ler os comentários de samba, mas dá saudades de ler principalmente o do Marcelo e o Mauro tem sido econômico nos posts de samba. Cadê o cara?
Concordo com a Fernanda!
Concordo com a Fernanda!
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