DVD de Lee é para chorar com baladas...
Resenha de CD / DVD
Título: Pensei que Fosse o Céu - Ao Vivo
Artista: Vander Lee
Gravadora: Indie Records
Cotação: * *
Com seu cancioneiro progressivamente projetado nas vozes de cantoras como Rita Ribeiro e Gal Costa ao longo dos últimos anos, o compositor mineiro Vander Lee começou a sedimentar sua carreira de cantor, iniciada nos bares de Belo Horizonte (MG), cidade onde, em 14 de junho de 2006, gravou no Palácio das Artes este seu segundo registro de show - o primeiro com banda. O lançamento de Pensei que Fosse o Céu - Ao Vivo se justifica por marcar a estréia de Lee em DVD, ainda que o CD homônimo, lançado simultaneamente, escape da redundância por apresentar repertório diverso da gravação ao vivo de 2003.
Se o CD dribla os hits, o DVD (capa à esquerda) reúne todas as músicas que fazem a festa do público romântico de Lee. Românticos, aliás, é o título de um dos maiores hits do autor, que sempre se dividiu entre os sambas e as canções melódicas, mas obteve êxito popular com elas, cativando os 'que choram com baladas' - como diz sintomático verso de Românticos.
Para estes corações derramados, ávidos por melodias envolventes e letras comunicativas, o primeiro DVD do artista agrupa baladas como Contra o Tempo (do primeiro e raro CD do cantor, Vanderly, editado em 1997 de forma independente) e as recentes Breu (de certo peso roqueiro em algumas passagens instrumentais) e Iluminado, ambas do álbum anterior de Lee, Naquele Verbo Agora (2005).
As poucas novidades do requentado repertório sinalizam que Lee pode estar em fase de entressafra criativa no terreno das baladas - impressão confirmada pela inédita faixa-título, Pensei que Fosse o Céu (DVD e CD trazem ainda de bônus inédita gravada em estúdio, O Dedo do Tempo do Barro da Vida, de letra filosófica). Já na área do samba, bem representada no roteiro, Lee exibe suingue até certo ponto inesperado para um mineiro. Galo e Cruzeiro (do disco No Balanço do Balaio, de 1999) tem balanço de gafieira. Tô em Liquidação (outra música do CD de 1999) incorpora compassos de rap na sua levada de samba-rock. Já Passional (mais um samba do álbum de 1999!) conta com a intervenção de Zeca Baleiro.
Baleiro, a propósito, colabora como cantor e compositor em uma das poucas surpresas do repertório. Ele inaugura parceria com Lee em Bangalô, samba inexplicavelmente incluído somente nos extras do DVD (o dueto dos autores reforçaria o apelo comercial do CD). Seja como for, o melhor deste segundo registro de show do artista mineiro é o alto padrão de produção do DVD - fato inédito na Indie Records, gravadora até então muito desleixada na confecção de seus vídeos digitais. Em Pensei que Fosse o Céu - Ao Vivo, o áudio 5.1 é ótimo e a captação das imagens procura mostrar a interação do cantor com seu público, que acompanha com palmas o ritmo de Pra Ela Passar, faz coro em baladas como Esperando Aviões e parece ignorar que a leitura de Vander Lee para Onde Deus Possa me Ouvir - sua obra-prima, lançada por Gal Costa em 2002 - é infinitamente inferior à gravação definitiva feita por Leila Pinheiro em 2005 para o CD Nos Horizontes do Mundo.
Aos 40 anos de idade e 20 de luta para se firmar como compositor, Vander Lee ganha DVD à altura de sua biografia. É trabalho de caráter forçosamente retrospectivo, moldado para seduzir seus fãs muito, muito românticos.
Título: Pensei que Fosse o Céu - Ao Vivo
Artista: Vander Lee
Gravadora: Indie Records
Cotação: * *
Com seu cancioneiro progressivamente projetado nas vozes de cantoras como Rita Ribeiro e Gal Costa ao longo dos últimos anos, o compositor mineiro Vander Lee começou a sedimentar sua carreira de cantor, iniciada nos bares de Belo Horizonte (MG), cidade onde, em 14 de junho de 2006, gravou no Palácio das Artes este seu segundo registro de show - o primeiro com banda. O lançamento de Pensei que Fosse o Céu - Ao Vivo se justifica por marcar a estréia de Lee em DVD, ainda que o CD homônimo, lançado simultaneamente, escape da redundância por apresentar repertório diverso da gravação ao vivo de 2003.
Se o CD dribla os hits, o DVD (capa à esquerda) reúne todas as músicas que fazem a festa do público romântico de Lee. Românticos, aliás, é o título de um dos maiores hits do autor, que sempre se dividiu entre os sambas e as canções melódicas, mas obteve êxito popular com elas, cativando os 'que choram com baladas' - como diz sintomático verso de Românticos.
Para estes corações derramados, ávidos por melodias envolventes e letras comunicativas, o primeiro DVD do artista agrupa baladas como Contra o Tempo (do primeiro e raro CD do cantor, Vanderly, editado em 1997 de forma independente) e as recentes Breu (de certo peso roqueiro em algumas passagens instrumentais) e Iluminado, ambas do álbum anterior de Lee, Naquele Verbo Agora (2005).
As poucas novidades do requentado repertório sinalizam que Lee pode estar em fase de entressafra criativa no terreno das baladas - impressão confirmada pela inédita faixa-título, Pensei que Fosse o Céu (DVD e CD trazem ainda de bônus inédita gravada em estúdio, O Dedo do Tempo do Barro da Vida, de letra filosófica). Já na área do samba, bem representada no roteiro, Lee exibe suingue até certo ponto inesperado para um mineiro. Galo e Cruzeiro (do disco No Balanço do Balaio, de 1999) tem balanço de gafieira. Tô em Liquidação (outra música do CD de 1999) incorpora compassos de rap na sua levada de samba-rock. Já Passional (mais um samba do álbum de 1999!) conta com a intervenção de Zeca Baleiro.
Baleiro, a propósito, colabora como cantor e compositor em uma das poucas surpresas do repertório. Ele inaugura parceria com Lee em Bangalô, samba inexplicavelmente incluído somente nos extras do DVD (o dueto dos autores reforçaria o apelo comercial do CD). Seja como for, o melhor deste segundo registro de show do artista mineiro é o alto padrão de produção do DVD - fato inédito na Indie Records, gravadora até então muito desleixada na confecção de seus vídeos digitais. Em Pensei que Fosse o Céu - Ao Vivo, o áudio 5.1 é ótimo e a captação das imagens procura mostrar a interação do cantor com seu público, que acompanha com palmas o ritmo de Pra Ela Passar, faz coro em baladas como Esperando Aviões e parece ignorar que a leitura de Vander Lee para Onde Deus Possa me Ouvir - sua obra-prima, lançada por Gal Costa em 2002 - é infinitamente inferior à gravação definitiva feita por Leila Pinheiro em 2005 para o CD Nos Horizontes do Mundo.
Aos 40 anos de idade e 20 de luta para se firmar como compositor, Vander Lee ganha DVD à altura de sua biografia. É trabalho de caráter forçosamente retrospectivo, moldado para seduzir seus fãs muito, muito românticos.
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