Tunico Ferreira é herdeiro de partido alto
Resenha de CD
Título: Na Cadência do Partido Alto
Artista: Tunico Ferreira
Gravadora: ZFM
Cotação: * * * *
"Na cadência do partido alto, eu nasci", avisa o cantor e compositor Tunico Ferreira na faixa que abre seu segundo CD, justamente intitulado Na Cadência do Partido Alto. Nem era preciso se apresentar. Tunico é filho de Martinho da Vila e honra o nome do pai com repertório primoroso e quase todo inédito. Até a bela capa de Elifas Andreato (acima, à esquerda) evoca a obra de Martinho. Nos anos 70 e 80, Andreato criou capas antológicas para álbuns do artista. Para o disco de Tunico, ele adaptou O Príncipe Negro, obra de Paul Klee.
A partir de 1967, Martinho da Vila modernizou o samba-enredo (com cadência menos arrastada e versos mais coloquiais) e fez o partido alto ser consumido por um público de classe média, em vez de ficar confinado nos morros. A obra fonográfica de Tunico obviamente não tem esse caráter inovador, mas se impõe dentro da rica tradição paterna do artista. Em seu primeiro disco, editado em dezembro de 2003, o filho de Martinho já mostrou talento. No segundo trabalho, ele aprimora seu samba.
O disco está calcado no partido de mais alto quilate em faixas como Maria Rezadeira e Bate na Palma da Mão. E vale ressaltar que boa parte dos sambas leva a assinatura do próprio Tunico, ao lado de parceiros como Mombaça (em O Meu Papel, de um moralismo bem-vindo em tempos amorais), Jorge Agrião e Roque Ferreira. Agrião e Roque colaboram, por exemplo, em Me Curei do seu Amor, samba de cadência envolvente.
Soltando a voz com desenvoltura, Tunico canta versos descontraídos que fazem crônicas dos costumes do povo. Pé de Cana, O Sócio e No dos Outros É Refresco se inserem nessa vertente bem-humorada que nasceu com Noel Rosa, o bamba de Vila Isabel (RJ) do qual Martinho é fiel discípulo. E por falar no Da Vila, ele marca presença no disco com a autoria de um samba dos melhores de sua lavra, Eta Mundo Grande.
Depois de apresentar jóia da lavra de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro (E Lá se Vão os Anéis) e de regravar um sucesso inicial de Djavan (Alegre Menina, sem a riqueza harmônica da gravação feita pelo cantor alagoano em 1975 para a trilha da novela Gabriela), Tunico reverencia o bom pagode em Samba do Claudionor. Tal pai, tal filho. Herdeiro do melhor partido, Tunico Ferreira nasceu em casa de bamba.
Título: Na Cadência do Partido Alto
Artista: Tunico Ferreira
Gravadora: ZFM
Cotação: * * * *
"Na cadência do partido alto, eu nasci", avisa o cantor e compositor Tunico Ferreira na faixa que abre seu segundo CD, justamente intitulado Na Cadência do Partido Alto. Nem era preciso se apresentar. Tunico é filho de Martinho da Vila e honra o nome do pai com repertório primoroso e quase todo inédito. Até a bela capa de Elifas Andreato (acima, à esquerda) evoca a obra de Martinho. Nos anos 70 e 80, Andreato criou capas antológicas para álbuns do artista. Para o disco de Tunico, ele adaptou O Príncipe Negro, obra de Paul Klee.
A partir de 1967, Martinho da Vila modernizou o samba-enredo (com cadência menos arrastada e versos mais coloquiais) e fez o partido alto ser consumido por um público de classe média, em vez de ficar confinado nos morros. A obra fonográfica de Tunico obviamente não tem esse caráter inovador, mas se impõe dentro da rica tradição paterna do artista. Em seu primeiro disco, editado em dezembro de 2003, o filho de Martinho já mostrou talento. No segundo trabalho, ele aprimora seu samba.
O disco está calcado no partido de mais alto quilate em faixas como Maria Rezadeira e Bate na Palma da Mão. E vale ressaltar que boa parte dos sambas leva a assinatura do próprio Tunico, ao lado de parceiros como Mombaça (em O Meu Papel, de um moralismo bem-vindo em tempos amorais), Jorge Agrião e Roque Ferreira. Agrião e Roque colaboram, por exemplo, em Me Curei do seu Amor, samba de cadência envolvente.
Soltando a voz com desenvoltura, Tunico canta versos descontraídos que fazem crônicas dos costumes do povo. Pé de Cana, O Sócio e No dos Outros É Refresco se inserem nessa vertente bem-humorada que nasceu com Noel Rosa, o bamba de Vila Isabel (RJ) do qual Martinho é fiel discípulo. E por falar no Da Vila, ele marca presença no disco com a autoria de um samba dos melhores de sua lavra, Eta Mundo Grande.
Depois de apresentar jóia da lavra de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro (E Lá se Vão os Anéis) e de regravar um sucesso inicial de Djavan (Alegre Menina, sem a riqueza harmônica da gravação feita pelo cantor alagoano em 1975 para a trilha da novela Gabriela), Tunico reverencia o bom pagode em Samba do Claudionor. Tal pai, tal filho. Herdeiro do melhor partido, Tunico Ferreira nasceu em casa de bamba.
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