Diogo incorpora Cauby com grandeza!!!
Resenha de musical
Título: Cauby! Cauby!
Autor: Flávio Marinho
Direção: Diogo Vilela e Flávio Marinho
Local: Teatro Sesc Ginástico (RJ)
Data: 13 de julho de 2006
No número inicial do primeiro ato, Conceição, parecia que Diogo Vilela não tinha encarnado Cauby Peixoto com a perfeição com que incorporara há dez anos os traços peculiares de Nelson Gonçalves no musical Metralha. No apoteótico número final do segundo ato, New York New York, a certeza já era outra, totalmente oposta à impressão inicial. No palco, o ator já era o próprio Cauby - com os personalíssimos trejeitos vocais e gestuais do grande cantor. Pelo trabalho detalhista, Diogo saiu de cena consagrado e ovacionado pela platéia que assistiu à concorrida estréia de Cauby! Cauby! - musical de Flávio Marinho - na noite de quinta-feira, no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro (RJ).
É fato que a voz de Cauby Peixoto é única e inigualável. E o fato de Diogo Vilela não ser um cantor somente realça o caráter grandioso de sua composição e aumenta o seu mérito. O tom, o fraseado e a modulação de sua voz no espetáculo são os mesmos de Cauby. Criador e criatura chegam a se confundir em números como Bastidores e Bolero de Satã (este em dueto com uma Marya Bravo que canta muito bem, mas não convence na pele de Ângela Maria).
Talvez pelo repertório de Cauby nem sempre ter estado à altura de sua potência vocal, o roteiro inclua sucessos de Dalva de Oliveira (encarnada com perfeição por Sylvia Massari) e da própria Ângela Maria - colegas de Cauby nos dourados anos da era do rádio. Sem ousadias estilísticas, o musical segue a fórmula que vem garantindo o sucesso do gênero na cena carioca nos últimos anos. A dramaturgia em si é frágil - como leve é a carga dramática. A partir de uma entrevista que Cauby concede nos tempos atuais a um repórter bestializado, dados biográficos do cantor vão sendo revelados e eventualmente encenados entre números urdidos com a segura direção musical de Liliane Secco.
Construído sem ordenar os fatos em ordem cronológica, o texto toca de forma jocosa na questão da suposta homossexualidade de Cauby Peixoto sem, no entanto, nunca confirmá-la. Fica o dito pelo não dito. O mesmo valendo para a idade. Cauby nasceu em 1931 e, portanto, completa 75 não assumidos anos em 2006, mas o texto, fiel à ideologia do personagem, omite este dado. Mais explícita é a abordagem do preconceito musical sofrido pelo artista quando a modernidade da Bossa Nova enquadrou no rótulo de cafona os cantores exacerbados da fase pré-João Gilberto.
Com um segundo ato superior ao primeiro, Cauby! Cauby! é, acima de tudo, o canal para que Diogo Vilela expresse seu talento incomum, genial. Apesar de um certo exagero na caracterização do cantor em sua fase inicial, comprovado pelas fotos exibidas no próprio musical, Diogo é Cauby com toda a aura mítica que cerca o personagem. Sua minuciosa interpretação é antológica e sustenta a encenação. Para um grande cantor, um ator igualmente grande.
Título: Cauby! Cauby!
Autor: Flávio Marinho
Direção: Diogo Vilela e Flávio Marinho
Local: Teatro Sesc Ginástico (RJ)
Data: 13 de julho de 2006
No número inicial do primeiro ato, Conceição, parecia que Diogo Vilela não tinha encarnado Cauby Peixoto com a perfeição com que incorporara há dez anos os traços peculiares de Nelson Gonçalves no musical Metralha. No apoteótico número final do segundo ato, New York New York, a certeza já era outra, totalmente oposta à impressão inicial. No palco, o ator já era o próprio Cauby - com os personalíssimos trejeitos vocais e gestuais do grande cantor. Pelo trabalho detalhista, Diogo saiu de cena consagrado e ovacionado pela platéia que assistiu à concorrida estréia de Cauby! Cauby! - musical de Flávio Marinho - na noite de quinta-feira, no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro (RJ).
É fato que a voz de Cauby Peixoto é única e inigualável. E o fato de Diogo Vilela não ser um cantor somente realça o caráter grandioso de sua composição e aumenta o seu mérito. O tom, o fraseado e a modulação de sua voz no espetáculo são os mesmos de Cauby. Criador e criatura chegam a se confundir em números como Bastidores e Bolero de Satã (este em dueto com uma Marya Bravo que canta muito bem, mas não convence na pele de Ângela Maria).
Talvez pelo repertório de Cauby nem sempre ter estado à altura de sua potência vocal, o roteiro inclua sucessos de Dalva de Oliveira (encarnada com perfeição por Sylvia Massari) e da própria Ângela Maria - colegas de Cauby nos dourados anos da era do rádio. Sem ousadias estilísticas, o musical segue a fórmula que vem garantindo o sucesso do gênero na cena carioca nos últimos anos. A dramaturgia em si é frágil - como leve é a carga dramática. A partir de uma entrevista que Cauby concede nos tempos atuais a um repórter bestializado, dados biográficos do cantor vão sendo revelados e eventualmente encenados entre números urdidos com a segura direção musical de Liliane Secco.
Construído sem ordenar os fatos em ordem cronológica, o texto toca de forma jocosa na questão da suposta homossexualidade de Cauby Peixoto sem, no entanto, nunca confirmá-la. Fica o dito pelo não dito. O mesmo valendo para a idade. Cauby nasceu em 1931 e, portanto, completa 75 não assumidos anos em 2006, mas o texto, fiel à ideologia do personagem, omite este dado. Mais explícita é a abordagem do preconceito musical sofrido pelo artista quando a modernidade da Bossa Nova enquadrou no rótulo de cafona os cantores exacerbados da fase pré-João Gilberto.
Com um segundo ato superior ao primeiro, Cauby! Cauby! é, acima de tudo, o canal para que Diogo Vilela expresse seu talento incomum, genial. Apesar de um certo exagero na caracterização do cantor em sua fase inicial, comprovado pelas fotos exibidas no próprio musical, Diogo é Cauby com toda a aura mítica que cerca o personagem. Sua minuciosa interpretação é antológica e sustenta a encenação. Para um grande cantor, um ator igualmente grande.
6 COMENTÁRIOS:
O mistério é saber PORQUE fazer um espetáculo como este. Quem quer ver um ator que não sabe cantar interpretar um cantor cuja principal característica é sua voz inigualável, e que ainda está na ativa, fazendo shows e gravando?
Esse "musicais" cariocas andam todos iguais, já nascem mofados, uma fórmula para tirar dinheiro da parca aposentadoria das velhinhas das vans, cuja audição já não deve ser mesmo lá essas coisas a essa altura do campeonato...
Cauby por Diogo Vilela? Não posso deixar de perder...
Diogo Vilela é realmente um grande ator. Cauby, um grande personagem. Deve mesmo estar interessante.
O primeiro comentário, de tão lamentável, merece ser ignorado. Diogo Vilela no teatro é impressionante e Silvia Massari realmente "encarna" Dalva de Oliveira à perfeição. Vou ao Rio assistir.
Seria interessante ter o Cauby contando sua história, e o Diogo como o Jovem Cauby. Mesmo assim vou assistir, Cauby merece, soube respeitar sua persona e voz por mais de 50 anos, é um vencedor, num país sem memória.
Concordo plenamente com a primeira opinião.
Continue mesmo dizendo o que você pensa.
Tudo de bom !
Pq não homenagear um mito da MPB que está ainda na ativa, e que, infelizmente, nossa querida bossa-nova relegou (como a outros tantos) a uma imagem injusta de cafonas fadados ao esquecimento? Acho que o Cauby deve estar feliz e emocionado com esta peça, e como já cantou o Nélson Cavaquinho "Me dêem as flores em vida, quando eu me chamar saudade quero preces e nada mais".
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