Há ecos de Zeca e Bezerra em MV Bill
Resenha de CD
Título: Falcão - O Bagulho É Doido
Artista: MV Bill
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *
MV Bill incorporou um pouco de Zeca Pagodinho e outro tanto de Bezerra da Silva em seu terceiro CD, Falcão - O Bagulho É Doido (capa à esquerda). A associação pode parecer improvável para quem identifica em Bill o cara marrento que mostrou um rap duro, de batidas secas, em seus dois discos anteriores, Traficando Informação (1999) e Declaração de Guerra (2002). Mas o mercado é doido, Bill precisa vender disco e o fato é que o rapper tornou seu discurso mais leve no terceiro trabalho.
Quem ouvir Falso Profeta (Pára de Caô), uma das faixas de O Bagulho É Doido, vai inevitavelmente identificar na letra - uma crítica aos pastores evangélicos que pregam Deus de olho no dinheiro dos fiéis - o universo dos sambas gravados por Bezerra da Silva. Da mesma forma que Estilo Vagabundo, sobre divertida briga de casal, traz muito da irreverência de Zeca Pagodinho. São outras faces da favela que começam a aparecer no trabalho de MV Bill, radicado na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ).
A maior surpresa do CD, no entanto, é um samba-rock. Minha Flecha na sua Mira (Me Leva) tem aquela levada cristalizada na virada dos anos 60 para os 70. Há também uma base bossa-novista em 9 da Manhã, o tema que encerra o disco. Mas, verdade seja dita, todas as nuances e variações rítmicas suavizam a obra de Bill sem descaracterizá-la. Falcão - O Bagulho É Doido não é um disco conceitual sobre o envolvimento de menores com o tráfico de drogas da favela - como o documentário e o livro que o antecederam - mas não foge do assunto. Todas as conexões morro-asfalto que sustentam o tráfico são expostas com clareza por Bill na faixa-título do álbum. Cabe ao ouvinte decidir se prefere o discurso contundente sobre a questão das drogas ou a crônica de costumes da favela.
Título: Falcão - O Bagulho É Doido
Artista: MV Bill
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *
MV Bill incorporou um pouco de Zeca Pagodinho e outro tanto de Bezerra da Silva em seu terceiro CD, Falcão - O Bagulho É Doido (capa à esquerda). A associação pode parecer improvável para quem identifica em Bill o cara marrento que mostrou um rap duro, de batidas secas, em seus dois discos anteriores, Traficando Informação (1999) e Declaração de Guerra (2002). Mas o mercado é doido, Bill precisa vender disco e o fato é que o rapper tornou seu discurso mais leve no terceiro trabalho.
Quem ouvir Falso Profeta (Pára de Caô), uma das faixas de O Bagulho É Doido, vai inevitavelmente identificar na letra - uma crítica aos pastores evangélicos que pregam Deus de olho no dinheiro dos fiéis - o universo dos sambas gravados por Bezerra da Silva. Da mesma forma que Estilo Vagabundo, sobre divertida briga de casal, traz muito da irreverência de Zeca Pagodinho. São outras faces da favela que começam a aparecer no trabalho de MV Bill, radicado na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ).
A maior surpresa do CD, no entanto, é um samba-rock. Minha Flecha na sua Mira (Me Leva) tem aquela levada cristalizada na virada dos anos 60 para os 70. Há também uma base bossa-novista em 9 da Manhã, o tema que encerra o disco. Mas, verdade seja dita, todas as nuances e variações rítmicas suavizam a obra de Bill sem descaracterizá-la. Falcão - O Bagulho É Doido não é um disco conceitual sobre o envolvimento de menores com o tráfico de drogas da favela - como o documentário e o livro que o antecederam - mas não foge do assunto. Todas as conexões morro-asfalto que sustentam o tráfico são expostas com clareza por Bill na faixa-título do álbum. Cabe ao ouvinte decidir se prefere o discurso contundente sobre a questão das drogas ou a crônica de costumes da favela.
2 COMENTÁRIOS:
é preciso saber (sobre)viver...
Coitado no grande Bezerra!
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