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Terça-feira, Maio 16, 2006

Pery expõe e expia suas dores em livro pungente sobre sua relação com os pais

Resenha de livro
Título:
Minhas Duas Estrelas
Autor:
Pery Ribeiro e Ana Duarte
Editora:
Globo
Cotação:
* * * *

Raras vezes, um artista se expôs tanto em livro como Pery Ribeiro no recém-lançado Minhas Duas Estrelas - Uma Vida com meus Pais Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Não se trata de uma biografia de Pery. Tampouco de Dalva e Herivelto. O livro é, antes, um relato emocionado de relação conturbada do cantor com seus pais, eles próprios envoltos numa trama de amor e ódio digna de novela. O que impressiona é o caráter pungente do relato. Pery expõe e expia suas dores sem procurar maquiar os fatos. Ao enfrentar seus fantasmas e seus demônios, ele vai inserindo o leitor em sua mente povoada por lembranças ora tristes ora alegres da convivência com seus pais.

Organizadas por Ana Duarte, suas memórias não têm consistência biográfica porque não houve a preocupação de refazer detalhadamente as trajetórias de Dalva e Herivelto. Ela, uma das maiores cantoras do Brasil em todos os tempos. Ele, o compositor inspirado de clássicos dos anos 40 e 50 como Ave Maria no Morro e Caminhemos. A ascensão, glória e queda dos dois artistas são o pano de fundo para um drama familiar que Pery esmiúça sem dó nem piedade de si mesmo e de seus pais.

Para quem não sabe, a separação de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira culminou em ruidosa briga pública. Segredos e mágoas escaparam de quatro paredes e foram expostos em versos de músicas e em capítulos de jornais que, contrariando a moral machista da época, acabaram fortalecendo Dalva (a vítima) e enfraquecendo o durão Herivelto, que iniciou então um calvário artístico e pessoal (enquanto Dalva conquistava mais e merecido sucesso como cantora por conta de um repertório moldado para sua voz potente e dramática).

Pery Ribeiro relata tudo de ruim que essa separação causou nele e em seu irmão Bily, sem endeusar nem endemonizar seus pais (apenas Lurdes, a segunda esposa de Herivelto, é retratada com certa parcialidade como uma mulher muito pragmática e pouco romântica). Minhas Duas Estrelas tira as máscaras artísticas de Dalva e de Herivelto para reapresentá-los humanos, com todas suas contradições. E ainda defende a tese de que todo o ódio que os separou e os minou era, em essência, o espelho do grande amor que os uniu na vida e na música.

4 COMENTÁRIOS:

Fábio said...

Dalva foi grande! que em 2007 haja uma igualmente grande homenagem para lembrar os 25 anos de sua morte.

14:44  
Fernanda said...

As gravadoras podiam relançar sua obra (de Dalva).

15:22  
Anonymous said...

Bem lembrado, Fábio. Dalva foi uma cantora espetacular, mas o Brasil se dá ao luxo de esquece-la. A França, Portugal, Estados Unidos até hoje reverenciam Piaf, Amália, Billie, só para citar algumas. Só que há um engano quanto à data da morte de Dalva, não faz só 25 anos.

23:10  
Anonymous said...

rosemberg

recentemente, peguei emprestado de um amigo um cd de dalva de oliveira, confesso que fiquei impressionado com sua voz.
acho que pery herdou da mãe esse talento vocal, pude constatar isso quando fui ver um show que ele fez juntamente com leny andrade no projeto seis e meia no joão caetano.
diga-se de passagem, gostaria de saber por que a secretaria de cultura do rio não teve interesse


em manter um projeto tão importante para povo carioca como o projeto seis e meia.
não são todos que tem grana para pagar um canecão por exemplo.

esse tipo de projeto é uma rara oportunidade, para quem não tem muita grana, de promover o encontro do povo com seus artistas.
no show pery e leny a fila dava volta no quarteirão.
sugiro que os responsáveis pela secretaria de cultura do rio ouça, peno menos, um trecho de uma conhecida musica que diz:
a gente não quer só comida a gente quer comida diversão e arte.
memoria_pele@hotmail.com

06:54  

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