Impressões menos imediatas de 'Carioca'
Quando exercido no cotidiano apressado do jornalismo diário, o ofício da crítica musical está sujeito a julgamentos imediatos nem sempre justos. Para o bem ou para o mal. Discos apenas bons podem ser recebidos com entusiasmo imerecido. Discos que se provam estupendos com sucessivas audições podem ganhar elogios contidos numa primeira hora. Isso quando não passam em branco em meio à tradicional enxurrada de lançamentos... Mas há também, felizmente, a análise que se prova acertada com o tempo - mesmo feita com a urgência pedida pela profissão.
Falo de Carioca, o esperado disco de Chico Buarque, o primeiro de inéditas em oito anos. Não fui o único a considerá-lo tijolo menor na grande obra do compositor. Mas fui certamente o único a externar essa opinião publicamente de forma direta, sem firulas ou rodeios. Opinião que foi até contestada em críticas de alguns colegas, apressados na defesa de Chico. Não, não vou fazer mea culpa a respeito da minha análise do álbum - como pode parecer. Ao contrário. Tudo isso é para dizer que, decorrido quase um mês do lançamento de Carioca, ainda mantenho a mesma opinião sobre o CD (capa à direita) - depois de várias audições descompromissadas.
Carioca, de fato, não seduz quem tem paixão pela obra de Chico Buarque nos anos 60, 70 e parte dos 80. O letrista continua engenhoso, com o habitual rigor estético, agora depurado pelo exercício da literatura. Mas o músico se mostra aquém de sua capacidade para quem considera Chico um melodista tão genial quanto o letrista. Carioca é primo-irmão de As Cidades e transita pela mesma atmosfera lírica de seu antecessor. Mas não bate. Mesmo. Há canções avulsas que crescem e se revelam mais bonitas a cada audição (notadamente, Ela Faz Cinema, As Atrizes e Porque Era Ela, Porque Era Eu). Mas é CD que, na prática, se ouve pulando faixas e que não faz jus à genialidade de Chico Buarque de Hollanda - ainda que exiba um requinte harmônico capaz de disfarçar a irregularidade do repertório. Quem sabe o tempo ainda prove o contrário...
Falo de Carioca, o esperado disco de Chico Buarque, o primeiro de inéditas em oito anos. Não fui o único a considerá-lo tijolo menor na grande obra do compositor. Mas fui certamente o único a externar essa opinião publicamente de forma direta, sem firulas ou rodeios. Opinião que foi até contestada em críticas de alguns colegas, apressados na defesa de Chico. Não, não vou fazer mea culpa a respeito da minha análise do álbum - como pode parecer. Ao contrário. Tudo isso é para dizer que, decorrido quase um mês do lançamento de Carioca, ainda mantenho a mesma opinião sobre o CD (capa à direita) - depois de várias audições descompromissadas.
Carioca, de fato, não seduz quem tem paixão pela obra de Chico Buarque nos anos 60, 70 e parte dos 80. O letrista continua engenhoso, com o habitual rigor estético, agora depurado pelo exercício da literatura. Mas o músico se mostra aquém de sua capacidade para quem considera Chico um melodista tão genial quanto o letrista. Carioca é primo-irmão de As Cidades e transita pela mesma atmosfera lírica de seu antecessor. Mas não bate. Mesmo. Há canções avulsas que crescem e se revelam mais bonitas a cada audição (notadamente, Ela Faz Cinema, As Atrizes e Porque Era Ela, Porque Era Eu). Mas é CD que, na prática, se ouve pulando faixas e que não faz jus à genialidade de Chico Buarque de Hollanda - ainda que exiba um requinte harmônico capaz de disfarçar a irregularidade do repertório. Quem sabe o tempo ainda prove o contrário...
20 COMENTÁRIOS:
Bem , o texto de apresentação à imprensa do novo CD : Gal Bossa Tropical ( 2001 ) foi escrito por Carlos Heitor Cony. Uma grande cantora analisada por um grande escritor. Mas as sucintas palavras de Cony parecem vir como justificativa ... Confira : " Na carreira dos grandes intérpretes, há um momento em que ele não precisa provar mais nada. (...) E um disco assim, o repertório é apenas pretexto para termos aquela voz... ".
Estariam acima do bem e do mal grandes nomes como Gal , Nana , Caetano , Gil , Roberto e até mesmo o Chico ? A escolha das músicas seria algo secundário?
Tiremos nossas conclusões , mas o tempo ajuda na hora sim !
Ainda não ouvi , mas também sinto falta do Chico de "antigamente " . Apesar de amar " As cidades " de 1998 .
Tô doido pra ouvir !
Estou contigo MAURO. O CD é menor com esparsas pérolas.
NÃO ADIANTA OUVIR MIL VEZES. CHICO ESTÁ PERDENDO A MÃO COMO MELODISTA.
MELHOR VIRAR ESCRITOR DE VEZ.
de fato, o disco não é genial....muito embora genial para o sr. mauro ferreira sejam os discos bregas e cafonas da ana carolina sua protegida.........
Que tal então, irmos buscar na obra de Chico um dos seus vários memoráveis trabalhos, como foi feito aqui na semana passada com Marisa Monte?
ok. voce falou mal e, não contente, falou mal de novo. agora chega!
Comigo aconteceu o contrário. Nas primeiras audições achei o disco aquém do esperado mas quase um mês depois o escuto com grande prazer. É um disco de Chico, não há dúvida; inclusive na sonoridade. Um Chico menos passional mas de uma elegância ímpar.
Acho que vc tem razao Mauro,esse novo disco do Chico tem os mesmos moldes do anterior.Nao adiantou nada mudar de gravadora.Mesmo arranjador,muitos conceitos repetidos,mesma formula.Quanto a melodia e a escolha das cançoes,concordo com Diogo,artistas como Gal,Nana fizeram do repertorio de seus ultimos discos(muito fracos)de ineditas,trabalhos muito aquem da genealidade do canto delas.O artista chega a um ponto que nao adianta tirar leite de pedra,cantar quaquer coisa nao convence.Em compensaçao cada vez que ouço o Infinito Particular da Marisa,fico mais encantado.
Ah Chico, vc nos acostumou muito mal...de vc só esperamos o brilho da genialidade. Nós, tão medíocres.
BRAVO, LUCCA. CHICO AINDA É ALTA COSTURA NUM TEMPO DE PRÈT-A-PORTER.
rosemberg
deve ser muito dificil para um critico de musica avaliar um disco de um artistas tão grandioso como o chico buarque.
eu, como não tenho esse compromisso, assumo, se o chico buarque cantar atirei o pau no gato eu vou adorar.
chico buarque é fundamental na minha vida, e acredito na vida de muitos brasileiros. atraves de sua genial obra pude conhecer e até me aprofundar nas mazelas do meu pais, e mesmo assim, amar cada vez mais esse pais.
atraves de sua obra conheci genis, corolinas, ligias e tantas outras que continuam fazendo parte da minha trilha sonora.
na minha modesta opinião
a obra de chico teria que constar no corriculo escolar pricipamente de escolas publicas, seria uma ótima oportunidade de aprsentar aos jovens um grande herói nacional, que com sua mente privelegiada presentiou o brasil com canções que para o bem ou para o mau continuam bem atuais.
memoria_pele@hotmail.com
Aliás, da respeitável "geração de ouro" da MPB, me parece que apenas Chico e Bethânia continuam criando coisas novas. Caetano, Paulinho da Viola, Gil, etc, todos maravilhosos, há MUITO não apresentam nada de inédito ou mesmo a altura de trabalhos de 10, 15 anos atrás. Gal, depois de um longo e tenebroso, gravou um CD de novas, mas, em minha opinião, destituído de alma. De Caetano, a última coisa que lembro foi a gravação daquela coisa brega sertaneja para o filme produzido "in family".
Menino, se ajeite com CHICO e dê graças a Deus!!!
Sabe porque as coisas não acontecem de uma forma mais surpreedente nessa geração da MPB?Porque se conserva muito ressentimento,muito ciúme,muito jogo de interesses muita briguinha entre os artistas,especialmente ai no Rio.Não tem mais aquela era da ditadura em que eles precisavam se unir de qualquer jeito,aí as coisas,os encontros aconteciam sem formulas,mas com muito desejo,necessidade e tesao.Quer um ex.?Porque o Chico não poe letra nas músicas das trilhas feitas para cinema pelo Tom,que a Nana tanto quer gravar como anunciado aqui.Tom e o maior parceiro de Chico(imagina é a melhor facha de Carioca)e Nana a mais cinematográfica das intérpretes.E a Bethânia não podia produzir isso?Mas e as rixas,as ciumeras,e a competiçao?Nao acredito que as gravadoras "alternativas" tipo biscoito fino(mesmo muito bacana) estejam imunes a essas jogadinhas políticas nefastas para a musica.Tá na hora de furar essas "ditaduras",esses gelos,essas vergonhas.Mais amizade gente,mais amor,mais troca...Nó cariocas brigam demais.
Vamos Focar Galera!
O CD analizado é " CARIOCA " e não a obra inteira do Chico. Aí é covardia!
mAS Vejamos:
Subúrbio: rascunho de melodia buarquiana. Ele teve preguiça ou perdeu o ponto de finalização, pois a letra tem achados, apesar de ser um subúrbio de turista, de alguém que raramente deve pisar em subúrbios cariocas.( eu nasci e moro em um).
Outros Sonhos. Arranjo primoroso para uma melodia também pouco inspirada, mas já mais formatada. O tema é pueril e longe das leituras sublimirares de um Chico anterior.
Ela desatinou n2 : o nome ja´diz tudo. Samba chovendo no molhado
A melhor música do Cd é a mediana Ela faz cinema. e a pior com certeza aquela ignomínia dO Jorge Helder.
O arranjo salvou Renata Maria de um fiasco maior e Leve é a verdadeira melhor música do cD APESAR DE ESTAR CORRIDA, ANSIOSA assim como Imagina, belíssima e mal aproveitada.
Conclusões.
A Bicoito e sua liberdade expressiva (Chico estava em casa , como atesta o DVD) fez mal ao Chico.
Chico, HOJE é SÓ um literato.
Chico é um ótimo peladeiro.
A MIXAGEM TAMBÉM NÃO ESTÁ TÃO BOA QUANTO EM AS CIDADES ( A VOZ ESTÁ MUITO NA FRENTE)
8 ANOS É MUITO TEMPO PARA TÃO POUCO, SEJA ELE O CHICO, A MARISA MONTE, A ANA CAROLINA OU O ZÉ DAS COUVES...COMO EU.
eDUARDO kRUFFER - RIO DE JANEIRO
Valeu, Mauro!
Corajosa a opinião reiterada.
Concordo com você inteiramente. Na resenha que sai na próxima Bizz, acho que fui até mais exigente. Mas, é o tal negócio, da Ana Carolina, eu não espero nada... Do Chico Buarque, estamos esperando há muito tempo.
Pedro Só
Falar mal de Chico aumenta significamente o número de comentários(ainda que esparsos).
Por que três estrelas então, dê logo uma... se é para chocar.
Como não seduz?
Nos próximos meses haverá mais um nota, desta vez vangloriando o disco.
Um(crítico), diz que as atrizes é horrível, que é melhor música é imagina,na minha opiniao é a pior, principalmente para que ouviu a gravação com Djavan.
Adorei a discreção e elegância do CD. Em tudo compatível com a postura e trajetória do artista. Finíssimo!
Chico, Milton, Bethânia, Gal, Caetano, Gil, Nana, Ney, Paulinho, Elba, Rita Lee, todos na ativa.
Calcanhoto, Roberta Sá, Lenine, Vanessa da Mata, Mônica Salmaso, Jussara Silveira, todos construindo uma carreira consistente.
Lá atrás, o velho Dorival abençoando tudo.
Tá tudo aí, galera; é só mergulhar.
Para encerrar a conversa sr. Mauro: contatei o Chico e ele confirmou que logo após a Copa do Mundo entrará em estúdio para gravar um novo disco em sua homenagem. Anote o repertório:
A Banda, Noite dos Mascarados, Carolina,Cotidiano, Partido Alto,Tatuagem, Cálice, O Meu Guri, Vai Passar,Estação Derradeira, Paratodos e Gota d'água.
Está satisfeito? Assim você poderá ouvir o disco sem ter que parar para pensar de fato e executar o seu trabalho sem muito esforço, uma vez que estas muitas já foram alvo dos críticos de anos atrás.
Olhe pra frente, meu jovem!!!
Ah, acabei me esquecendo: conserte o seu DVD player para que ele pare de pular faixas.
Um abraço.
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