Chico relata impressões em filme sobre a feitura de 'Carioca': 'O fato de ter escrito um livro me torna um músico melhor'
"Quando termina um período dedicado à literatura, dá naturalmente vontade de pegar o violão e fazer música. E dá a sensação de que você não sabe mais fazer música... E você reaprende... É como começar de novo...". O testemunho de Chico Buarque (à esquerda, em foto de Bruno Veiga) está no documentário Desconstrução, dirigido por Bruno Natal sobre a gravação do disco Carioca, seu primeiro trabalho de inéditas desde 1998. O filme pode ser visto no DVD acoplado na edição dupla do CD. Não revela o "processo de criação" do compositor, como quer fazer crer o texto de divulgação do álbum, mas mostra, com as virtudes e os defeitos de todo making of, um pouco da intimidade de Chico no estúdio da gravadora Biscoito Fino, onde Carioca foi gravado entre setembro de 2005 e março de 2006.
"O fato de eu ter escrito um livro me torna um músico melhor. Não tenho dúvida disso. Agora explicar é complicado...", argumenta Chico. O filme seduz quando as câmeras captam takes realmente informais - como os das estripulias feitas pelos netos do compositor no estúdio. Ou o momento da gravação da valsa Imagina em que Chico relata aos presentes - incluindo a cantora Mônica Salmaso, convidada da faixa - a genialidade precoce de Tom Jobim. Imagina, conta Chico, teve sua melodia composta por Tom em 1947 como um exercício de classe. Nascia ali, naturalmente perfeita, a primeira música do maestro soberano, letrada somente em 1983 por Chico para a trilha do filme Para Viver um Grande Amor.
Entre trechos de gravações, o compositor vai expondo impressões e sentimentos sobre as músicas e sobre o trabalho em estúdio. "Estou acostumado a ficar fechado, trabalhando dentro de casa. Não tenho essa sensação de clausura dentro do estúdio. Tô aqui em movimento, trocando idéias... A gente se diverte... A clausura é lá dentro de casa. É o momento da criação", compara o artista, depois de revelar que suas letras nunca surgem do nada. "Nunca escrevi uma letra sem música. Isso nunca aconteceu, nunca. Muitas vezes, a música surge e a letra vai se esboçando ao mesmo tempo. Em outras, a música vai ficando pronta e a letra vem depois...".
Criação à parte, Chico arrisca tocar violão no palco, mas, no estúdio, deixa o instrumento nas mãos do arranjador Luiz Cláudio Ramos. "Gravar ao mesmo tempo voz e violão é complicado... Meu violão é meio sujo", avalia, com a certeza da cumplicidade com seu violonista e maestro. "Com Luiz Cláudio, é mais fácil discutir minúcias e detalhes harmônicos". Minúcias que garantem o requinte instrumental de Carioca, CD que impressiona mais pelos arranjos do que pelas músicas em si.
"O fato de eu ter escrito um livro me torna um músico melhor. Não tenho dúvida disso. Agora explicar é complicado...", argumenta Chico. O filme seduz quando as câmeras captam takes realmente informais - como os das estripulias feitas pelos netos do compositor no estúdio. Ou o momento da gravação da valsa Imagina em que Chico relata aos presentes - incluindo a cantora Mônica Salmaso, convidada da faixa - a genialidade precoce de Tom Jobim. Imagina, conta Chico, teve sua melodia composta por Tom em 1947 como um exercício de classe. Nascia ali, naturalmente perfeita, a primeira música do maestro soberano, letrada somente em 1983 por Chico para a trilha do filme Para Viver um Grande Amor.
Entre trechos de gravações, o compositor vai expondo impressões e sentimentos sobre as músicas e sobre o trabalho em estúdio. "Estou acostumado a ficar fechado, trabalhando dentro de casa. Não tenho essa sensação de clausura dentro do estúdio. Tô aqui em movimento, trocando idéias... A gente se diverte... A clausura é lá dentro de casa. É o momento da criação", compara o artista, depois de revelar que suas letras nunca surgem do nada. "Nunca escrevi uma letra sem música. Isso nunca aconteceu, nunca. Muitas vezes, a música surge e a letra vai se esboçando ao mesmo tempo. Em outras, a música vai ficando pronta e a letra vem depois...".
Criação à parte, Chico arrisca tocar violão no palco, mas, no estúdio, deixa o instrumento nas mãos do arranjador Luiz Cláudio Ramos. "Gravar ao mesmo tempo voz e violão é complicado... Meu violão é meio sujo", avalia, com a certeza da cumplicidade com seu violonista e maestro. "Com Luiz Cláudio, é mais fácil discutir minúcias e detalhes harmônicos". Minúcias que garantem o requinte instrumental de Carioca, CD que impressiona mais pelos arranjos do que pelas músicas em si.
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