Bosco depura obra com rigor estilístico
Resenha de CD / DVD
Título: Obrigado, Gente! - João Bosco ao Vivo
Artista: João Bosco
Gravadora: Universal Music / MP,B
Cotação: * * * *
A passagem instrumental de Incompatibilidade de Gênios - o samba de 1976 que abre a quarta gravação ao vivo de João Bosco, feita em fevereiro no Auditório Ibirapuera, em São Paulo - já sinaliza a depuração estilística que torna este projeto especial em meio a dezenas de DVDs e CDs ao vivo. Prestes a completar 60 anos, em 13 de julho, Bosco revisou sua obra com requinte. O pretexto foi possibilitar a edição de seu primeiro DVD (capa à esquerda), já que, em 2001, outra gravação ao vivo condensou essa mesma obra no CD duplo Na Esquina ao Vivo.
E o fato é que tudo que poderia soar banal escapa da previsibilidade. É com frescor que Bosco rebobina seu cancioneiro. Seja pela presença de metais nos arranjos, seja pelas passagens jazzísticas do afro-samba Odilê, Odilá (1986), parceria bissexta com Martinho da Vila, seja pela pulsação de Tiro de Misericórdia (1977), que capta a tensão social da letra, atualíssima em tempos de guerra civil. Ou ainda pelo toque dos luxuosos convidados. O dueto inédito com Djavan em Corsário (1975) rejuvenesce música já cansada de tantas regravações. O violão de Yamandú Costa pulsa endiabrado em Benzetacil (2002). Já Linha de Passe (1979) recebe o bandolim serelepe de Hamilton da Costa, salutarmente enlouquecido na passagem final em que Bosco improvisa versos de É com Esse que Eu Vou, o samba de Pedro Caetano. E violão de Guinga enobrece a balada abolerada Saída de Emergência (1991).
Além de entrevistas e takes dos ensaios, o DVD mostra com exclusividade as incursões de Bosco pelos universos de Noel Rosa (Gago Apaixonado) e Ary Barroso (Rio de Janeiro - Isto É o meu Brasil). Obrigado, Gente! é para ser degustado com prazer, em CD ou DVD, enquanto o compositor apronta seu aguardado álbum de inéditas, com parceiros novos (Nei Lopes) e antigos (Aldir Blanc). João Bosco merece um 'obrigado' da gente por ter permanecido íntegro nesse vaivém louco da indústria fonográfica.
Título: Obrigado, Gente! - João Bosco ao Vivo
Artista: João Bosco
Gravadora: Universal Music / MP,B
Cotação: * * * *
A passagem instrumental de Incompatibilidade de Gênios - o samba de 1976 que abre a quarta gravação ao vivo de João Bosco, feita em fevereiro no Auditório Ibirapuera, em São Paulo - já sinaliza a depuração estilística que torna este projeto especial em meio a dezenas de DVDs e CDs ao vivo. Prestes a completar 60 anos, em 13 de julho, Bosco revisou sua obra com requinte. O pretexto foi possibilitar a edição de seu primeiro DVD (capa à esquerda), já que, em 2001, outra gravação ao vivo condensou essa mesma obra no CD duplo Na Esquina ao Vivo.
E o fato é que tudo que poderia soar banal escapa da previsibilidade. É com frescor que Bosco rebobina seu cancioneiro. Seja pela presença de metais nos arranjos, seja pelas passagens jazzísticas do afro-samba Odilê, Odilá (1986), parceria bissexta com Martinho da Vila, seja pela pulsação de Tiro de Misericórdia (1977), que capta a tensão social da letra, atualíssima em tempos de guerra civil. Ou ainda pelo toque dos luxuosos convidados. O dueto inédito com Djavan em Corsário (1975) rejuvenesce música já cansada de tantas regravações. O violão de Yamandú Costa pulsa endiabrado em Benzetacil (2002). Já Linha de Passe (1979) recebe o bandolim serelepe de Hamilton da Costa, salutarmente enlouquecido na passagem final em que Bosco improvisa versos de É com Esse que Eu Vou, o samba de Pedro Caetano. E violão de Guinga enobrece a balada abolerada Saída de Emergência (1991).
Além de entrevistas e takes dos ensaios, o DVD mostra com exclusividade as incursões de Bosco pelos universos de Noel Rosa (Gago Apaixonado) e Ary Barroso (Rio de Janeiro - Isto É o meu Brasil). Obrigado, Gente! é para ser degustado com prazer, em CD ou DVD, enquanto o compositor apronta seu aguardado álbum de inéditas, com parceiros novos (Nei Lopes) e antigos (Aldir Blanc). João Bosco merece um 'obrigado' da gente por ter permanecido íntegro nesse vaivém louco da indústria fonográfica.
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