Cabal é absolvido no primeiro CD solo
Resenha de CD
Título: Prova Cabal
Artista: Cabal
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *
Cabal é o rapper paulista que estourou o hit Senhorita em 2005, como integrante do trio Motirô, e acabou seduzido pelo canto da sereia da gravadora Universal para pular fora do grupo e se lançar em carreira solo. Enquanto a EMI põe nas lojas o CD do Motirô, hoje reduzido a uma dupla formada pelo pioneiro DJ Hum e pelo cantor Lino Crizz, a Universal arremessa Prova Cabal, o solo do dissidente.
A idéia do disco é inteligente. Cabal montou o repertório de forma conceitual como se as 14 músicas fossem peças de um processo judicial. Ele é o réu, acusado de fazer um rap pop e menos politizado do que o propagado por seus manos paulistas. O ator Paulo César Pereio faz a voz do juiz de forma convincente.
Basta uma audição do álbum para absolver Cabal. Porque há toda uma ironia e uma ideologia em torno de seu discurso autoreferente. Em Temporada de Caça, a caça propriamente dita são os MCs - ainda alvo do preconceito dos caçadores: a parcela elitizada da sociedade que vê o rap como 'música de preto, de favelado', como diz o refrão de conhecido funk carioca. "Te chamam de ladrão, rapper maconheiro", esbraveja Cabal em Ord & Progresso, citando versos de Cazuza em O Tempo Não Pára. O rapper Rhossi adere ao protesto.
Cabal é branco, começou versando em festas e não se enquadra no estereótipo do rapper da periferia. Em Mão pra Cima, Rappin? Hood - exemplo perfeito do tal estereótipo - entra no tribunal como testemunha de defesa de Cabal. "O rap é a nova música popular brasileira", sentencia Hood ao fim da faixa. Em Representa, quem é arrolada é a dupla Helião & Negra Li, que grava seu rap mais melodioso pela mesma major que hoje abriga Cabal.
Vem então Melhor Amiga com seu fraseado soul e na faixa 13 - Outro Julgamento, quase uma vinheta - Cabal é absolvido pelo juiz. Livre, ele sai do tribunal ao som de Viver Bem, que consegue a proeza de usar sample de O Bofe, música composta por Roberto e Erasmo Carlos em 1972 para a trilha da novela homônima. A adesão do Rei é a prova cabal de que o rapper paulista soa inofensivo em sua inocência. Afinal, o universo do hip hop não é exatamente uma festa... Mas para que condenar Cabal? Como o cinema, o rap também pode ser diversão.
Título: Prova Cabal
Artista: Cabal
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *
Cabal é o rapper paulista que estourou o hit Senhorita em 2005, como integrante do trio Motirô, e acabou seduzido pelo canto da sereia da gravadora Universal para pular fora do grupo e se lançar em carreira solo. Enquanto a EMI põe nas lojas o CD do Motirô, hoje reduzido a uma dupla formada pelo pioneiro DJ Hum e pelo cantor Lino Crizz, a Universal arremessa Prova Cabal, o solo do dissidente.
A idéia do disco é inteligente. Cabal montou o repertório de forma conceitual como se as 14 músicas fossem peças de um processo judicial. Ele é o réu, acusado de fazer um rap pop e menos politizado do que o propagado por seus manos paulistas. O ator Paulo César Pereio faz a voz do juiz de forma convincente.
Basta uma audição do álbum para absolver Cabal. Porque há toda uma ironia e uma ideologia em torno de seu discurso autoreferente. Em Temporada de Caça, a caça propriamente dita são os MCs - ainda alvo do preconceito dos caçadores: a parcela elitizada da sociedade que vê o rap como 'música de preto, de favelado', como diz o refrão de conhecido funk carioca. "Te chamam de ladrão, rapper maconheiro", esbraveja Cabal em Ord & Progresso, citando versos de Cazuza em O Tempo Não Pára. O rapper Rhossi adere ao protesto.
Cabal é branco, começou versando em festas e não se enquadra no estereótipo do rapper da periferia. Em Mão pra Cima, Rappin? Hood - exemplo perfeito do tal estereótipo - entra no tribunal como testemunha de defesa de Cabal. "O rap é a nova música popular brasileira", sentencia Hood ao fim da faixa. Em Representa, quem é arrolada é a dupla Helião & Negra Li, que grava seu rap mais melodioso pela mesma major que hoje abriga Cabal.
Vem então Melhor Amiga com seu fraseado soul e na faixa 13 - Outro Julgamento, quase uma vinheta - Cabal é absolvido pelo juiz. Livre, ele sai do tribunal ao som de Viver Bem, que consegue a proeza de usar sample de O Bofe, música composta por Roberto e Erasmo Carlos em 1972 para a trilha da novela homônima. A adesão do Rei é a prova cabal de que o rapper paulista soa inofensivo em sua inocência. Afinal, o universo do hip hop não é exatamente uma festa... Mas para que condenar Cabal? Como o cinema, o rap também pode ser diversão.
0 COMENTÁRIOS:
Postar um comentário
<< Home