Indústria ignora centenário de Radamés
Faz 100 anos hoje que nasceu o músico, maestro e compositor gaúcho Radamés Gnattali (1906-1988). Preocupada em equilibrar seus orçamentos em era dominada pela pirataria de CDs, a indústria do disco ignorou o centenário de nascimento deste gênio da música brasileira que mostrou como sempre foi tênue a fronteira entre as canções populares e os temas eruditos. A honrosa exceção é a gravadora Biscoito Fino que, para não deixar a data passar em branco, está reeditando dentro de seu selo clássico o álbum Radamés Gnatalli, gravado pela pianista Fernanda Chaves Canaud em 1991. Na nova capa do disco, o mestre aparece retratado (foto acima) no traço luxuoso de Cândido Portinari.
A iniciativa da Biscoito Fino é louvável, mas chega a ser insignificante diante da dimensão da obra de Radamés. Músico de múltiplos talentos, ele dominava instrumentos como piano e violão. Seu trabalho inovador como arranjador seduziu gênios como Tom Jobim. E suas peças sinfônicas alcançaram repercussão mundial. Nos anos 70, Radamés Gnattali ainda ajudou a renovar o choro, influenciando músicos sublimes como o saudoso violonista Raphael Rabello.
Enfim, é uma vergonha para o Brasil - mais uma... - este silêncio quase absoluto da indústria do disco em torno do centenário de nascimento de um artista da importância de Radamés Gnattali, para quem qualquer tributo ainda é pouco diante de seu talento.
3 COMENTÁRIOS:
Marcos disse...
Concordo plenamente contigo Mauro. Além do Radamés, temos também Edino Krieger, Marlos Nobre entre outros que ainda estão vivos e estão esquecidos pela midia.
Basta um deles morrer que aparece logo as homenagens póstumas.
Não se deve esperar nada de uma indústria fonográfica falida, quebrada e condenada à morte por culpa da própria mediocridade, pois de alguns anos pra cá vem priorizando sucessos comerciais de gosto duvidoso em detrimento aos que realmente têm talento e valor dentro do cenário musical brasileiro. Radamés fez mais arranjos do que qualquer um para discos de grandes artistas de décadas passadas. Foi um maestro, compositor e instrumentista atuante dentro da indústria fonográfica. Seu esquecimento por parte das gravadoras é um sintoma de que a mediocridade impera.
Pois é... e a Rede GLobo fica se louvando por 'juntar' Mozart com samba, num arranjo de muito mal gosto. Radamés uniu o erudito com o choro há uns 20 anos atrás e agora é ignorado. Cambada de jornalistas bundões (vc tá fora dessa Mauro) :)
LF
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