O som da Cor esmaece em acústico
Resenha de CD / DVD
Título: Acústico
Artista: A Cor do Som
Gravadora: Performance Be Records
Cotação: * *
Na segunda metade dos anos 70, quando os Novos Baianos já agonizavam sem Moraes Moreira, A Cor do Som era o que se podia chamar de grupo pop na cena nacional. Pop não pelos ritmos (samba, choro, baião) que tocava, mas pela linguagem jovem que arejava a sisuda música brasileira da época. Revelado em 1977, o quinteto viveu seu apogeu até 1982, quando a chegada da geração 80 e dissidências internas precipitaram seu fim em meados daquela década. Desde então, o grupo vez por outra se junta para reviver seu passado de glória em shows como o que rendeu disco ao vivo editado em 1996. A pretexto de gravar seu primeiro DVD, a banda se reuniu este ano com a formação original para registrar show no Canecão, em 24 de agosto, com adesões de Caetano Veloso, Daniela Mercury, Moraes Moreira, Davi Moraes e do coral Canarinhos de Petrópolis.
Acústico - o DVD e CD ora enviados às lojas com distribuição da Sony & BMG - segue à risca a fórmula batida da MTV, com hits, convidados ilustres e algumas inéditas. Até aí tudo bem, pois A Cor do Som tem repertório suficiente para um projeto do gênero. Mas o que se vê e ouve é um rascunho da sonoridade jovial dos anos 70. O som da Cor está esmaecido. Mesmo porque seus excelentes músicos já estão fora de forma como vocalistas - o que se percebe logo quando Armandinho (bandolim e violão de 12 cordas) entoa Zanzibar (As Cores).
O revival transcorre tão morno que, em Alto Astral, a Cor do Som até lembra o Roupa Nova da fase inicial. O que salva o DVD da monotonia é a alternância de climas e convidados. O violino de Nicolas Krassic dá toque diferenciado ao baião Pororocas. A presença de Moraes Moreira valoriza o samba Davilicença. Já a reverência aos Novos Baianos - grupo do qual A Cor do Som é filhote - em Os 'Pingo' da Chuva peca pelos vocais desbotados de Dadi (baixo e violão). Falta a vivacidade que sobrava nos Novos Baianos em sua fase áurea.
Das quatro inéditas, duas merecem destaque. Parceria de Ary Dias (percussão) e Carlinhos Brown, Tocar seduz pelo mix do tom solene das vozes do coral Canarinhos de Petrópolis com a efervescência dos ritmos afro-baianos. O Dia de Amanhã, composta por Dadi com Arnaldo Antunes, se impõe pelos versos apocalípticos do tribalista. "O rouco já perdeu a voz / ... / O alvo já saiu de mira / ... / o fato agora é só boato", relaciona a letra, sobre fictício dayafter. Já o popsambalanço Amor Inteiro (Oxalá), de Armandinho e Fausto Nilo, e a trivial canção Pela Beira do Mar - de Mú Carvalho (piano e teclados) e Márcio Tucunduva - passam batidos por roteiro que empilha hits do naipe de Abri a Porta, Menino Deus (com um Caetano Veloso de voz aveludada), Beleza Pura (com Daniela Mercury, sem sua habitual energia) e Frutificar.
Acústico reafirma o virtuosismo do quinteto - integrado também pelo baterista Gustavo Schroeter - sobretudo nos temas instrumentais Saudação a Paz, Noites Cariocas e Taiane (com a participação de Davi Moraes). Mas a excelência dos músicos não basta para fazer A Cor do Som brilhar como nos velhos e bons tempos.
Título: Acústico
Artista: A Cor do Som
Gravadora: Performance Be Records
Cotação: * *
Na segunda metade dos anos 70, quando os Novos Baianos já agonizavam sem Moraes Moreira, A Cor do Som era o que se podia chamar de grupo pop na cena nacional. Pop não pelos ritmos (samba, choro, baião) que tocava, mas pela linguagem jovem que arejava a sisuda música brasileira da época. Revelado em 1977, o quinteto viveu seu apogeu até 1982, quando a chegada da geração 80 e dissidências internas precipitaram seu fim em meados daquela década. Desde então, o grupo vez por outra se junta para reviver seu passado de glória em shows como o que rendeu disco ao vivo editado em 1996. A pretexto de gravar seu primeiro DVD, a banda se reuniu este ano com a formação original para registrar show no Canecão, em 24 de agosto, com adesões de Caetano Veloso, Daniela Mercury, Moraes Moreira, Davi Moraes e do coral Canarinhos de Petrópolis.
Acústico - o DVD e CD ora enviados às lojas com distribuição da Sony & BMG - segue à risca a fórmula batida da MTV, com hits, convidados ilustres e algumas inéditas. Até aí tudo bem, pois A Cor do Som tem repertório suficiente para um projeto do gênero. Mas o que se vê e ouve é um rascunho da sonoridade jovial dos anos 70. O som da Cor está esmaecido. Mesmo porque seus excelentes músicos já estão fora de forma como vocalistas - o que se percebe logo quando Armandinho (bandolim e violão de 12 cordas) entoa Zanzibar (As Cores).
O revival transcorre tão morno que, em Alto Astral, a Cor do Som até lembra o Roupa Nova da fase inicial. O que salva o DVD da monotonia é a alternância de climas e convidados. O violino de Nicolas Krassic dá toque diferenciado ao baião Pororocas. A presença de Moraes Moreira valoriza o samba Davilicença. Já a reverência aos Novos Baianos - grupo do qual A Cor do Som é filhote - em Os 'Pingo' da Chuva peca pelos vocais desbotados de Dadi (baixo e violão). Falta a vivacidade que sobrava nos Novos Baianos em sua fase áurea.
Das quatro inéditas, duas merecem destaque. Parceria de Ary Dias (percussão) e Carlinhos Brown, Tocar seduz pelo mix do tom solene das vozes do coral Canarinhos de Petrópolis com a efervescência dos ritmos afro-baianos. O Dia de Amanhã, composta por Dadi com Arnaldo Antunes, se impõe pelos versos apocalípticos do tribalista. "O rouco já perdeu a voz / ... / O alvo já saiu de mira / ... / o fato agora é só boato", relaciona a letra, sobre fictício dayafter. Já o popsambalanço Amor Inteiro (Oxalá), de Armandinho e Fausto Nilo, e a trivial canção Pela Beira do Mar - de Mú Carvalho (piano e teclados) e Márcio Tucunduva - passam batidos por roteiro que empilha hits do naipe de Abri a Porta, Menino Deus (com um Caetano Veloso de voz aveludada), Beleza Pura (com Daniela Mercury, sem sua habitual energia) e Frutificar.
Acústico reafirma o virtuosismo do quinteto - integrado também pelo baterista Gustavo Schroeter - sobretudo nos temas instrumentais Saudação a Paz, Noites Cariocas e Taiane (com a participação de Davi Moraes). Mas a excelência dos músicos não basta para fazer A Cor do Som brilhar como nos velhos e bons tempos.
1 COMENTÁRIOS:
ninguém aguenta mais disco acústico!
Postar um comentário
<< Home