Especial global flagra Elis em momento antológico de união de técnica e emoção
Resenha de DVD
Título: Elis Regina Carvalho Costa
Artista: Elis Regina
Gravadora: Trama
Cotação: * * * * *
Em que pese sua grande e inegável categoria vocal, Elis Regina gravou muitos discos frios, cerebrais. O álbum de 1973 é um deles. Quando a emoção fluía, sem prejuízo da técnica sempre irretocável, a Pimenta era insuperável. Ora lançado em DVD, num parceira da Trama com a Som Livre, o especial global Elis Regina Carvalho Costa flagra a cantora em momento antológico justamente pelo exposição de sua emoção num roteiro primoroso de 15 músicas, costuradas por Fascinação, o clássico que Elis regravou em 1976 e, a partir daí, tomou para si.
É, a rigor, o primeiro DVD com registro de show de Elis, já que o anterior - também extraído do acervo televisivo, no caso da TV Cultura, onde a artista gravou o programa Ensaio em 1973 - mesclava entrevista e números musicais. Exibido pela Rede Globo em 3 de outubro de 1980, dentro da memorável série Grandes Nomes, Elis Regina Carvalho Costa reproduz inclusive números do espetáculo Saudade do Brasil, apresentado pela cantora naquele ano. A abertura - número instrumental que culmina em Arrastão, marco da explosão nacional da cantora em 1965 - e o bloco final (com a versão villa-lobiana de Aquarela do Brasil, O Que Foi Feito Devera e Redescobrir), por exemplo, vieram de Saudade do Brasil - assim como boa parte do repertório.
Em 1980, Elis desfilava com imagem mais feminina - fruto do marketing criado para ela pela gravadora Warner, onde ingressara no ano anterior para fazer o disco Essa Mulher. A faixa-título, de Joyce e Ana Terra, abre o que o diretor do programa, Daniel Filho, chama de "o bloco do amor" na simpática entrevista dos extras. É neste set mais intimista que Elis extravasa sua emoção, que brota inteira e em lágrimas na impagável interpretação de Atrás da Porta, número que nunca saiu da memória de quem, como o colunista, assistiu ao especial na televisão.
Emoldurada por cenário que reproduzia a lona de um circo, transformando o palco num picadeiro, Elis exibe seu balanço nos sambas (Querelas do Brasil), faz caras e bocas em Alô Alô Marciano (seu hit radiofônico de 1980, presente da comadre Rita Lee) e dramatiza seu canto (na medida certa) em números politizados como Aos Nossos Filhos. Eram tempos de uma ditadura que agonizava, mas ainda cerceava a liberdade de expressão.
O áudio em 2.0 e a qualidade da imagem são aceitáveis - levando-se em conta as limitações técnicas da época. Mesmo porque o que conta é o privilégio de poder ver e ouvir Elis Regina no auge da forma, em espetáculo bem conduzido. O número final - Redescobrir, uma das obras-primas de Gonzaguinha - preserva o impacto original com seu criativo arranjo vocal e a opção por abrir ao fim uma roda em que se misturam Elis, os músicos, os bailarinos e o próprio público. Antológico - como, aliás, todo o especial.
Título: Elis Regina Carvalho Costa
Artista: Elis Regina
Gravadora: Trama
Cotação: * * * * *
Em que pese sua grande e inegável categoria vocal, Elis Regina gravou muitos discos frios, cerebrais. O álbum de 1973 é um deles. Quando a emoção fluía, sem prejuízo da técnica sempre irretocável, a Pimenta era insuperável. Ora lançado em DVD, num parceira da Trama com a Som Livre, o especial global Elis Regina Carvalho Costa flagra a cantora em momento antológico justamente pelo exposição de sua emoção num roteiro primoroso de 15 músicas, costuradas por Fascinação, o clássico que Elis regravou em 1976 e, a partir daí, tomou para si.
É, a rigor, o primeiro DVD com registro de show de Elis, já que o anterior - também extraído do acervo televisivo, no caso da TV Cultura, onde a artista gravou o programa Ensaio em 1973 - mesclava entrevista e números musicais. Exibido pela Rede Globo em 3 de outubro de 1980, dentro da memorável série Grandes Nomes, Elis Regina Carvalho Costa reproduz inclusive números do espetáculo Saudade do Brasil, apresentado pela cantora naquele ano. A abertura - número instrumental que culmina em Arrastão, marco da explosão nacional da cantora em 1965 - e o bloco final (com a versão villa-lobiana de Aquarela do Brasil, O Que Foi Feito Devera e Redescobrir), por exemplo, vieram de Saudade do Brasil - assim como boa parte do repertório.
Em 1980, Elis desfilava com imagem mais feminina - fruto do marketing criado para ela pela gravadora Warner, onde ingressara no ano anterior para fazer o disco Essa Mulher. A faixa-título, de Joyce e Ana Terra, abre o que o diretor do programa, Daniel Filho, chama de "o bloco do amor" na simpática entrevista dos extras. É neste set mais intimista que Elis extravasa sua emoção, que brota inteira e em lágrimas na impagável interpretação de Atrás da Porta, número que nunca saiu da memória de quem, como o colunista, assistiu ao especial na televisão.
Emoldurada por cenário que reproduzia a lona de um circo, transformando o palco num picadeiro, Elis exibe seu balanço nos sambas (Querelas do Brasil), faz caras e bocas em Alô Alô Marciano (seu hit radiofônico de 1980, presente da comadre Rita Lee) e dramatiza seu canto (na medida certa) em números politizados como Aos Nossos Filhos. Eram tempos de uma ditadura que agonizava, mas ainda cerceava a liberdade de expressão.
O áudio em 2.0 e a qualidade da imagem são aceitáveis - levando-se em conta as limitações técnicas da época. Mesmo porque o que conta é o privilégio de poder ver e ouvir Elis Regina no auge da forma, em espetáculo bem conduzido. O número final - Redescobrir, uma das obras-primas de Gonzaguinha - preserva o impacto original com seu criativo arranjo vocal e a opção por abrir ao fim uma roda em que se misturam Elis, os músicos, os bailarinos e o próprio público. Antológico - como, aliás, todo o especial.
9 COMENTÁRIOS:
Eu me lembro perfeitamente desse especial. Uma obra prima. Com certeza, um dos exemplos "práticos" para o tão famoso título, que Elis Regina carrega para si, o de maior cantora do Brasil.
Carlos Fernando.
Um dos melhores lançamentos em DVD dos últimos anos. Especial para ficar pra toda a eternidade. Lindo e emocionante. Que Deus a tenha num lugar bem especial!
ROSEMBERG
JA QUE NÃO EXISTE MAIS ESPAÇO PARA PROGRAMAS DESSE NIVEL NA TV GLOBO, BEM QUE A EMISSORA PODIA DISPONIBILIZAR EM DVDS OS OUTROS PROGRAMAS QUE FORAM AO AR NESSA MESMA ÉPOCA.
SERIO OTIMO REVER OS ESPECIAIS DA GAL, NEY, JOÃO GILBERTO, RITA LEE E OUTROS.
BERGRJ@HOTMAIL.COM
Acho que a Trama podia tentar ver se há algum registro de Falso Brilhante. Tenho 55 anos e nunca vi show mais bonito na minha vida.
Não sei se vocês notaram, mas é a primeira vez que o Mauro, fã de Bethânia, admite a superioridade da Elis.
Concordo com o Rosemberg... A Globo deveria lançar em DVD, também, aqueles especiais infantis (Arca de Noá, Casa de Brinquedos, Plunct Plact Zum...), além dos especiais do Roberto Carlos.
A Globo que já fez tantos programas bons,infelizmente, vive se repetindo, sempre com os mesmos "artistas". Está aí a prova do que a Globo era capaz.
Rosemberg, é isso mesmo. Eu acrescentaria Chico & Caetano, Mulher 80, Roberto Carlos e os clips do Fantástico, com os vários clips de um determinado artista reunidos em um DVD. Não aguento mais tantos DVD's de sertanejos, Sandy , pagodeiros...
O fato é que os melhores lançamentos em DVD de 2005 são: PHONO 73 e ELIS REGINA CARVALHO COSTA. Isso mesmo. Qualquer coisa produzida no Brasil esse ano, perde feio para essas duas pérolas. Que venham mais relíquias do baú de imagens das emissoras de TV.
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