Bom melodista, Orlando Morais brilha como intérprete em CD autoral e pop
Resenha de CD
Título: Tempo Bom
Artista: Orlando Morais
Gravadora: CultPar
Cotação: * * *
Orlando Morais é bom melodista, dono de obra personalíssima, poucas vezes noticiada pela mídia do eixo Rio-São Paulo na medida de seu valor. Alheio a essa injustiça, o cantor vem pavimentando nos últimos anos vitoriosa carreira independente e já contabiliza nove álbuns. O atual, Tempo Bom, assusta de início quando a faixa-título abre o CD com batida meio funkeada. O disco é o mais pop e eclético do artista, indo do axé ao eletrônico, mas, felizmente, as programações pilotadas por Ramiro Musotto e Linconl Olivetti nem sempre ofuscam as melodias do compositor - especialmente inspirado em Tanto Faz, em Calado e em Esqueça.
A cargo do próprio Orlando, a produção do CD é azeitada e reúne músicos virtuosos como o baixista Dunga, o violoncelista Lui Coimbra, o tecladista Sacha Amback, o guitarrista Billy Brandão e o percussionista Chocolate. Às vezes, o resultado é ruim quando Orlando exagera na eletrônica - como em Bento (tributo ao filho recém-nascido, que junta o homenageado com as irmãs Cléo, Antônia e Ana) e em Cléo (música feita para a enteada/filha Cléo Pires, hoje badalada atriz). Mas o saldo é positivo quando o cantor envereda pelas levadas nordestinas em Lampião - tema dedicado a seu pai - e em Sertão, de poéticos versos lindamente recitados no início da música. São duas faixas mais arretadas que contrastam com o ritmo ralentado de Goiânia.
A inusitada incursão pelo axé, no samba Amor de Carnaval, traz a cantora do grupo Babado Novo, mas a voz de Cláudia Leite soa sem sua habitual energia. Já as minimalistas investidas de Orlando em repertório alheio revelam um intérprete sempre afinado e incrivelmente envolvente. A balada Paciência, de Lenine, cantada ao vivo apenas na companhia do violoncelo de Lui Coimbra, ganha frescor em seu melhor registro. Até Quem Sabe - canção de João Donato e Lysias Ênio, também gravada ao vivo, com luxuoso auxílio do piano de Donato - reaparece melódica, linda, sinalizando que o suingue habitualmente imposto aos temas de Donato por vezes podem embaçar a beleza de suas melodias.
No todo, mais um bom disco de Orlando Morais. Um artista que ainda precisa ser ouvido com mais atenção pela crítica.
Título: Tempo Bom
Artista: Orlando Morais
Gravadora: CultPar
Cotação: * * *
Orlando Morais é bom melodista, dono de obra personalíssima, poucas vezes noticiada pela mídia do eixo Rio-São Paulo na medida de seu valor. Alheio a essa injustiça, o cantor vem pavimentando nos últimos anos vitoriosa carreira independente e já contabiliza nove álbuns. O atual, Tempo Bom, assusta de início quando a faixa-título abre o CD com batida meio funkeada. O disco é o mais pop e eclético do artista, indo do axé ao eletrônico, mas, felizmente, as programações pilotadas por Ramiro Musotto e Linconl Olivetti nem sempre ofuscam as melodias do compositor - especialmente inspirado em Tanto Faz, em Calado e em Esqueça.
A cargo do próprio Orlando, a produção do CD é azeitada e reúne músicos virtuosos como o baixista Dunga, o violoncelista Lui Coimbra, o tecladista Sacha Amback, o guitarrista Billy Brandão e o percussionista Chocolate. Às vezes, o resultado é ruim quando Orlando exagera na eletrônica - como em Bento (tributo ao filho recém-nascido, que junta o homenageado com as irmãs Cléo, Antônia e Ana) e em Cléo (música feita para a enteada/filha Cléo Pires, hoje badalada atriz). Mas o saldo é positivo quando o cantor envereda pelas levadas nordestinas em Lampião - tema dedicado a seu pai - e em Sertão, de poéticos versos lindamente recitados no início da música. São duas faixas mais arretadas que contrastam com o ritmo ralentado de Goiânia.
A inusitada incursão pelo axé, no samba Amor de Carnaval, traz a cantora do grupo Babado Novo, mas a voz de Cláudia Leite soa sem sua habitual energia. Já as minimalistas investidas de Orlando em repertório alheio revelam um intérprete sempre afinado e incrivelmente envolvente. A balada Paciência, de Lenine, cantada ao vivo apenas na companhia do violoncelo de Lui Coimbra, ganha frescor em seu melhor registro. Até Quem Sabe - canção de João Donato e Lysias Ênio, também gravada ao vivo, com luxuoso auxílio do piano de Donato - reaparece melódica, linda, sinalizando que o suingue habitualmente imposto aos temas de Donato por vezes podem embaçar a beleza de suas melodias.
No todo, mais um bom disco de Orlando Morais. Um artista que ainda precisa ser ouvido com mais atenção pela crítica.
7 COMENTÁRIOS:
Orlando cresceu como artista quando desvinculou sua imagem da mulher Glória Pires. Se houve algum preconceito, acho que ele tem culpa também.
Orlando é responsável por duas belíssimas canções do repertório recente de Maria Bethânia: "Logrador" e "O Circo", ambas com letra do Antonio Cicero. Esta última, para mim, é a canção que mais aproxima a baiana do impacto de sua aparição nos anos 60. Só por isso o Orlando já merece todo nosso respeito...
ROSEMBERG
ORLANDO MORAIS, É UM ARTISTA HONESTO,E PASSA ISSO ATRAVES DE SUAS LETRAS E MELODIAS CADA VEZ MAIS BONITAS.
TA CANTANDO MUITO BEM E MERECE SER MAIS RECONHECIDO PELA CRITICA E PELO PUBLICO.
BERGRJ@HOTMAIL.COM
ELE NÃO ESTA EM BELISSIMA ?
provavelmente...
Orlando Morais não participa de novelas em que Glória atua há 4 anos. Tem seu brilho próprio e Mauro foi muito feliz ao se auto analisar e dizer que a crítica não dá bola. Ele é um dos poucos a fazer esta análise lúcida. Por que os outros críticos não põe a cara para fora e falam o que pensam? Orlando merece todo reconhecimento, pois não faz questão de aparecer, é simples e humilde, pelo menos passa isso nas entrevistas que tem dado ultimamente. Talvez isso o prejudique perante os críticos, mas o público o reconhece. Até Roberto Carlos em entrevista disse que não existe outra pessoa para substituí-lo como Orlando Morais.
Por que o Orlando Moraes que faz músicas tão lindas não aparece mais será que é coisa dele mesmo ou não tem espaço?
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