DVD histórico recupera imagens da tensão, loucura e união do Phono 73
Resenha de DVD
Título: Phono 73 - O Canto de um Povo
Artista: Vários
Gravadora: Universal
Cotação: * * * * *
Com exceção de Milton Nascimento e Roberto Carlos, os principais nomes da música brasileira em 1973 estavam no elenco da gravadora Phonogram/Philips - hoje absorvida pelo major Universal Music. Esse time estelar foi reunido em três shows realizados de 11 a 13 de maio daquele conturbado ano no auditório do Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo (SP).
Intitulado Phono 73, o evento entrou para a história não somente por aglutinar tantas estrelas, mas por retratar a atmosfera de tensão, loucura e união que imperava naqueles tempos de rígida censura imposta pela ditadura militar instaurada no Brasil a partir de 1964. O áudio dos espetáculos já tinha sido lançado em três LPs reeditados em CD em 1997. Mas as imagens nunca tinham estado disponíveis - até agora. Lançado esta semana, o DVD Phono 73 - O Canto de um Povo recupera 35 preciosos minutos de imagens coloridas filmadas por Guga Oliveira. De quebra, o vídeo traz dois CDs com o áudio remixado e remasterizado dos shows.
Houve dois grandes momentos de tensão no evento. Um deles - o corte do som de Chico Buarque quando ele apresentava Cálice com Gilberto Gil, seu parceiro na música composta para o Phono 73 - pode ser visto no DVD. Chico vai ficando irritado com o silêncio repentino de seu microfone, improvisa versos como "arroz à grega" (alusão às receitas publicadas pelos jornais no lugar de reportagens censuradas) e termina como pode a música, com raiva que transparece no seu número seguinte, o medley que junta Cotidiano e Baioque. Nas fotos acima, de Mário Thompson, ambos podem ser vistos durante suas apresentações no evento.
O outro momento de tensão - o encontro de Caetano Veloso e Odair José para cantar Vou Tirar Você desse Lugar, sucesso popular de Odair - tem o áudio do número incluído no CD, mas está ausente do DVD. Formada basicamente por universitários, a platéia não gostou de ver seu politizado ídolo baiano em comunhão com um artista popular. Caetano, irritado, fez discurso com frase lapidares como 'Não existe nada mais Z do que a classe A'. Essa imagem se perdeu e não está no DVD, mas a ausência desse take não tira o mérito do vídeo, que abre com flagrantes dos artistas nos camarins. É possível ver Elis Regina se maquiando no espelho antes de cantar Cabaré em clima denso e teatral.
As imagens do DVD são tão raras quanto tradutoras fiéis do espírito de uma época de censura e paradoxal desbunde. Raul Seixas, endiabrado e alucinado, desenha no corpo o símbolo da Sociedade Alternativa enquanto apresenta medley roqueiro e funkeado com Tutti Frutti, As Minas do Rei Salomão e Let me Sing, Let me Sing. De cabelos longos, Toquinho e seu parceiro Vinicius animam a platéia em clima afro-baiano com Meu Pai Oxalá, música que era sucesso na trilha da novela O Bem Amado. Numa de suas únicas imagens em cena, talvez mesmo a única, Sérgio Sampaio defende Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua.
Com visual riponga, Gal rodopia pelo palco enquanto canta Sebastiana, em número formado por um mix de imagens de sua apresentação e de seu ensaio. Maria Bethânia - cuja voz era então um diamante em estado bruto - dramatiza cada verso de Rosa dos Ventos antes de fazer afetuoso dueto com Gal na Oração de Mãe Menininha.
Prenunciando o disco que gravariam juntos em 1975, Gil e Jorge Ben unem forças e balanços em medley que aglutina Jazz Potatoes (Ben) e Filhos de Gandhi (Gil). Por fim, Caetano Veloso deita e rola pelo palco, literalmente, em atitude pioneiramente punk, enquanto reforça o sotaque nordestino para entoar músicas de Luiz Gonzaga (A Volta da Asa Branca, Baião) e Dominguinhos (Eu Só Quero um Xodó, xote lançado por Gil naquele ano).
Enfim, um documento histórico. Phono 73 registra o canto de um povo que, em meio a muita loucura, apertava os laços de união para sobreviver a tempos difíceis, mas, talvez por isso mesmo, de intensa efervescência musical.
11 COMENTÁRIOS:
Isso que é lançamento... Chega de baboseiras como Daniela Mercury e Ana Carolina...
Até que enfim um lançamento de valor pra MPB!!!!
Mauro, o dvd é vendido sem o cd? No meu caso, já tenho a edição anterior.
É emocionante ver as imagens do Phono 73: quanta gente boa numa mesma gravadora, quanta cultura, quanta arte em ebulição !!
ROSEMBERG
MEU DEUS QUANTA GENTE BOA.
NEM PARECE QUE ESSE SHOW ACONTECEU NO BRASIL.
HOJE EM DIA SERIA MUITO DIFICIL REUNIR UM ELENCO DESSES.
MUITOS JA MORREREM E OS QUE FICARAM PARECEM MAIS PREOCUPADOS EM FICAREM PRESOS AOS SEUS CASTELOS SUTUOSOS.
A GRANDE MPB VIROU AS COSTAS PARA O POVO, O POVO FOI BEBER EM OUTRAS FONTES. E HOJE BEBE AGUA CONTAMINDA POR COLIFORMES FECAIS TIPO AXÉ, PAGODINHO DE TERCEIRA, FUNK E OUTRAS BOBAGENS MAIS.
QUE PENA...
BERGRJ@HOTMAIL.COM
ROSEMBERG
MEU DEUS QUANTA GENTE BOA.
NEM PARECE QUE ESSE SHOW ACONTECEU NO BRASIL.
HOJE EM DIA SERIA MUITO DIFICIL REUNIR UM ELENCO DESSES.
MUITOS JA MORREREM E OS QUE FICARAM PARECEM MAIS PREOCUPADOS EM FICAREM PRESOS AOS SEUS CASTELOS SUTUOSOS.
A GRANDE MPB VIROU AS COSTAS PARA O POVO, O POVO FOI BEBER EM OUTRAS FONTES. E HOJE BEBE AGUA CONTAMINDA POR COLIFORMES FECAIS TIPO AXÉ, PAGODINHO DE TERCEIRA, FUNK E OUTRAS BOBAGENS MAIS.
QUE PENA...
BERGRJ@HOTMAIL.COM
ROSEMBERG
MEU DEUS QUANTA GENTE BOA.
NEM PARECE QUE ESSE SHOW ACONTECEU NO BRASIL.
HOJE EM DIA SERIA MUITO DIFICIL REUNIR UM ELENCO DESSES.
MUITOS JA MORREREM E OS QUE FICARAM PARECEM MAIS PREOCUPADOS EM FICAREM PRESOS AOS SEUS CASTELOS SUTUOSOS.
A GRANDE MPB VIROU AS COSTAS PARA O POVO, O POVO FOI BEBER EM OUTRAS FONTES. E HOJE BEBE AGUA CONTAMINDA POR COLIFORMES FECAIS TIPO AXÉ, PAGODINHO DE TERCEIRA, FUNK E OUTRAS BOBAGENS MAIS.
QUE PENA...
BERGRJ@HOTMAIL.COM
Rosemberg,
a MPB não virou as costas para o povo. Alceu, Chico, Gil, Caetano, Edu Lobo, todos continuam compondo maravilhosamente, sem falar em novos valores como Fred Martins, Edu Krieger, Rodrigo Maranhão, Pedro Holanda. O problema é que as rádios populares só tocam quem paga o famigerado jabá. Por isso só grupinhos fabricados por gravadoras ou empresários é que têm vez nas rádios populares. KLB, Latino, Kelly Key, Calypso e mais uma pá de porcarias é que podem fazer parte das programações de rádios populares. Ou seja, as rádios populares viraram as costas pra MPB, consequentemente afastaram a boa música do povo. Pensam que pobre é burro e gosta de porcaria. E que música boa é pra elite. Mas, com fé, isso vai mudar! A MPB está louca pra voltar aos braços do povão!
Abraços!
Dudu
Concordo com Dudu, aqui na minha cidade,interior de São Paulo, só há rádios de axé, pagode, uma de rock, sendo a maioria de música sertaneja. Pra MPB uma só...tenho saudades de outros tempos, as rádios eram mais democráticas, tocavam de tudo. Hoje há um massacre de músicas de quinta categoria, o povão acabou ficando sem escolha, infelizmente!
ROSEMBERG
MILTOM CANTA " TODO ARTISTA TEM QUE IR A ONDE O POVO ESTA"
SO QUE INFELIZMENTE ELE NÃO FAZ ISSO.
COMO ELE OUTROS MEDALHÕES DA MPB SÓ CANTAM EM LUGARES ONDE O POVO SIMPLES NÃO PODE IR.
BERGRJ@HOTMAIL.COM
Olha, rosemberg,
você está sendo injusto com artistas que tanto fizeram pela qualidade da nossa música e hoje em dia são quase completamente ignorados pelas rádios. Aliás, como já disseram aqui, completamente ignorados pelas tais rádios populares. Sobram para eles uma fatia muito pequena do bolo. Só as rádios mais sofisticadas, elitizadas, que não cobram o absurdo do jabá, é que tocam Milton, Chico, Edu. Então só restam a eles tocarem para um público mais elitizado, que é o público que ainda se interessa por eles. O povão sequer sabe quem é Mílton Nascimento. Ninguém convida Mílton Nascimento pra tocar na periferia. Nem em lugares onde o povo está. A culpa não é dele.
Postar um comentário
<< Home