Trilha de 'Vinicius' enfatiza, reverente, a beleza atemporal da obra do Poetinha
Resenha de disco
Título: Vinicius
Artista: Vários
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
Até Zeca Pagodinho deixou em casa a habitual irreverência e cantou Vinicius como se saudasse um mestre. O samba Pra que Chorar na interpretação de Zeca é um dos destaques do CD Vinicius, que traz a trilha do homônimo documentário de Miguel Faria Jr. sobre o Poetinha. O filme entra em circuito nacional em novembro, mas sua trilha é do tipo que tem vida própria longe da tela. A seleção de poemas e músicas de Vinicius enfatiza a beleza atemporal da obra musical do artista sem as invencionices que às vezes prejudicam tributos dessa natureza.
São 28 números, entre textos (ditos sem afetação pelos atores Ricardo Blat e Camila Morgado), poemas (como Pátria Minha, recitado por Ferreira Gullar) e regravações das principais músicas de Vinicius. São canções já exaustivamente cantadas desde os anos 60, mas há frescor na trilha. A interpretação de Renato Braz para Se Todos Fossem Iguais a Você é das mais sublimes já registradas até hoje. É simples e perfeita, sem a excessiva suntuosidade da gravação camerística de Por Toda a Minha Vida, feita pelo mesmo Braz com sua rara habilidade vocal. Mônica Salmaso, aliás, é outra virtuose vocal que pisa firme neste terreno camerístico em Canto Triste, faixa que encerra o disco em tom mais solene do que o experimentado pela própria Salmaso na suave leitura bossa-novista de Insensatez.
Olivia Hime costura habilmente o roteiro com depoimentos, poemas e músicas. Antes de Caetano Veloso entoar com seu violão o Poema dos Olhos da Amada, por exemplo, há um depoimento de Chico Buarque sobre o instante em que ouviu o mesmo texto na voz e no violão de Vinicius. "Foi um momento assim muito especial quando ele (Vinicius) tocava no violão o Poema dos Olhos da Amada... Ficava um silêncio e ele cantava... Aquilo me causava uma impressão muito forte. Entendi o que era um poeta", relata Chico depois de cantar Medo de Amar, a primeira música que ouviu Vinicius tocar ao violão, segundo conta em outro depoimento do CD.
É puro deleite seguir a trilha de Vinicius, ouvir sua poesia na voz visceral de Maria Bethânia (Soneto do Amor Total) e constatar mais uma vez o balanço de seus sambas (Formosa, elegante na visão de Gilberto Gil), a perfeição de suas canções com Tom Jobim (Eu Sei que Vou te Amar, com Adriana Calcanhotto), a popularidade de suas parcerias com Toquinho (Tarde em Itapoã, na interpretação do próprio Toquinho) e o toque ancestral dos afro-sambas feitos com Baden Powell (Berimbau, com Edu Lobo). Vinicius de Moraes é moderno e nem por isso menos eterno.
Título: Vinicius
Artista: Vários
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
Até Zeca Pagodinho deixou em casa a habitual irreverência e cantou Vinicius como se saudasse um mestre. O samba Pra que Chorar na interpretação de Zeca é um dos destaques do CD Vinicius, que traz a trilha do homônimo documentário de Miguel Faria Jr. sobre o Poetinha. O filme entra em circuito nacional em novembro, mas sua trilha é do tipo que tem vida própria longe da tela. A seleção de poemas e músicas de Vinicius enfatiza a beleza atemporal da obra musical do artista sem as invencionices que às vezes prejudicam tributos dessa natureza.
São 28 números, entre textos (ditos sem afetação pelos atores Ricardo Blat e Camila Morgado), poemas (como Pátria Minha, recitado por Ferreira Gullar) e regravações das principais músicas de Vinicius. São canções já exaustivamente cantadas desde os anos 60, mas há frescor na trilha. A interpretação de Renato Braz para Se Todos Fossem Iguais a Você é das mais sublimes já registradas até hoje. É simples e perfeita, sem a excessiva suntuosidade da gravação camerística de Por Toda a Minha Vida, feita pelo mesmo Braz com sua rara habilidade vocal. Mônica Salmaso, aliás, é outra virtuose vocal que pisa firme neste terreno camerístico em Canto Triste, faixa que encerra o disco em tom mais solene do que o experimentado pela própria Salmaso na suave leitura bossa-novista de Insensatez.
Olivia Hime costura habilmente o roteiro com depoimentos, poemas e músicas. Antes de Caetano Veloso entoar com seu violão o Poema dos Olhos da Amada, por exemplo, há um depoimento de Chico Buarque sobre o instante em que ouviu o mesmo texto na voz e no violão de Vinicius. "Foi um momento assim muito especial quando ele (Vinicius) tocava no violão o Poema dos Olhos da Amada... Ficava um silêncio e ele cantava... Aquilo me causava uma impressão muito forte. Entendi o que era um poeta", relata Chico depois de cantar Medo de Amar, a primeira música que ouviu Vinicius tocar ao violão, segundo conta em outro depoimento do CD.
É puro deleite seguir a trilha de Vinicius, ouvir sua poesia na voz visceral de Maria Bethânia (Soneto do Amor Total) e constatar mais uma vez o balanço de seus sambas (Formosa, elegante na visão de Gilberto Gil), a perfeição de suas canções com Tom Jobim (Eu Sei que Vou te Amar, com Adriana Calcanhotto), a popularidade de suas parcerias com Toquinho (Tarde em Itapoã, na interpretação do próprio Toquinho) e o toque ancestral dos afro-sambas feitos com Baden Powell (Berimbau, com Edu Lobo). Vinicius de Moraes é moderno e nem por isso menos eterno.
3 COMENTÁRIOS:
Consegui ver o filme numa sessão no Festival do Rio e o recomendo. Imagino que o CD seja tão bom quanto.
O cd é lindo. Apesar de Zeca pagodinho e Monica Salmaso...não sei porque endeusam tanto esses dois. Um é chato de doer e a outra tem uma voz trêmula, insegura...um horror... Enfim... temos Bethania, Caetano, Gil, Adriana....vale a pena!
ROSEMBERG
A GRAVADORA BISCOITO FINO ESTÁ DE PARABENS EM TRAZER DE VOLTA VINICIUS COM UM CD A ALTURA DO SEU TALENTO.
PARA PESSOAS, QUE COMO EU, NÃO TIVERAM A OPORTUNIDADE DE VIVER A ÉPOCA DE VINICIUS, ESSE CD E O DA BETHANIA NOS MOSTRARÁ QUE O BRASIL MUSICALMENTE JA FOI BEM MELHOR.
BERGRJ@HOTMAIL.COM
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