No primeiro CD, Juliana Diniz redime voz miúda com sambas de linhagem nobre
Resenha de disco:
Título: Juliana Diniz
Artista: Juliana Diniz
Gravadora: Universal
Cotação: * * *
Neta de Monarco. Filha de Mauro Diniz. Afilhada de Zeca Pagodinho. Com essas credenciais familiares, não foi difícil para Juliana Diniz chegar ao primeiro disco por uma companhia multinacional. Campeão de vendas da Universal, o padrinho Zeca apresentou ao diretor artístico da gravadora, Max Pierre, a jovem Juliana, então aspirante à carreira de cantora. O resultado é Juliana Diniz, disco de estréia da também atriz, ainda mais conhecida do público por ter vivido a personagem Larissa na novela Senhora do Destino.
Juliana honra sua nobre ascendência com disco que se sustenta em repertório primoroso, garimpado sem esforço. Zeca deu a bela inédita Nunca Mais Ter que Sentir Saudade, feita com Jorge Aragão (o samba ostenta a melancólica grife melódica de Aragão). Compadre de Zeca, Arlindo Cruz presenteou Juliana com Nos Braços da Batucada, luminosa parceria com Jr. Dom e Babi, em que o samba é receitado como o remédio ideal para a cura dos males de amor. O avô Monarco compôs com seu fiel parceiro Ratinho o amaxixado samba Beijo na Boca. E ainda tem inéditas de Marisa Monte e Arnaldo Antunes (Eu Sonhei com Você, parceria dos tribalistas com o pai de Juliana, Mauro Diniz) e Paulinho da Viola (Coração aos Saltos, sobra do próximo disco da mesma Marisa Monte, cedida pela cantora).
Além de contar com seleção de inéditas dignas de um disco de Beth Carvalho, Juliana ainda acertou nas regravações. Com sua voz miúda, de leveza bossa-novista, ela revive Amor Proibido (de Manacéa, com o auxílio sempre luxuoso do coro da Velha Guarda da Portela), Nasci para Sonhar e Cantar (obra-prima de Ivone Lara e Délcio Carvalho que caiu bem na voz juvenil de Juliana) e Princípio do Infinito (jóia de Luiz Carlos da Vila e Cláudio Jorge, gravada por Jorge em seu disco Coisa de Chefe.
Enfim, Juliana chega ao disco com ares de nova musa do samba. Não tem voz para tanto, mas é redimida pela nobreza de seu repertório.
2 COMENTÁRIOS:
Uma pena que a Universal queira fazer da Juliana o mulherão que aparece nas fotos de divulgação. Ela ainda é uma menina, e seria muito mais interessante apostar nesse frescor. Uma mulher querer fazer samba já é raro, uma garota então... Mas talento, que é o que importa, ela tem bastante. Boa sorte na carreira.
É com grande graça, ternura e uma certa timidez de menina que Juliana chega ao grande público. Tendo de honrar uma nobre linhagem de músicos da família, ela faz por merecer estar aonde já está ao cantar músicas como " Nos braços da batucada", "Nunca mais ter que sentir saudade", entre tantas outras obras primas da música popular brasileira.
Em uma área onde grandes nomes femininos já estão se tornando até mesmo raros e, com o perdão da palavra, onde muitas vezes há um grande preconceito , Juliana Diniz não só como jovem mas também mulher mostra que conquistou seu espaço por talento próprio.
Familiares influentes ajudam a subir, mas não a se manter, e é isto que a garota terá de mostrar daqui para a frente.
Luz e sucesso
Postar um comentário
<< Home