Gal grava o 'som de hoje' sem descaracterizar seu canto cristalino
Resenha de disco
Título: Hoje
Artista: Gal Costa
Gravadora: Trama
Cotação: * * * *
O tempo de Gal Costa voltou a ser hoje. Depois de quatro CDs sucessivos com regravações de sucessos (alguns irretocáveis como o recente Todas as Coisas e Eu), a cantora ensaia nova guinada em discografia que já soma 40 anos - seu primeiro compacto é de 1965. Hoje marca a estréia de Gal na gravadora Trama e é um disco fresco, atual, como sugere seu título. Fruto do encontro profissional da artista com o produtor César Camargo Mariano, o CD aposta em compositores que militam à margem do mercado. Mas a delicada sonoridade urdida por Mariano - com alguns elementos afros, sobretudo por conta dos vocais destacados de Silvera em faixas como Santana, do pernambucano Junio Barreto - passa longe da vanguarda.
Como sinaliza a pose da capa, Hoje é um disco calmo, quase contemplativo, ora mais melancólico (como em Pra que Cantar?, samba de Nuno Ramos, e como em Luto, o inédito sambossa de Caetano Veloso), ora até bossa-novista (como em Os Dois, em que o baiano Moisés Santana cita na letra alguns clássicos da velha bossa). Até Moreno Veloso, artista identificado com a linguagem experimental, surpreende e comparece com uma canção formal (a faixa-título) e um samba delicioso (Um Passo à Frente, com Quito Ribeiro). Aliás, nos sambas, como Jurei (de Nuno Ramos e Clima), o suingue dos arranjos evoca discos de Elis Regina nos anos 70, não por acaso produzidos por Mariano.
Entre três parcerias do africano Lokua Kanza com Carlos Rennó (Te Adorar, Mar e Sol e Sexo e Luz), há uma melodia quebrada de Chico Buarque, letrada por seu novo parceiro José Miguel Wisnik. Embebedado, a música, é até formalmente mais ousada do que os temas dos autores supostamente "novos". Nesse sentido, o mais experimental é o baiano Tito Bahiense, autor de Logus Pé, a faixa mais "moderninha" de um disco que abriga o suingue afro-caribenho na deliciosa Voyeur, do também baiano Péri. Enfim, Hoje é um dos melhores e mais arejados discos de Gal Costa, mas não descaracteriza o canto da eterna diva tropicalista.
Título: Hoje
Artista: Gal Costa
Gravadora: Trama
Cotação: * * * *
O tempo de Gal Costa voltou a ser hoje. Depois de quatro CDs sucessivos com regravações de sucessos (alguns irretocáveis como o recente Todas as Coisas e Eu), a cantora ensaia nova guinada em discografia que já soma 40 anos - seu primeiro compacto é de 1965. Hoje marca a estréia de Gal na gravadora Trama e é um disco fresco, atual, como sugere seu título. Fruto do encontro profissional da artista com o produtor César Camargo Mariano, o CD aposta em compositores que militam à margem do mercado. Mas a delicada sonoridade urdida por Mariano - com alguns elementos afros, sobretudo por conta dos vocais destacados de Silvera em faixas como Santana, do pernambucano Junio Barreto - passa longe da vanguarda.
Como sinaliza a pose da capa, Hoje é um disco calmo, quase contemplativo, ora mais melancólico (como em Pra que Cantar?, samba de Nuno Ramos, e como em Luto, o inédito sambossa de Caetano Veloso), ora até bossa-novista (como em Os Dois, em que o baiano Moisés Santana cita na letra alguns clássicos da velha bossa). Até Moreno Veloso, artista identificado com a linguagem experimental, surpreende e comparece com uma canção formal (a faixa-título) e um samba delicioso (Um Passo à Frente, com Quito Ribeiro). Aliás, nos sambas, como Jurei (de Nuno Ramos e Clima), o suingue dos arranjos evoca discos de Elis Regina nos anos 70, não por acaso produzidos por Mariano.
Entre três parcerias do africano Lokua Kanza com Carlos Rennó (Te Adorar, Mar e Sol e Sexo e Luz), há uma melodia quebrada de Chico Buarque, letrada por seu novo parceiro José Miguel Wisnik. Embebedado, a música, é até formalmente mais ousada do que os temas dos autores supostamente "novos". Nesse sentido, o mais experimental é o baiano Tito Bahiense, autor de Logus Pé, a faixa mais "moderninha" de um disco que abriga o suingue afro-caribenho na deliciosa Voyeur, do também baiano Péri. Enfim, Hoje é um dos melhores e mais arejados discos de Gal Costa, mas não descaracteriza o canto da eterna diva tropicalista.
1 COMENTÁRIOS:
Gal renova se repertório e retoma o posto de frente da eterna MPB e tb da nova musica feita no Brasil.
Com voz cristalina como há muito não se via, se lança nas canções e faz um delicioso e marcante cd.
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