Paulinho destila sentimentos com elegância em coletânea de intérprete
Resenha de disco
Título: Intérprete
Artista: Paulinho da Viola
Gravadora: EMI
Cotação: * * * * *
"Sentimentos / Em meu peito eu tenho demais", canta Paulinho da Viola nos versos iniciais de Sentimentos. A obra-prima de Miginha é uma das 14 faixas de Intérprete, caso raro de coletânea com conceito. O compositor sempre lapidava uma ou duas jóias alheias em seus discos autorais. O produtor José Milton reuniu as mais expressivas em compilação chique como o artista. E o luxo não se limita à embalagem em digipack. Paulinho sempre teve nobreza ao destilar os sentimentos contidos nos versos que canta. A dor interiorizada na sua releitura de Nervos de Aço (lançada no disco homônimo de 1973) é exemplo tão magistral de interpretação que o tema de Lupicínio Rodrigues abre a coletânea. Com a mesma elegância e intimismo, o cantor transmite a alegria lírica de Nova Ilusão (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) e a amargura contida em Duas Horas da Manhã (Nelson Cavaquinho e Ary Monteiro) e em Não Quero Mais Amar a Ninguém (Zé da Zilda, Cartola e Carlos Cachaça). De quebra, ainda põe densidade num samba-canção de Noel Rosa e Vadico, Pra que Mentir? - outro destaque de compilação obrigatória para quem não tem os álbuns originais de Paulinho da Viola, hábil artesão das palavras próprias e alheias.
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