A mostra
Pocket Films apresentar� uma sele��o de programas do festival realizado pelo Forum des Images, em Paris. Entre eles, tr�s filmes curtos, de um a nove minutos.
Explico: em 2005, o Forum des Images criou, em parceria com o SFR, o Festival Pocket Films com filmes realizados com telefone celular. Um compromisso cinematogr�fico significativo transparece e explica a escolha do
Forum des Images em projetar na tela grande mais de 200 filmes que est�o no cruzamento do cinema com os mais novos avan�os tecnol�gicos na cria��o das imagens.
Na opini�o da organiza��o do Festival do Rio, as obras realizadas pelos artistas convidados a participar da experi�ncia do
Forum des Images revelaram uma forma diferente de filmar, baseada em uma rela��o permanente com o cotidiano. O resultado s�o filmes pequenos e facilmente manipul�veis. As rela��es de extrema proximidade que o telefone estabelece com o corpo (alguns chegam a dizer que o celular se assemelha a um "terceiro olho") est� na origem de novos registros de imagem, �ntimos e espont�neos.
"As imagens e o som, de uma qualidade aproximativa, delineiam uma est�tica pr�pria, um olhar in�dito sobre o real, que se transforma atrav�s dos limites �pticos da c�mera. A imagem altamente pixelizada revela uma esp�cie de materialidade; as cores e a luz parecem possuir uma espessura particular. A proje��o em tela grande acentua esse aspecto pict�rico e d� � imagem cinematogr�fica uma dimens�o original", diz o release que anuncia a mostra Pocket Films.
A opini�o dos organizadores da mostra me fez lembrar um document�rio realizado, aqui no Rio, pelo estudante de Comunica��o Ronaldo Fernandes, da PUC-Rio, como monografia de fim de curso. Ronaldo aborda a nova est�tica da imagem capturada a partir das c�meras digitais e dos celulares. Como ele n�o autoriza nenhuma reprodu��o - integral ou parcial - do document�rio, em nenhuma m�dia, n�o posso mostr�-lo aqui. Mas afirmo que fiquei muito bem impressionada com o que vi.
O "Document�rio Digital" do Ronaldo tem doze minutos de depoimentos de profissionais como Cora Ronai (editora do INFOetc, O Globo), Evandro Teixeira (fot�grafo do Jornal do Brasil), Paulo Rubens (professor de fotojornalismo da PUC-Rio) e Consuelo Lins (assistente de dire��o de Eduardo Coutinho) organizados de forma a criar um debate bastante interessante sobre o assunto.

"A id�ia foi fazer um filme que pudesse ser assistido no metr�, entre a Cardeal Arcoverde e a Carioca, no consult�rio do dentista, no tr�nsito. Uma forma de passar o tempo consumindo informa��o. Para isso, eu sabia que o celular seria o suporte ideal. O que experimentei no meu projeto foi se ele tamb�m seria uma boa forma de produzir as imagens, afirma o estudante no release de divulga��o.
Segundo ele, as imagens foram capturadas com um celular S700, da Sony Ericsson (176x144), todas em ambientes externos para obter uma boa ilumina��o e cen�rios com bastantes cores e movimentos. A maior dificuldade foi a captura de �udio. Para isso, Ronaldo utilizou como c�mera principal uma Nikon CoolPix 7600 7.1 megapixels. E, para garantir maior variedade de �ngulos e imagens ao document�rio, uma segunda c�mera. Desta vez, uma Canon PowerShot de 3.2 megapixels.
Na montagem do v�deo, as tr�s nuan�as de qualidade da imagem (as das duas c�meras digitais mais a do celular) criam um ambiente com imagens que dialogam entre si, onde a troca de c�mera �, tamb�m, uma varia��o da est�tica do filme.
"Mais do que para garantir uma boa qualidade de som ? embora mono -, utilizei as c�meras digitais para ampliar a discuss�o sobre captura de imagem em aparelhos simples e acess�veis �s pessoas", revela Ronaldo.
Outro problema enfrentado por Ronaldo foi a convers�o das imagens do celular, com extens�o 3GP, para leitura no software Final Cut. Foi preciso usar o Quick Time 7 para export�-las no formato .mov (compress�o DV/DVCPRO - NTSC; frame rate: 29,97; aspect ratio: 4:3), para serem combinadas com as imagens das c�meras digitais, originalmente gravadas nos formatos .mov e .avi.
Para Ronaldo, um aspecto revolucion�rio na filmagem com celulares � a alta compress�o dos arquivos. Ao final da edi��o, o filme tinha tr�s gigabytes de tamanho, espremidos em pouco mais de tr�s megabytes ao serem convertidos para o formato 3GP, para veicula��o nos celulares. Ronaldo pensou nisso em dividir o filme em seis cartelas, com m�dia de 630KB cada, para download. "Para os padr�es de celular, esse valor ainda � alto, mas, em se tratando de document�rio, � algo, realmente, inovador e multiplicador de possibilidades", afirma ele.
Moral da hist�ria: n�o perca a mostra Pocket Films do Festival do Rio. Os filmes ser�o exibidos nos cinemas Esta��o Botafogo 3, MAM e Cine Santa.
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